A viagem continua para norte, estamos a 35kms de Esmirna. A cidade de Pérgamo levantava-se, soberba e majestosa sobre a colina e merecia o seu nome que por significava “fortaleza” e “cidade gloriosa”. Situava-se a uma certa distancia das rotas de passagem comercial, mas nem por isso deixava de ser como a maior cidade da Ásia. O geógrafo grego Strabon (58 a.C. – 25 d.C.) chamou-lhe “a cidade ilustre”, e o historiador romano Plínio (23-79 d.C.) considera que “esta cidade é a mais famosa da Ásia”. Pérgamo foi capital política durante 4 séculos e a sua reputação no capítulo da cultura e da religião era sólida.
A sua principal fonte de riqueza era o fabrico do pergaminho cuja palavra deriva justamente do nome de Pérgamo. Com dois mil rolos na sua biblioteca rivalizava na época com Alexandria. A cidade era igualmente célebre pelos seus hospitais e o templo a Esculápio, deus das curas, atraía multidões vindas de todas as proveniências, como é testemunhado pela imensa variedade de moedas descobertas pelos arqueólogos.
A cidade de Pérgamo reflectia a situação da terceira Igreja na história. Contrariamente às igrejas precedentes, Pérgamo caracterizava-se pelo sucesso e a glória. Os cristãos não eram desprezados. A era dos mártires é passada. Esta época é referida como não negando a fé “mesmo nos dias de Antipas” a “minha fiel testemunha, o qual foi morte...” (Ap. 2:13). O tempo, é de estabilidade é a prosperidade do IV século d.C.).
Mas a glória de Pérgamo não foi conquistada sem preço. A Carta denuncia uma pratica que lembra as falsificações de Balaão, o profeta “renegado” ao serviço do rei moabita que tinha arrastado todo o povo de Israel no sincretismo (Números 25:1-5). Balaão cujo nome significa “devorador do povo”, tinha compreendido que o compromisso era o melhor método para “devorar” e neutralizar o povo eleito. Mais eficaz que a perseguição e a morte, a introdução em Israel de elementos estranhos iria ameaçar a existência da mais fiel testemunha de Deus.
O compromisso com o mal torna-se mais perigoso que a pior das iniquidades. Porque é fácil de identificar o inimigo quando ele está fora de portas. Mas quando ele se infiltra e se senta nos bancos (da igreja) a operação torna-se delicada e torna-se mesmo impossível de o distinguir. É esta uma das características desta Igreja. Pela primeira vez, o paganismo e o erro misturam-se com o testemunho da verdade. É evidente que houve uma evolução a partir da Igreja de Éfeso. A primeira Igreja foi elogiada “porque aborreceu as obras dos nicolaítas” (Ap. 2:6). No presente, os Nicolaítas estão com aceitação dentro da Igreja: “Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas.” (Ap. 2:15) A obra de Balaão, “o devorador do povo”, juntou-se aos Nicolaítas, cujo significado “conquistador do povo” (este é o significado de Nicolaístas). Nestes dois nomes revela-se a mesma apreensão.
A História mostra de facto um tempo de compromisso. Para afirmar os compromissos políticos, a Igreja torna-se branda e aberta; ela alia-se ao poder político. Os decretos imperiais que foram então promulgados reflectem este espírito e esta nova tendência da Igreja. Um exemplo entre tantos, a observância do Domingo, dia do Sol dos Romanos, substitui o dia de repouso dado por Deus, o Sábado, dia observado por Israel, por Jesus e pelos primeiros Cristãos. Isto transparece claramente no Decreto de Constantino no Concílio de Laodicéia: “Que os Cristãos não se comportem como os Judeus descansando no dia de Sábado. Que todos os jovens, as populações das cidades, e toda a sorte de profissões (artesãos) deixem o trabalho no venerável dia do Sol (= domingo).” (Canon 29 do Concilio de Laodicéia; W. Rondorf, Sabbat et dimanche dans l´Église ancienne, p. 49.).
O carácter de compromisso tinha já sido pronunciado pelo profeta Daniel por duas vezes, na visão da estátua e nos quatro animais. Na visão da estátua (Daniel 2), a Igreja era representada por argila, símbolo da dimensão espiritual e religiosa, misturada com ferro, símbolo do poder humano e político. Na visão dos quatro animais, a Igreja aparece sob a forma de um corno, símbolo do poder político, com uma cara humana, símbolo da dimensão espiritual.
