domingo, 15 de maio de 2011

TERCEIRO DIA - A MULHER E O DRAGÃO (Apocalipse 12)

Quando nos aproximamos do livro do Apocalipse parece que estamos numa espécie de ante câmara do quanto o apóstolo Pedro chamou de “outras Escrituras”, ou seja, o Antigo Testamento – II Pedro 3.16. Na verdade, dos quatrocentos e quatro versículos que compõem este livro, cerca de duzentos e setenta e oito pertencem a estas “outras Escrituras”. Tendo em conta este enraizamento, alguns comentadores precisam que “este livro do Novo Testamento é o que mais se refere ao Antigo Testamento e às instituições judaicas tradicionais. Neste contam-se, não menos de duas mil alusões ao Antigo Testamento, das quais quatrocentas alusões explícitas e noventa citações literais do Pentateuco ou dos profetas”.
Tendo em conta este contexto próximo, para podermos compreender este capítulo que nos ocupa, temos que entender um versículo que encontramos logo no princípio da Bíblia, um versículo de capital importância; diríamos até que, dentro da importância que todos os textos têm, este é um dos mais importantes, pois nele encontramos de uma forma resumida a razão de ser de toda a Escritura. O texto em causa encontramo-lo em Génesis 3.15. Aqui podemos ver um diálogo de Deus com Satanás: - “E porei inimizade entre ti e a mulher; e entre a tua semente e a sua semente; esta (este) te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Aqui encontramos quatro aspectos: 1- inimizade; 2- serpente; 3- mulher; 4- duas sementes (do dragão e da mulher). Irá existir uma inimizade mortal entre a serpente e a mulher; entre a semente da serpente e a da mulher. Mas, como nos podemos aperceber, a verdadeira guerra não é entre a serpente e a mulher e as respectivas sementes.207 Se repararmos bem para a última parte do versículo, é dito que “(…) este te ferirá
a cabeça”, o que significa que esta descendência não se encontra, filologicamente, no feminino, mas no masculino. Na verdade, quem é a verdadeira semente da mulher? Sem sombra de dúvida que é Cristo A quem Satanás odeia em primeiro lugar? À Igreja ou Aquele que está na sua base? E a quem esta entidade quis destruir em primeiro lugar? Claro, a Cristo. Porquê? Porque Satanás sabia, desde o Jardim do Éden que esta “semente” era um “ele” – Cristo – e não uma semente, um colectivo. Note-se, a este respeito o reforço desta verdade no interior do texto do Apoc.12.5, pois aqui é dito que “a mulher deu à luz um filho,
um varão, (…)”. Do termo impreciso - “filho” -, que poderá ser entendido por ele ou ela, o texto acrescenta, reforçando de uma forma precisa que, este “filho” trata-se de um varão.
A análiseEste capítulo começa com uma referência ao passado, ao dizer: – “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça” – v. 1. Esta mulher, biblicamente falando é símbolo de uma Igreja – cf. Jeremias 6.2; II Coríntios 11.2; Efésios 5.23,25-27. Pela descrição que é feita, esta representa uma Igreja pura, que contrasta com a que nos será apresentada no capítulo 17 deste mesmo livro - uma mulher prostituída, como veremos. Porquê a referência a doze estrelas? Afinal, de que fase da história da mulher/Igreja nos está a ser apresentada neste capítulo? Tudo aponta para a alusão ao Antigo Testamento. Qual a razão? Quando se vê a descrição que é feita desta mulher, que “estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsia de dar à luz” – v. 2 - o que é que o vidente de Patmos nos quer mostrar? Note-se que, quando o apóstolo vê a mulher, a criança ainda não tinha nascido. Assim, esta mulher grávida representa, efectivamente, a Igreja do Antigo Testamento, que desejava, ardentemente, a vinda do Messias há tanto tempo prometido e prestes a nascer para a libertação plena de Israel – o povo de Deus.
