quarta-feira, 8 de junho de 2011

INTRODUCÃO AO LIVRO DE DANIEL



Para todos aqueles que se interessam e amam a Palavra de Deus, o livro do profeta Daniel e o Apocalipse são, sem sombra de dúvida, um verdadeiro tesouro.
Estes livros das Escrituras dão-nos a conhecer que a luta secular entre as trevas e a Luz, da criatura contra o Criador, do erro contra a Verdade, não se passa unicamente ao nível do indivíduo, visando a Igreja de Deus, mas também ao nível das nações e dos seus líderes. Acima dos grandes e poderosos deste mundo, a
palavra profética revela que está o Soberano do universo que, por ter nas Suas mãos a história deste mundo e de todos aqueles que o habitam, a orienta para o seu desfecho final, para um grandioso acontecimento – a segunda vinda - em poder e glória do Senhor Jesus Cristo.
Os temas, que aqui abordaremos, são, pensamos, da mais alta importância para todo aquele que deseje conhecer o quanto Deus tem para revelar para estes últimos dias da história desta Terra. Acerca de Daniel e de Apocalipse, estes dois livros que são o eco um do outro, a serva do Senhor pôde dizer: - “(…). Há necessidade de mais íntimo estudo da Palavra de Deus; especialmente devem Daniel e Apocalipse merecer a atenção como nunca antes na história de nossa obra. (…) mas devemos chamar atenção para o que os profetas e apóstolos têm escrito sob a inspiração do Santo Espírito de Deus; de tal modo tem o Espírito Santo moldado as questões tanto no dar a profecia como nos acontecimentos descritos, que ensina que o agente humano deve ser conservado fora de vista, escondido em Cristo, e que o Senhor Deus dos Céus e a Sua lei devem ser exaltados. Lede o livro de Daniel. Recapitulai ponto por ponto a história dos reinos ali representados. Contemplai os estadistas, concílios, poderosos exércitos e vede como Deus actuou para abater o orgulho dos homens e lançar por terra a glória humana. (…). Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-ão dados tais vislumbres das portas abertas do Céu que o coração e a mente se impressionarão com o carácter que todos devem desenvolver a fim de alcançar a bem-aventurança que deve ser a recompensa dos puros de coração. (…). Lede Apocalipse em conexão com Daniel. Ensinai essas coisas”. Na verdade, subscrevemos totalmente estas palavras ao referirem que “(…). Só os que entendem as profecias de Daniel e do Apocalipse podem compreender as questões que enfrentamos na nossa geração. Daniel é a destacada revelação do Velho Testamento, assim como o Apocalipse o é do Novo Testamento”.
Tendo em conta todos estes pressupostos pensámos elaborar um estudo de alguns capítulos destes dois livros – Daniel e Apocalipse - para que através dos mesmos nos possamos situar e compreender onde a humanidade se encontra em relação aos derradeiros momentos da sua longa e penosa história. Ao longo das páginas que se seguem iremos estudar, através do seu entrosamento, algumas das mais relevantes profecias da Palavra de Deus. O que iremos fazer assento sobre duas vertentes:
1ª- Os fundamentos
seguir o exemplo de um construtor de casas ao longo das suas diversas fases, tais como: 1- os caboucos (fundamentos, bases) cavados no solo; 2- a seguir tentaremos colocar algo que possa mostrar o nosso propósito, ou seja, a preparação dos materiais para a colocação das paredes; 3- depois, para que a segurança possa ser total, iremos colocar o tecto; 4- a etapa que se segue será a preparação para toda a canalização; 5- a seguir passaremos a uma das mais importantes fases do edifício – a electrificação – para que esta possa irradiar luz. Assim, ao juntarmos todas estas fases e elementos que as compõem teremos um quadro completo diante dos nossos olhos acerca do aspecto e fiabilidade desta casa que, transposta para o plano profético, nos dará um quadro completo acerca dos grandes acontecimentos preditos para este mundo.