No apelo ao arrependimento é apresentada a mesma critica lançado na Carta a Esmirna. A espada com duplo fio de corte que sai da boca do Filho do homem (Ap. 2:16) representa a Palavra de Deus que julga e que separa o erro da verdade. A promessa que recompensa a vitória (salvação), o “maná escondido,” e a “pedra branca” (Ap. 2:17), reflecte a mesma preocupação. A evocação ao maná é associada à lembrança do Êxodo, na perspectiva da terra prometida. Este pão cai do céu e é enviado por Deus (Êxodo 16:15; Salmo 76:25) torna-se sinal de esperança e vida. Nestas palavras Deus lembra; é Ele o Senhor das bênçãos, estas nunca advém dos compromissos e da cedência ao erro!
Segundo uma velha lenda judaica, na queda de Jerusalém e na destruição do Templo no VIº século a.C., o profeta Jeremias apressou-se a esconder o vaso do maná (este vaso estava dentro da Arca juntamente com a Lei de Deus e vara de Arão; Êxodo 16:33,34; Hebreus 9:4); e só na vinda do Messias e do Seu reino se poderia reencontrar e comer de novo (Mekhiita, 16:25; cf. 2 Baruque 29:8; Hagigah 12b.). Segundo esta tradição, só no fim dos tempos a identidade dos eleitos será revelada. Por agora, eles não são identificados na comunidade visível da Igreja.
É a mesma lição que é registada no símbolo da pedra branca “sobre a qual...um novo nome está escrito” (Ap. 2:17), esta referência à pedra branca lembra os processos nos tribunais gregos/romanos. As pedras brancas e negras eram utilizadas para os jurados da época indicarem o seu veredicto. O branco significava declaração de inocência e a negra a de condenação. Receber uma pedra branca equivale portanto a uma declaração de salvação. Quanto ao “novo nome” dado por Deus, representa a marca da recreação (novo nascimento) do alto, o sinal de um novo caminho. Assim, Abrão tornou-se Abraão para anunciar as promessas de um povo que seria numeroso (Génesis 17:5).
Jacob terá o seu nome mudado para Israel significando o novo desígnio que o esperava, de lutar com Deus (Génesis 32:28). Até os lugares/cidades podem ter um desígnio. Jerusalém recebe o novo nome “o Eterno nossa justiça” como aliança da presença eterna de Deus entre o Seu povo (Jeremias 33:28). Da mesma maneira, os eleitos de Pérgamo recebem “um novo nome” que está para além da compreensão humana. É um “nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” (Ap. 2:17. a Bíblia e a tradição judaica falam nestes termos do propósito de Deus. Nome que nem sequer é pronunciável e que não se limita a uma qualquer fórmula (ver Êxodo 3:13-15; cf. Génesis 32:29,30; Juízes 13:17,18 – dado que este nome está associado ao nome de Deus é proibido pronunciá-lo). Razão que é dada na Carta seguinte: “...e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.” (Ap. 3:12) Este “novo nome” é portanto o nome de Deus, “o meu novo nome” que se confunde com o nome da “nova Jerusalém que desce do céu” (Ap. 3:12), este é o pleno deslumbramento que é apresentado no Apocalipse, o deslumbramento que faz apelo ao coração do crente a viver na intimidade de Deus aqui na terra dos nicolaítas. Na certeza que no manter-se fiel a Jesus viverá com Ele na Nova Jerusalém.
No início da Carta, os pioneiros ainda fiéis tinham sido designados como aqueles que “retém o meu nome e não negaram a minha fé” (Ap. 2:13). No presente, ao chegar ao final da Carta, os resgatados de Pérgamo são recompensados recebendo o nome de Deus. Esta é a responsabilidade do Povo de Deus levar o nome de Deus. O nome de Deus é fundamentalmente o reflexo do Seu carácter, justo, santo e bom. O Povo é chamado a tornar-se um sinal para os outros, um sinal visível do Deus invisível.
O nome de Antipas – “Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” (Ap. 2:13) – dá-nos conta da exigência, a que Antipas significa “o representante do pai”. A vocação do filho é de levar o nome do pai e de o representar na sua ausência. É fácil compreender a razão deste nome só ser conhecido daqueles que o recebem. Se o eleito de Pérgamo é o único a conhecer o nome de Deus que está inscrito sobre a pedra branca, é precisamente graças à relação pessoal que ele mantém com Deus.
A Igreja visível desta época, não se extingui, um resto ficou fiel, porém, começou a perder a sua identidade e a sua vocação de mensageira do nome de Deus.
