segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A BÍBLIA E O SÁBADO

Cada confissão religiosa tem uma ou várias particularidades que a diferenciam das demais; a – Igreja Católica Apostólica Romana – não seria, de modo algum, excepção.
Mas, atenção! Uma coisa é inventar uma doutrina estranha e a ensinar ao mais comum dos mortais; outra é encontrar essa dita “doutrina” no Livro dos livros – as Escrituras!
Sob este título o autor, antes de refutar seu interlocutor, diz que: “os Adventistas do Sétimo Dia dão um valor especial ao Sábado (sétimo dia), uma vez que a Bíblia impõe o Sábado como dia sagrado instituído pelo próprio Deus. Para Ernesto Ferreira, seguindo sempre o seu historicismo fundamentalista (…)”. Por aqui se poderá adivinhar que qualquer diálogo de cariz ecuménico está, à partida, excluído!
O respeitoso prelado irá, de seguida, transcrever alguns textos apontados pelo interlocutor - Génesis 2:2,3 e outros – de onde este último conclui que:

1- “(…) O Sábado foi instituído cerca de dois mil anos antes de Abraão (…)”.

2- “Vemos, pois, que vinte séculos antes de haver Judeus já fora instituído o Sábado – para todos os homens”.

3- “E se o Sábado deve levar os pensamentos para o Criador, e se o Criador foi o próprio Cristo, concluímos que o Sábado é um dia eminentemente cristão”.

4- Portanto “a mudança do Sábado para o Domingo não foi operada por autoridade das Escrituras mas por iniciativa da Igreja de Roma”.

De seguida, para responder às conclusões do seu interlocutor, o nosso autor diz: “Interessa-nos fundamentar a mudança do Sábado para o Domingo à luz da Bíblia e também à luz da tradição mais primitiva, já expressa na própria Bíblia (…). E como Jesus Cristo não escreveu nada, não mandou escrever nada, mas apenas pregar, ensinar, baptizar, é a sua vida e o seu ensino que determina o futuro da Igreja e o seu processo histórico”. 
Vejamos os textos que o autor cita para, tal como o afirma, para “fundamentar a mudança do Sábado para o Domingo à luz da Bíblia e também à luz da tradição mais primitiva, já expressa na própria Bíblia” assim como quanto a Jesus: “a sua vida e o seu ensino que determina o futuro da Igreja e o seu processo histórico”. Sigamos, portanto, o seu esclarecido raciocínio nestas duas vertentes:

a) Isaías 1:13
No propósito de desacreditar a sacralidade do Sábado, o autor chega ao extremo de apontar este texto de Isaías, para dizer que “já Isaías dava mais valor ao homem do que ao Sábado e às festas litúrgicas do templo” . Vejamos, em mais profundidade, a referência bíblica proposta que diz: “Não me ofereçais mais sacrifícios sem valor; o incenso é-me abominável; os Sábados, as reuniões de culto, as festas e solenidades são-me insuportáveis (…) estou cansado deles.” - Isaías 1:13.
Quanto a nós, e sempre dentro do ponto de vista do autor, tomaremos a liberdade de lhe dar uma ajuda para que se torne ainda mais hostil o clima contra a (aparente) observância do “Sábado”! Assim, já que o autor, para defender o seu ponto de vista cita o texto do profeta Isaías, nós tomaremos a liberdade de citar, dentro deste preciso contexto ritual, outros autores bíblicos. Como iremos ver, o formalismo tinha adquirido tal proeminência, que nada mais restava, ao professo povo de Deus, a não ser um culto formal e ritual, sem qualquer vida e significado, que prestavam ao Senhor! Vejamos:


• “O Senhor aboliu em Sião, festas e Sábados (…). “ - Lamentações 2:6
• “Aos seus divertimentos porei fim; às suas festas, às suas luas novas, aos seus Sábados e a todas as suas solenidades.” - Oseias 2:11,13
Que extraordinário! Que a generalidade das confissões religiosas tente subverter os textos para dizer que o Sábado acabou, ainda o admitimos, pois não passam de pequenos desvios em defesa dos seus pontos de vista! Não num teólogo deste gabarito! Convenhamos que é muito forte! E porquê? Pela simples razão de que esperávamos, sinceramente, muito mais! Aguardávamos um raciocínio mais clarividente e totalmente incontestado, biblicamente falando…mas não, para desencanto nosso!
Repetimos: que por razões que nos ultrapassam se ponha em causa o Sábado no Novo Testamento, tal procedimento não nos parecerá lá muito estranho, visto que a maioria da cristandade diz que veio a este mundo, na pessoa de Jesus, um Deus diferente! Ou seja, veio proclamar um estilo de vida, ensinos e preceitos diferentes! Mas, para a ambiência do Antigo Testamento, convenhamos que é um bocado forte, a todos os níveis, até por que, mais que não fosse, o povo vivia sob uma teocracia, apesar dos seus constantes desvios, quer pela parte dos sucessivos monarcas, quer por algumas largas franjas do povo! Mas, mesmo assim, para lembrar estes constantes desvios, Deus irá falar através dos profetas para corrigir estes e outros devaneios religiosos.
Curiosamente, segundo o autor, ao citar o texto do profeta Isaías e outros, Deus coloca ponto final, não nos “desvios” à pureza religiosa, mas, na liturgia sabática! Será verdade? Será só aparência? O que é que, finalmente, se está a passar? Antes de avançarmos para a profundidade dos textos propostos, convinha não esquecer, desde já, que o profeta fala em - rituais e festividades judaicas! O culto prestado desta forma, não passava de uma mera formalidade exterior, em que o coração do devoto não estava lá! E este contexto era uma realidade, tal como o nosso autor o sabe! Por isso deveria tê-lo tido em conta, antes de avançar para conclusões precipitadas! Estamos a ser incorrectos e, até, exagerados? Pensamos que não!
Vejamos, pelo menos, um texto do mesmo profeta que reflecte este mesmo clima mental e perante o qual o profeta se insurge: “ O Senhor disse: Já que este povo se aproximou de mim só com palavras e me honra só com os lábios, enquanto o seu coração está longe de mim e o culto que me presta é apenas humano e rotineiro” – Isaías 29:13 (sublinhado nosso). Deus não quer uma adoração ”faz de conta”, como se costuma dizer! Mas esta era, infelizmente, a única que o povo estava continuamente a oferecer a Deus! Será que os textos por nós acrescentados, assim como os do autor, concorrem para a destituição da sacralidade do 7º dia da semana – o Sábado - como quer fazer crer? Cremos que não!
Estas palavras amargas do próprio Deus nada têm que ver com a dessacralização do Sábado – 7º dia da semana – mas, unicamente porque, tal como já o dissemos, em termos de adoração cultual, já nada tinha sentido - era uma religiosidade aparente, exterior - nada mais!
Saiba, prezado leitor, que não estamos sós neste raciocínio! Certos autores, ao comentarem esta vontade de Deus, através do profeta – expressa por palavras duras contra a forma cultual do povo – acrescentam o seguinte: “Estes textos não podem significar que os profetas tenham condenado os sacrifícios que se ofereciam (…). Os profetas se opõem ao formalismo dum culto exterior, ao qual não correspondem as disposições do coração.”
Assim sendo, de que tratam os textos acima referidos? De que Sábados? Do Sábado (7º dia da semana) ou de dias rituais de descanso (feriados), “que calhavam em qualquer dia de semana.”? Para já, não esqueçamos que a palavra – Sábado – tem, na língua hebraica, o sentido de “descanso, feriado”; repetimos, neste preciso contexto, nada tem que ver com o Sábado – 7º dia da semana – mas unicamente com os tais dias festivos que, eventualmente, poderiam calhar num 7º dia da semana – o Sábado! Esta pequena particularidade, se não for tida em conta, poderá levar a conclusões erradas acerca do quanto o profeta, emissário da vontade de Deus, quis transmitir! Neste caso presente, se insere a conclusão do autor em causa, quando cita o texto de Isaías para consolidar a sua crítica!
Se observarmos os textos até aqui analisados, de uma forma atenta, vemos que, quer no texto bíblico de Lamentações ou no de Oseias, “a palavra – mô’ed (festa) – encontra-se ao lado do Sábado ou da lua nova (Lamentações 2:6 e Oseias 2:11,13), como se, para distinguir, estivessem reservadas às festas anuais – cf. Levítico 23:37,38.” Assim, vejamos uma particularidade no livro do Levítico que, a nosso ver, confirma e reforça o que dissemos até aqui a este respeito, isto é, a diferenciação entre Sábados rituais e o Sábado – 7º dia da semana! Vejamos os textos:

1- “são estas as solenidades do Senhor que vós celebrareis como convocações santas, oferecendo sacrifícios ao Senhor, holocaustos e oblações, vítimas e libações, segundo o rito de cada dia.” – Levítico 23:37 (sublinhado nosso).

2- “Independentemente dos Sábados do Senhor, dos vossos dons e de todas as vossas ofertas votivas ou voluntárias com as quais prestareis homenagem ao Senhor.” – v. 38 (sublinhado nosso)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A VOZ DE ROMA: A RESSURREIÇÃO

a) I Coríntios 15:20,51
A confissão religiosa representada pelo autor que continuamos a citar ensina, como é sabido, a intercessão dos Santos! Este critica a confissão religiosa - os Adventistas - na pessoa do seu biblista, quando diz: “segundo os adventistas, os chamados «santos», como afirma, Ernesto Ferreira, não nos podem ouvir porque ainda não ressuscitaram.”
Depois, transcreve os textos citados E. Ferreira nos quais este sustenta a sua tese, que são: 1- Para o Antigo Testamento: Salmo 6:5; 115:17; 146:4; Isaías 38:18,19; Eclesiastes 9:5,6,10; 2- Para o Novo Testamento: I Coríntios 15:20,51 e I Tessalonicenses 4:14. O nosso autor ao comentar estes textos diz que: “E. Ferreira cita-os para defender a sua tese sobre o sono da morte, mas a verdade é que os textos afirmam o contrário”.
Lemos com muita atenção o raciocínio do referido autor, mas, desde já, confessamos que não compreendemos nada do que este, neste pequeno capítulo, escreveu para anular a tese do seu interlocutor!
Que diz o texto em causa, visto que, segundo o nosso autor, afirma o contrário do quanto o seu interlocutor afirmou! Ora vejamos o seu conteúdo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” - I Coríntios 15:20. Perante tal citação bíblica conclui que: “o texto não afirma que a ressurreição só acontecerá no fim dos tempos, e, que até lá, os mortos permanecem no tal «sono da morte». Perguntamos: se não afirma que a ressurreição acontecerá, um dia, então ensina o quê? Que esta é imediata, em espírito, após a morte, tal como o nosso autor pretende que seja? Pelo menos assim ensina a confissão religiosa que representa!
Onde está a prova bíblica para tal afirmação? Onde, no texto em lide, tal como pretende o nosso autor, está o menor indício que o permita concluir que “mas a verdade é que os textos afirmam o contrário”, isto é, afirma, segundo o nosso autor que a - ressurreição imediata, em espírito, após a morte – terá lugar!
Francamente, apesar de reconhecemos as nossas limitações no campo da teologia, não conseguimos perceber o que é que este eminente teólogo descobriu assim de tão transcendente e que lhe permita concluir tal postulado! O próprio texto afirma somente o que afirma, (perdoem-nos a redundância), isto é, que Cristo ressuscitou e que, por este facto, Ele tornou-se o garante da nossa ressurreição – nada mais do que esta solene e esperançosa verdade!
Logo a seguir, o autor cita o v. 51 que diz:: “Vou revelar-vos um mistério: Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados.” - v. 51. De novo, com palavras simples, ao alcance de qualquer mente, o texto refere que, a dada altura, – todos – seremos transformados! Até aqui tudo é simples! Até aqui, voltamos a repetir, não conseguimos ver em que é que o autor pode negar a afirmação feita pelo seu interlocutor, cujo teor é: “os chamados «santos», não nos podem ouvir porque ainda não ressuscitaram”.
Se a ressurreição não é imediata, espiritualmente falando, assim como a fisicamente falando, pois esta acontecerá mais tarde – “Os vossos mortos reviverão, os seus cadáveres ressuscitarão, despertarão jubilosos os que jazem no sepulcro! (…). – Isaías 26:19. – então, realmente estes “não poderão ouvir” visto estarem no pó da terra – no sepulcro!

