segunda-feira, 19 de março de 2012

A DERROTA DA ANTIGA SERPENTE

Um estudioso Norueguês estimou que entre 3.600 AC até ao presente, a humanidade já enfrentou 14.531 guerras. Durante esse mesmo período, tivemos mais de 5.300 anos de guerra e apenas 290 anos de paz. Isto não é surpreendente, dado que por trás de todas elas, invisível à humanidade, há uma guerra feroz a ser travada entre as forças cósmicas do bem e do mal. É uma batalha entre Cristo e Satanás, luz e trevas, amor e egoísmo. Esta guerra tem lugar no coração e na mente de cada alma humana. Estas escaramuças diárias com a tentação têm consequências de vida ou morte.

Para combater esta guerra espiritual, você precisa de armas espirituais. ”Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas” (2 Coríntios 10:3-4). E temos de estar conscientes do inimigo – o diabo.

Os cristãos devem evitar dois extremos quando se considera a atividade satânica. Como CS Lewis acertadamente colocou: “Há dois erros iguais e opostos nos quais nossa raça pode cair sobre os demónios: Um é desacreditar sua existência, o outro é acreditar e sentir um interesse excessivo e insalubre neles. Eles mesmos estão igualmente satisfeitos com ambos os erros e saúdam um materialista ou um mágico com o mesmo prazer”.
Com isto em mente, um componente chave na conquista da guerra é compreender o modus operandi do inimigo. As Escrituras registram muito sobre Satanás, a serpente. Por exemplo, você pode ter certeza que Satanás não estava de férias na Riviera Francesa, quando Jesus teve um confronto com o exército de Satanás na praia de Gadara (leia por si mesmo em Marcos 5:1-20; também Lucas 08:26 -40) em que ele expulsa uma “legião” de demónios de um homem louco, possuído pelo diabo que habitava nas proximidades de um cemitério.
Em outras palavras, a guerra que começou no céu continuava aqui na terra com as mesmas forças principais. Se o véu fosse removido da costa de Gadara, você veria Cristo e Seus anjos dispostos contra Satanás e seus demónios, cada um lutando pelo coração e vida do louco miserável.

Como diz Paulo, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:12). Este olhar sobre o reino espiritual nos permite ver que esta batalha na praia é apenas um microcosmo de uma batalha maior.
Origem do Pecado
Para entender como o homem possuído pelo demónio veio a ser o anfitrião de uma legião de demónios não desejados, você precisa saber de onde veio o diabo.
Será que o nosso Deus perfeito e santo criaria um diabo imperfeito e perverso? Claro que não! Ao contrário, Ele criou um esplêndido e perfeito anjo chamado Lúcifer, que era a mais poderosa e bela das criaturas de Deus “cheio de sabedoria e perfeito em formosura” (ver Ezequiel 28:12). Mas porque Lucifer fez uma série de escolhas egoístas, tornou-se o diabo. Ele escolheu tornar-se inimigo de Deus.
A Escritura, em seguida, descreve Lúcifer (agora chamado de Satanás) como mau (vers. 15), “cheio de violência” (versículo 16) que, em desgraça, foi expulso do céu (vers. 16, 17), tudo porque ele alimentava o desejo de auto-exaltação de se tornar “como o Altíssimo” (cf. Isaías 14:12-15). (Veja também Lucas 4:5, 6; 10:18, João 8:44, 2 Pedro 2:4, 1 João 3:8 e Judas 6; Apocalipse 12:7-9). Será que Deus cometeu um erro? Não, porque Deus é amor. Se ele quisesse, ele poderia ter feito todas as Suas criaturas como meros robôs. Mas os robôs não podem amar. Na verdade, o verdadeiro amor deve ser livre e voluntariamente dado.

Então, Deus assumiu um risco quando Ele deu a capacidade para a humanidade receber e dar amor livremente. Os Seus súbditos poderiam rejeitar ou aceitar o Seu amor. Risco imenso, no entanto, Deus correu o risco.

Aqui está outra questão que muitas vezes gera dúvidas desnecessárias sobre Deus: Se Ele é todo-poderoso, porque razão Ele não vaporizou o anjo rebelde, quando começou a sua revolta?
Deus permitiu que Lúcifer exercesse a sua revolta por vários motivos. Primeiro, ele ajudou a resolver qualquer dúvida sobre o potencial de liberdade de escolha que deu às Suas criaturas inteligentes. Ninguém pode dizer que Deus força seres cientes a fazer qualquer coisa contra a sua vontade.
Em segundo lugar, a destruição imediata de Lúcifer poderia ter criado em outros anjos sérias dúvidas sobre o Seu amor e governo, especialmente naqueles que podiam ter se perguntado se Satanás teria algumas razões para se revoltar contra o Altíssimo. Deus, em sabedoria e amor, permitiu que o diabo fizesse o seu governo, fazendo com que o universo inteiro visse os resultados terríveis.
Finalmente, que dor seria para um Deus amoroso saber que os seus filhos lhe obedeciam apenas pelo medo da morte. Ele quer que Seus filhos e filhas Lhe obedeçam por amor e não por coerção.

