domingo, 18 de dezembro de 2011

A PRIMEIRA MENSAGEM APOCALIPSE - A HORA DO JUÍZO

No livro de Daniel, capítulo 8, encontramos uma sequência de eventos históricos que precedem a segunda vinda de Cristo; nele é descrito a sucessão de quatro reinos (babilônico, medo-persa, grego e romano) e que, proveniente do último, surgiria um poder que atuaria de maneira singular ao deitar por terra a verdade referente ao santuário celestial, obscurecendo deste modo o ministério intercessório de Jesus. Daniel 7:25 descreve também esse poder dizendo: "Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei..."
Entretanto, Deus não permitiria que Seus ensinos, Sua lei e a verdade relativa ao ministério sumo-sacerdotal de Jesus prosseguisse indefinidamente obscurecida pelo erro. Através de homens e mulheres fiéis e tementes a Deus, Ele reavivaria Sua causa (Isaías 58:12). A reforma protestante redescobriu parcialmente o papel de Cristo como nosso Mediador, o que ocasionou grande reavivamento no mundo cristão. Contudo, havia ainda outras verdades a serem reveladas acerca do ministério celestial de Jesus. E o tempo em que Deus restauraria essas verdades e iniciaria o grande julgamento da raça humana foi revelado ao profeta Daniel:
- Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército a fim de serem pisados?
- Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. (Daniel 8:13-14)
Ao anjo Gabriel fora entregue a missão de explicar esses eventos proféticos, mas, o impacto das informações conduzira Daniel a enfermidade. Por este motivo, ele teve que adiar os esclarecimentos relativos ao período de tempo das 2300 tardes e manhãs; o único aspecto da visão que ainda não havia sido elucidado (Daniel 8:27). Em Daniel 9:22 tem-se o retorno do anjo Gabriel com o objetivo de completar essa tarefa. Portanto, Daniel capítulos 8 e 9 acham-se conectados, sendo o capítulo 9 a chave para desvendar o mistério das "2300 tardes e manhãs" descrito no capítulo 8. Todavia, se faz necessário primeiramente entender o que significa "tardes e manhãs":
"... E disse Deus: Haja luz. E houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia." (Gênesis 1:3-5)
De acordo com as Escrituras, "uma tarde e uma manhã" corresponde a "um dia" (período de tempo aproximado de 24 horas). Portanto, as "2300 tardes e manhãs" mencionadas em Daniel 8:14 equivalem a "2300 dias". Porém, Daniel capítulos 8 e 9 referem-se a tempo profético e neste caso "um dia" equivale a "um ano":
"Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias, cada dia representando um ano..."; "Quarenta dias te dei, cada dia por um ano..." (Números 14:34; Ezequiel 4:7)
A partir desses versos pode-se afirmar que "2300 dias" proféticos representam "2300 anos" literais e, com essas informações, retornemos às palavras do anjo Gabriel dirigidas a Daniel com o intuito de fazê-lo entender o período de tempo descrito na profecia:
"... Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão. Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos." (Daniel 9:22-24)
A partir de Daniel 9:24 pode-se fazer a seguinte pergunta: Qual a relação entre as "setenta semanas" e os 2300 anos?
O anjo Gabriel anunciou que "setenta semanas foram determinadas sobre o povo e sobre a santa cidade" de Daniel, isto é, sobre o povo judeu e sobre a cidade de Jerusalém. A palavra "determinada", nesse verso, foi uma opção de alguns tradutores bíblicos para o verbo hebraico original hebraico (chathak). Porém, o significado mais próximo do original é cortar, dividir, separar.1, 2 O dicionário hebraico-inglês de Genesius3
também estabelece que o significado mais apropriado para chathak é "cortar"4 ou "dividir".
Assim, Gabriel revela que as "setentas semanas" fixadas sobre os judeus e Jerusalém devem ser cortadas ou separadas dos "2300 anos", ou seja, as 70 semanas estão inseridas nos 2300 anos e devem ser subtraídas. Para realizar essa separação de tempo deve-se aplicar o mesmo princípio bíblico, "cada dia por um ano", também as setenta semanas. Uma semana possui 7 dias e na profecia são mencionadas 70 semanas, logo: 70 x 7 = 490 dias (proféticos) ou 490 anos (literais). Então, 490 anos devem ser subtraidos de 2300 anos.
E em que momento se iniciou a contagem dos 490 anos?
"Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos." (Daniel 9:25)
Gabriel declarou que o início da contagem dos 490 anos ocorreu a partir "da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém". E a História registra que essa ordem foi dada pelo rei Artaxerxes, da Pérsia, no ano 457 a.C.
Daniel 9:25 revela ainda que, desde a ordem para restaurar Jerusalém até o Ungido (até o batismo de Jesus Cristo), se passariam "sete semanas e sessenta e duas semanas"5 (que somadas totalizam 69 semanas). Então, a partir da contagem inicial das 70 semanas (490 anos), 69 semanas se passariam até chegar a época do batismo de Cristo. E em tempo profético, 69 semanas equivalem a 483 anos (69 semanas x 7 dias semanais) o que conduz ao ano 27 d.C., data em que se realizou o batismo de Jesus.
Entretanto, Daniel 9:25 menciona somente 69 das 70 semanas proféticas. Resta ainda uma semana a ser analisada:
"E Ele firmará um concerto, com muitos, por uma semana: e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares..." (Daniel 9:27)
