terça-feira, 5 de abril de 2011

A falsa interpretação profética das 2300 tardes/manhãs

Neste estudo iremos tentar perceber, se estas personagens históricas – o rei Seleucida Antíoco IV Epifânio e o Sumo-Sacerdote Onias III – estão ou não relacionadas com os elementos descritos na profecia do profeta Daniel.
a) O chifre pequeno - a sua origem
Qual é, na verdade, a sua origem? O chifre pequeno sai de um dos quatro chifres sucessores da grande ponta (chifre) ou avança ele a partir de um dos pontos cardeais, isto é, um dos quatro ventos dos céus? A tradução clássica bíblica refere que, quando a ponta grande foi quebrada “subiram no seu lugar quatro (chifres) também notáveis, para os quatro ventos do céu. E de uma delas (chifres) saiu uma ponta (chifre)” – Dan. 8.8,9ª.
A maior parte das traduções bíblicas, neste preciso trecho, tal como podemos ler, dá a entender que o chifre pequeno sai de um dos quatro chifres que sucederam à ponta grande que foi quebrada. No entanto, num exame mais atento à sua construção gramatical, este mostra algo de diferente, ou seja, indica que o chifre pequeno, ou o poder por ela representado, sai, não “das quatro pontas/chifres” que sucedem à “ponta grande”, mas sim de um dos
“ventos do céu”!
Assim sendo, o chifre pequeno, contrariamente ao que a tradução tradicional dá a entender, surge de um dos quatro ventos, ou seja, oriundo da direcção de um dos pontos cardeais. Este pormenor é bastante importante para uma possível identificação deste poder que, desde sempre, tanta controvérsia tem gerado entre os intérpretes do texto bíblico que, vêem nele a personagem histórica, oriunda destes chifres – Antíoco IV Epifânio.
b) A sua natureza
Lendo o texto com mais profundidade, é-nos revelado mais um pormenor que nos dá a conhecer que este
poder, ao surgir, é “(…) mui pequeno” - Dan. 8.9a. À luz do texto original, este poder tem um começo muito débil, pequeno; mas, apesar desta origem ele desenvolver-se-á em diversas direcções, adquirindo desta forma um considerável poder. Comparativamente, a linguagem aqui empregue é diferente da que se encontra no capítulo anterior – Daniel 7.8 – quando descreve o chifre pequeno saído de entre os chifres do 4º animal.
c) A sua expansão geográfica
O crescimento, em poderio, deste poder far-se-á conhecer e sentir através de uma expansão horizontal. O verbo que, na primeira parte do texto do v. 9a, é traduzido pelo verbo “cresceu”, deveria de ter sido vertido com o sentido de - deslocar, avançar – o que implica uma expansão geográfica horizontal e não como poderá fazer crer, um crescimento vertical. Nas Sagradas Escrituras encontramos alguns exemplos que reforçam este ponto de vista, em que o contexto é claramente – avançar com um fim militar, de conquista – cf. Deuteronómio 20.1; I Crónicas 5.18;20.1.
O texto continua a descrever a trajectória do chifre pequeno e revela que este – “cresceu muito”. A ideia subjacente é de um crescimento em estrutura dominante, ou seja, alargando os seus tentáculos. A direcção desta expansão vai no sentido de incrementar o prestígio do chifre pequeno. Este cresceria, expandir-se-ia para “o meio-dia (Sul - Egipto), o oriente (Este - Síria) e para a terra formosa (Norte - Palestina)” – cf. Ezequiel 20.6.
d) A sua actividade
- v. 10 – “se engrandeceu até ao exército do céu; e a alguns do exército e das estrelas, deitou por terra e as pisou”.
Ao longo das Sagradas Escrituras encontramos esta mesma expressão - “exército do céu” – algumas vezes; na sua grande maioria encontramo-la num contexto de culto aos astros: - Deuteronómio 4.19; 17.3; II Reis 17.16; 21.3, etc. Noutros contextos, a mesma expressão alude a seres celestes: - I Reis 22.19; Neemias 9.6; II Crónicas 18.18; Jeremias 33.22. Assim sendo, no primeiro caso, o chifre pequeno gradualmente se irá fortificando ao se identificar com o “exército do céu”, num culto idólatra. No segundo caso, é prestado culto a estes seres celestes para deles se obter poder. Por outro lado, este “exércitos” poderá também significar o povo de Deus sobre a terra – cf. Êxodo 7.4. Assim sendo, claramente se percebe que o poder exercido pelo chifre pequeno se abaterá sobre este povo. O teor da segunda parte do versículo “e a alguns do exército e das estrelas, deitou por terra e as pisou” – v. 10b – encontramo-lo claramente interpretada, mais à frente, como sendo a “destruição dos fortes e do povo santo” – v. 24. Inegavelmente, em causa está – o povo de Deus - cf. Daniel 7.27.