O período do Antigo Testamento é, profeticamente falando, coberto pelos símbolos do: leão, urso do leopardo, assim como parte do espaço ocupado pelo poder simbolizado pelo dragão. Aqui esta personagem aparece claramente com todas as suas características – “e viu-se (…) um grande dragão vermelho, tinha sete cabeças e dez chifres e sobre as suas cabeças dez diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu (…) e o dragão parou diante da mulher (…)” – v. 3,4. Quem será este dragão? Para alguns biblistas esta entidade é enigmática ao ponto de ser afirmado que “este Dragão e Serpente só pode ser o Império Romano”. Mas, numa leitura mais atenta, vemos que o próprio texto desvenda a sua verdadeira identidade, quando diz que – o dragão - é: - “(…) a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás (…)” – v. 9. Não esqueçamos que tudo são símbolos e, nesta qualidade, independentemente do actor ou actores em palco, é preciso ver quem está nos bastidores a mover as marionetas; ou seja, o executante é, na verdade o Império Romano, mas o que o manipula é, na verdade, Satanás. Por esta razão o Apocalipse não refere quem está em palco, Herodes ao serviço do Império, para “tragar o filho (Cristo)” – v. 4, mas o verdadeiro inspirador – Satanás – v. 9.
Como já referimos, o Apocalipse 12 começa antes de nascer a criança (Cristo), ou seja, em pleno Antigo Testamento. Mas, quando ela nasce é Roma que está ao leme do mundo de então – o braço de actuação de Satanás. E a quem o dragão quer matar? A mulher ou a sua semente? Obviamente que é esta última, para evitar o cumprimento da profecia do passado que anunciava que , que constitui a semente – Génesis 3.15 –, lhe esmagaria a cabeça. Assim, a primeira guerra é entre Satã e Cristo. Desta forma, Cristo veio da Igreja do Antigo Testamento aqui representada pela mulher, ou seja, um judeu descendente de Abraão, David. A mulher tinha um sinal que a identificava como símbolo do Antigo Testamento visto ter uma coroa com 12 estrelas – as 12 tribos de Israel.
Este dragão tem 10 chifres. Até aqui estamos, simplesmente, a seguir a mesma ordem de Daniel 2 e 7 e que a iremos encontrar, de novo, no cap. 13. Assim sendo, que etapa virá a seguir, ou seja, após o dragão de 10 chifres? Como podemos ver é o período do chifre pequeno, ligado à perseguição ao longo de 1260 anos – v. 6. O v. 5 refere que a mulher “deu à luz um filho, um varão (…)”. Estranha forma de se expressar – um filho varão! Mas será que um filho não é sempre um varão?! Claro que sim. Qual é a razão que está subjacente a esta precisão? O vidente de Patmos está a realçar que nasceu um macho. Pois, recorde-se o enunciado de Génesis 3.15: - “(…) esta te ferirá a cabeça (…)”. Assim, a semente da mulher é um homem nascido de mulher, não de homem. Na Palavra de Deus, nas genealogias a procriação é exclusivamente atribuída ao homem – Abraão engendra Isaque; Isaque a Jacob, etc - cf. Mateus1.1-17. Na de Lucas 3.23-38 repete a mesma maneira de proceder, à excepção da de Jesus. Pois o evangelista, a este respeito, refere que “Jesus, (…) segundo diziam, era filho de José” – v. 23. Aqui encontramos a excepção, a qual é corroborada por S. Paulo, ao dizer do nascimento de Cristo que “(…) Deus envio o seu Filho, nascido de mulher (…)” – Gálatas 4.4. Nascido de mulher! Qual a necessidade de se expressar desta maneira, quando um parto é impensável sem uma mulher?! Claro, para reforçar a ausência do elemento humano masculino, terreno. Para os cépticos, como é que o autor do Génesis sabia que deveria de acontecer um nascimento sem intervenção do elemento terreno, o homem? Estamos, portanto, em presença da inspiração e veracidade das Sagradas Escrituras.
