quarta-feira, 25 de maio de 2011

SEGUNDO DIA: OS QUATRO ANIMAIS E UM TRIBUNAL (Daniel 7) D

O juízo investigativo, no céu.
- “Eu continuei olhando, (…) e um ancião de dias se assentou” – v. 9ª. A expressão é mais uma descrição do que um título, pois refere-se a Deus, o Pai. Este entra em cena e o julgamento começa.
– “(…) assentaram-se os juízes” – v. 10b. Estas palavras implicam, como facilmente se compreenderá, uma postura que visa a apreciação sobre um certo número de casos.
- “(…) e abriram-se os livros” – v. 10. Depois de ser descrito o tribunal, o juízo que se seguirá é, manifestamente, investigativo ou fase pré-advento, devido à alusão da abertura dos registos (livros) que se encontram no céu. A abertura destes livros é importante, na medida em que estes contêm informações que deverão ser examinadas.
A questão que importa esclarecer é: - quem é que será investigado? Neste inquérito preliminar “os únicos casos a serem considerados são os do povo de Deus” – cf. I Pedro 4.17. Deus é o supremo juiz, enquanto que o papel de Cristo é o de Advogado e, em simultâneo, de Mediador – I Timóteo 2.5; Hebreus 9.11-15,23-26; I João 2.1. Tal como o texto refere – Daniel 7.18,27 - devido ao prévio exame dos seus casos, os santos receberão o reino como herança, após o julgamento; e só assim se compreenderá tal gesto. Assim, devido a este facto, “todos quantos desejem que o seu nome seja conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro”.
O juízo investigativo que tem por objectivo recapitular a obra da Graça e de justificar o carácter de Deus, “deve efectuar-se antes do segundo advento do Senhor”, antes: 1- que recaia a sentença sobre o pecado e pecadores; 2- da instauração de um mundo novo. Por isso, o povo de Deus é admoestado a “ter agora os olhos fixos no santuário celeste, onde se está processar o ministério final do nosso grande Sumo-sacerdote na obra do juízo – e onde está a interceder pelo Seu povo”. Assim, neste “juízo investigativo todos os casos serão examinados. Esta investigação não tem por objectivo informar Deus ou o Cristo, mas sim todo o
universo, a fim de que Deus seja justificado ao aceitar uns e rejeitar outros. Satanás reivindica a humanidade como sua. Aqueles pelos quais Jesus intercede no juízo, Satanás os acusa diante de Deus, Jesus os defende tendo em conta a sua contrição e fé. O juízo investigativo permitirá indigitar, antes do Milénio, quem será digno da eternidade e da ressurreição dos justos – Apocalipse 22.11,12; 20.6. Depois, “o julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada e ocorre em ocasião posterior”, ou seja, durante o Milénio, no qual os justos participarão – I Coríntios 6.2,3; Apocalipse 20.4. Depois do veredicto (Apocalipse 20.12), logo após o Milénio, os injustos ressuscitarão (Apocalipse 20.5a,13a) para receberem a respectiva recompensa – Apocalipse 20.14,15.
Resultará do juízo um registo com os nomes dos cidadãos do vindouro reino de Cristo. Este livro contém os nomes de homens e de mulheres de todas as nações, tribos, línguas e povos. O apóstolo João fala dos salvos, na nova terra, como – Apocalipse 21.24”. Foi dito que, no julgamento, os livros são abertos e o caso de cada um, morto ou vivo, é examinado – cf. Apocalipse 11.18. De que livros se trata? As Escrituras falam de 3 tipos de livros: 1- O livro da vida – onde são inscritos os nomes dos salvos: - Êxodo 32.32,33; Daniel 12.1; Lucas 10.20; Filipenses 4.3; Apocalipse 3.5; 17.8; 20.12,15; 2- O livro das memórias – onde se encontram inscritas todas as boas acções: - Malaquias 3.16; 3- O livro da morte – onde estão inscritas todas as más acções: - Jeremias 2.22; 18.23; Oseias 13.12; Apocalipse 20.12.
