segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A ENTRONIZAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS - Apocalipse 5


O propósito do Apocalipse de João é revelar as coisas que "devem acontecer" (Apoc. 1:1, 19; 4:1). De modo surpreendente, o que João vê agora em visão, não trata a respeito do que ia passar na terra e sim o que estava acontecendo no céu! A razão para este notável ponto central de atividade em Apocalipse 4 e 5 pode encontrar-se na revelação de que as decisões na sala do trono celestial determinam o curso da história humana, tal como o surgimento e a queda dos governos humanos, mas acima de tudo, o destino final do mundo. Daniel tinha assinalado a soberania de Deus sobre a humanidade: "Ele muda os tempos e as idades; tira reis e põe reis" (Dan. 2:21; ver também 4:17; 5:18, 26-28). Depois da devastação de Jerusalém, Jeremias assegurou aos judeus: "Mas tu, Jeová, permanecerás para sempre; teu trono de geração em geração" (Lam. 5:19). Jesus se submeteu ao poder brutal do governador romano Pilatos, mas declarou: "Nenhuma autoridade teriam contra mim, se não fosse dada de acima" (João 19:11).
Agora o Soberano no céu revela a João um esboço da era da igreja, com ênfase especial sobre o resultado final como está determinado por sua vontade soberana. Este futuro se centra em Cristo e em seu povo do pacto, e se revela por meio da visão do "livro" de Apocalipse 5 a 7.
O livro divino [biblíon] em Apocalipse 5 está selado com 7 selos que ninguém nem no céu nem na terra é digno de abrir. Isto é altamente significativo. Nenhum ser criado, seja anjo ou santo, tem a dignidade de Jesus exaltado. Só Cristo pode dar a conhecer os juízos de Deus, abrindo os selos (Apoc. 6 e 7), e pelas visões seguintes e esclarecedoras do Apocalipse. Desse modo Cristo dá sentido à história mundial. Ele colocou a humanidade em direção a uma meta que Deus predeterminou na sua sala do trono no céu. Por isso as visões do trono de João são fundamentais para todo o livro. G. R. Beasley-Murray percebeu isto e disse: "Neste particular, estes capítulos [Apoc. 4 e 5] constituem o fator fundamental da estrutura que mantém unido o livro, porque o resto das visões são montadas nesta estrutura principal".1
A ênfase sobre o livro divino na mão direita de Deus amplia o foco de Deus como o Criador em Apocalipse 4 para Deus como o Redentor de sua criação. A visão do trono no capítulo 5 revela a maneira na qual Deus "tem que vir" (Apoc. 4:8) na história da humanidade para cumprir seu propósito. A Majestade sobre o trono tem em sua mão direita um livro escrito em ambos os lados, e selado com 7 selos (5:1). Alguns viram aqui uma similitude com o rolo do livro desdobrado que Ezequiel recebeu de Deus, no qual estavam escritas por diante e por trás "lamentos e lamentações e ais" (Ezeq. 2:9, 10). Outros vêem um paralelo mais adequado com o rolo de Deuteronómio, o qual, como o livro do pacto, devia dar-se a um recém-coroado rei em Israel (ver Deut. 17:18-20; 2 Reis 11:12). Em sua tese, Ranko Stefanovic tira esta ampla conclusão:
 
"Ao tomar o livro, a Cristo lhe encomendou a soberania do mundo (cf. 1 Ped. 3:22; Fil. 2:9-11); o livro significaria então a legítima transferência do reino. Em tal contexto, também tem um caráter de testamento, e pode chamar-se também o livro da herança de Cristo. Desde que a transferência do reino se refere à recuperação da posse do direito que se perdeu pelo pecado, o livro tem todas as características do livro da redenção ou a escritura da venda. Ao tomar o livro, todo o destino da humanidade se coloca nas mãos do Cristo entronizado; por isso é na verdade o livro celestial do destino. Ele julgará sobre a base de seu conteúdo, por isso é o livro de juízo".2
O conteúdo deste livro selado, descrevendo os juízos de Deus sobre um mundo hostil, como aparece pelos capítulos que seguem, coloca-se nas mãos do Senhor ressuscitado, o Cristo todo-poderoso e omnisciente (ver Apoc. 5:6). Apocalipse 5 assegura que por meio da vitória de Cristo na terra, será restaurado o reino de Deus (ver Apoc. 21:5).
"Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono" (Apoc. 5:5-7).
Um dos santos glorificados no céu explica que as promessas de Deus a Israel encontraram seu cumprimento no Senhor ressuscitado, e se refere a três profecias essencialmente messiânicas e as combina em uma proclamação de cumprimento: Géneses 49:9, 10; Isaías 11:1-10 e 53:7. "Em nenhum outro lugar no Novo Testamento estão agrupados os termos reais mais significativos em