Ao continuarmos a leitura do Apocalipse 12.5 encontramos o seguinte excerto: - “(..) e o seu Filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Esta é uma referência à ressurreição e ascensão de Cristo ao céu. Como Cristo escapou das suas mãos, o dragão irá apontar as suas baterias carregadas de ódio na direcção da Igreja. Em Daniel 7, como vimos, temos o dragão e deste saem 10 chifres – v. 7; de seguida aparece a perseguição movida pelo chifre pequeno que sai da cabeça do dragão ao longo de 3 ½ tempos, isto é, 1260 anos. Voltemos, de novo, para o texto de base que nos ocupa. Aqui, no v. 6 encontramos exactamente o mesmo contexto, quer de perseguição quer quanto à extensão da mesma no mesmo tempo longo – 1260 anos. Como já referimos, a ordem dos acontecimentos nos diferentes livros que nos ocupam é sempre a mesma. A entidade que incentiva esta perseguição é sempre a mesma – Satanás – sob a forma política, símbolo da besta e sob a religiosa, através do chifre pequeno. O tempo descrito é sempre o mesmo, só que apresentado de três formas diferentes: 1- período de 3 ½ tempos (Daniel 7.25; Apocalipse 12.14); 2- período de 1260 anos (Apocalipse 12.6); 3- período de 42 meses (Apoc. 13.5). Vejamos a sequência: a- em Daniel 7 nos é dito que o chifre pequeno persegue os santos de Deus e os vence – v. 21,25; b- em Apocalipse 13.7 refere que este poder persegue os santos de Deus e os vence; c- finalmente, em Apocalipse 12.6 mostra-nos que a mulher é perseguida e foge para o deserto sendo ali alimentada por Deus ao longo de 1260 anos.
Vejamos agora Apoc. 12.7-9,13. Estes versículos texto mostram-nos algo de interessante. Antes de mais, este excerto convida-nos a abrir um parêntesis: - aqui nos é dado a conhecer que Satanás foi expulso do céu, onde habitava – v. 7,8. Este drama desenrolar-se-á em duas fases. A primeira vez: do céu, ou seja - antes da criação do homem – quando “O arcanjo Miguel (Cristo) e os Seus anjos batalharam contra ele e os respectivos anjos. Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado na terra ele e os seus anjos” – Apoc. 12. 7-9b”. Houve no céu o pecado e este não podia ser tolerado, assim como o seu autor – Lúcifer. Acerca deste facto, é dito nas Escrituras que Lúcifer “(…) peca desde o princípio (…)” – I João 3.8; Ezequiel 28.5; A segunda vez: dos concílios celestiais, ou seja - depois da criação do homem. O que é que acontecia nestes concílios? Segundo o relato bíblico, nestes concílios celestes compareciam perante o Senhor os representantes dos mundos criados e, entre os quais - Satanás - Job 1.6; 2.1; 38.7. É de estranhar a sua presença ali, pois o legítimo representante da Terra, segundo as Escrituras Sagradas, deveria ser Adão, porque quando este casal foi criado: - “Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que se move sobre a terra” – Gén. 1.28. Portanto, o domínio era absoluto, total, sobre toda a Terra; e, nesta qualidade este ali deveria estar presente. Mas, para nossa surpresa encontramos, não ele, mas Satanás! Porquê? Qual a razão para a sua presença, entre os filhos de Deus no concílio celestial? Na verdade, Adão por ter desobedecido – Gén. 3.1-21 – perdeu o direito de dominar e este domínio para outras mãos, para outro senhor – Satanás. Adão, ao ceder, tornou-se servo de Lúcifer – cf. Rom. 6.16; II Pedro 2.19. Existe um diálogo entre Deus e esta personagem nestes termos: – “(…): Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela” – v. 7. Isto dito por outras palavras: - aqui estou perante Ti, após ter estado no meu território – a Terra. Deus, desta vez, faz-lhe uma pergunta acerca de um habitante particular da Terra - o Seu servo Job, dizendo: - “Observaste tu a meu servo Job? (…). Ele é um homem sincero, recto, temente a Deus e desviando-se do mal” – v. 8.
