Apocalipse 2
8. Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu:
9. Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.
10. Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte.
________________________________________
Representa a igreja desde o ano 100 a 313. Foi o período de horrendas perseguições do Império Romano contra os cristãos que foram queimados vivos, decapitados, entregues às feras no circo romano, etc. Para esses fiéis mártires o Senhor não tem reprovação. O período termina com o edito de tolerância de Milão, assinado por Constantino no ano 313.
O Grande Conflito - O Valor dos Mártires
Pág. 39
Quando Jesus revelou a Seus discípulos a sorte de Jerusalém e as cenas do segundo advento, predisse também a experiência de Seu povo desde o tempo em que deveria ser tirado dentre eles até a Sua volta em poder e glória para o seu libertamento. Do Monte das Oliveiras o Salvador contemplou as tempestades prestes a desabar sobre a igreja apostólica; e penetrando mais profundamente no futuro,
Seus olhos divisaram os terríveis e devastadores vendavais que deveriam açoitar Seus seguidores nos vindouros séculos de trevas e perseguição. Em poucas e breves declarações de tremendo significado, predisse o que os governadores deste mundo haveriam de impor à igreja de Deus (Mat. 24:9, 21 e 22).
Os seguidores de Cristo deveriam trilhar a mesma senda de humilhação, ignomínia e sofrimento que seu Mestre palmilhara. A inimizade que irrompera contra o Redentor do mundo, manifestar-se-ia contra todos os que cressem em Seu nome. A história da igreja primitiva testificou do cumprimento das palavras do Salvador. Os poderes da Terra e do inferno arregimentaram-se contra Cristo na pessoa de Seus seguidores. O paganismo previa que se o evangelho triunfasse, seus templos e altares desapareciam; portanto convocou suas forças para destruir o cristianismo. Acenderam-se as fogueiras da perseguição. Os cristãos eram despojados de suas posses e expulsos de suas casas. Suportaram "grande combate de aflições". Heb. 10:32. "Experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões." Heb. 11:36. Grande número deles selaram seu testemunho com o próprio sangue. Nobres e escravos, ricos e pobres, doutos e ignorantes, foram de igual modo mortos sem misericórdia.
Estas perseguições, iniciadas sob o governo de Nero, aproximadamente ao tempo do martírio de Paulo, continuaram com maior ou menor fúria durante séculos. Os cristãos eram falsamente acusados dos mais hediondos crimes e tidos como a causa das grandes calamidades - fomes, pestes e terremotos. Tornando-se eles objeto do ódio e suspeita popular, prontificaram-se denunciantes, por amor ao ganho, a trair os inocentes. Eram condenados como rebeldes ao império, como inimigos da religião e peste da sociedade.
Grande número deles eram lançados às feras ou queimados vivos nos anfiteatros. Alguns eram crucificados, outros cobertos com peles de animais bravios e lançados à arena para serem despedaçados pelos cães. De seu sofrimento muitas vezes se fazia a principal diversão nas festas públicas. Vastas multidões reuniam-se para gozar do espetáculo e saudavam os transes de sua agonia com riso e aplauso.
Onde quer que procurassem refúgio, os seguidores de Cristo eram caçados como animais. Eram forçados a procurar esconderijo nos lugares desolados e solitários. "Desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes, pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra." Heb. 11:37 e 38. As catacumbas proporcionavam abrigo a milhares. Por sob as colinas, fora da cidade de Roma, longas galerias tinham sido feitas através da terra e da rocha; o escuro e complicado trama das comunicações estendia-se quilômetros além dos muros da cidade. Nestes retiros subterrâneos, os seguidores de Cristo sepultavam os seus mortos; e ali também, quando suspeitos e proscritos, encontravam lar. Quando o Doador da vida despertar os que pelejaram o bom combate, muitos que foram mártires por amor de Cristo sairão dessas sombrias cavernas.
Sob a mais atroz perseguição, estas testemunhas de Jesus conservaram incontaminada a sua fé. Posto que privados de todo conforto, excluídos da luz do Sol, tendo o lar no seio da terra, obscuro mas amigo, não proferiam queixa alguma. Com palavras de fé, paciência e esperança, animavam-se uns aos outros a suportar a privação e angústia. A perda de toda a bênção terrestre não os poderia forçar a renunciar sua crença em Cristo. Provações e perseguição não eram senão passos que os levavam para mais perto de seu descanso e recompensa.
Como aconteceu aos servos de Deus de outrora, muitos "foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição". Heb. 11:35. Estes se recordavam das palavras do Mestre, de que, quando perseguidos por amor de Cristo, ficassem muito alegres, pois que grande seria seu galardão no Céu, porque assim tinham sido perseguidos os profetas antes deles. Regozijavam-se de que fossem considerados dignos de sofrer pela verdade, e cânticos de triunfo ascendiam dentre as chamas crepitantes. Pela fé, olhando para cima, viam Cristo e os anjos apoiados sobre as ameias do Céu, contemplando-os com o mais profundo interesse, com aprovação considerando a sua firmeza. Uma voz lhes vinha do trono de Deus: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida." Apoc. 2:10.
Nulos foram os esforços de Satanás para destruir pela violência a igreja de Cristo. O grande conflito em que os discípulos de Jesus rendiam a vida, não cessava quando estes fiéis porta-estandartes tombavam em seus postos. Com a derrota, venciam. Os obreiros de Deus eram mortos, mas a Sua obra ia avante com firmeza. O evangelho continuava a espalhar-se, e o número de seus aderentes a aumentar. Penetrou em regiões que eram inacessíveis, mesmo às águias romanas. Disse um cristão, contendendo com os governadores pagãos que estavam a impulsionar a perseguição: Podeis "matar-nos, torturar-nos condenar-nos. ... Vossa injustiça é prova de que somos inocentes. ... Tampouco vossa crueldade... vos aproveitará". Não era senão um convite mais forte para se levarem outros à mesma persuasão. "Quanto mais somos ceifados por vós, tanto mais crescemos em número; o sangue dos cristãos é semente." - Apologia, de Tertuliano, parágrafo 50.
Milhares eram aprisionados e mortos, mas outros surgiam para ocupar as vagas. E os que eram martirizados por sua fé tornavam-se aquisição de Cristo, por Ele tidos na conta de vencedores. Haviam pelejado o bom combate, e deveriam receber a coroa de glória quando Cristo viesse. Os sofrimentos que suportavam, levavam os cristãos mais perto uns dos outros e de seu Redentor. Seu exemplo em vida, e seu testemunho ao morrerem, eram constante atestado à verdade; e, onde menos se esperava, os súditos de Satanás estavam deixando o seu serviço e alistando-se sob a bandeira de Cristo.
Sem comentários:
Enviar um comentário