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

OS 5 PRIMEIRO SELOS DO APOCALIPSE - Apocalipse 6

Os comentadores da Bíblia com frequência equiparam a estrutura paralela dos 7 selos em Apocalipse 6 com o discurso profético de Jesus nos Evangelhos sinópticos. Beasley-Murray fala por muitos quando diz: "Nenhuma passagem no Novo Testamento está mais intimamente relacionado a este elemento [os selos] dentro do livro do Apocalipse que o discurso escatológico dos Evangelhos, Marcos 13 e as passagens paralelos (Mat. 24 e Luc. 21)".1 Colocando as duas sequências proféticas em forma paralela, elas mostram que os 7 selos apresentam as mesmas características e a mesma ordem consecutiva do discurso do Monte das Oliveiras.
Esta comparação mostra que devemos considerar os selos consecutivos em Apocalipse 6 como a exposição ulterior de Cristo de seu discurso anterior no que tinha resumido a seus discípulos o que lhes aconteceria durante sua missão no mundo. Isto significa que os selos predizem não só os juízos do tempo do fim mas também os juízos messiânicos durante toda a época da igreja. Em Mateus 24 Jesus adoptou o estilo apocalíptico de Daniel de repetição e ampliação. Duas vezes Jesus começou seu esboço com sua própria geração e depois passou rapidamente adiante na história até o fim da era da igreja, como se pode ver por Mateus 24:1-4 e 24:15-31. Jesus anunciou que as guerras que viriam, as fomes, as perseguições e a apostasia não precederiam imediatamente a sua volta:

"Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam estas coisas... E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem" (Luc. 21:9, 24).
Jesus lhes advertiu especificamente contra uma expectativa iminente:
"Respondeu ele: Vede que não sejais enganados; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a hora! Não os sigais" (Luc. 21:8).
Se os selos desenvolvem em forma adicional Mateus 24, então os selos igualmente se estendem sobre

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ABERTURA DO 6º E 7º SELO - APOCALIPSE


(Apoc. 6:11-14)
6º Selo
Menciona o sexto selo dois terremotos diferentes, um local (Apoc. 6:12) e um cósmico (v. 14)? Nem a sétima trombeta nem a sétima praga mencionam dois terremotos. Em Mateus 24, Jesus não se referiu a nenhum terremoto particular no tempo do fim. Entretanto, a resposta a nossa pergunta pode encontrar-se no mesmo contexto do sexto selo. O estilo literário de Apocalipse 6:12-14 e 15-17 assinala a seu significado. A primeira unidade dos versículos 12-14 mostra o modelo do ABB1A1, a estrutura típica do paralelismo inverso:
A. Há um grande terremoto.
B. O sol, a lua e as estrelas funcionam mau.
B1. O céu se desvanece como um pergaminho que se enrola.
A1. Todo monte e toda ilha se remove de seu lugar.
O argumento literário descreve uma sacudida do céu e da terra, exatamente como haviam predito Ageu (2:6) e Hebreus (12:26, 27). "Porque assim diz Jeová dos exércitos: daqui a pouco eu farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca". Nenhum terremoto local pode igualar a finalidade e as dimensões universais das descrições de Ageu, de Hebreus e a do sexto selo.
Apocalipse 6:12-14 descreve em primeiro lugar os sinais cósmicos na terra e no céu (A e B); depois continua descrevendo os efeitos destes sinais na ordem inversa: no céu (B1) e na terra (Ao terremoto mencionado em "A" é a origem dos efeitos universais mencionados em "A1: o desaparecimento dos montes e das ilhas. Uma descrição similar de causa e efeito pode ver-se na sétima praga, onde se menciona primeiro um terremoto tremendo e universal (ver Apoc. 16:18), seguido por seu efeito sobre Babilônia e sobre os montes e as ilhas (vs. 19, 20). A descrição da sétima praga é um paralelo literário surpreendente com a do sexto selo! Precisamos entender ambos da mesma maneira. Este paralelo indica que o sexto selo não projeta dois terremotos diferentes, com centenas de anos entre eles (em Apoc. 6:12-14).
Para entender a composição literária que João apresenta dos cataclismos no céu durante o sexto selo, é instrutivo observar sua adoção da descrição que faz Isaías do juízo mundial devastador de Deus:
"Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da figueira" (Isa. 34:4).
"Porque as estrelas dos céus e os astros não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz...  Pelo que farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos e por causa do dia da sua ardente ira" (Isa. 13:10, 13).
Nesta linguagem figurada tão vívida que formula os aspectos espantosos do dia do Senhor, não temos à vista uma ordem de acontecimentos e tampouco há indicação bíblica de que o sexto selo tenha o propósito de ensinar uma ordem específica de eventos (ver no cap. VI a seção "A teologia de Cristo dos sinais cósmicos").
Na unidade seguinte (Apoc. 6:15-17), João descreve o impacto universal do estremecimento cósmico sobre o mundo político, militar, económico e social. Em vão tratam de procurar refúgio ante o Juiz da terra.
Dessa maneira o sexto selo descreve a ordem progressiva de causa e efeito. Se compararmos as descrições do terremoto apocalíptico do Apocalipse, observamos uma ampliação gradual do mesmo na sétima trombeta e na sétima praga:
 