Esta é uma experiência sempre repetida em todas as épocas da história do Povo de Deus, por isso neste tempo de crise, de rumores, de falsidades, de falsos cristos e falsos profetas, de promessas emocionais, somos chamados a olhar para a Nova Jerusalém e a promessa de caminhar nela com Jesus. É isso que quer? Então, seja fiel!
A sua principal fonte de riqueza era o fabrico do pergaminho cuja palavra deriva justamente do nome de Pérgamo. Com dois mil rolos na sua biblioteca rivalizava na época com Alexandria. A cidade era igualmente célebre pelos seus hospitais e o templo a Esculápio, deus das curas, atraía multidões vindas de todas as proveniências, como é testemunhado pela imensa variedade de moedas descobertas pelos arqueólogos.
A cidade de Pérgamo reflectia a situação da terceira Igreja na história. Contrariamente às igrejas precedentes, Pérgamo caracterizava-se pelo sucesso e a glória. Os cristãos não eram desprezados. A era dos mártires é passada. Esta época é referida como não negando a fé “mesmo nos dias de Antipas” a “minha fiel testemunha, o qual foi morte...” (Ap. 2:13). O tempo, é de estabilidade é a prosperidade do IV século d.C.).
Mas a glória de Pérgamo não foi conquistada sem preço. A Carta denuncia uma pratica que lembra as falsificações de Balaão, o profeta “renegado” ao serviço do rei moabita que tinha arrastado todo o povo de Israel no sincretismo (Números 25:1-5). Balaão cujo nome significa “devorador do povo”, tinha compreendido que o compromisso era o melhor método para “devorar” e neutralizar o povo eleito. Mais eficaz que a perseguição e a morte, a introdução em Israel de elementos estranhos iria ameaçar a existência da mais fiel testemunha de Deus.
O compromisso com o mal torna-se mais perigoso que a pior das iniquidades. Porque é fácil de identificar o inimigo quando ele está fora de portas. Mas quando ele se infiltra e se senta nos bancos (da igreja) a operação torna-se delicada e torna-se mesmo impossível de o distinguir. É esta uma das características desta Igreja. Pela primeira vez, o paganismo e o erro misturam-se com o testemunho da verdade. É evidente que houve uma evolução a partir da Igreja de Éfeso. A primeira Igreja foi elogiada “porque aborreceu as obras dos nicolaítas” (Ap. 2:6). No presente, os Nicolaítas estão com aceitação dentro da Igreja: “Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas.” (Ap. 2:15) A obra de Balaão, “o devorador do povo”, juntou-se aos Nicolaítas, cujo significado “conquistador do povo” (este é o significado de Nicolaístas). Nestes dois nomes revela-se a mesma apreensão.
A História mostra de facto um tempo de compromisso. Para afirmar os compromissos políticos, a Igreja torna-se branda e aberta; ela alia-se ao poder político. Os decretos imperiais que foram então promulgados reflectem este espírito e esta nova tendência da Igreja. Um exemplo entre tantos, a observância do Domingo, dia do Sol dos Romanos, substitui o dia de repouso dado por Deus, o Sábado, dia observado por Israel, por Jesus e pelos primeiros Cristãos. Isto transparece claramente no Decreto de Constantino no Concílio de Laodicéia: “Que os Cristãos não se comportem como os Judeus descansando no dia de Sábado. Que todos os jovens, as populações das cidades, e toda a sorte de profissões (artesãos) deixem o trabalho no venerável dia do Sol (= domingo).” (Canon 29 do Concilio de Laodicéia; W. Rondorf, Sabbat et dimanche dans l´Église ancienne, p. 49.).
O carácter de compromisso tinha já sido pronunciado pelo profeta Daniel por duas vezes, na visão da estátua e nos quatro animais. Na visão da estátua (Daniel 2), a Igreja era representada por argila, símbolo da dimensão espiritual e religiosa, misturada com ferro, símbolo do poder humano e político. Na visão dos quatro animais, a Igreja aparece sob a forma de um corno, símbolo do poder político, com uma cara humana, símbolo da dimensão espiritual.
No apelo ao arrependimento é apresentada a mesma critica lançado na Carta a Esmirna. A espada com duplo fio de corte que sai da boca do Filho do homem (Ap. 2:16) representa a Palavra de Deus que julga e que separa o erro da verdade. A promessa que recompensa a vitória (salvação), o “maná escondido,” e a “pedra branca” (Ap. 2:17), reflecte a mesma preocupação. A evocação ao maná é associada à lembrança do Êxodo, na perspectiva da terra prometida. Este pão cai do céu e é enviado por Deus (Êxodo 16:15; Salmo 76:25) torna-se sinal de esperança e vida. Nestas palavras Deus lembra; é Ele o Senhor das bênçãos, estas nunca advém dos compromissos e da cedência ao erro!
