“Je n´ai jamais connu une personne qui ait entrepris l´étude des prophéties et qui ait écrit là-dessus qui ne soit devenue folle. »
William Ramsey
« C´est le signe d´un bon équilibre mental que de ne s´être jamais occupé de l´Apocalypse. »
Johann G. von Herder
« Ou bien l´Apocalypse trouve un homme fou, ou bien elle le quitte fou. »
Anonyme
É uma legião de loucos que rodeia o Apocalipse. E nunca foram tão numerosos como nestes últimos anos. Depois da Segunda Guerra Mundial, no amanhecer do Holocausto de Hiroshima, e mais recentemente seguindo os cuidados ecológicos, da epidemia da Sida e da explosão demográfica, o Apocalipse tornou-se uma referência dramática. Não só nos meios das ciências religiosas, mas também na literatura, no cinema, musica e a pintura têm sido os transmissores de exprimir esta febre que exprime a angústia nervosa dos nossos contemporâneos.
E quanto mais avançamos nesta década do século 21, mais o movimento se intensifica. Desde os anos 80, se têm verificado “uma verdadeira explosão do tema apocalíptico” (J.-P.PREVOST, Pour lire l´Apocalypse, 1991, p.7; cf. B. McGINN, Apocalyptic Spiritality, Londres, 1980, p. 141; cf. T.K.FREIMAN, Postscripts, p.157: “À medida que o mundo se aproxima do terceiro milénio e a partir dos anos 80, a referencia ao fim torna-se mais e mais intensa.”). Não se trata simplesmente de um “tema” abstracto dado simplesmente para nos entreter ou no melhor dos casos para nossa inspiração. À boca de cena, mais e mais os loucos tornam-se actores do Apocalipse.
Ainda está na nossa consciência David Koresh, nos Estados Unidos. Na base de uma intensa referencia ao Apocalipse, ele citava capítulos inteiros de memória. Vernon Howell, aliás, David Koresh, apresentava-se como messias-Deus, e arrogava o direito de ter relações sexuais com todas as mulheres do seu grupo (casadas ou não, jovens ou menos jovens). Ele armazenou um enorme arsenal de armas e transformou a sua casa numa verdadeira fortaleza. Ele esperava o fim do mundo e desafiou as forças armadas dos Estados Unidos durante um cerco de cinquenta dias. Os seus propósitos incoerentes e os seus actos imprevisíveis tornaram as negociações difíceis. Terminou, dia 19 de Abril de 1993, arrastando mais de uma centena de pessoas, entre elas crianças, para uma morte horrível que chocou todo o mundo.
Uma tragédia parecida aconteceu algum tempo depois no Japão. Desta vez, o messias Shoko Asahara apresentava-se como um guru cabeludo inspirado nas religiões budistas e hindus. A seita, que tinha começado de forma inocente a partir de escolas de yoga, afirma-se na realidade no tipo apocalíptico. Esta seita esperava o fim do mundo e previa o Apocalipse para 1997. No seu livro intitulado “O Desastre Aproxima-se do País do Sol Nascente” (1995), Asahara anunciava a vinda do Armagedom sob a forma de um gás proveniente dos Estados Unidos, enviado por Judeus e franco-maçons. Tal como David Koresh, o guru dominava os seus discípulos e incitava-os a cometer actos criminosos de toda a espécie. O ataque ao metro de Tóquio, a 20 de Março de 1995, tem a sua assinatura. Um gás mortal, o sarin, produzido por nazis com o objectivo de exterminar pessoas de forma massiva, foi utilizado em cinco lugares diferentes a horas de ponta. O balanço elevou-se a vários milhares de pessoas intoxicadas e uma dezena de mortos. A polícia japonesa relatou ter descoberto nos aposentos da seita material suficiente para destruir 4 a 5 milhões de pessoas.