Este desenvolvimento progressivo do terremoto cósmico não é, obviamente, a predição de dois ou mais terremotos. A composição literária do Apocalipse ensina um terremoto final e cósmico, que se amplia na descrição de cada série seguinte, em harmonia com a crescente severidade dos juízos das trombetas e as pragas à medida que se aproxima o fim.
É significativo que João se apropria em forma consistente das antigas profecias do dia do Senhor para sua descrição do sexto selo. Isto é especialmente verdade de sua adopção dos sinais cósmicos de Isaías (13:10, 13; 24:18, 19, 23; 34:4, 8) e do Joel (2:10, 11, 30, 31; 3:14-16). João não encontrou nos profetas uma lista uniforme de sinais cósmicos! Inclusive troca o arranjo de sua fonte principal, Isaías 34:4, em sua própria descrição em Apocalipse 6:12-14. A preocupação dominante de João não é criar uma ordem cronológica determinada de sinais cósmicos, a não ser colocar ao redor de Cristo como o novo centro e meta dos cataclismos finais no universo, em harmonia com o próprio entendimento de Jesus em Mateus 24:29-31. Este empréstimo penetrante do Antigo Testamento destaca a unidade teológica de ambos os Testamentos e seu panorama apocalíptico comum. Ambos os Testamentos revelam um Criador-Redentor e um dia de juízo (ver Heb. 1:1, 2; Apoc. 6:17).
 
Em conclusão, o sexto selo não pode ser entendido corretamente por si mesmo, divorciado dos cinco selos anteriores. O sexto selo é a consumação dos selos anteriores. O clamor dos mártires por vindicação foi respondido só em um sentido preliminar com a vindicação celestial ("as vestimentas brancas") sob o quinto selo. Têm que "esperar um pouco de tempo", até que se complete a tribulação do tempo do fim para o povo de Deus (Apoc. 6:11). O sexto selo não se abre com outro período de espera para os santos mortos e vivos, a não ser com a chegada do dia de ajuste de contas, o dia de justiça e vindicação.
O Sétimo Selo
O sétimo selo não acrescenta nenhum evento adicional, só "silêncio no céu como por meia hora" (Apoc. 8:1). Este silêncio sugere que a justiça de Deus foi plenamente apoiada sobre as expectativas de Israel (Isa. 62:1; 65:6, 7; Sal. 50:3-6). É interessante notar que o 4° livro de Esdras, escrito na última parte do século I de nossa era, relata uma crença judaica que menciona que o fim da história trará um "silêncio" correspondendo ao silêncio antes da criação do mundo:
"E o mundo voltará para silêncio primitivo por sete dias, como foi no primeiro princípio; de maneira que ninguém ficará".1
O sétimo selo parece declarar um "silencio no céu" como o fim da "grande voz" dos mártires por justiça divina. Dessa forma, o ciclo profético dos selos ressegura à igreja que Cristo é o Senhor da história e um fiel guardador do pacto. As bênçãos do pacto prometidas à igreja em Apocalipse 2 e 3 serão outorgadas aos que perseveram na fé ou no testemunho de Jesus até o fim! Este tema de cumprimento chega a ser o enfoque principal de consolo na visão de João de Apocalipse 7.
 
