quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A COMPREENSÃO DE CRISTO DAS PROFECIAS DE DANIEL

A aplicação que Jesus fez dos termos simbólicos tirados do livro do Daniel – tais como "reino", "Filho de Homem" e "abominação desoladora" – indicam que manifestou um profundo interesse nas profecias apocalípticas de Daniel. Aplicou as expressões daniélicas a sua própria missão messiânica. Por esse meio Cristo ensinou que a descrição das visões de Daniel eram de importância fundamental para sua igreja. Sua própria perspectiva segue o esboço da história da salvação de Daniel. É conhecido como Discurso do Monte das Oliveiras ou discurso escatológico de Jesus, porque o pronunciou enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, ao oriente de Jerusalém (Mat. 24; Mar. 13; Luc. 21).

 
O quadro que Cristo pintou dos acontecimentos futuros para Jerusalém e para seus seguidores em todo mundo é similar ao que foi esboçado primeiramente pelo profeta Daniel. O discurso do monte das Oliveiras foi chamado por alguns como "os comentários ou Midrash* de Jesus sobre o livro do

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Apóstolo Paulo e as Profecias de Daniel


O esboço apocalíptico da história da igreja que Paulo apresenta em 2 Tessalonicenses 2 cumpre um propósito similar ao que cumpre Mateus 24 (e paralelos) nos Evangelhos. Não há uma predição mais explícita a respeito da era da igreja no Novo Testamento. É estranho, mas a maioria dos comentadores entende que este capítulo é uma passagem escura nos escritos paulinos.

Em geral se reconhece que o apóstolo em 2 Tessalonicenses 2 tem como propósito dar conselho pastoral para seus dias, a mesma finalidade que teve Cristo ao pronunciar seu discurso profético. Por conseguinte, devemos supor que as frases que Paulo usa aqui não eram desconhecidas para os leitores cristãos a quem dirigiu sua carta ao redor de 50 d.C.
 
Muitos acreditam que a segunda epístola do apóstolo aos Tessalonicenses foi escrita para rebater um mal-entendido que tiveram alguns membros da igreja com sua primeira carta: que o dia do Senhor viria em forma repentina "como ladrão de noite" (1 Tes. 5:2, 4), e que Paulo e outros poderiam estar "ainda vivos" quando retornasse o Senhor (4:15).
 
Evidentemente, alguns tinham suposto que o dia do Senhor "já tinha chegado" ou que ia acontecer em qualquer momento (2 Tes. 2:2). Esta ideia injustificada de uma expectativa iminente tinha levado alguns membros a converter-se em ociosos ou a entusiasmar-se e desordenar-se excessivamente (2 Tes. 3:6-15).
 
Paulo trata de corrigir o engano desta expectativa – que o dia do Senhor podia ocorrer em qualquer momento –, e deduz seu argumento do esboço apocalíptico do Daniel. Na opinião de Paulo, para fazer frente ao engano de uma esperança desencaminhada era essencial conhecer a ordem consecutiva de dois acontecimentos fundamentais na história da igreja, e esses dois eventos proféticos, em ordem cronológica, são: a vinda do anticristo e a vinda de Cristo. Primeiro, "a apostasia" [e apostasia] deve manifestar-se no "homem de iniquidade" [o ánthropos tes anomias] até "sentar-se ele mesmo no templo de Deus" [éis ton naón tou theú kathísai], acompanhado por "sinais e prodígios de mentira" (2 Tes. 2:3, 4, 9, JS). Só então o Senhor se revelará e destruirá o iníquo (2 Tes. 2:8).

A advertência de Paulo se enfoca no surgimento da apostasia dentro do templo de Deus durante a era da igreja, quer dizer, dentro da igreja como uma instituição (ver 2 Cor. 6:16-18; 1 Cor. 3:16; Ef. 2:19-21). Seu ponto de vista é que esta apostasia vindoura, profetizada por Daniel, não se tinha desenvolvido como um fenómeno público na igreja apostólica, mesmo que o mistério da iniquidade "estava já em ação" (2 Tes. 2:7). Por conseguinte, o dia do Senhor não podia ter chegado nem podia esperar-se no futuro imediato.

Paulo empregou seu conhecimento apocalíptico sobre o futuro da história da igreja para corrigir um apocalipticismo extremo na igreja apostólica. O uso que o apóstolo fez do livro de Daniel como a fonte de seu esboço profético de história da igreja, faz que 2 Tessalonicenses 2 seja outro elo indispensável entre os livros de Daniel e Apocalipse.