Como acabámos de ver, existem livros pelos quais os mortos, em especial os injustos, serão julgados segundo as suas obras - Apocalipse 20.12 – retribuição esta que acontecerá, segundo o relato bíblico, no fim do Milénio. No entanto, convém recordar que o julgamento descrito em Daniel 7 é diferente em relação ao tempo em que ocorre, pois acontecerá antes do Milénio, na medida em que a sua sessão terá lugar enquanto ainda o chifre pequeno actua contra o povo de Deus.
- A entronização do Filho do homem – “(…) eis que vinha nas nuvens dos céus, um como o filho do homem (…)” – v. 13a. No Novo Testamento, Cristo falou de si próprio como sendo “filho do homem” e, como consequência, esta expressão ali vem narrada cerca de 82 vezes. Aqui, no profeta Daniel, encontramo-la pela primeira vez.199 Esta expressão é identificada com que personagem? Como resposta a encontramos a seguinte informação: - “A literatura rabínica também identifica o ser de Daniel 7.13 com o Messias”. Assim, esta expressão “serviu, na época de Jesus, para designar um Salvador escatológico”.
- O Filho do Homem recebe o reino das mãos do Pai - “e dirigiu-se ao ancião de dias e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, a honra e o reino para que todos os povos, nações e línguas o servissem (…)” – v. 13b e 14ª. Sendo Deus o “Ancião de Dias”, o Pai, será Ele a presidir a este juízo investigativo, tendo como testemunhas as miríades de anjos que assistem a este grande tribunal. Segundo a dinâmica do texto, o Filho do homem recebe o reino do Ancião de dias, no céu, na presença da multidão de anjos (e o fizeram chegar até ele – v. 13b). É após este julgamento que o reino lhe é atribuído. Por sua vez, os santos do Altíssimo recebem o reino, nesta terra, (v. 27a). Segundo o que o profeta viu em visão (v. 13) não existe nenhuma alusão directa à vinda do Filho do homem sobre a terra.
Acerca deste assunto, não deixa de ser interessante o comentário da serva do Senhor, ao referir que esta “não é a Sua segunda vinda à Terra. Ele vem ao Ancião de dias, no Céu, para receber o domínio, a honra e o reino, os quais Lhe serão dados no final da Sua obra de mediador. É esta vinda (ao Ancião de Dias) que foi predita na profecia como devendo ocorrer ao terminarem os 2300 dias, em 1844 (Daniel 8:14), e não o Seu segundo advento à Terra. Assistido por anjos celestiais, o nosso grande Sumo-sacerdote entra no Lugar Santíssimo”. Por isso, “a estrutura da visão indica claramente que o julgamento situa-se, cronologicamente, antes da vinda e não durante ou depois. O verso 26 deixa mesmo entender que acontecerá logo após o período de 1.260 anos, ou seja, logo após 1798. Imediatamente após a menção deste período de tempo , o texto continua e diz: - ” - v. 26
O julgamento do chifre pequeno.
- “Eles tirarão o seu domínio, para o destruir (…)” – v. 26. O mesmo fim já foi anunciado na visão da estátua – Daniel 2.35; em Daniel 7.11 “(…) até que o animal foi morto e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo” – e estará presente em Apocalipse 17.16 – “E os dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne e a queimarão no fogo”. Assim será julgado e condenado o Poder representado pelo chifre pequeno e os reis da Terra. A monarquia politico-religiosa que permaneceu muito mais tempo do que as outras monarquias terrestres, acabará por se afundar – “(…), mas virá o seu fim, e não haverá quem o socorra” – Daniel 11.45. Esta grande visão caótica do grande final do acerto de contas dos inimigos de Deus e nestes está incluído este sistema político-religioso, sob a forma de Babilónia mística – Apocalipse 16.19; 17.1,16-18; 18.10,21-24
O reino dos santos do Altíssimo.
“O reino, o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” - v. 27. O olhar do profeta visa a eternidade “(…) em que habita a justiça” – II Pedro 3.13.