Hans K. LaRondelle
Referencia:
1. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, t. 1, p. 537 (4 Esdras 7:30).

domingo, 4 de novembro de 2012

O TEMPO DO FIM - Apocalipse 7


Apocalipse 7 contém um interlúdio ou parêntese no ciclo dos selos. Neste capítulo João tira partido de sua teologia do povo remanescente. Apocalipse 7 mostra um foco específico do tempo do fim que complementa o quinto selo (Apoc. 6:9-11 ). Tanto este selo como Apocalipse 7 tratam do mesmo tema: a grande tribulação para o povo de Cristo. O raio de luz da profecia põe de relevo a tribulação final com sua crise universal. Não só os poderes perseguidores do mundo causam a crise, mas também em um sentido mais elevado, a crise causa a ira do Cordeiro manifestada nas sete últimas pragas (Apoc. 6:16, 17; 15:1). O amparo divino é essencial se a última geração do povo de Deus vai passar incólume durante o derramamento da ira de Deus. Apocalipse 7 está planejado para assegurar a todas as gerações do povo de Deus, especialmente à última, a provisão que tem feito para resgatar a cada seguidor de Cristo nesse tempo de emergência.
Esta crise de proporções mundiais imposta pelo céu se descreve no sexto selo, onde os sinais cósmicos introduzem o dia do juízo. Por conseguinte, a pergunta existencial "e quem poderá ficar de pé?" chega a ser crítica (Apoc. 6:17). Esta pergunta fundamental tinha sido feita antes por três profetas: Joel (2:11), Naum (1:6) e Malaquias (3:2). Cada vez o profeta respondeu sua pergunta dizendo que a única maneira de permanecer em pé no dia da ira é tendo um arrependimento verdadeiro (Joel 2:12-27; Naum. 1:7; Mau. 3:3, 4). Naum recalcou que só Jeová é "fortaleça no dia da angústia; e conhece os que nele confiam" (Naum. 1:7).
Portanto, podemos esperar encontrar a resposta a esta pergunta de Apocalipse 6:17 no capítulo 7. O propósito de Apocalipse 7 é mostrar os que ficarão de pé no dia da retribuição. A pergunta: "Quem poderá ficar de pé?", é totalmente essencial para os que estiverem vivos quando terminar repentinamente o tempo de graça e se derramarem do céu as 7 pragas. Apocalipse 7 é para alentar o povo de Deus a perseverar até o fim em sua fé em Cristo. É um dos capítulos mais tranquilizadores para a fé cristã. Pela primeira vez encontramos aqui a um grupo denominado os "144.000" israelitas verdadeiros. Estes podem permanecer firmes no dia do Senhor sem temor, porque têm um refúgio contra a ira do Cordeiro. Seu lugar especial na história da salvação é no fim do tempo. Sairão triunfantes da grande tribulação. Este é o marco do fim do tempo de Apocalipse 7 em seu contexto imediato do sexto selo.
"Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel" (Apoc. 7:1-4).
Com esta descrição de libertação divina, o Senhor ressuscitado assegura a seus seguidores que as pragas não destruirão toda a humanidade. Primeiro Cristo colocará um sinal de proteção sobre seus "servos". "Conhece o Senhor aos que são seus" (2 Tim. 2:19). Malaquias tinha prometido uma proteção especial para o povo de Deus ao final da história.
"Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome. Eles serão para mim particular tesouro, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve" (Mau. 3:16-18).
A teologia hebraica expressa de que haverá um povo remanescente final de Deus. Isto implica a separação de um Israel que adora a Deus de um Israel nominal.
Daniel também apontou o remanescente de Israel desta maneira: "Mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro" (Dan. 12:1). Daniel distingue entre um Israel nacional e um Israel espiritual. Só os que estão registrados no céu como cidadãos do reino de Deus, serão sacados da tribulação final no fim dos dias (vs. 1, 2). O anjo assegurou a Daniel: "Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão" (v. 10). Isaías também predisse que um remanescente santo sobreviveria ao juízo do Deus de Israel:
"Será que os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos; todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida, quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito purificador. Criará o Senhor, sobre todo o monte de Sião e sobre todas as suas assembleias, uma nuvem de dia e fumaça e resplendor de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória se estenderá um dossel e um pavilhão, os quais serão para sombra contra o calor do dia e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva" (Isa. 4:3-6).
Em Apocalipse 7, Deus assegura à sua igreja que sua ira não se derramará até que tenha selado seu verdadeiro Israel. Esse selo os protegerá, não só da morte física, mas também de todos os poderes sobrenaturais de destruição, tanto demoníacos (Apoc. 9:4) como divinos (cap. 16). Só dessa maneira podem permanecer em pé no último dia. Desta maneira Cristo cumpre sua promessa:
"Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra" (Apoc. 3:10).
 
