– (Daniel 9.1-27)
O calendário profético
Os cristãos que procuram compreender as profecias que se encontram na Palavra de Deus, neste caso concreto, as que se encontram no livro do profeta Daniel, facilmente poderão esquecer o ensino fulcral, a razão de ser das Escrituras, ou seja, a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Jesus, certa vez disse: - “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam” – João 5.39. Estas palavras aplicavam-se aos Seus contemporâneos, aqueles que construíram uma religião de pendor humano e com aparente base nas Escrituras. Mas esta não tem qualquer valor se não estiver centralizada em Cristo Jesus. Sim, a Palavra de Deus ecoa esta grande verdade sob esta fórmula: - Jesus virá – (este é o ensino de todo o Antigo Testamento) - Jesus veio – (é o testemunho de todo o Novo Testamento) - Jesus voltará – (é a gloriosa esperança encontrada em toda a Bíblia, dos Génesis ao Apocalipse).
Assim, diante de nós, neste capítulo, está, por que não dizê-lo, a jóia da coroa das profecias do Antigo Testamento, onde é indicado o aparecimento do Messias. Com base no estudo e cumprimento desta profecia, não só os Magos vieram até à Palestina para O adorarem – Mateus 2.1,2,11 – como também Simeão e Ana – Lucas 2.25-38. Debrucemo-nos, pois, no detalhe do texto bíblico.
A inquietação do profeta
Desde já e em termos comparativos constatamos que o capítulo a examinar está directamente relacionado com o anterior, por várias razões: 1- ambos mostram a trajectória do povo de Deus ao longo da História; 2- ambos revelam o ministério de Jesus na Terra e no Céu; 3- ambos revelam a razão de ser do atentado contra a Lei de Deus; 4- ambos apresentam o juízo nas suas diversas fases; 5- ambos apontam para a primeira e segunda vinda de Cristo; 6- ambos apontam para o estabelecimento final do Reino de Deus.
Para que nos possamos situar no tempo, segundo os elementos cronológicos revelados logo no início deste capítulo, “ano primeiro de Dário”, encontramo-nos em 538 a. C. Assim, se compararmos estes dados com os do capítulo anterior – Daniel 8.1 “ano terceiro de Belsazar” – isto é, 551 a.C., então 13 anos separam estes dois capítulos.
Com este elemento em mente – a noção de tempo – convém recordar as palavras finais do capítulo anterior: - “acerca da visão, não havia quem a aentendesse” – v. 27. Foi preciso aguardar todo este tempo para que o profeta pudesse ter luz sobre a visão que ficara por compreender!
O que é que, desde já, o inquietava? No seu íntimo, o profeta, anelava pela restauração do templo derribado. Devido ao que lhe fora revelado – Daniel 8.14 – este foi levado a pensar, tal como lhe fora dito, que até à purificação do santuário deveria passar 2.300 anos! Assim sendo, a desolação da cidade amada, Jerusalém, seria demasiado longa. Sim, por aqui podemos perceber a razão de ser da angústia e perplexidade de Daniel. Mas, ao consultar os escritos do profeta Jeremias, as suas dúvidas desaparecem, visto que o exílio não ultrapassará 70 anos – cf. Jeremias 25.11,12; 29.10. Desde já, numa primeira fase, o profeta pôde “compreender” - Daniel 9.2 - o que há 13 anos atrás não compreendia!
Na realidade, se tudo tinha começado em 605 a. C., ano em que Jerusalém foi conquistada por Nabocodonosor; agora, à data dos acontecimentos, o profeta está no ano 538 a.C., isto quer dizer que os 70 anos anunciados pela profecia de Jeremias estão prestes a terminar (605-70= 535), faltavam cerca de 3 anos! Mas, curiosamente, é esta descoberta que faz com que o profeta fique perplexo. Pois se por um lado, ele tinha compreendido a profecia de Jeremias, por outro, tinha dificuldade em conciliar esta mesma profecia com a visão das 2.300 tardes e manhã – Daniel 8.14 -, ou seja, seria possível que o templo teria de permanecer em ruínas durante 2.300 anos? Como conciliar os diferentes dados das profecias?
Como resolver a questão? Recorrendo ao quanto o profeta tinha dito na sua primeira oração há muitos anos atrás, no ano 603 a. C. “no segundo ano do reinado de Nabocodonosor” – Daniel 2.1. É neste capítulo que encontramos esta oração e nela, ao agradecer as bênçãos recebidas o profeta dirige-se assim a Deus: - “Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força. Ele muda os tempos (…) os reis (…) dá sabedoria aos sábios e ciência aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas e com ele mora a luz” – Daniel 2.20-22.
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