Seria de esperar uma resposta à altura de tamanho desafio da parte de Deus. Agora Satanás tinha, dada por Deus, à sua mercê a grande oportunidade para acusar Job, desmascarando-o, pondo a nu todos os seus pecados… pelo menos o leitor fica nesta expectativa! Mas, contrariamente ao esperado, não existe a menor falha para relatar e assim contrariar os elogios de Deus ao Seu servo Job! Esta personagem utiliza, uma vez mais, a sua arma favorita, desde sempre, – a dúvida. Satanás limita-se a responder ao Senhor, nestes termos: - “Porventura teme Job a Deus em vão? Porventura não o cercaste tu de bens, a ele e a sua casa e a tudo quanto tem? (…). Mas, estende a tua mão e toca-lhe em tudo quanto tem e verás se não blasfema de ti na tua face.” – v. 9,10. Ali estava ele, no concílio celestial, a cumprir o papel que mais gozo lhe dá – acusar os filhos de Deus de todas as épocas - tal como refere, claramente, Apoc. 12.10a.
Quando é que esta personagem perde este direito? O mesmo texto do Apocalipse nos revela. Antes, porém, vejamos algumas partes para melhor compreendermos o todo. Vejamos alguns episódios da vida de Jesus Cristo. No início do Seu ministério, na Sua preparação no deserto, esta criatura aproxima-se de Jesus, para Lhe arrancar o que sempre desejou – a adoração! Satanás ousou dizer: - “Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu” – Lucas 4.5-7. Em primeiro lugar, ele informa o Senhor Jesus que o domínio da Terra lhe foi entregue; e por quem? Por Adão, devido à sua queda. Em segundo lugar, o que Satanás estava, de certa forma, a dizer a Jesus era: - eu sei a razão pela qual vieste a esta Terra; vê bem, não precisas de ir até à cruz e sofrer. Dar-te-ei todo o poder e, com a grande vantagem de não sofreres – cf. Mat. 16.21-23! Lúcifer sabia que, para ele, tudo estaria perdido para sempre se Jesus morresse na cruz; assim, ele teria que fazer tudo por tudo para que a cruz nunca acontecesse! Certa vez, Cristo ao referir-se a esta sinistra criatura, diz: - “(…) se aproxima de mim o príncipe deste mundo (…)” – João 14.30. Jesus, antes da sua crucifixão, disse alto e em bom som: - “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer” – João 12.31-33 (sublinhado nosso). Na verdade, quando Cristo expirou na cruz do Calvário foi lavrada, definitivamente, a sentença de Satanás. Pois não só “Satanás foi derrotado e que o seu reino estava perdido”, como também perdeu o direito de nos representar no concílio celeste. Sim, desde a cruz, esta personagem não tem acesso ao céu e aos concílios celestiais, pois já não representa ninguém! Agora, não mais ele, mas Cristo é o representante desta Terra, tal como o diz claramente o texto do Apocalipse – “(…). Agora chegada está a salvação e a força e o reino do nosso Deus e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite” – Apoc. 12.10.
Retomemos o texto de Apocalipse 12. Aqui, no v. 5, fala da ascensão de Cristo ao céu; e, logo a seguir fala de um período de 1260 anos. No v. 13 diz: - “E quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão”. Já vimos que a morte de Cristo foi a força que lançou Satanás nesta Terra e, acto contínuo, o dragão perseguirá a mulher que concebera o filho varão. No v. 14 diz que: - “foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente.” Aqui encontramos o mesmo espaço temporal já referido, anteriormente, no v. 6, só que expresso de forma diferente. Seguindo este método de examinar a profecia, evitamos a especulação ou qualquer método interpretativo da profético, visto que, de uma forma disciplinada examinamos, nada mais do que a sucessão dos eventos. Não é preciso especular acerca da identidade do chifre pequeno ou onde o encontrar, ou ainda acerca de quando irá surgir. Segundo a Palavra de Deus, a fase de supremacia absoluta deste poder já está no passado, apesar de estar, nos nossos dias, a ressurgir com força na cena político-religiosa.