O Enfoque Contínuo-Histórico em Daniel
Daniel profetiza o reinado de 4 impérios mundiais sucessivos em duas ocasiões (caps. 2 e 7). O anjo interpretador os identifica como Babilónia, Medo-Persa e Grécia (ver Dan. 2:38; 8:20, 21), e aponta Roma em Daniel 9:26 e 27. O ponto crítico na visão de Daniel, que necessita que se preste cuidadosa atenção, é a revelação de que a quarta besta (ou império) tem 10 chifres, dentre os quais surge lentamente um décimo primeiro "chifre pequeno" para converter-se no anticristo. O anjo interpretador explica isto de uma maneira mais precisa:
 
"Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim tempo, e tempos, e meio tempo" (Dan. 7:24-26).
 
O anjo não diz que o 4° império (Roma) estaria regido por 10 reis contemporâneos, porque isso estaria contra a história de Roma. Antes, a declaração do anjo é que "deste" império mundial sairiam 10 reis que reinariam em forma contemporânea. Esta ordem de eventos, a substituição do Império

domingo, 13 de janeiro de 2013

INTRODUÇÃO AO APOCALIPSE


O último livro da Bíblia é completamente diferente em estilo e composição a qualquer outro escrito do Novo Testamento. Está estruturado engenhosamente, com um equilíbrio excepcional em seu desenho literário. Sua disposição indica a unidade do livro. Uma composição tal nos proíbe isolar qualquer versículo ou seção da totalidade do livro. O Apocalipse foi destinado para lê-lo como um tudo, de maneira que seu movimento do começo até o fim possa produzir seu impacto pleno sobre nossas mentes e corações. Embora se enfoca sobre suas profecias do tempo do fim, precisamos estar inteirados de que podemos apreciar seu significado só quando recuperamos o movimento interno e a perspectiva completa de todo o Apocalipse.
 
Devido ao fato de que o seu arranjo literário e a sua mensagem teológica estão entretecidas, o possuir um conhecimento do seu plano arquitectónico contribui substancialmente à nossa compreensão da mensagem. João transmite a sua unidade pela construção do modelo simétrico, um paralelismo inverso chamado quiasma. Isto se faz evidente em primeiro lugar pelo fato de que o começo (prólogo; Apoc. 1:1-8) e o final (epílogo; Apoc. 22:6-21) correspondem-se mutuamente. E as sete promessas às igrejas nos capítulos 2 e 3 encontram seu contraparte nas sete visões do tempo do fim (cada uma começando com as palavras "então vi") em Apocalipse 19:11 aos 22:21. A primeira e a última série de setes relacionam-se entre si como a promessa e o cumprimento divinos, a igreja militante e a igreja triunfante. Ambas as unidades começam com uma cristofania (aparição de Cristo) esplêndida: Apocalipse 1:12-18; 19:11-16. O modelo simétrico se estende a outros duetos, que se concentram em uma seção central. Tal ensambladura literária, "uma arquitetura verdadeiramente monumental",[1] foi reconhecido por numerosos eruditos e chegou a ser um requisito indispensável para a compreensão do Apocalipse. Essa forma serve para esclarecer o significado da mensagem do Apocalipse.

Uma lição que se aprendeu de um consenso cada vez maior de estudos críticos é a convicção de que o Apocalipse como um todo é uma carta apostólico-profética, dirigida às igrejas do Senhor Jesus Cristo, em qualquer tempo e em qualquer lugar. Portanto, não é legítimo separar as sete cartas de Apocalipse 2 e 3 das visões seguintes (Apoc. 4-22). Esta unidade interna do Apocalipse é reconhecida amplamente, como afirma K. A. Strand: "A maioria dos expositores reconhece que a descrição da Nova Jerusalém e a nova terra nos capítulos finais do Apocalipse, recordam (como cumprimento) as promessas feitas aos vencedores nas mensagens às sete igrejas nos capítulos iniciais".[2] O Apocalipse promete a Nova Jerusalém sobre a nova terra a todos os seguidores de Cristo em todas as igrejas.