Na realidade, nesta fase cumprir-se-ão muitas promessas expressas na Palavra de Deus em relação aos eleitos – “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” – Mateus 5.5. Nesta teocracia perfeita e definitiva, todos os salvos estarão associados à realeza de Jesus Cristo, visto que é dito que “ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono (…)” – Apocalipse 3.21. Este reino, em contraste com os reinos terrestres do passado e do presente, será como sempre fora anunciado, ou seja, universal e eterno – Daniel 2.44; 7.14.
Síntese.
Como pudemos constatar, comparando Daniel 2 com o 7, notamos que este último cobre o mesmo material do primeiro. Simplesmente, este capítulo adiciona muitos detalhes à estátua. Em Daniel 7 temos 4 bestas tal como em Daniel 2 encontramos 4 metais. Como vimos, neste último, o ouro representa Babilónia; aqui, o leão, representa o mesmo poder – Babilónia. A prata e o urso, são as duas faces do mesmo símbolo, a Medo-Pérsia. O bronze e o leopardo representam o reino da Grécia. O ferro e o dragão representam Roma. Assim sendo, claramente se vê que o capítulo 7 segue a mesma ordem do capítulo 2, como se poderá ver neste pequeno gráfico:

No texto – “(…), o qual tinha dentes grandes de ferro (…) e tinha dez pontas (chifres)” – v. 7. Apercebemo-nos que no dragão continua a estar presente o elemento “ferro”, nos dentes. Este dragão tem dez chifres e todos eles saem do mesmo sítio, da cabeça do dragão/Roma, ou seja, segundo a analogia acima (10 dedos/10 reinos bárbaros). E, em Daniel 7, onde está o elemento que corresponde ao barro de Daniel 2, encontramo-lo em Daniel 7.8 “(…) subiu outra ponta pequena”. Afinal, como é que este chifre opera? O texto bíblico refere: 1- “(…); falava grandiosamente; 2- “Proferirá palavras contra o Altíssimo”; 3- “destruirá os santos do Altíssimo”; 4- “e cuidará em mudar os tempos e a lei” - v. 20,25. Reiterando o que dissemos, perante estas evidências o texto mostra-nos um chifre, cuja actividade é, predominantemente, religiosa.
Convém recordar que quando este dragão/Roma Imperial se levanta e começa a governar não tinha: os 10 chifres e o outro pequeno, pois ambos são posteriores – Daniel 7.23,24; tal como em Daniel 2, das pernas de ferro sairão 10 dedos misturados com o elemento – barro – igualmente, ambos são posteriores ao ferro/Roma Imperial. Todos os elementos dos capítulos correspondem entre si. No capítulo 2 encontramos a menção de uma “pedra”, que significa o juízo, e que colide com a estátua, resultando na instauração do reino eterno de Deus (2ª vinda de Cristo). No capítulo 7.9,14: 1- “foram postos uns tronos e um ancião de dias se assentou”; 2- “(…), foi-lhe dado o domínio e a honra e o reino (…) que não será destruído”. Aqui acontece o juízo, presidido pelo ancião de Dias, seguido da instauração do reino eterno de Deus. Portanto, assim como Daniel 2 nos mostra a pedra (juízo), contemporânea do – barro/Igreja/Roma papal – parte final da estátua, – vindo a seguir o reino de Deus -, da mesma forma Daniel 7.11,26 nos mostra que o chifre pequeno exercerá o seu poder mesmo depois do juízo, ou seja, até ao momento da 2ª vinda de Cristo.
Esta entidade, apresenta-se como uma personagem hostil a Deus, sendo esta também conhecida, biblicamente falando, por Anticristo. Na verdade: a) o chifre pequeno - Dan. 7; b) a besta de sete cabeças e dez chifres - Apoc. 13.1; c) o homem do pecado - II Tess. 2.3. Esta criatura criada que, segundo o seu estilo, anima todo e qualquer intento contra o seu Criador – o Deus Eterno, o Deus Todo-Poderoso.

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