Na Suíça, arredores de Fribourg e também em Valais, a 27 de Outubro de 1994, os habitantes de Cheiry e de Granges-sur-Salvan viveram a mesma angústia. O fogo onde morreram mais de cinquenta pessoas, entre as quais várias crianças, testemunha da loucura de uma outra seita chamada “Templo Solar” cujo messias, Luc Jouret, médico homeopata, pregava, ele também, sobre o Apocalipse e não cessava de repetir que tinha chegado a hora do Apocalipse.
Na propriedade foram descobertos vários cadáveres vestidos de vestes de culto brancas, vermelhas e negras; dispostos em círculo, eles estavam amarrados e tinham recebido uma bala na cabeça. Nunca se chegou a saber se se tratou de um suicídio colectivo ou de um outro tipo de crime. Também aqui, a polícia que investigou descobriu um importante arsenal de armas que a seita tinha adquirido para a batalha final. No ano seguinte, a 23 de Dezembro de 1995, aconteceu o mesmo cenário de horror atingiu a França. Nos arredores de Grenoble, perto da aldeia de Pierre-de-Chérennes, quinze pessoas da mesma seita do “Templo do Sol”, entre as quais várias crianças, foram encontradas abatidas a revólver em igual dramática circunstância.
Estes três exemplos, entre outros (Lembramo-nos dos acontecimentos na Guyane em Novembro de 1978, onde mais de novecentas pessoas se suicidaram por envenenamento sob a ordem do seu guru, Jim Jones), são incontestavelmente o sintoma da nossa civilização. A análise do fenómeno revela um certo número de circunstâncias:
1- Presença de um profeta-messias-Deus do tipo carismático, que pretende deter a palavra da verdade e move um grupo de pessoas a vê-lo como mestre. Estas fazem tudo para lhe agradar.
2- Rejeição do sistema estabelecido e suspeição sobre todos os que não se conformam com as regras e as ideias do grupo. Esta raiva do tipo xenófoba manifesta-se frequentemente por uma vida comunitária fechada a toda a influência do exterior, esta é julgada maléfica. O grupo pratica actos criminosos às ordens do mestre, considerados actos de “justiça”.
3- Fixação sobre a mensagem apocalíptica em detrimento do amor ao próximo, da razão e da ética.
4- Obsessão em ver cumprir-se o Apocalipse já e aqui, o que conduz frequentemente estas “seitas do Apocalipse” (expressão usada pelo o sociólogo americano J.R.Hall, livro “The Apocalypse at Jonestown”) a tornarem-se os actores da profecia e a produzirem acontecimentos do Apocalipse.
Este carácter pode concentrar-se num só indivíduo, que vive concentrado sobre ele próprio, ele é simultaneamente profeta e seita. Nota-se também que o fenómeno aparece em todas as tendências religiosas. Não só entre os cristãos, mas também, entre os judeus, muçulmanos, nas religiões orientais e na Nova Era.
Apesar de algum paralelismo com certos movimentos isolados na história passada do cristianismo (os Taboristas da Boémia no século XV, ou os “exaltados” de Muntzer no século XVI), este fenómeno é novo pelo seu carácter patológico e violento. A nossa civilização está atingida pelo sindroma Apocalipse.
A Igreja que tem uma mensagem a proclamar (Mateus 24:14) no contexto do Apocalipse, deve, como pessoas e como igreja a ser dirigida pelo Espírito Santo. Todos os fiéis anseiam que “as primeiras coisas passem”. Estou a escrever no contexto da Tragédia do Haiti, o meu coração dói, mas meu dever, meu chamado é a proclamar o amor, a paz que o Homem de Nazaré veio trazer, salvação e esperança. Sou chamado a ser muito zeloso no amor, a buscar os perdidos e a falar de Cristo como o “Príncipe da Paz”.
Amigos e amigas que acompanham este blogue quero dar-vos uma palavra de amor e de amizade em Jesus. Sei, uma ou outra vez ficam estupefactos com uma ou outra afirmação, desejo que percebam que estou falando num contexto de análise bíblica e nunca, Deus me livre, num sentido proselitista, menos ainda catastrofista, tudo será dirigido pelo Senhor que tudo fez bem e tudo fará muito bem, amem!
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