A profecia afirma que, na metade da última semana (três anos e meio - 3½) - das 70 semanas - "fará cessar o sacrifício". Em outras palavras, Jesus morreria na cruz e já não seria mais necessário o sacrifício de animais que Israel realizava no santuário terrestre (Mateus 27:51). E a História registra exatamente que no ano 31 d.C., Jesus foi morto, confirmando com extrema exatidão estas profecias.
A outra metade (três anos e meio 3½) da "última semana" terminou no ano 34 d.C. Nessa época o apóstolo Estevão foi apedrejado pelo povo judeu (Atos 7:54-60) e, com isso, o tempo de Israel finda-se; a nação israelense perde as credenciais de sacerdotes e representantes de Deus na Terra (Êxodo 19:5-6; Romanos 3:2; Mateus 21:42-46). Encerra-se deste modo o período de 490 anos ou das 70 semanas proféticas: "setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo..." (Daniel 9:24). A profecia foi dada a Daniel por volta de 607 a.C. e, séculos depois, tudo se cumpriu com exatidão perfeita.
Sendo que os 490 anos estão inseridos nos 2300 anos, e foram "cordados" (subtraídos), em que ano seremos encaminhados ao prosseguir na contagem do tempo que restou?6 Concluiremos que o período de 2300 anos terminou em 1844; ou seja, neste ano iniciou-se a purificação do santuário celestial e o julgamento da humanidade7 pois, deve-se lembrar que Daniel capítulo 9 é uma resposta a pergunta de Daniel 8:13. A seguir os principais eventos descritos nesse capítulo:
457 a.C. Emissão da ordem para reconstruir Jerusalém (Esdras 7:11-28).
27 d.C. Batismo de Jesus (Mateus 3:13-17).
31 d.C. Na metade da última semana (pertencente as 70 semanas), o Messias seria morto. Exatamente três anos e meio após o Seu batismo, Jesus foi morto na cruz (Lucas 23:46 cf Daniel 9:27).
34 d.C. No fim da outra metade da última semana (pertencente as 70 semanas), Estevão foi apedrejado (Atos 7:54-60); a Igreja foi perseguida (Atos 8:1-3); Paulo converte-se e leva o Evangelho aos gentios8 e, o povo judeu perde o título de nação escolhida por Deus.9
1844 Início do Juízo Investigativo (Daniel 8:14; Daniel 7:9-10; Apocalipse 11:19; Apocalipse 14:7).
Segundo as profecias foi a partir de 1844 que o destino dos homens começou a ser levado ao juízo de Deus (cf Daniel 7:10), e milhões de pessoas no mundo ignoram essa verdade. Por isso o Apocalipse declara que era necessário levantar-se "um anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a toda nação, tribo, língua, e povo, dizendo em grande voz: 'Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora de Seu juízo...'" (Apocalipse 14:7). A palavra anjo em linguagem profética significa mensagem ou mensageiro. E perceba que o anjo voa. Isso é urgente (Apocalipse 14:6).
(...) Infelizmente, o juízo, por algum motivo, é mal compreendido. Muitos confundem o juízo divino com os flagelos e catástrofes que acontecerão antes da volta de Cristo, e que também estão profetizados no Apocalipse. Os flagelos são parte da sentença do juízo; não é o juízo. A prisão ou pena de morte, por exemplo, não é o juízo da pessoa, mas a condenação. Juízo é o processo pela qual se considera um caso através de um juiz, um advogado, um promotor de acusação, testemunhas e provas.10 E o profeta Daniel descreve o juízo celestial nas seguintes palavras:
"Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de dias Se assentou; Sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a lã pura... um rio de fogo manava e saía de diante dEle. Milhares e milhares O serviam, e miríades e miríades estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros." (Daniel 7:9:10)
Texto baseado em: Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 23 (O Ministério de Cristo no Santuário Celestial), p. 408.
Vídeo relacionado: O Juízo Final
Leitura complementar: Princípio do Dia Profético.
1. STRONG, J. (1981). The Exhaustive Concordance of the Bible, ed. Macdonald Publishing Company; (Referência n.º 02852).
2. A análise de escritos hebraicos, tais como os Mishnah, revela que embora "chathak" possa significar "determinar", o significa mais próximo é "cortar". - SHEA, W. H. "The Relationship Between the Prophecies of Daniel 8 and 9". In: WALLENKAMPF, A.; LESHER, W. R. (1981). The Sanctuary and the Atonement. Washington, D.C.: Biblical Research Institute, p. 228-250.
3. GENESIUS. (1950). Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament Scripture, London: Samuel Bagster & Sons, p. 314b.
4. A versão espanhola "Sagradas Escrituras" de 1569 apresenta o verbo "cortar" entre parênteses destacando o sentido mais preciso para o verbo hebraico "chathak": "Setenta semanas están determinadas (Heb. cortadas) sobre tu pueblo y sobre tu Santa Ciudad..." (Daniel 9:24).
5. "Sete semanas" correspondem a 49 anos, tempo gasto para restauração e edificação de Jerusalém, e, "sessenta e duas semanas" (434 anos), refere-se ao tempo compreendido entre a conclusão da reedificação de Jerusalém e o batismo de Jesus. "Sete semanas e sessenta e duas semanas" correspondem a soma de 7 semanas + 62 semanas = 69 semanas (483 anos).
6. Durante a contagem dos 2300 anos, considerar que não existe o "ano zero". Tem-se o ano 1 a.C. e em seguida 1 d.C.
7. Hebreus 8:1-2; Hebreus 9:23-24; Daniel 7:9-10 cf Apocalipse 11:19.
8, 9. Mateus 21:42-43; Atos 13:44-52; Isaías 42:6-7; Êxodo 19:5-6; Romanos 3:2.
10. BULLON, A. (1998). O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, 1.ª ed., p. 29.

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