b) I Tessalonicenses 4:14
Em continuação da sua exposição para rebater e, de certa maneira, anular a afirmação supra citada do seu interlocutor, o autor transcreve este texto bíblico, cujo teor é: “Se cremos que morreu e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus, levará, por Jesus, e com Jesus os que morrem n’Ele” - I Tessalonicenses 4:14
De novo perguntamos: o que é que o texto em causa diz? Reitera, uma vez mais que Jesus morreu e ressuscitou e que - um dia – Deus levará os que morreram em Cristo Jesus.
Os verbos do texto bíblico estão no futuro, não no presente! Portanto, passar-se-á algo – um dia – não agora! Será que é preciso ser teólogo para chegar a esta simples conclusão em função das claríssimas palavras do apóstolo S. Paulo? Continuamos a pensar que não!
Quanto a nós, e até ao presente momento, ficamos na expectativa da sapiente demonstração em contrário, visto que o propósito do autor é combater, eis o termo apropriado, a afirmação feita pelo seu interlocutor.
De seguida, faz esta afirmação espantosa: “S. Paulo é totalmente claro a este respeito na I Coríntios 15:12-14”. Ficámos contentes em ler isto! Sabe porquê? Porque pensámos que ficaríamos totalmente esclarecidos, visto que o autor dizia que o apóstolo abordava o assunto com toda a - clareza! Vejamos o texto citado pelo autor para nos apercebermos da dita clareza: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vã a nossa fé” - I Coríntios 15:12-14
O que é que S. Paulo diz, afinal, com toda a clareza no texto acima? Exactamente o que o seu interlocutor disse, isto é, que Cristo ressuscitou e que este grandioso acontecimento, será o garante da nossa ressurreição física, um dia! Segundo o texto, este acontecimento deverá acalentar a esperança dos cristãos, em particular. Então o que é que este eminente teólogo provou em contrário? Repetimos: rigorosamente nada! Muito antes pelo contrário, reiterou esta mesma esperança na futura ressurreição física.
O autor, afinal, nada disse em contrário e ainda aguardamos ser esclarecidos sobre o porquê do autor ter dito: “a verdade é que os textos afirmam o contrário”! Onde está o contrário? O autor nada disse a este respeito! Quem terá razão? Quanto a nós, leigos na matéria, em nada fomos esclarecidos pelos ditos textos que, segundo o nosso autor “afirmavam o contrário”! Quanto a nós, basta-nos a clareza da Palavra de Deus e não as palavras confusas e detractoras deste ou daquele arauto desta ou daquela confissão religiosa!
Os textos apresentados até aqui, todos, sem excepção, apontam para o futuro e não para um presente realizado, aqui e agora. Por outras palavras, mais no âmbito teológico, o que se passa é a tensão entre - o “déjà” (já), e o “pas encore” (ainda não), - isto é, no momento da morte de qualquer pessoa, esta já tem a esperança da ressurreição mas, na realidade, ainda não aconteceu tal facto.
Como vimos acima, foi-nos apresentado um texto bíblico que se encontra na primeira carta aos Tessalonicenses e no v. 14. Agora, convidamo-lo a ler connosco o versículo a seguir, que diz: “Eis que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: Por ocasião da vinda do Senhor, nós, os que estivermos vivos, não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do Céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens; iremos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, portanto, uns aos outros com estas palavras.” - v. 15-18.
Uma vez mais, o apóstolo S. Paulo reitera que este acontecimento glorioso terá lugar num futuro, no momento da gloriosa segunda vinda de Jesus. Na Sua vinda à terra, levará, finalmente, consigo todos aqueles que morreram, crendo no Seu nome e fazendo a Sua vontade.
Perguntamos: qual é a confusão que o texto tem? Como se poderá falar diferentemente do quanto acontecerá no preciso momento da ressurreição? Se dissermos o contrário, isto é, que existe uma ressurreição espiritual imediatamente após a morte, estamos a mentir! E porquê? Pela simples razão que as nossas palavras ou explicação, por muito piedosas que possam ser, se não estiverem de harmonia com a Palavra de Deus, são, por conseguinte, palavras, visto que não passam de palavras meramente humanas!
Por outro lado, é a Palavra de Deus que nos admoesta a não misturarmos a palavra do homem com a de Deus! Leiamos o conselho do apóstolo S. Paulo a todo aquele que pensa ser o intérprete das Escrituras: “(…) para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito. (…)” – I Coríntios 4:6.  O prezado leitor ficou confuso com a clareza dos textos bíblicos acerca da ressurreição? Continuamos a crer que não! Porque estas são palavras verdadeiras e que nos dão conforto e esperança nos momentos de maior dor ao perdermos um ente querido; transmitem-nos confiança no Deus que não mente, tal como as Escrituras abertamente o afirmam. “Na esperança da vida eterna prometida desde os mais antigos tempos pelo Deus que não mente” – Tito 1:2. Por esta grandiosa esperança, que o Seu excelso nome seja louvado.
Convidamos o prezado leitor a pensar um pouquinho naquilo que, apesar de tudo, esta confissão religiosa, graças a Deus, ainda mantém e ensina – o Credo. Só que, infelizmente, não medita nas palavras que constantemente repete! Recordemos algumas passagens deste - símbolo de Niceia-Constantinopla - composto no concílio de Constantinopla em 318 d. C., a saber:
“Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador
do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Cremos num só Senhor, Jesus Cristo, o Filho único de Deus (…)
Foi crucificado sob Pôncio Pilatos, sofreu e foi sepultado;
ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, segundo as Escrituras;
subiu aos céus; está sentado à direita do Pai. De lá voltará
na glória para julgar os vivos e os mortos e o seu reino
não terá fim (…). Nós aguardamos a ressurreição dos mortos
e a vida futura. Amén”.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A BÍBLIA E O SÁBADO

Cada confissão religiosa tem uma ou várias particularidades que a diferenciam das demais; a – Igreja Católica Apostólica Romana – não seria, de modo algum, excepção.
Mas, atenção! Uma coisa é inventar uma doutrina estranha e a ensinar ao mais comum dos mortais; outra é encontrar essa dita “doutrina” no Livro dos livros – as Escrituras!
Sob este título o autor, antes de refutar seu interlocutor, diz que: “os Adventistas do Sétimo Dia dão um valor especial ao Sábado (sétimo dia), uma vez que a Bíblia impõe o Sábado como dia sagrado instituído pelo próprio Deus. Para Ernesto Ferreira, seguindo sempre o seu historicismo fundamentalista (…)”. Por aqui se poderá adivinhar que qualquer diálogo de cariz ecuménico está, à partida, excluído!
O respeitoso prelado irá, de seguida, transcrever alguns textos apontados pelo interlocutor - Génesis 2:2,3 e outros – de onde este último conclui que:

1- “(…) O Sábado foi instituído cerca de dois mil anos antes de Abraão (…)”.

2- “Vemos, pois, que vinte séculos antes de haver Judeus já fora instituído o Sábado – para todos os homens”.

3- “E se o Sábado deve levar os pensamentos para o Criador, e se o Criador foi o próprio Cristo, concluímos que o Sábado é um dia eminentemente cristão”.

4- Portanto “a mudança do Sábado para o Domingo não foi operada por autoridade das Escrituras mas por iniciativa da Igreja de Roma”.

De seguida, para responder às conclusões do seu interlocutor, o nosso autor diz: “Interessa-nos fundamentar a mudança do Sábado para o Domingo à luz da Bíblia e também à luz da tradição mais primitiva, já expressa na própria Bíblia (…). E como Jesus Cristo não escreveu nada, não mandou escrever nada, mas apenas pregar, ensinar, baptizar, é a sua vida e o seu ensino que determina o futuro da Igreja e o seu processo histórico”.
Vejamos os textos que o autor cita para, tal como o afirma, para “fundamentar a mudança do Sábado para o Domingo à luz da Bíblia e também à luz da tradição mais primitiva, já expressa na própria Bíblia” assim como quanto a Jesus: “a sua vida e o seu ensino que determina o futuro da Igreja e o seu processo histórico”. Sigamos, portanto, o seu esclarecido raciocínio nestas duas vertentes:
a) Isaías 1:13
No propósito de desacreditar a sacralidade do Sábado, o autor chega ao extremo de apontar este texto de Isaías, para dizer que “já Isaías dava mais valor ao homem do que ao Sábado e às festas litúrgicas do templo” . Vejamos, em mais profundidade, a referência bíblica proposta que diz: “Não me ofereçais mais sacrifícios sem valor; o incenso é-me abominável; os Sábados, as reuniões de culto, as festas e solenidades são-me insuportáveis (…) estou cansado deles.” - Isaías 1:13 (sublinhado nosso).
Quanto a nós, e sempre dentro do ponto de vista do autor, tomaremos a liberdade de lhe dar uma ajuda para que se torne ainda mais hostil o clima contra a (aparente) observância do “Sábado”! Assim, já que o autor, para defender o seu ponto de vista cita o texto do profeta Isaías, nós tomaremos a liberdade de citar, dentro deste preciso contexto ritual, outros autores bíblicos. Como iremos ver, o formalismo tinha adquirido tal proeminência, que nada mais restava, ao professo povo de Deus, a não ser um culto formal e ritual, sem qualquer vida e significado, que prestavam ao Senhor! Vejamos:


• “O Senhor aboliu em Sião, festas e Sábados (…). “ - Lamentações 2:6
• “Aos seus divertimentos porei fim; às suas festas, às suas luas novas, aos seus Sábados e a todas as suas solenidades.” - Oseias 2:11,13 (sublinhado nosso)