Na continuação, no v. 15, é dito que: - “E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio para que pela corrente a fizesse arrebatar”. Na verdade, o que poderá significar a frase: - “E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio (…)”. Tudo devidamente enquadrado na simbologia profética, quer dizer que Satanás lança em perseguição da mulher todo o potencial ao seu serviço (água), ou seja, multidões, gentes, nações e línguas – cf. Apoc. 17.15. Na verdade, qual era o propósito? O próprio texto o revela claramente: “(…), para que pela corrente a fizesse arrebatar”. Implícito neste propósito está o tempo da perseguição impiedosa à Igreja de Cristo, aos santos do Altíssimo ao longo de 1260 anos, como acima vimos. E quem veio em socorro desta mulher/Igreja? O v. 16 dá a resposta: - “E a terra ajudou a mulher (…)”. O que representará esta entidade – a “terra” – de onde, mais tarde, sairá a besta com dois chifres, isto é, um reino, governo, país, império – cf. Dan. 7.23. Em Apoc. 12 dá-nos uma informação preciosa em relação à entidade que vem em socorro da mulher – a terra – visto ser esta “terra” que ajudará a mulher neutralizar a ira do dragão – cf. v. 16. Aqui, a ênfase é o aspecto geográfico, pois é um território que a ajuda. Esta ajuda a mulher mas, de que forma? É dito que “(…) abriu a sua boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.” – v. 16. Ou seja, a acção da terra suspende a perseguição movida contra a mulher pelo dragão, proporcionando-lhe refúgio até ao fim da perseguição. Ao longo deste período de perseguição qual era a Igreja verdadeira? A popular ou a perseguida? Neste caso, a verdadeira era esta última.
Para onde fugiram os perseguidos religiosos vindos a Europa? Na verdade, que lugar à face da Terra concedeu refúgio a todos aqueles que, vindos da Europa, eram perseguidos pela sua religião contrária à Igreja dominante e popular? Vieram para fugir à perseguição religiosa. Vieram para a “terra” que ajudou a mulher. Só existe um país no mundo que corresponde ao que estamos a tratar – a América do Norte. Esta terra recebeu aqueles que foram perseguidos por não poderem cultuar a Deus de acordo com as suas consciências, visto que o poder político – religioso representado pelo chifre pequeno – Daniel 7 e 8 - o não permitia nos seus países de origem. Aqui, finalmente, encontraram a liberdade que tanto necessitavam ao abrigo da separação de poderes – Igreja/Estado – devido ao estabelecimento de um governo democrático, onde todos podiam adorar Deus de acordo com as suas consciências. Este país – os Estados Unidos - biblicamente falando, está representado pela “terra” – Apoc. 12 e 13. Porque é que ao longo da Idade Média o papado pôde perseguir todo aquele que com ele não concordava ou aceitava? Fazia-o, não pelo seu próprio poder – cf. Dan. 8 24 - mas, pela simples razão que era uma Igreja, um poder, que podia utilizar, a seu contento, o Estado, ou seja, o poder civil. Pois quando a Igreja se une ao Estado o resultado é, a seu tempo, a perseguição religiosa. Como facilmente se compreenderá, será que a serpente ficou contente com esta ajuda, manifestada sob princípios de liberdade civil e religiosa aqui existentes? Claro que não. Assim, a reacção a encontramos, precisamente, no verso 17. O dragão irá irar-se contra a mulher. E aqui, de novo, encontramos as mesmas vertentes de acção de Génesis 3.15: 1- uma mulher; 2- uma serpente; 3- inimizade; duas sementes.