Esta casa simbólica é composta pelo Antigo e pelo Novo testamento visto que, segundo o autor da carta aos Hebreus 1.1, o Deus que nos fala no Antigo Testamento – o testemunho dos profetas – é o mesmo que nos fala no Novo Testamento – o testemunho apostólico de Jesus. Como não podia deixar de ser, o tema central de ambos os Testamentos consiste no mesmo Deus, anunciando a mesma mensagem de salvação, pela simples, única e solene razão de que a religião das Sagradas Escrituras é uma só, tal como o é o seu autor.
As Sagradas Escrituras são a sua própria interprete visto que um versículo sobre determinado tema trará luz sobre um outro sobre o mesmo tema e assim sucessivamente – Isaías 28.10. Raro é encontrarmos um assunto em todos os seus detalhes num único texto bíblico. Assim, os sessenta e seis livros que compõem a Bíblia iluminam-se uns aos outros. O próprio Jesus usou este método para provar a Sua messianidade a alguns dos Seus discípulos. Na verdade, a menos que deixemos as Escrituras explicarem as Escrituras, como Jesus fez, acabaremos por ler as Escrituras e as interpretar à nossa maneira e segundo a nossa vontade. O inevitável acontece, basta olhar ao nosso redor para nos apercebermos desta triste realidade, pois como é possível existir um só Deus, uma só Verdade, um só Caminho – Efésios 4.4,5; João 10.16 - e, no entanto, a existência de tantas Igrejas a reclamarem-se cristãs, detentoras da Verdade!
Iremos permitir que a Palavra de Deus esvazie para cada um de nós os tesouros nela contidos e deixarmos que seja ela que nos fale, visto que “(…) nenhuma profecia é de particular interpretação” – II Pedro 1.20. Com este propósito em mente iremos dividir o trabalho ao longo de sete capítulos (dias), para que a incursão nas diferentes profecias possa facilitar não só a sua compreensão como também uma melhor apreensão no todo em que esta se insere. Assim temos:
Primeiro dia – aqui começaremos o nosso estudo, como não poderia deixar de ser, pela profecia mais famosa da Bíblia, por aquela que, sem sombra de dúvida, é a mais conhecida de todas e que se encontra no livro do profeta Daniel, no capítulo 2. Aqui iremos ventilar algumas ideias que nos mostrarão alguns aspectos interessantes.
Segundo dia – neste analisaremos Daniel 7. Aqui estudaremos o tema, a personagem central - o chifre pequeno.
Terceiro dia – aqui analisaremos a profecia que se encontra em Apocalipse 12 - um grande quadro profético das Sagradas Escrituras que aponta para o tempo do fim do conflito entre o Bem e o Mal.
Quarto dia – aqui analisaremos duas bestas diferentes. Uma primeira besta - a besta que se levanta do mar - Apocalipse 13.1-10. Uma 2ª besta – a besta que se levanta da terra - Apocalipse 13.11-18.
Quinto dia – aqui examinar uma outra grande profecia, a que se encontra em Apocalipse 17. Aqui encontramos uma série de símbolos que desafiam a imaginação de qualquer leitor das Sagradas Escrituras: a) “uma grande prostituta que está sentada sobre muitas águas” - v. 1; b) que se “prostitui com os reis da terra” - v. 2; c) que “embebeda os que habitam na terra com o vinho da sua prostituição” - v. 2b; d) uma “besta de cor escarlata” - v. 3; e) a mulher vestida de “púrpura e de escarlata e adornada com ouro”, etc.