É especialmente digno de menção o movimento da igreja no tempo de João (Apoc. 1-3) através da era cristã tão cheia de acontecimentos (Apoc. 12 e 13), até que entra sem perigo na Cidade de Deus no paraíso restaurado sobre a terra (Apoc. 21 e 22). Primeiro, o Cristo ressuscitado apresenta sua avaliação da condição da igreja apostólica nas sete cartas às sete igrejas (Apoc. 2 e 3). Mas estas mensagens não foram destinadas só para a igreja primitiva, como se o Senhor da história estivesse interessado só naquele período de tempo. As promessas de Cristo nessas cartas mostram uma progressão significativa, que assinala cada vez mais a sua segunda vinda. As mensagens das cartas de Cristo devem entender-se em mais de um nível. Primeiro, como dirigidas às igrejas do primeiro século, depois a cada membro individual da igreja em qualquer tempo durante a era da igreja, e finalmente, às diversas condições da igreja durante a era cristã. Os intérpretes historicistas ressaltaram em forma crescente este aspecto preditivo das sete cartas. [3] Hoje em dia, estes três aspectos são reconhecidos pelos expositores adventistas. [4] Esta breve declaração é representativa: "As sete igrejas, estudadas em sua ordem, concordam com a experiência predominante da igreja cristã durante sete eras sucessivas".[5]
 
As cartas estão vinculadas com as visões seguintes e se iluminam mutuamente com uma urgência crescente enquanto avança a história. Esta progressão está recalcada pelas visões sucessivas que João teve do templo, que seguem a sequência dos festivais anuais do antigo tabernáculo de Israel. As primeiras visões do templo em Apocalipse 1:12-16 e nos capítulos 4 e 5 descrevem graficamente o Senhor ressuscitado como tendo completo as festas da primavera da Páscoa (Apoc. 1:5, 17, 18) e o Pentecostes (5:6-10). Depois o Apocalipse continua na visão do templo de Apocalipse 8:2-6 para revelar o ministério a longo prazo de Cristo na série das "sete trombetas" (Apoc. 8, 9 e 11 ) que levam à Festa das Trombetas de Israel, a primeira de todas as festas do ano religioso judeu. A significativa sequência dos festivais do outono: Festa das Trombetas, Dia da Expiação e Festa dos Tabernáculos (Lev. 23; Núm. 29). Richard M. Davidson assinala que...

"...assim como a Festa das Trombetas (também chamada Rosh Hashana) convocava ao antigo o Israel a preparar-se para o vindouro dia do juízo, o Yom Kippur, assim também as trombetas do Apocalipse põem especialmente de relevo a aproximação do Yom Kippur antitípico".[6]
 
A Festa das Trombetas ocorre como a culminação dos sete festivais lunares. Formam a ponte entre os festivais da primavera e o solene Dia da Expiação e a Festa dos Tabernáculos. No Apocalipse o ponto central de atração muda gradualmente ao dia do juízo final e à terra restaurada quando Jesus morará com seu povo. A sétima trombeta apresenta uma cena do templo que se centra no "arca de seu pacto" (Apoc. 11:15, 19). No tabernáculo de Israel o "arca" estava no lugar santíssimo do santuário e só era vista durante o ritual de purificação final, no Dia da Expiação (Lev. 16:15). Nesse dia, Israel era julgado e se limpavam os pecados que contaminavam o povo por meio do bode emissário (Lev. 16:19, 22; 23:29, 30). De igual maneira, Apocalipse 10 anuncia que não haverá mais tempo ou demora quando o sétimo anjo esteja a ponto de tocar a trombeta. Então, "o mistério de Deus se consumará" (Apoc. 10:6, 7).

Em Apocalipse 15 observamos a terminação da obra mediadora de Cristo no templo celestial, seguindo-se o juízo retributivo das sete últimas pragas (Apoc. 16 e 17). Em Apocalipse 19:1-10 ouvimos que "chegaram as bodas do Cordeiro e sua esposa preparou-se" (v. 7).
 
Apocalipse 20 e 21 introduzem o milénio de triunfo para todos os que morreram no Senhor (20:4-6). A Nova Jerusalém descende sobre uma terra renovada: "Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, e ele morará com eles" (21:3). Isto aponta ao glorioso cumprimento da festa dos tabernáculos, quando Israel celebrava sua liberação e se regozijava diante do Senhor com a ondulação dos ramos de palmeira (Lev. 23:40, 43). Este simbolismo descreve a salvação futura da igreja de Cristo, formada de todos os povos da terra (Apoc. 7:9, 10; 15:24). Devemos relacionar a estrutura do livro com seu movimento progressivo se é que vamos compreender o significado do Apocalipse.
 