O "selo do Deus vivo", que os anjos do céu porão sobre a "fronte dos servos de nosso Deus" (Apoc. 7:2, 3), está em agudo contraste com a "marca da besta", uma batalha estritamente do tempo do fim contra os santos (ver 13:15-17). Ambos os sinais de identificação operam em forma simultânea no tempo do fim como o cenário final de separação definitiva.
Alguns identificaram este selo apocalíptico com o selo do evangelho do qual Paulo fala no Efésios 1:13; 4:30 e 2 Coríntios 1:21 e 22. Paulo disse que a segurança da salvação do crente estava selada no coração pelo Espírito Santo. Cristo nos "ungiu" e portanto, "também nos selou, e nos deu o penhor do Espírito em nossos corações" (2 Cor. 1:22). Mas este selo do evangelho colocado pelo Espírito no coração não deve identificar-se completamente com o único selo apocalíptico que os anjos colocarão sobre a fronte dos servos de Deus (Apoc. 7:1-3).
O selo do tempo do fim tem um propósito diferente que o de assegurar a salvação pessoal. É um sinal externo acrescentado ao selamento interno do Espírito, como o sinal da aprovação divina durante a

sábado, 3 de novembro de 2012

A Besta e o Anticristo


O livro de Daniel é conhecido como o Apocalipse do Antigo Testamento. Na realidade o Apocalipse é apenas o complemento e a ampliação das profecias de Daniel. Dificilmente, portanto, um poderá ser entendido sem o auxílio do outro. É in dispensável que se atente para a perfeita harmonia entre os dois livros, na referência ao poder anticristão representado por Roma.
Ambos fazem menção ao mesmo poder. Vamos analisar as quatro dimensões mencionadas no texto referido de Daniel 7:25, que caracterizam sem nenhuma dúvida o poder religioso assentado em Roma, comparando-as com suas similares do livro de Apocalipse.
A primeira delas trata das blasfémias: E proferirá palavras contra o Altíssimo... (Daniel 7:25). E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfémias... E abriu a sua boca em blasfémias, contra Deus, para blasfemar do Seu nome, e do Seu Tabernáculo, e dos que habitam no céu (Apocalipse 13:5-6). Então tive vontade de conhecer a verdade sobre o quarto animal que era diferente de todos os outros, muito terrível... e também das dez pontas que tinha na cabeça, e da outra que subia, de diante da qual caíram três... que tinha olhos e uma boca que falava grandiosamente, e cujo parecer era mais firme do que o das suas companheiras (Daniel 7:19-20). O qual se opõe, e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, que rendo parecer Deus (II Tessalonicenses 2:4).
Primeiramente é necessário que se conceitue o verdadeiro significado da palavra blasfémia. Note-se o esclarecedor relato bíblico, quando Jesus Se dirigiu a alguém, perdoando os seus pecados: E, vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados. E os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus? (S. Lucas 5:20-21).
Ora, segundo eles Jesus estava blasfemando porque pretendia perdoar pecados. Em outra ocasião, novamente Jesus foi acusado pelos judeus de blasfemar: Os judeus responderam, dizendo-Lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfémia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo (S. João 10:33).
Jesus podia e pode só Ele, perdoar pecados, porque Ele é Deus. Os judeus não O aceitavam como tal e por isto o acusavam de blasfémia. E o poder humano estudado que se arroga o direito de perdoar pecados e considerar-se no lugar de Cristo, como Seu substituto?
O dicionário Aurélio, já mencionado, conceitua a palavra blasfémia como palavras que ultrajam a divindade ou a religião.
A seguir registraremos algumas das absurdas e assombrosas afirmações papais, em que o poder anticristão manifesta a sua pretensão blasfema de ocupar o lugar de Deus, na Terra:
Há, no Direito Canónico, uma proposição que afirma, claramente: O papa romano não ocupa o lugar de um mero homem, senão o do verdadeiro Deus neste mundo (Direito Canónico C. 3, x de translat. e Piso 1,7., referi do em Testemunhos Históricos, p. 430).
Sobre a mesma pretensão, outra referência: Em uma passagem que faz parte da lei canónica romana, o papa Inocêncio III declara que o pontífice romano é o representante sobre a Terra, não de um mero