Sexto dia – finalmente analisaremos a temática do “homem do pecado” – II Tessalonicenses 2.1-10. Esta profecia faz a síntese de todos os poderes orquestrados pelo grande inimigo de Deus – o dragão – a saber: 1- o barro/ferro (Dan. 2); 2- o chifre pequeno (Daniel 7); 3- as 2 besta do Apocalipse (Apoc. 13); 4- a Babilónia (Apoc. 14); 5- a prostituta (Apoc. 17); 6- o homem do pecado (II Tess. 2). Todas estas manifestações não são mais do que as diferentes faces do mesmo poder que actuou ao longo da Idade Média e que, finalmente, actuará num futuro próximo para o cabal cumprimento da Palavra de Deus.
2ª- As evidências
Na realidade o que significarão todos os símbolos que iremos encontrar? Que tipo de conceitos conseguimos formular? Na verdade, quem é a “prostituta” do Apocalipse? O que representará o seu “vinho”? O que representam as “águas”? Quem é e o que representa a besta sobre a qual a mulher prostituta está sentada? Porque é que a mulher prostituta usa certo tipo de cores e ornamentos? Porque é que a besta tem 7 cabeças e 10 chifres? Na verdade, o que é que todos estes textos proféticos têm a dizer à Igreja de hoje, ao homem do século XXI?
Ao tentarmos, a nível do texto bíblico, fazer estas perguntas ou outras estamos a proceder de forma a errar o menos possível. Queremos denunciar este poder contrário a Deus, que se apresenta sob diversas formas a cada um de nós. As autoridades, quando desejam encontrar um alguém que cometeu um delito o que fazem é reunir as possíveis evidências deixadas no local delito. Depois, quando estas forem consideráveis, sem receio de errar, procuram a personagem que possam corresponder as provas reunidas até ali e denunciar o verdadeiro autor daquele acto. Iremos fazer da mesma maneira para que, no final deste singelo estudo o leitor possa saber qual o poder a operar nesta Terra que possa ter as características que se enquadram, perfeitamente, nas evidências examinadas ao longo deste trabalho.
Tudo isto iremos estudar para que o leitor possa encontrar nestes temas, não só o quanto Deus revelou através dos Seus servos, os profetas, para que o Seu povo, a Sua Igreja, possa conhecer “(…) as coisas que, brevemente, devem acontecer (…)” - Apoc. 1.1 – como também nós que chegámos a um tempo em que a sociedade é convidada a uma reflexão profunda acerca do quanto acontece à nossa volta, neste tempo do fim, nesta última fase de um tempo, a todos os níveis, solene. Assim, é premente a necessidade de conhecer para compreender o que os sinais dos tempos nos indicam, para que nos possamos preparar para vivermos o grande conflito final entre – o Criador e a criatura – se adoraremos o Deus verdadeiro, o Criador – ou se a criatura, aquela que a Palavra de Deus denuncia e que, contrariamente às aparências, – “(..) nunca mais será para sempre” – Ezequiel 28.19.
Teremos ainda um apêndice com três temas: 1º- Daniel 8 – aqui verá a realidade da profecia bíblica e o seu cabal cumprimento, comparativamente com as falsas interpretações dos tempos proféticos, substituindo a pessoa de Cristo por personagens humanos, como por exemplo: o rei Seleucida Antíoco IV Epifânio e o Sumo-Sacerdote Onias III; 2º- Daniel 9 – a profecia das 70 semanas que foram cortadas de um período mais dilatado mencionado em Daniel 8, ou seja, os 2300 dias/anos visando a purificação do Santuário; 3º- A Virgem Maria – a) saber o que a Palavra de Deus diz, afinal, acerca da pessoa e do papel desta mulher escolhida por Deus para que o Salvador pudesse ser um como nós; b) saber o que a Igreja fez dela, recorrendo a toda uma doutrinação meramente humana, contrária à santa Palavra de Deus.
Finalmente, recordaremos o grande conselho dado na Palavra de Deus acerca das profecias: - “E temos mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça nos vossos corações” – II Pedro 1.19. Que elas nos sirvam, efectivamente de “luz que alumia em lugar escuro” para que possamos estar preparados para o grande encontro com o Senhor.
Dr. Ilídio Carvalho
Pastor Adventista

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