O significado deliberado do Apocalipse não é simplesmente documentar um momento histórico da igreja no Ásia Menor ou proporcionar um estímulo apostólico para a igreja em crise nos dias da Roma imperial. Acima de tudo, coloca a cada igreja na luz examinadora dos olhos do Senhor, de maneira que cada igreja possa saber o que é que Cristo espera de seu povo. Dessa maneira, Cristo coloca tanto suas expectativas como suas responsabilidades diante de todas as igrejas. Isto desperta nossa consciência para contemplar a relação íntima que existe entre Cristo e seu povo em todos os tempos. Jacques Ellul o expressa desta maneira:
 

"O Senhor da igreja, quem ao mesmo tempo é o Senhor da história, não é um Deus distante, inacessível e incompreensível; é o que fala com sua igreja, é o que vive na história por meio de seu povo".[7]
 
Os diferentes septenários (séries de setes) – tais como as cartas, os selos, as trombetas e as taças com as últimas pragas – contêm uma luz que se projeta sobre os acontecimentos do tempo do fim. Este fenómeno reiterativo indica que o Apocalipse coloca uma ênfase particular sobre o período do tempo do fim da igreja e do mundo. Ellen White expressa esta visão mais ampla quando diz:
 
" Esta revelação foi dada para guia e conforto da igreja através da dispensação cristã. ... Suas verdades são dirigidas aos que vivem nos últimos dias da história da Terra, como o foram aos que viviam nos dias de João".[8]
 
Hans K. LaRondelle

 
Referências:
1. J. Ellul, Apocalypse, The Book of Revelation, p. 36.
2. F. B. Holbrook, ed., Symposium on Revelation – Book 1 [Simpósio sobre o Apocalipse – Livro 1] (Silver Spring, Maryland: Biblical Research Institute, 1992), p. 31.
3. Ver Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, v. 4, pp. 848, 1118.
4. Ver D. Ford, Crisis! A Commentary on the Book of Revelation [Crise! Um Comentário sobre o Livro do Apocalipse] (Newcastle, Califórnia: Desmond Ford Publications, 1982; 2 ts.), T. 2, pp. 264-308; C. Mervyn Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones (Florida, Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1991), pp. 89-145; R. C. Naden, The Lamb Among the Beasts. Finding Jesus in the Book of Revelation [O Cordeiro Entre as Bestas. Encontrando a Jesus no Livro do Apocalipse] (Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1996), caps. 4 e 5.
5. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 94.
6. Richard M. Davidson, Simpósio sobre o Apocalipse, T. 1, p. 123.
7. Ellul, Apocalypse, The Book of Revelation, p. 51.
8. Ellen White, AA 583, 584.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O APOCALIPSE E O SEU ALVO


JESUS É GLORIOSO"Revelação de Jesus Cristo" (Apoc. 1:1) enuncia claramente seu propósito ao princípio: "Para manifestar a seus servos as coisas que em breve devem acontecer"...."as que são e as que têm que ser depois destas" (vs. 1, 19). Isto significa que a perspectiva histórica do livro não é nem o presente imediato nem o futuro distante, e sim toda a história da igreja do tempo do autor até o segundo advento. Isto faz que o Apocalipse seja um guia único para a igreja em qualquer tempo. Constitui uma continuação dos quatro Evangelhos que se concentram especificamente no primeiro advento.

 
Em sua filosofia da história, o Apocalipse está enfaticamente centrado em Cristo, chamando Cristo de "o Alfa e o Ómega, o Princípio e o Fim" (22:13). Sua mensagem profética não é meramente vaticinar o curso futuro da história da igreja. Sua maior preocupação é pastoral: guiar e aconselhar aos crentes em Cristo Jesus em tempos de perseguição, animá-los a perseverar até o fim na verdadeira fé, e admoestá-los e alertá-los contra o engano e as crenças falsas.

 
O Apocalipse assegura aos "servos" de Cristo que seu Redentor está em seu meio em todo momento, porque caminha entre os sete "castiçais" celestiais, que representam "as sete igrejas" (1:13, 20). Aparentemente, estas "sete igrejas" não podem limitar-se ao número literal de sete congregações locais na província romana da Ásia Menor. Cristo é o Senhor de todas as igrejas em toda a história. Estas "sete igrejas" representam suas igrejas, as comunidades que o adoram entre todas as nações, do tempo de João até ele voltar.