Será que as características deste remanescente são: 1- que guardam os mandamentos de Moisés; 2- guardam os mandamentos dos judeus; 3- que guardam 9 mandamentos? Claro que não. Este remanescente, ou seja, os verdadeiros cristãos que permanecem fiéis, de todas as eras e, em particular, os dos últimos dias, afinal continuam a guardar os mandamentos de Deus – Apoc. 12.17. Este texto continua a ser uma pedra de tropeço para todos aqueles que sustentam que, na cruz e em Cristo, a lei foi abolida e que, desde então, vivemos sob uma nova dispensação ou sob um novo pacto ou concerto – este texto deveria dizer: - mandamentos de Jesus! Mas, não! Porquê? Por duas razões: 1ª- porque tal nunca aconteceu, a não ser devido a uma má interpretação constante dos textos paulinos, apesar da advertência do apóstolo Pedro a este respeito – cf. II Pedro 3.15,16; 2ª – porque Jesus, simplesmente, não trouxe mandamentos novos para substituir os anteriores, pois estes são eternos, como o seu autor – cf. I João 2.7. Ou ainda para estar de acordo com outras correntes de opinião, a saber, que tratam e concebem os 10 mandamentos como sendo simplesmente - lei mosaica. Se quisermos saber qual é a verdadeira Igreja de Deus para os últimos dias, esta terá que ter algumas características que a tornam única no seio da cristandade. A 1ª e a mais importante, que faz com que a Igreja seja única no universo cristão é a doutrina do santuário, pois as diferenças cerimónias realizadas nele – desde o Pátio ao Lugar Santíssimo - apontavam para Cristo, Aquele que era “o fundamento da organização, (economia) judaica. Todo o sistema de tipos e símbolos era uma profecia do evangelho condensada, uma representação em que estavam presentes as promessas de redenção”. A 2ª, não menos importante é que guarde, observe, respeite e ensine integralmente a santa Lei de Deus - os 10 mandamentos de Deus – neles incluído, obviamente, o 4º mandamento – o Sábado – ou seja, o 7º dia da semana. Eis as verdadeiras características que tornarão único, singular, o povo de Deus que constitui o remanescente da Igreja nos últimos dias da história desta terra.
Mas em função deste cenário o que se propõe fazer o chifre pequeno? Única e simplesmente – alterar os mandamentos de Deus! Na verdade, o que é ensinado, tal como já referimos, pela esmagadora maioria das confissões cristãs contemporâneas, é que o 4º mandamento foi, na cruz do calvário, abolido e substituído pelo Domingo – 1º dia da semana! Visando e reforçando a santidade do Domingo, a Igreja de Roma publicou a Carta Apostólica Dies Domini (O Dia do Senhor) da pena do papa João Paulo II, emitida a 31 de Maio de 1998. No documento, encontramos entre as muitas afirmações meramente humanas, incoerentes e contraditórias com o claro ensino das Sagradas Escrituras a este respeito, tais como: - (…). Compreende-se assim que os cristãos, enquanto anunciadores da libertação realizada pelo sangue de Cristo, se sentissem autorizados a transpor o significado do sábado para o dia da ressurreição”. Ou ainda “No Domingo leva-se à plenitude o cumprimento total do Sábado. Toda a teologia do Sábado passa para o Domingo, tal como o Antigo Testamento desagua no Novo”. Cabe, claro está, a cada ser humano escolher e aceitar, em total liberdade, ou o que as diferentes Igrejas com os seus líderes dizem e ensinam, ou o que o Senhor Jesus claramente ensinou, ao dizer: - “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito dizendo: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” – Mateus15.6-9.
O remanescente ainda tem outra característica, ou seja, que tem “o testemunho de Jesus Cristo” – Apoc. 12.17b. Na verdade, qual o significado desta característica? Deixemos a Bíblia explicar-se a si mesma. Um pouco mais adiante é-nos dado a conhecer, não só que “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia” – Apoc. 19.10 - como também este - “espírito de profecia” – equivale a ser um profeta – Apoc. 22.8,9. Vejamos mais claramente esta conclusão através do seguinte quadro:

No primeiro quadro, como podemos ver, o dever de guardar os mandamentos de Deus está associado ao testemunho de Jesus. No segundo, o testemunho de Jesus é o próprio espírito de profecia. Finalmente, estes dois elementos, como não podia deixar de ser, estão ligados ao veículo da profecia – o profeta. Assim sendo, a característica fundamental do “resto da sua semente” – Apoc. 12.17 – ou seja, da verdadeira Igreja para o tempo do fim é, não só guardar os mandamentos de Deus, como também ter no seu seio um profeta que será o veículo do testemunho de Jesus, ou seja, o espírito de profecia, para este tempo final da história deste planeta. O combate entre as forças das trevas apenas foi esboçado neste capítulo. No seguinte, como iremos ver, encontraremos os diferentes meios que Satanás utilizará para melhor cumprir os seus propósitos, ou seja, eliminar a verdadeira Igreja de Jesus Cristo – o único arauto da verdade. E porque a terra ajudou a mulher, o diabo enche-se de ira como veremos no capítulo 13 do Apocalipse.

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