Que extraordinário! Que a generalidade das confissões religiosas tente subverter os textos para dizer que o Sábado acabou, ainda o admitimos, pois não passam de pequenos desvios em defesa dos seus pontos de vista! Não num teólogo deste gabarito! Convenhamos que é muito forte! E porquê? Pela simples razão de que esperávamos, sinceramente, muito mais! Aguardávamos um raciocínio mais clarividente e totalmente incontestado, biblicamente falando…mas não, para desencanto nosso!
Repetimos: que por razões que nos ultrapassam se ponha em causa o Sábado no Novo Testamento, tal procedimento não nos parecerá lá muito estranho, visto que a maioria da cristandade diz que veio a este mundo, na pessoa de Jesus, um Deus diferente! Ou seja, veio proclamar um estilo de vida, ensinos e preceitos diferentes! Mas, para a ambiência do Antigo Testamento, convenhamos que é um bocado forte, a todos os níveis, até por que, mais que não fosse, o povo vivia sob uma teocracia, apesar dos seus constantes desvios, quer pela parte dos sucessivos monarcas, quer por algumas largas franjas do povo! Mas, mesmo assim, para lembrar estes constantes desvios, Deus irá falar através dos profetas para corrigir estes e outros devaneios religiosos.
Curiosamente, segundo o autor, ao citar o texto do profeta Isaías e outros, Deus coloca ponto final, não nos “desvios” à pureza religiosa, mas, na liturgia sabática! Será verdade? Será só aparência? O que é que, finalmente, se está a passar? Antes de avançarmos para a profundidade dos textos propostos, convinha não esquecer, desde já, que o profeta fala em - rituais e festividades judaicas! O culto prestado desta forma, não passava de uma mera formalidade exterior, em que o coração do devoto não estava lá! E este contexto era uma realidade, tal como o nosso autor o sabe! Por isso deveria tê-lo tido em conta, antes de avançar para conclusões precipitadas! Estamos a ser incorrectos e, até, exagerados? Pensamos que não!
Vejamos, pelo menos, um texto do mesmo profeta que reflecte este mesmo clima mental e perante o qual o profeta se insurge: “ O Senhor disse: Já que este povo se aproximou de mim só com palavras e me honra só com os lábios, enquanto o seu coração está longe de mim e o culto que me presta é apenas humano e rotineiro” – Isaías 29:13 (sublinhado nosso). Deus não quer uma adoração ”faz de conta”, como se costuma dizer! Mas esta era, infelizmente, a única que o povo estava continuamente a oferecer a Deus! Será que os textos por nós acrescentados, assim como os do autor, concorrem para a destituição da sacralidade do 7º dia da semana – o Sábado - como quer fazer crer? Cremos que não!
Estas palavras amargas do próprio Deus nada têm que ver com a dessacralização do Sábado – 7º dia da semana – mas, unicamente porque, tal como já o dissemos, em termos de adoração cultual, já nada tinha sentido - era uma religiosidade aparente, exterior - nada mais!
Saiba, prezado leitor, que não estamos sós neste raciocínio! Certos autores, ao comentarem esta vontade de Deus, através do profeta – expressa por palavras duras contra a forma cultual do povo – acrescentam o seguinte: “Estes textos não podem significar que os profetas tenham condenado os sacrifícios que se ofereciam (…). Os profetas se opõem ao formalismo dum culto exterior, ao qual não correspondem as disposições do coração.”
Assim sendo, de que tratam os textos acima referidos? De que Sábados? Do Sábado (7º dia da semana) ou de dias rituais de descanso (feriados), “que calhavam em qualquer dia de semana.”? Para já, não esqueçamos que a palavra – Sábado – tem, na língua hebraica, o sentido de “descanso, feriado”; repetimos, neste preciso contexto, nada tem que ver com o Sábado – 7º dia da semana – mas unicamente com os tais dias festivos que, eventualmente, poderiam calhar num 7º dia da semana – o Sábado! Esta pequena particularidade, se não for tida em conta, poderá levar a conclusões erradas acerca do quanto o profeta, emissário da vontade de Deus, quis transmitir! Neste caso presente, se insere a conclusão do autor em causa, quando cita o texto de Isaías para consolidar a sua crítica!
Se observarmos os textos até aqui analisados, de uma forma atenta, vemos que, quer no texto bíblico de Lamentações ou no de Oseias, “a palavra – mô’ed (festa) – encontra-se ao lado do Sábado ou da lua nova (Lamentações 2:6 e Oseias 2:11,13), como se, para distinguir, estivessem reservadas às festas anuais – cf. Levítico 23:37,38.” Assim, vejamos uma particularidade no livro do Levítico que, a nosso ver, confirma e reforça o que dissemos até aqui a este respeito, isto é, a diferenciação entre Sábados rituais e o Sábado – 7º dia da semana! Vejamos os textos:
1- “são estas as solenidades do Senhor que vós celebrareis como convocações santas, oferecendo sacrifícios ao Senhor, holocaustos e oblações, vítimas e libações, segundo o rito de cada dia.” – Levítico 23:37.
2- “Independentemente dos Sábados do Senhor, dos vossos dons e de todas as vossas ofertas votivas ou voluntárias com as quais prestareis homenagem ao Senhor.” – v. 38.
Se repararmos bem, as festividades são assinaladas independentemente do dia em que tenham lugar. Mas recordemos o interessante pormenor do v. 38. “Independentemente dos Sábados do Senhor (…)”. Porquê esta referência e precisão? Não será para que não haja qualquer confusão entre uma festa ritual e a sacralidade inerente ao Sábado – 7º dia da semana? Pensamos que sim.
Deus assim o definiu para marcar a diferença existente entre estas duas formas de cultuar a Deus, porque “(…) sublinham o carácter religioso do Sábado que é «para Jeová» - Levítico 23:3; o «Sábado de Jeová» - Levítico 23:38; o dia «consagrado a Jeová» - Êxodo 31:15; que Jeová, ele mesmo «consagrou» - Êxodo 20:11. Porque o Sábado é sagrado e que ele é um sinal da Aliança, a sua observância é um compromisso de salvação – Isaías 58:13,14”
Perguntamos: qual o fundamento da crítica avançada pelo autor, ao dizer, à luz do texto de Isaías, anteriormente citado, que “o profeta já dava mais valor ao homem do que ao Sábado”? Só temos uma resposta: Nenhum! Tal como pudemos ver, o texto apresentado unicamente está relacionado com a mentalidade e formas de actuar descritas, tal como o revela o seu contexto! Não tem, de modo algum, o sentido que, o autor em causa, quer que tenha! O que o autor pretendeu fazer, tirando o texto do seu contexto, não foi interpretar, mas sim mutilar o texto!
Sempre dentro deste mesmo clima mental, lutando contra a banalização da forma de adorar o Senhor, o profeta Joel faz coro com o quanto vimos do profeta Isaías, vejamos: - “Mas agora ainda, - diz o Senhor, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes. Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é bom e compassivo, clemente e misericordioso, Inclinado a arrepender-Se do castigo que inflige.” Joel 2:12,13
De tal maneira retratava o Seu povo que, mais tarde, o próprio Jesus irá citar o texto do profeta Isaías, para condenar a hipocrisia dos fariseus, aplicando-o ao Israel do Seu tempo, ao dizer: “Hipócritas! Muito bem profetizou Isaías a vosso respeito, ao dizer: (…)” – S. Mateus 15:7. Assim como no passado, Jesus denunciava a presente forma de cultuar a Deus, classificando-a de “culto farisaico, de lábios e teatral, mas não de coração”.
E nos nossos dias? Será que as coisas mudaram substancialmente? Ou será que se passará a mesma coisa? Seremos cristãos só por que os nossos antepassados abraçaram, aderiram esta ou aquela confissão religiosa cristã? E, já que deveremos aderir a uma, então, de preferência, que esta seja maioritária, para não parecer mal, nem termos problemas, a diversos níveis, por exemplo, socialmente falando! Por que não? Não é, ainda nos nossos dias, bastante cómodo, a todos os níveis, que declaremos pertencer à confissão religiosa da maioria?
Para não adorarmos somente de uma forma exterior, tal como o profeta o denuncia, então deveremos examinar a Palavra de Deus e não somente ouvir os homens, por muito doutos que sejam e por muito respeito que nos mereçam!
Seguir Jesus, prezado leitor… é isto mesmo! É colocar a Sua vontade em primeiro lugar na nossa vida. É “correr o risco de uma vida que é tão dolorosa como o caminho de um condenado à morte (…); seguir Jesus, é, para todos, estar pronto a seguir o caminho solitário e a sofrer o ódio da comunidade”. É Isto, prezado leitor, o que significa ser verdadeiramente cristão e não seguir esta ou aquela confissão religiosa sem qualquer sentido!
b) S. Mateus 12:1-3
O autor transcreve na totalidade este trecho bíblico para nos dar a conhecer, na qualidade de leitores, a forma como Jesus irá responder aos fariseus que acusavam os Seus discípulos de colherem e comerem algumas espigas, em dia de Sábado, por terem fome!
O autor cita, para reforçar a sua conclusão - S. João 5:1-18 e 9:14 - dizendo: “Assim sendo, Jesus destrói por completo a sacralidade do Templo e a do Sábado. E por que é que Jesus usava o Sábado para fazer os seus milagres, de tal modo que recebia as críticas mais acervas dos Judeus? Precisamente pelo mesmo motivo. (…) É por tudo isto e não por iniciativa da Igreja de Roma, que se passa do Sábado para o Domingo.”
Eis mais uma brilhante conclusão, entre as muitas do nosso autor! Se esta fosse feita por um qualquer colega nosso, historiador de mentalidades, ainda seria possível admiti-la, partindo do princípio de que esta não é a sua área específica do saber! Mas sendo a de um teólogo desta envergadura, um profissional de religião, confessamos que temos muita dificuldade em a aceitar! Por várias razões: em primeiro lugar, porque é muito ligeira e superficial; em segundo lugar, porque em nada corresponde à realidade dos factos!
Passaremos a explicar-nos. Eis o teor dos textos acima citados:

1- “Em certa ocasião, Jesus passava, num dia de Sábado,
através das searas. Os seus discípulos, que tinham
fome, começaram a arrancar as espigas e a comê-las.
Ao verem isto, os fariseus disseram-Lhe: Aí estão os teus
Discípulos a fazer o que não é permitido aos Sábados.
(…) E, se compreendêsseis o que significa: Prefiro
misericórdia ao sacrifício, não teríeis condenado os
que não têm culpa. O Filho do Homem até do Sábado
é Senhor.” – S. Mateus 12:1-8 (sublinhado nosso)

2- “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu catre e anda.
No mesmo instante, o homem ficou são, tomou o
seu catre e começou a andar. Ora aquele dia era Sábado.
Por isso, os Judeus disseram ao que tinha sido curado:
Hoje é Sábado, não te é permitido levar o catre. (…)
Por isso, os Judeus perseguiram Jesus por Ele ter
feito tais coisas ao Sábado” – S. João 5:8-16 (sublinhado nosso)

3- “E era Sábado, quando Jesus fez o lodo e lhe abriu
os olhos. (…) Então, alguns dos fariseus diziam:
Este homem não é de Deus, pois não guarda o Sábado.” – S. João 9:14-16
Ora, o que é que estes textos revelam, prezado leitor? Pelo menos duas realidades, a saber: 1- Execução de várias tarefas; 2- Sempre no mesmo dia - no Sábado. E, curiosamente, em todas as tarefas e respectivos dias de ocorrência, Jesus é severamente criticado! É assim que os textos falam e nesta qualidade os aceitamos - nada mais!
Iremos ver, mais abaixo, o porquê das referidas acusações, para que compreendamos se está em causa o Sábado – 7º dia da semana – ou se tudo não passa, uma vez mais, de uma maneira de fazer jus a um puro formalismo ritual – tão somente isto!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

OS VISIONÁRIOS A LONGA DISTÂNCIA

O livro do profeta Daniel não é, tal como acima vimos, contrariamente ao que quer fazer crer o autor, um livro escrito no século II a.C.! Abordámos também algumas afirmações e conclusões deste acerca de certos detalhes do referido livro e, tal como vimos, estes não correspondem às diferentes conclusões avançadas! Vejamos ainda outras conclusões:

• Daniel / Moisés
Voltando ainda ao comentário que faz acerca do livro do profeta Daniel e das diferentes conclusões ali tiradas e, como não há duas sem três, o autor tira um par de conclusões e, convenhamos, de peso, aliás, como já vem sendo seu hábito! Vejamos:
a) “Mas penso que ficou claro que as profecias de Daniel nada têm “a ver com a verdadeira figura de Jesus Cristo (Messias)”;
b) “Aliás, os profetas, a começar por Moisés, quando pregavam faziam-no de modo que o seu auditório entendesse. Não pregavam profeticamente e apocalipticamente para séculos posteriores.”
• Quanto à primeira conclusão, pensamos ter demonstrado, acima, exactamente o contrário, quando abordámos a problemática de Daniel!
• Quanto à última conclusão, esta é uma daquelas que, tal como já o dissemos, se não a lêssemos e vinda de quem vem, não acreditaríamos! Mas já que foi expressa, por escrito, rendemo-nos a tal evidência!
A afirmação do autor, segundo a qual “Moisés nada escreveu nem deixou escrito”. Caso esta fosse verdadeira, não compreenderíamos lá muito bem o 5º livro das Escrituras – o Deuteronómio!
Se, realmente - como pensamos ter demonstrado - Moisés é o autor do Pentateuco (os 5 primeiros livros da Bíblia), ou, pelo menos, lhe é atribuída a paternidade - a conclusão do autor não tem qualquer fundamento: nem bíblico nem histórico. Se este nada escreveu, de novo, o escriba anónimo excedeu-se e escreveu o que não devia! Pois se assim é, este escritor é, no mínimo, mentiroso!
Vejamos, a título de curiosidade, um excerto do livro do Deuteronómio que diz: “O Senhor teu Deus, suscitará em teu favor um profeta saído das tuas fileiras, um dos teus irmãos, como eu: é a ele que escutarás” – Deuteronómio 18:15. A ser verdade este texto, perguntamos:
1- Quem é este “eu” que fala na 1ª pessoa? Era, sim ou não, profeta? Se sim, era ou não Moisés?
2- No discurso de Estevão, o qual se encontra relatado no livro dos Actos dos Apóstolos, acerca deste Moisés, refere: “Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de Israel: «Deus fará surgir um profeta como eu entre os vossos irmãos” – Actos 7:37; 3:22. Portanto, para já, quem é que está a mentir? O escriba anónimo (dizem), na qualidade de autor do Deuteronómio? Estevão? Ou, por extensão, o próprio Deus que os inspirou? Ou o eminente teólogo que nos ocupa?
Já ficámos a saber, pelo menos, que foi Moisés quem as disse. E agora, como saber quem é este “profeta” que surgiria mais tarde? Foram tantos os que lhe sucederam! Mas, entre tantos, qual? Para quê, prezado leitor, colocarmo-nos a adivinhar? Estaremos a queimar os nossos neurónios e ainda com o risco acrescido de não acertarmos naquele a quem a profecia diz respeito! Se o autor tem razão na afirmação que fez, isto é, “Moisés não pregava profeticamente (…) para séculos posteriores”, convenhamos que nada ficaremos a saber, claro está!
Graças a Deus que, para nós, o que conta é o que está escrito na Palavra de Deus e, por isso, ao contrário do autor, não temos qualquer dúvida acerca deste “profeta” que viria séculos depois! Vejamos o que nos revelam as Escrituras a este propósito: “Vendo aqueles homens o milagre que Ele fizera, disseram: «Este é, na verdade o Profeta que está para vir ao mundo».” – S. João 6:14. Não é uma inequívoca referência à profecia de Moisés? Claro que sim!
O contexto fala da multiplicação dos pães e dos peixes operada por Jesus! Ninguém tem qualquer dúvida a este respeito, pois não somos só nós que concordamos com as Escrituras; outros também dizem que “a esperança judaica espera a volta escatológica de um profeta preciso. (…) Não se trata de uma volta de Moisés, mas da aparição, no final dos tempos de um profeta que lhe seja parecido. O texto dos Actos dos Apóstolos aplica-se a Jesus.” Portanto que mais acrescentar?
Mas, tal como o autor afirma, a Bíblia tem “contradições” , ou ainda “erros históricos”! A ser verdade, então, talvez o nosso interlocutor tenha razão, pois nada tem valor e nada condiz com coisa alguma! Não queremos nem devemos usar o argumento-força da “maioria”, como o autor o faz em diversas das suas conclusões, mas unicamente pela coerência e força dos textos, nada mais! Uma vez mais, as Escrituras referem o grande perigo que é a – MAIORIA – pois nem sempre esta tem razão! Eis como a Bíblia nos aconselha: “Não sigas a opinião da maioria para praticar o mal. Não deponhas num julgamento, colocando-te ao lado da maioria, de modo a desviar a justiça da sua rectidão” – Êxodo 23:2. Em que é que as Escrituras estão desajustadas? Só na fértil imaginação de alguns, nada mais!

Se realmente “os profetas não pregavam profeticamente (…) para séculos futuros”, podemos ainda perguntar: para que servirá, a profecia? Nada se cumprirá no futuro, mas no presente! O profeta, aquele que fala por uma terceira entidade, limita-se unicamente a falar, segundo dizem, para o presente. A ser este postulado verdadeiro, que diremos? Que pensar das profecias Messiânicas, por exemplo?
Dentro desta problemática, recordaremos dois textos, entre outros, que apontavam para o futuro, para um tempo posterior ao profeta – o cerco e destruição de Jerusalém no ano 70 da nossa era. Vejamos:

domingo, 16 de janeiro de 2011

CÂNONE - SER OU NÃO SER

Perguntamos: Quando se abre a Bíblia, quando se lê qualquer livro do Antigo ou do Novo Testamento, o que ali encontramos foi realmente escrito por aquele, cujo nome encontramos escrito na parte superior de cada página? E, quanto ao seu conteúdo, será digno de confiança e de fé?
Assim, para podermos avançar, iremos tentar dar uma panorâmica do quanto constitui o Cânone. Só este é que tem o poder, só este é a Norma para definir quem é quem, quem é o quê! Enfim, aferir se toda e qualquer confissão religiosa se pauta pelo quanto aqui se encontra escrito. Caso contrário, não é verdadeira!

A Bíblia
A palavra Bíblia afirma, ao mesmo tempo, a sua unidade e autoridade. Para a definirmos empregamos o singular - livro - e não o plural – livros. A Bíblia é um livro e, em certo sentido, é o único livro. A propriedade do termo “Bíblia” é indiscutível. A unidade que ressalta através das suas partes, unidade na diversidade, tem sido aceite pela consciência cristã e tem exercido ao longo da sua existência uma grande e sublime influência.
Nenhum livro influenciou, tanto como a Bíblia, o ser humano! Escritores, poetas e artistas, todas a ela foram beber. Ela inspirou e inspira movimentos culturais e, como veremos mais adiante, irá também estar na base dos movimentos messiânicos e milenaristas, quer do passado, quer da actualidade.
Para já, a palavra Bíblia de onde vem? Bíblia é o mesmo nome que se dá às Escrituras em latim – Bíblia. A palavra portuguesa – Bíblia – é igual à latina. O termo latino também está no singular, mas é a forma latina da palavra grega – Biblia – que não é singular, mas o plural de – Biblion – (livro).
Pelo uso que se fez do papiro ( planta de terras inundadas, de que os antigos egípcios faziam finas folhas para escrever.) é que – Biblos – começou a adquirir o significado de livro, e o termo de - Biblion - passou a designar: um livro pequeno. No Novo Testamento, os termos – Biblios e Biblion – aplicam-se a um só livro do Antigo Testamento, ou a um grupo deles, tal como, por exemplo: o Pentateuco. É assim que o encontramos nas Escrituras: “(…) Não lestes no livro de Moisés (…)” – S. Marcos 12:26. No Antigo Testamento encontramos o plural usado com referência aos profetas, “Não escutámos os Vossos servos, os profetas (…)” – Daniel 9:6.
O plural assim empregue passou para a Igreja cristã e, sensivelmente, desde meados do século II, as Escrituras são conhecidas pelas designações: os livros, os livros divinos, os livros canónicos.
Uma vez que o plural grego - Bíblia - foi adoptado em latim, negligenciou-se o valor da primitiva significação. Bíblia, em latim, na sua forma gramatical, tanto pode ser um plural neutro, como um singular feminino. Como as Escrituras são um todo harmonioso, faz com que o plural - Bíblia - se tornasse singular e passasse a designar – o Livro.
Não deixa de ser maravilhoso que, das diversas palavras de Deus reveladas ao homem, estas formassem uma só – a Palavra de Deus. Apesar de nela encontrarmos diferentes escritores, nota-se uma unidade perfeita nesta diversidade de livros que formam o todo - a Bíblia. O termo Testamento não está em conformidade com o texto que lhe serve de suporte. A palavra mais apropriada é, sem dúvida alguma – Aliança – aquela que Deus estabeleceu com o antigo Israel e renovada em Cristo Jesus.
Quando abrimos a Bíblia saibamos que ela não tem uma apresentação cronológica, (isto é, que os livros foram escritos na ordem em que são apresentados), mas lógica! O Antigo Testamento contém livros históricos; no entanto, não se trata de uma História científica, mas de Salvação. Revela-se-nos a História de um povo escolhido para um fim específico, por Deus. A Bíblia sendo o Livro dos livros contém, como veremos a seguir, sessenta e seis livros, escritos por cerca de quarenta e cinco autores; esta contém 1189 capítulos, 929 no Antigo testamento e 260 no Novo Testamento e 31.173 versículos. O seu capítulo mais longo é o Salmo 119 e o mais curto é o Salmo 117. A Bíblia foi escrita ao longo de 1.600 anos.