Surpreendentemente, apesar da paciência e bondade de Deus, Lúcifer recusou-se ao arrependimento. Em vez disso, ele criou com astúcia uma tal rebelião que conseguiu recrutar um terço de todos os anjos para participar da sua guerra ímpia contra o Criador.
Assim, Deus expulsou Lúcifer e seus seguidores, agora chamados de “diabos” e “demónios”, do céu: “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos, todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:7-9).

Caído, mas brilhante
Alguma vez você já se perguntou como famosas estrelas de Hollywood fazem coisas simples, como ir ao supermercado, sem serem reconhecidos por seus fãs? Eles usam um disfarce simples: quando não usam maquiagem e roupas glamourosas a maioria das pessoas familiarizadas com a ilusão do glamour, não as reconhece.

Lúcifer tem uma estratégia similar. “Satanás se disfarça em anjo de luz” (2 Coríntios 11:14). Ele fica muito feliz quando as pessoas o retratam com chifres e asas de morcego, parte homem e parte animal. Tais conceitos tolos são uma mistura de mitologia grega com arte medieval, não Escritura. Mas como Isaías e Ezequiel mostram, ele é um anjo, brilhante e muito atraente, com uma incrível capacidade de se comunicar. Quando essas características são combinadas com desígnios maus, devemos ser cuidadosos. O objetivo deste inimigo é prender-nos nas suas armadilhas.

É por isso que a história do homem endemoninhado de Gadara demonstra tão bem que a nossa única esperança é colocar nossas vidas aos cuidados da proteção de Jesus, orando fervorosamente por sua presença. Sem Cristo, somos presa fácil para Satanás. Mas, como diz a Escritura, “maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4).

Camuflagem e Falsificações
A Bíblia diz: “a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito” (Génesis 3:1). As serpentes são especialistas em camuflagem. Se escondem na grama ou entrelaçadas nos galhos de uma árvore, elas também são especialistas em se fazerem passar por criaturas que são mais perigosas. Por exemplo, quando ameaçada, a inofensiva cobra vai vibrar a cauda nas folhas secas para imitar o som de sua prima venenosa, a cascavel.

Da mesma forma, para toda a criação boa de Deus (mesmo o amor), Satanás produz uma falsificação convincente. Por exemplo, na história do Êxodo, os magos de Faraó eram frequentemente capazes de falsificar o poder e os milagres de Deus (cf. Êxodo 7:10-12). Da mesma forma, Satanás é mais perigoso e eficaz quando ele está imitando os milagres e mensageiros de Deus, a Escritura adverte sobre os “espíritos de demónios que fazem prodígios” (Apocalipse 16:14).
Ao contrário de Deus, que trabalha apenas dentro dos limites da verdade e do respeito, Satanás vai cozinhar um guisado de verdades e mentiras numa combinação que pode destruir as vidas daqueles que ele pretende manipular.

Cada Serpente pode ser Derrotada
O relato de Génesis sobre a primeira tentação neste planeta concentra-se na serpente e Eva. Do mesmo modo, encontramos na primeira profecia imagens de uma batalha em curso entre a “mulher”, que representa a igreja de Deus e a “serpente”, Satanás (ver Génesis 3:14, 15). Esta profecia promete a vitória definitiva da semente da mulher, o Salvador, que destruiria a serpente.

Serpente em uma Vara
O verso mais conhecido na Bíblia é João 3:16, que diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Mas se você perguntar às pessoas, mesmo cristãos, para citar os dois versos anteriores, poucos poderiam fazê-lo! No entanto, o versículo 16 é uma continuação de um pensamento iniciado lá: “do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado; para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.” (João 3:14-15).

É interessante ver que antes de João 3:16, lemos sobre a serpente. De fato, estes três versículos juntos encapsulam toda a grande controvérsia entre Satanás, a serpente, e Deus.

Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12:32).

A autora cristã e comentarista Ellen White diz: “O povo sabia muito bem que, por si só, a serpente não tinha poder para ajudá-los. Era um símbolo de Cristo. Como a imagem feita à semelhança das serpentes destruidoras era erguida para cura deles, assim Alguém nascido “em semelhança da carne do pecado” (Rom. 8:3), havia de lhes ser Redentor” (O Desejado de Todas as Nações, páginas 174, 175).

Como João (12:32) diz, é quando olhamos para Jesus na cruz que somos atraídos a Ele pelo Seu amor por nós. Quando nós olhamos com fé o sacrifício que o Redentor fez por nós, somos salvos da picada da serpente e o poder do seu veneno é neutralizado.

No Museu Topkapi, em Istambul, na Turquia, é exibida uma taça muito preciosa. Uma serpente de ouro está equilibrada no centro do copo. É decorada com olhos de rubi e dentes de diamante, prontos para atacar. Quando a taça está cheia de vinho, o líquido vermelho esconde a cobra, mas quando o vinho é bebido, a serpente é revelada.

Quando Jesus veio para morrer por nós, Ele recuou ante o pensamento de levar o nosso pecado devido a separação do Pai que isso implicaria. É por isso que Ele orou: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39). Então, humilhando-se, Jesus bebeu o cálice de pecado. E quando Ele foi levantado na cruz, a serpente, que tinha estado a desfrutar de cada chicotada e insulto sofrido por Jesus foi derrotada.

Artigo traduzido da revista Signs of The Times

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