Perante todas estas doutrinas marianas resultantes da acção de Maria, iremos, de seguida, examinar as Sagradas Escrituras para nos apercebermos se, de facto, é este o pedestal que Maria ocupa no texto sagrado. Vejamos:
1- S. Mateus 1 e 2 - O relato bíblico mostra-nos: 1- O sonho de José, quando este cogitava no seu coração em abandonar Maria, visto que estava grávida, mas não dele! - 1:18-25; 2- O relato da adoração dos Magos e entrega de presentes – 2:1-12; 3- O relato da fuga de José e Maria para o Egipto por causa da matança dos inocentes, por Herodes – 2:13-18; 4- Finalmente, regresso definitivo a Nazaré – 2:19-23.
2- S. Lucas 1:26-38,46-56 - Aqui encontramos: 1- Anúncio do anjo a Maria – 1:26-38; 2- A visita de Maria a Isabel – v. 39-45; 3- O cântico de Maria – v. 46-56.
3- S. Lucas 2:1-52 – Aqui encontramos: 1- O nascimento de Jesus – v. 1-7; 2- Os pastores de Belém – v. 8-15; 3- A circuncisão de Jesus no 8º dia do Seu nascimento – v. 21; 4- Apresentação do bebé no templo – v. 22-24; 5- Jesus no templo com os doutores da lei – v. 39-51.
4- S. João 2:1-5,12 - Aqui encontramos um casamento: 1- Maria, Jesus e discípulos – nas bodas de Caná. 2- Agora, Jesus tem cerca de 30 anos (cf. S. Lucas 3:23). 3- A certa altura falta o vinho – v. 3!
Maria vai ter com Jesus e avisa-O da ocorrência. Maria pensava, naturalmente, ter um certo ascendente sobre o seu filho Jesus, aliás, como qualquer mãe. Este, por Sua vez, lhe diz: - “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” – v.4. De novo, Jesus repõe as distâncias, realçando a condição humana de Maria. Esta, em função das palavras de Jesus, limita-se a dizer aos servos: - “Fazei tudo quanto ele vos disser” – v. 5.
5- S. João 19:25-27 – Maria aos pés da cruz. - Lá do alto da cruz, Jesus exclama e ordena: - “Mulher, eis aí o teu filho” – v. 26. O que quererão dizer estas palavras no triângulo: - Jesus, Maria e irmãos? Vejamos: 1- Que Jesus não fez mais do que recordar e salvaguardar a precária situação social de uma viúva, em Israel; 2- Que Jesus, segundo - Mateus 1.25 - é o primogénito e único de Maria; 3- Que Maria, em termos filiais, nada tinha que ver com os “filhos” de José – cf. Mateus 13.55; 4- Sendo Jesus o primogénito de Maria, - Mateus 1.25 – isto significa que os outros, a serem filhos de Maria, teriam que ser mais novos do que Ele; 5- Que, à luz de - João 7.3-5 -, é provado o contrário, ou seja, se os irmãos de Jesus Lhe dão conselhos, é porque são mais velhos. 6- Que, segundo o costume, os filhos de uma mulher viúva “deviam sustentá-la”; 7- Como Jesus remeteu Maria aos cuidados do discípulo João, prova que estes filhos não eram de Maria, mas sim de José .
A partir destes textos, acerca de Maria, o silêncio é total! Será este silêncio revelador de qualquer coisa, isto é, de não só nos mostrar qual o lugar e papel ocupado por esta piedosa mulher nas Escrituras Sagradas, como também que ela, a exemplo das demais personagens bíblicas deve merecer todo o nosso carinho e respeito. Quanto ao mais que dissermos, seguramente que estaremos a inventar ou a especular! Sem uma base documental sólida, que valor terão tais afirmações, ainda que extremamente piedosas? Repetimos, o que encontramos acerca de Maria, mãe de Jesus, nas Sagradas Escrituras, é tremendamente escasso para que sejamos autorizados a elaborar qualquer doutrina que lhe seja inerente.
Bibliografia:
“Embora, de acordo com a maneira de se expressar da época, esta não é uma expressão desrespeitosa, reflecte, entretanto, uma posição de Cristo sobre o relacionamento de Seus familiares com Sua missão” – Dr. Mário Veloso, Comentário do Evangelho de João, S.Paulo, ed. Casa Publicadora Brasileira, 1984, pp. 73,74; “(…). Discretamente, mas sem equívocos, Jesus mostra que Maria não compreendeu a sua (dele) verdadeira missão” – Georges Stéveny, Jésus l’envoyé de Dieu – pourquoi est-il venu?, France, ed. Vie et Santé, 2001, p. 132
A Serva do Senhor aponta nesta direcção - Cf. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, Sacavém ed. Publicadora Atlântico, s. d., cap. IX, p. 74
Cf. Manuel de Tuya, O. P., Biblia Comentada – V Evangelios – Professores de Salamanca, Biblioteca de Autores Cristianos 239ª, 3ª ed., Madrid, ed. La Editorial Catolica, 1977, p. 221; Cf. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, cap. IX, p. 75
Artº “Viúva” in A. Van van Den Born Dicionário Enciclopédico da Bíblia, S. Paulo, ed. Editora Vozes, 1977, col. 1567
Cf. Jeffrey J. Butz, Tiago, irmão de Jesus e os Ensinamentos Perdidos do Cristianismo, Lisboa, ed. Editorial Presença, 2006, pp. 34,35.
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