Papiro 46 contendo 2 Coríntios 11:33-12:9
O Cânone Não se pode falar acerca da Inspiração, assim como da autoridade da Bíblia sem termos em conta, ainda que brevemente, das seguintes questões: 1- Como é que os livros individuais da Escritura, inspirados por Deus, foram reunidos?; 2- Por que é que alguns foram escolhidos, enquanto que outros foram, pura e simplesmente rejeitados e postos de lado?: 3- Em que época e em que circunstâncias é que foi elaborada a actual lista de livros inspirados, a qual se passou a chamar de – Cânone?
A palavra Cânone é de origem grega – Kanon – e significa literalmente: regra, pedaço de madeira comprido, régua de carpinteiro, regra. A ideia essencial da palavra é a de uma linha recta ou direita. O termo Cânone empregue em sentido metafórico, significa, não aquilo que mede mas o que é ou está conforme à regra ou medida. Com resquício desta nomenclatura temos, por exemplo, a palavra cónego (canonicus) da confissão religiosa Igreja Católica Apostólica Romana (é chamado assim, não porque os seus inferiores se devam moldar a si pelo seu exemplo, mas porque os cónegos eram, originalmente, membros de uma comunidade na qual todos os seus membros se deviam conformar com uma certa regra de fé e conduta; a palavra transferiu-se da regra para o homem que a ela estava sujeito).
No sentido metafórico de “regra de fé”, aparece a palavra Cânone no Novo Testamento “E a todos quantos seguirem esta regra (…)” – Gálatas 6:16. Parece, portanto, ter sido neste sentido que “desde o tempo dos Pais da Igreja (metade do século IV d.C.), a palavra cânon significa uma lista de escritos – inalteráveis em seu volume, forma e conteúdo – que são normativos para a vida e para a fé”.

Bibliografia:
 Klaus Homburg, Introdução ao Antigo Testamento, 3ª ed. S. Leopoldo, Ed. Sinodal, 1979, p. 190
Isidro Pereira, S.J., Dicionário Grego-Português e Português-Grego, 5ª ed. Porto, Ed. Apostolado da Imprensa, 1976, p. 295

domingo, 9 de janeiro de 2011

OS APÓCRIFOS NO NOVO TESTAMENTO

As traduções católicas romanas
possuiem 7 livros apócrifos.
Literalmente, a palavra – Apocrufos – significa: oculto, secreto. As adições ao texto sagrado, que ficaram catalogadas com este nome procedem do Cânone Alexandrino – versão da Septuaginta (LXX). Estes escritos também são conhecidos por deuterocanónicos, isto é, livros cuja inspiração é duvidosa. Na realidade, talvez se designassem com mais propriedade de – pseudocanónicos – isto é, os que se fazem passar por aquilo que não são, ou seja: canónicos e inspirados!
Alguns dos livros com estas características: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I e II de Macabeus; há ainda a considerar os fragmentos gregos incorporados no texto hebraico do Antigo Testamento, a saber: o Cântico dos 3 hebreus (66 versículos intercalados entre os versículos 23 e 24 do capítulo 3 do livro do profeta Daniel); Bel e o Dragão (Daniel capítulo 14) e 7 capítulos no fim do livro de Ester.
A Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana contém estas adições, as quais concorrem para que esta última tenha, não 66 livros, mas 72, assim distribuídos: Antigo Testamento = 45; Novo testamento = 27. Qualquer outra Bíblia contém unicamente 66 livros, em conformidade com o Cânone Palestino.
Estas adições - os Apócrifos - contidos na Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana, apesar de não canónicos e, portanto, sem autoridade em matéria de fé, alguns deles são de alto valor literário, histórico e moral.
Ao referir a existência desta problemática e realçando o seu valor, o nosso autor declara que “foi a Igreja do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento quem determinou os livros que são canónicos e os que não são”. Em certo sentido esta afirmação está correcta! Tem-se dito que a Bíblia dos Apóstolos – as Escrituras - que habitualmente é citada é a Septuaginta (LXX), versão que contém estas mesmas adições! O conhecimento da Septuaginta – Cânone Alexandrino - é indubitável, visto que o autor da Carta aos Hebreus, por exemplo, faz uso, entre outras fontes, do conteúdo de descrições existentes no 1º e do 2º livro dos Macabeus:

1- Carta aos Hebreus 11:35 (…) uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição” (sublinhado nosso) – cf. II Macabeus 6:21,26; 7:1,9-11

2- Carta aos Hebreus 11:36 “(…) escárneos, açoites, cadeias e prisões” (sublinhado nosso – cf. I Macabeus 7:34-38;9:26.

3- Carta aos Hebreus 11:38 “(…) errantes pelos desertos e montes e pelas covas e cavernas da terra” (sublinhado nosso) – cf. I Macabeus 2:28-30; II Macabeus 5:27; 6:11; 10:6
Apócrifo; diz-se dos livros da Bíblia cuja
autenticidade não foi suficientemente
estabelecida e que são rejeitados
pelas Igrejas cristãs.
Poderão estes escritos ser admitidos como pertencendo à Bíblia divinamente inspirada; ou deverão, pelo contrário, ser considerados com elaborações humanas indevidamente acrescentadas ao Sagrado Livro?
A divergência, somente ocorre sobre os livros do Antigo Testamento. Estes circulavam no tempo de Jesus; já que esta existe, então proporemos um critério muito simples e coerente, a saber: Como Jesus se serviu das Escrituras (Antigo Testamento) usadas pelos judeus da Palestina no Seu tempo, por que não, desde já, formularmos a pergunta: eram os escritos, em questão, aceites pelos Judeus da Palestina, no século I da era cristã? Se eram, devemos aceitar como inspirados os livros que Jesus, ele mesmo, aceitou? Caso contrário devemos rejeitá-los. É interessante notar que “todo o Novo Testamento não contém nenhuma citação explicita dos Apócrifos do Antigo Testamento”.
Na verdade, se existe uma Bíblia é porque, de igual modo, existe um Cânone que a engendrou e regulamenta. O autor que nos ocupa, para realçar a ideia de que o Cânone não apareceu de maneira divina e, muito menos, de uma forma mágica, faz alusão a alguns Cânones que circulavam, nomeadamente: “o Palestiniano, o Alexandrino e o de Flávio Josefo”.
É verdade que o Cânone não caiu do céu tal qual! Mas também não é menos verdade que a dita “autoridade da Igreja” é usada, muitas vezes, de forma enganosa e tendenciosa! Por outras palavras, as Escrituras – Antigo e Novo Testamento – deram testemunho por si mesmas da sua própria autoridade! A Igreja não fez mais do que se inclinar perante a mesma e oficializar o que “naturalmente não correspondia à verdade inspirada”, os escritos espúrios – os Apócrifos! E tanto foi assim que nenhum Concílio Geral, desde os tempos mais remotos, procurasse definir o Cânone, a não ser, curiosamente, só no século XVI! E porquê? Para fazer face às investidas inconvenientes dos ventos da Reforma, como mais abaixo o veremos!
O Cânone de Flávio Josefo, e o Palestiniano contêm 22 livros. Façamos aqui uma breve nota explicativa acerca deste Flávio Josefo. Ele era um historiador judeu (37-100). Na guerra contra Roma foi encarregado pelo Sinédrio do comando da província da Galileia, ao norte da Palestina, cuja defesa organizou. Depois, convicto da inutilidade desta guerra, capitulou. Assiste, ao lado do general romano Tito, à conquista de Jerusalém no ano 70 d.C. Depois, instala-se em Roma e ali redige, em grego, a obra que o imortalizou: A Guerra dos Judeus, as Antiguidades Judaicas e Contra Apio.
Flávio Josefo menciona um Cânone com apenas 22 livros, ao escrever: “não existe entre nós miríades de livros discordantes e contraditórios? Mas temos unicamente vinte e dois livros que contêm a memória dos tempos passados e que são tidos por divinos.” Depois, a certa altura acrescenta um interessante pormenor: ”desde Artaxerxes, a nossa História foi escrita, mas estes livros não foram dignos de crédito como os que os precederam porque a sucessão dos profetas, desde esse tempo, não era correcta.” Note-se que o autor revela:
a) Um limite de vinte e dois livros canónicos;
b) Não se escreveram escritos canónicos desde o reinado de Artaxerxes (465-424 a. C.) filho de Xerxes (486-465 a.C.)
c) Nada foi incorporado aos anteriores 22 livros canónicos a partir deste período, isto é, do último profeta do Antigo Testamento – Malaquias. Portanto, como compreender, naturalmente, a inserção no Cânone os livros Apócrifos escritos posteriormente? Com que autoridade? A não ser pela conveniência; para silenciar as vozes discordantes para com certos ensinos. Caso contrário, como se explicará tal inclusão abusiva?
Bibliografia:Isidro Pereira, S.J., op. cit., p. 72
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit, p. 11
Klaus Homburg, op. cit., p. 194
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit, p. 12
Cf. H. Strathmann, L’Épître aux Hebreux, Genève, Ed. Labor & Fides, 1971, p. 119
René Pache, op. cit., p. 90
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit, p. 24
“Flávio Josefo” in Nova Enciclopédia Larousse, Lisboa, Ed. Círculo de Leitores, 1997, Vol. I0, p. 3048
Flávio Josefo, Contra Apio,1.8, citado por Gleason L. Archer, op. cit., p. 69 nota 8
John Bright, op. cit., pp. 508,509
Daniel-Rops, A Vida Quotidiana na Palestina no Tempo de Jesus, Lisboa, Ed. Livros do Brasil, s.d., p. 151

