terça-feira, 20 de abril de 2010

MARIA: Nª Sª de FÁTIMA

por Dr. Ilídio Carvalho
Maria e José eram um casal pobre, e isto significa que tiveram uma existência muito difícil! Se tivermos em conta como Maria é retratada nas imagens de escultura existentes, na verdade, qual a relação que existe entre a figura apresentada, nos nossos dias, e a possível realidade física da personagem? Baseando-nos no que alguns autores referem acerca da idade de Maria, somos informados que “quando deu à luz, devia ser uma jovem de catorze anos”. Assim sendo, bastará fazer uma simples conta de somar, juntando os anos de Maria aos de Jesus, quando morreu, ou seja, aos 33 anos. Assim sendo, esta à morte de Jesus teria entre os 47 a 50 anos idade, o que para a época, para uma simples e pobre cidadã, deveria representar um peso considerável, em termos de aparência visual!
Maria, uma mulher do povo e extremamente pobre, que aspecto poderia ter tido? Certamente que nunca teria o aspecto igual ou parecido àquele que é apresentado na estatuária nos nossos dias! Assim, o que os olhos do fiel e peregrino contemplam, não só nada tem a ver com a realidade projectada – juventude e beleza – como também em nada corresponde ao original, mais que não fosse, pela simples razão de não existir qualquer testemunha ocular ou artefacto original retratando Maria! Além do mais, nos nossos dias, como é que a imagem, estátua, de Maria aparece aos devotos, quer quanto ao seu aspecto, quer quanto à suas vestes? É interessante ler o que, a este propósito, nos é dado a conhecer! Comecemos pela descrição da estátua: - “esta mede 1,10 metros e é feita de madeira de cedro do Brasil. Em campanha nacional para a recolha de ofertas para a confecção de uma coroa, angariaram-se 8 kg de ouro e inúmeras pedras preciosas. A virgem de Fátima tem incrustado no seu interior, uma das balas do atentado ao Papa João Paulo II, no Vaticano, em 13 de Maio de 1981. De um valor incalculável, nesta coroa trabalharam, gratuitamente, doze especialistas durante três meses. Exemplar único, pesa 1200 gramas e tem 313 pérolas e 2679 pedras preciosas (…)”.
Recordaremos aqui uma pequena frase integrada no dogma da Assunção de Maria; esta é “A Virgem Imaculada (…) exaltada por Deus como rainha”; Lembramo-nos de um paralelo bíblico, quando o povo se desviou do culto a Deus e se voltou para os ídolos (imagens de escultura, quer humanas, quer de animais). O texto bíblico em causa diz: - “Não aceitaremos o que nos dizes em nome do Senhor. Antes, cumpriremos todas as promessas que fizemos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações (…)” – Jeremias 44:16-19. (sublinhado nosso). Qual é a diferença entre a estátua de Maria de hoje, e as imagens de escultura denunciadas quer no Antigo quer no Novo Testamento? Em quê, a imagem de escultura representando Maria está isenta desta proibição? Em boa verdade temos que reconhecer que, em nada, pela simples razão do Deus que inspirou a Bíblia ser o mesmo Deus de hoje! A Virgem é, dizem, “invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro e medianeira”. Mas, como poderia ser “mediadora” se, como já vimos – os crentes devotos e cristandade em geral, nem sempre tiveram conhecimento de que o era!? Por outro lado, como vimos quando estudámos Daniel 2, não foi, de modo algum, por mero acaso que se procedeu à eliminação do 2º mandamento do decálogo, o qual é bastante claro a este respeito, ao dizer: - “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra (…); não te encurvarás a elas, nem as servirás (…)” – Êxodo 20:4,5. (Sublinhado nosso).
Queremos, desde já, para que não haja quaisquer equívocos, reiterar aqui e agora o nosso mais profundo respeito pela pessoa de Maria – a mãe do nosso Salvador. Dito isto, tentaremos ilustrar de uma forma simples e compreensível, o que Maria representa para nós: - Deus quis mandar-nos uma carta, cujo conteúdo é a Salvação (Cristo). Deus enviou esta - carta/Cristo, - através de um envelope/Maria. Ao recebermos esta carta/Cristo enviada por Deus e vinda até nós dento do envelope/Maria, cujo conteúdo é de grande valor – o que é que fazemos ao receber o envelope? Cuidadosamente, abrimo-lo e nos apropriamos do seu conteúdo. Estes são os passos normais daquele/a que recebe uma carta de alguém. A seguir, dependendo do leitor/a, tudo muda segundo o temperamento e interesse de cada leitor/a, quer quanto à - carta/Cristo -, quer quanto ao – envelope/Maria. Então, o que farão as diferentes sensibilidades receptoras a este envelope/Maria e ao seu conteúdo/Cristo – que é a Salvação, segundo S. Lucas 19:9? Vejamos: 1- Uns, amarrotam-no e o lançam fora com o seu precioso conteúdo! 2- Outros, como o envelope é muito bonito e agradável à vista, o guardarão religiosamente, sem o abrir, apesar de saberem que o mesmo contém uma grande notícia – a Salvação. 3- Outros ainda, ao receberem este bonito envelope e de grande valor representativo, abrem-no e dele tomam conhecimento, moldando em cada dia, as suas vidas neste precioso conteúdo recebido. Mas, o envelope, após ter cumprido a sua nobre missão, apaga-se para enaltecer o valor do seu conteúdo.
Eis o que queremos dizer com cada uma destas três situações: 1ª- a do incrédulo – Aquele que amarrota o envelope/Maria e o lança fora com toda a preciosa informação no seu interior. 2- a do devoto – Aquele que prefere guardar, religiosamente, o envelope/Maria, pelo seu valor simbólico e representativo, mas que nunca não o abrirá – cf. João 5.39 – permanecendo no desconhecimento total do seu conteúdo. 3- a do cristão – Aquele que, ao contrário do anterior, consulta as Escrituras – cf. Actos 17.11 - que delas se alimenta e age em conformidade com os seus ensinos; nesta qualidade, não guardará o envelope/Maria apesar do respeito e carinho que merece, mas apropriar-se-á do conteúdo/Cristo. Portanto, esta última postura deveria ser a de todo aquele que se diz cristão, quer quanto ao envelope/Maria, quer quanto ao conteúdo/Cristo.

Estamos a ser desrespeitosos ou deselegantes ao ilustrarmos assim a posição dos diversos tipos de pessoas às quais o Evangelho é dirigido? Pensamos que não. Uma coisa é esta confissão religiosa e todos aqueles que a ela aderem merecerem todo o nosso respeito, apreço e carinho; outra bem diferente, é concordarmos com os seus métodos de actuação, negligenciando a verdadeira fonte de toda a verdade. E esta é uma só – o claro ensino das Escrituras espelhado num veemente: - “Assim diz o Senhor”. Nesta matéria, como em todas, Jesus não nos deixa à deriva, pois Ele mesmo admoesta - “Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” – Mateus 15.9.
Bibliografia:
Daniel-Rops, A Vida Quotidiana na Palestina no Tempo de Jesus, Lisboa, Ed. Livros do Brasil, s.d., p. 133
Manuel Vilas-Boas et all, Fátima, os Lugares da Profecia, Lisboa, Ed. Círculo de Leitores, 1993, pp. 118,119
Catecismo, p. 219, nº 966
Idem, p. 220, nº 969

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