 
Este Apocalipse ou revelação do Jesus Cristo tampouco se dirigiu aos judeus ou aos gentios, e sim a seus "servos" (1:1). Precisam da segurança de que o Senhor ressuscitado permanece intimamente conectado com seu novo povo do novo pacto e que os preparará para a prova final e o triunfo da fé. O reino de Deus será realizado completamente neste mundo como seu ato final, para o qual se dirige toda a criação (11:15; 21:1-5). Sete vezes Cristo promete ao "vencedor" em cada igreja uma recompensa específica de salvação ao fim do tempo:


"Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus" (2:7).

"O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte" (v. 11).

"Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe" (v. 17).

"Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações... dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã" (vs. 26,28).

"O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos " (3:5).

 "Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá" (v. 12).

"Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono" (v. 21).

 
Além destas promessas, o Apocalipse proporciona sete bem-aventuranças para esta era presente, com o fim de motivar a cada crente a ser perseverante (1:3; 14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7, 14).

Desse modo, o Apocalipse é o livro de esperança, consolo e inspiração para sua igreja durante sua viagem cheia de acontecimentos através das idades. Deus não nos prometeu uma navegação tranquila, a não ser uma chegada segura! Ele está conosco até o fim do tempo. Cada coisa depende de quem é nosso Rei. Nossa segurança eterna descansa em sua fidelidade. O Apocalipse é principalmente uma revelação do próprio Cristo e de sua fidelidade ao pacto; é "a testemunha fiel" (1:5).


Cristo Como Nosso Juiz Divino
Nenhum livro no novo Testamento enfatiza a glória e a soberania do Cristo ressuscitado como o Apocalipse faz. A visão inaugural de João (1:12-20) apresenta a Cristo como o Messias celestial ao designá-lo como "um semelhante ao Filho do Homem" (1:13), uma expressão apocalíptica adotada da visão do Daniel do Juiz-Rei messiânico (Dan. 7:13, 14). O Messias glorificado não só é o doador da revelação, mas também é seu tema central (Apoc. 1:7). Como o mediador exclusivo de nossa salvação, pode dizer com verdade: "Eu sou... o que vivo, e estive morto; mais eis aqui que vivo pelos séculos dos séculos" (vs. 17, 18).

Tem em sua mão direita as "sete estrelas", que são os "anjos das sete igrejas" (Apoc. 1:16, 20). Como Cabeça da igreja, "esquadrinha a mente e o coração" em cada etapa da história da igreja. Ele "recompensará" a todos os crentes conforme as suas obras (2:23; 22:12). A ele foi entregue o juízo messiânico de todos os habitantes do mundo (1:7; 14:14-20; 19:11-21). Ele é o guerreiro divino que vindicará a seu povo remanescente fiel. Como Rei de reis e Senhor de senhores, esmagará a todos os poderes anticristãos no fim do tempo (12:5; 17:14; 19:11-16).

 
Os títulos distintivos e as prerrogativas divinas que no Antigo Testamento estavam reservados só para Deus, agora no Apocalipse se aplicam a Cristo. Descreve o Cristo glorificado em Apocalipse 1:14 e 15 com característicos tirados da aparição de Deus em Daniel 7:9. Assim como Daniel apresenta em suas visões o Ancião de dias, assim também Cristo tem sua cabeça e seus cabelos "brancos... como a neve" e seus olhos como chama de fogo (Dan. 7:9; 10:6; Apoc. 1:14). Assim como os olhos de Yahveh, que no Antigo Testamento percorrem toda a terra (Zac. 4:10), assim os "sete olhos" de Cristo ou o séptuple Espírito se envia "por toda a terra" (Apoc. 5:6). Como Deus esquadrinha a mente e prova o coração de seu povo do pacto (Jer. 17:10; Sal. 7:9), assim agora Cristo examina e avalia a sua igreja (Apoc. 2:23). Enquanto se diz o que os vestidos do Yahveh estão salpicados com o sangue de seus inimigos declarados (Isa. 63:1, 2), esta mesma descrição se aplica à vinda de Cristo como Rei-Juiz em Apocalipse 19:13. Como Moisés chamou o Deus de Israel "Senhor de senhores" (Deut. 10:7), isto agora se aplica a Cristo (Apoc. 17:14; 19:16).