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A BÍBLIA JUDAICA NO TEMPO DE JESUS

Os judeus consideram os 39 livros que compõem o Antigo Testamento como canónicos. A Igreja primitiva e as Igrejas ditas “Protestantes”, desde a Reforma, os aceitaram. Estes 39 livros aparecem repartidos, apesar de serem os mesmos, e agrupados de diferentes maneiras, a saber: 22, 24 ou 39 livros. Eis a ordem do texto Massorético, estando dividido em 3 grupos contém 24 livros:

I - Lei (Torah)

1- Génesis
2- Êxodo
3- Levítico
4- Números
5- Deuteronómio

II – Profetas (Nebhi’im)

a) Os primeiros:

6- Josué
7- Juízes
8- Samuel (I e II)
9- Reis (I e II)


b) Os últimos:

10- Isaías
11- Jeremias
12- Ezequiel
13- Os 12 profetas (profetas menores)


III – Escritos (Kethubhim)

a) Poesia e sabedoria:

14- Salmos
15- Provérbios
16- Job

b) Os cinco rolos (megilloth):

17- Cântico dos cânticos
18- Rute
19- Lamentações
20- Eclesiastes
21- Ester

IV- Livros Históricos (escritos posteriores)

22- Daniel
23- Esdras / Neemias
24- Crónicas (I e II) (1)

Tal como dissemos, o Cânone de Flávio Josefo apresenta 22 livros. Ei-los assim distribuídos:(2)

I - Lei (Torah)

1- Génesis
2- Êxodo
3- Levítico
4- Números
5- Deuteronómio

II – Profetas (Nebhi’im)

a) Os primeiros:

6- Josué
7- Juízes / Rute
8- Samuel (I e II)
9- Reis (I e II)

b) Os últimos:

10- Isaías
11- Jeremias / Lamentações
12- Ezequiel
13- Os 12 profetas (profetas menores)

III – Escritos (Kethubhim)

14- Salmos
15- Provérbios
16- Job
17- Cântico dos cânticos
18- Eclesiastes
19- Ester
20- Daniel
21- Esdras / Neemias
22- Crónicas (I e II)

Agora apresentamos a listagem dos 39 livros do Antigo Testamento, que é a mesma das outras, se as desdobrarmos. Assim, teremos:

I - Lei (Torah)

1- Génesis
2- Êxodo
3- Levítico
4- Números
5- Deuteronómio

II – Profetas (Nebhi’im)

a) Os primeiros:

6- Josué
7- Juízes
8- Rute
9- I Samuel
10- II Samuel
11- I Reis
12- II Reis

b) Os últimos:

13- Isaías
14- Jeremias
15- Lamentações
16- Ezequiel
28-12 profetas (profetas menores)

III – Escritos (Kethubhim)

29- Salmos
30- Provérbios
31- Job
32- Cântico dos cânticos
33- Eclesiastes
34- Ester
35- Daniel
36- Esdras
37- Neemias
38- I Crónicas
39- II Crónicas

Segundo esta disposição, verificamos que, em qualquer Cânone, o primeiro livro da Bíblia hebraica é o livro do Génesis, e o último é I e II de Crónicas. No texto massorético, como no de Flávio Josefo estão excluídos os deuterocanónicos – Apócrifos - atrás referidos.
Reforçando esta ordem do Cânone, recordaremos as palavras de Jesus quando censurou a hipocrisia dos escribas e dos fariseus ao dizer: “Afim de que sobre vós caia todo o sangue inocente que tem sido derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar” – Mateus 23:35. (sublinhado nosso). Por este episódio nos podemos aperceber da amplitude do Cânone do Seu tempo. O episódio - sangue de Abel - encontra-se referido em Génesis 4:8,9 – primeiro livro do Cânone. No que respeita ao - sangue de Zacarias – este encontra-se em II Crónicas 24:20-22 – o último livro do Cânone!
Através deste simples episódio citado, compreendemos duas solenes verdades:
1- Que o Cânone, repetimos, começava em Génesis e terminava no livro de Crónicas;
2- Jesus, assim como os apóstolos, nunca citaram qualquer livro pseudocanónico contido da Septuaginta (LXX), apesar de terem feito livre uso desta versão.

Bibliografia:1. Gleason L. Archer, op. cit., pp. 68,69. Aqui estão 24 porque: I e II Samuel são considerados como um só livro; o mesmo para com I e II Reis e I e II Crónicas; igualmente, o bloco dos 12 profetas, também é contado como um só livro; assim como uma só unidade Esdras e Neemias. Desdobrados dará, portanto, 15. Se somados com os 24 dará um total de 39.
2. F. Josefo apresenta 22 livros, visto que apresenta o livro de Rute incluído no de Juízes; o de Lamentações incluído no de Jeremias; o de Neemias incluído no de Esdras. I e II Samuel são considerados como um só livro; o mesmo para com I e II Reis e I e II Crónicas; igualmente, o bloco dos 12 profetas, também é contado como um só livro; desdobrados dão 17. Se somados aos 22 dará um total de 39! – cf. Ibidem