Segundo uma velha lenda judaica, na queda de Jerusalém e na destruição do Templo no VIº século a.C., o profeta Jeremias apressou-se a esconder o vaso do maná (este vaso estava dentro da Arca juntamente com a Lei de Deus e vara de Arão; Êxodo 16:33,34; Hebreus 9:4); e só na vinda do Messias e do Seu reino se poderia reencontrar e comer de novo (Mekhiita, 16:25; cf. 2 Baruque 29:8; Hagigah 12b.). Segundo esta tradição, só no fim dos tempos a identidade dos eleitos será revelada. Por agora, eles não são identificados na comunidade visível da Igreja.
É a mesma lição que é registada no símbolo da pedra branca “sobre a qual...um novo nome está escrito” (Ap. 2:17), esta referência à pedra branca lembra os processos nos tribunais gregos/romanos. As pedras brancas e negras eram utilizadas para os jurados da época indicarem o seu veredicto. O branco significava declaração de inocência e a negra a de condenação. Receber uma pedra branca equivale portanto a uma declaração de salvação. Quanto ao “novo nome” dado por Deus, representa a marca da recreação (novo nascimento) do alto, o sinal de um novo caminho. Assim, Abrão tornou-se Abraão para anunciar as promessas de um povo que seria numeroso (Génesis 17:5).
Jacob terá o seu nome mudado para Israel significando o novo desígnio que o esperava, de lutar com Deus (Génesis 32:28). Até os lugares/cidades podem ter um desígnio. Jerusalém recebe o novo nome “o Eterno nossa justiça” como aliança da presença eterna de Deus entre o Seu povo (Jeremias 33:28). Da mesma maneira, os eleitos de Pérgamo recebem “um novo nome” que está para além da compreensão humana. É um “nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” (Ap. 2:17. a Bíblia e a tradição judaica falam nestes termos do propósito de Deus. Nome que nem sequer é pronunciável e que não se limita a uma qualquer fórmula (ver Êxodo 3:13-15; cf. Génesis 32:29,30; Juízes 13:17,18 – dado que este nome está associado ao nome de Deus é proibido pronunciá-lo). Razão que é dada na Carta seguinte: “...e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.” (Ap. 3:12) Este “novo nome” é portanto o nome de Deus, “o meu novo nome” que se confunde com o nome da “nova Jerusalém que desce do céu” (Ap. 3:12), este é o pleno deslumbramento que é apresentado no Apocalipse, o deslumbramento que faz apelo ao coração do crente a viver na intimidade de Deus aqui na terra dos nicolaítas. Na certeza que no manter-se fiel a Jesus viverá com Ele na Nova Jerusalém.
No início da Carta, os pioneiros ainda fiéis tinham sido designados como aqueles que “retém o meu nome e não negaram a minha fé” (Ap. 2:13). No presente, ao chegar ao final da Carta, os resgatados de Pérgamo são recompensados recebendo o nome de Deus. Esta é a responsabilidade do Povo de Deus levar o nome de Deus. O nome de Deus é fundamentalmente o reflexo do Seu carácter, justo, santo e bom. O Povo é chamado a tornar-se um sinal para os outros, um sinal visível do Deus invisível.
O nome de Antipas – “Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” (Ap. 2:13) – dá-nos conta da exigência, a que Antipas significa “o representante do pai”. A vocação do filho é de levar o nome do pai e de o representar na sua ausência. É fácil compreender a razão deste nome só ser conhecido daqueles que o recebem. Se o eleito de Pérgamo é o único a conhecer o nome de Deus que está inscrito sobre a pedra branca, é precisamente graças à relação pessoal que ele mantém com Deus.
A Igreja visível desta época, não se extingui, um resto ficou fiel, porém, começou a perder a sua identidade e a sua vocação de mensageira do nome de Deus.
Esta é uma experiência sempre repetida em todas as épocas da história do Povo de Deus, por isso neste tempo de crise, de rumores, de falsidades, de falsos cristos e falsos profetas, de promessas emocionais, somos chamados a olhar para a Nova Jerusalém e a promessa de caminhar nela com Jesus. É isso que quer? Então, seja fiel!
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