 
Em síntese, o Apocalipse transforma de uma maneira consistente a teofania ou aparição do Yahveh do Antigo Testamento em uma cristofania ou sublime aparição de Cristo. O Senhor Jesus ressuscitado assumiu a autoridade e o poder executivo do Todo-poderoso (Apoc. 19:15, 16; 22:1; cf. Mat. 28:18). Ele é um com o Pai e o executor da vontade do Pai. O Apocalipse descreve a Cristo com mais de 30 alusões à visão do juízo de Daniel 7. Esta visão central de Daniel se desempenha como a fonte imediata da descrição da missão final de Cristo como "um como um filho de homem" (Dan. 7:13, 14) em Apocalipse 14:14-16. Dessa maneira a expressa João em uma linguagem pictórica o cumprimento messiânico do dia do juízo de Deus. Apocalipse 14 confirma o que Cristo tinha declarado antes aos dirigentes judeus em Jerusalém:

 
"E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo...  E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem" (João 5:22, 27).


Cristo, o Único Sumo Sacerdote do homem
João contempla a seu exaltado Senhor estando entre os sete castiçais celestiais, "vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro" (Apoc. 1:13). Esta veste comprida sugere seu papel atual como nosso Mediador (ver Êxo. 28:4, 5; 39:5). A faixa ou o cinto "de ouro" ao redor de seu peito é também parte da visão do Daniel de um mensageiro messiânico que lhe fez entender a mensagem de Deus (Dan. 10:5, 6).


A descrição apocalíptica de Cristo em Apocalipse 1 ensina a igreja que seu Senhor agora está cumprindo em realidade o que tinha prefigurado o sacerdócio de Israel. O Cristo vivente ouve nossas confissões e perdoa nossos pecados com segurança absoluta. Cristo substituiu todos os sacerdócios terrestres ao estabelecer a validez de seu presente sacerdócio (ver Heb. 10:9).

Portanto, Cristo é até maior que Melquisedeque, o rei-sacerdote, a quem Abraão lhe deu o dízimo de tudo (7:1-10). O sacerdócio de Cristo é eficaz, devido a seu "poder de uma vida indestrutível" confirmado por um solene juramento de Deus (7:16-21; Sal. 110:4). E devido a este juramento divino, "Jesus é feito fiador de um melhor pacto" (Heb. 7:22). O Cristo ressuscitado agora "pode também salvar perpetuamente aos que por ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (V. 25). Esta mensagem apostólica de consolação está confirmada dramaticamente pela visão inaugural de João em Apocalipse 1. Aqui Cristo começa a falar com sua igreja em termos mais específicos por meio das sete cartas que dita a João (ver Apoc. 2 e 3).

Não é João, e sim Cristo, que fala do céu para animar e admoestar as sete igrejas começando com Éfeso, e através delas a todas suas igrejas onde quer estejam em qualquer tempo. Obviamente Cristo considera sete igrejas específicas ao fim do primeiro século como representativas de sete estados ou condições da igreja que existem em sua igreja que se estende até o fim. Em outras palavras, Cristo considera estas sete comunidades originais eclesiásticas como protótipos do futuro desenvolvimento da igreja em todo mundo. Nas sete cartas de Apocalipse 2 e 3, Cristo fala hoje com as igrejas cristãs. O fato de que Cristo termina cada carta com a mesma súplica, é importante: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22).


Esta séptupla súplica a todas as igrejas prova que Cristo inclui a cada igreja. Desta forma, Cristo até pastoreia a seus seguidores. Sua preocupação é salvar e santificar a suas congregações pecadoras. Ele não rechaça imediatamente a nenhuma delas, mas sim lhes dá tempo para corrigir seus caminhos, doutrinas e sacramentos. Cristo conhece perfeitamente o coração e a mente de cada um (At. 1:24; 15:8; Mar. 2:8; João 21:17). Revela a seus servos que a única maneira como podem estar seguros, acha-se em permanecer unidos a ele por meio da fé. Podem ser a luz do mundo unicamente ao refletir sua luz e a pureza de sua verdade. A segurança do Senhor ressuscitado é que seu povo estará preparado para sua vinda e que iluminarão toda a terra com a luz de seu poder pentecostal (ver Apoc. 18:1).


Hans K. LaRondelle