- v. 11 - “E se engrandeceu (o chifre pequeno) até ao príncipe do exército e por ele (o chifre pequeno) foi tirado o contínuo e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”. Vejamos este verso em várias fases:
a) Primeira parte
– “E se engrandeceu (o chifre pequeno) até ao príncipe do exército”.
Como já o referimos, certos intérpretes identificam este - chifre pequeno “que se engrandeceu” - como sendo Antíoco IV Epifânio. De igual modo, - o “príncipe do exército” - é apontado por estes, como sendo “o sumo-sacerdote Onias III, deposto em 175 a. C e assassinado a mando de Antíoco IV Epifânio”.
- O termo traduzido por “príncipe” por vezes é vertido por: chefe ou maioral; esta designação por vezes é aplicada ao Sumo-sacerdote, como se poderá ver em diversos textos bíblicos: I Crónicas 15.12; 24.5; Esdras 8.24. Mas a expressão “príncipe do exército” nunca designa um ser humano. A quem se referirá, pois, esta designação? Se compararmos outro texto onde é empregue a mesma palavra – Josué 5.13-15 – notamos que a linguagem desta personagem para com Josué é a mesma que no passado foi empregue com Moisés no episódio da sarça ardente – “tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar onde em que tu estás é terra santa” - Êxodo 3.5. No livro de Daniel, esta palavra refere-se habitualmente a um ser celeste: Daniel 8.25;10.13,21;12.1.
Ora, neste último texto – Daniel 12.1 – este “príncipe” chama-se Miguel. Assim, para uma maior consolidação de interpretação, se consultarmos alguns textos do Novo Testamento – Judas 9; I Tessalonicenses 4.16 - então, não existem quaisquer dúvidas de que se trata do Filho de Deus, Jesus – “o Príncipe dos Exércitos do Senhor”. Abramos aqui um parêntesis para averiguarmos a autenticidade desta interpretação profética, a saber, se o sumo-sacerdote Onias III, personifica o “príncipe do exército”. Certos comentaristas fazem algumas afirmações: 1- que este sumo-sacerdote, Onias III, está relacionado com a profecia das 70 semanas, visto “personificar o “Príncipe, o Ungido” – v. 26 (cf. Daniel 9.24-27)”. 2- que este “foi deposto pelo rei Antíoco IV Epifânio no ano 175 a. C..” 3– que “o período das 70 semanas deverão ser contadas a partir do decreto do rei Ciro, da Pérsia, ou seja, em 538 a. C., e não o de Artaxerxes, em 457 a. C.” Vejamos tudo isto em várias etapas:
- Se tivermos presente o que revela a profecia, esta diz-nos, a propósito, que: - “depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias” – Daniel 9.26. Como já vimos, estas semanas são proféticas. Assim estamos perante um período longo de tempo. Assim, se cada semana tem 7 dias (profeticamente falando estes correspondem a anos – cf. Números 14.33,34; Ezequiel 4.6), então teremos 434 anos (62 semanas x 7 dias).
- De acordo com a profecia, o “Ungido” deveria de ser exterminado no final deste período – 434 anos. Se, tal como foi dito, as 70 semanas têm como ponto de partida o ano 538 a. C., então veremos que esta ocorrência deveria de acontecer no ano 104 a. C. (538 – 434 a. C.). Depois, dão-nos a conhecer que este o sumo-sacerdote Onias III foi deposto em 175 a. C. e morto em 171 a. C. Assim sendo, o que faremos com este ano 104 a. C., visto este não corresponder: 1- nem ao ano da deposição; 2- nem ao ano da sua morte?
- Perante o exposto: 1- ou, a data do decreto do rei Ciro, o Persa, 538 a. C., tal como dizem, não está relacionado com o período da profecia das 70 semanas – o que é altamente provável. 2- ou, o “Ungido” da profecia não tem qualquer relação com o sumo-sacerdote Onias III – o que poderá muito bem acontecer. Portanto, desde já, podemos ver que o sumo-sacerdote Onias III, não corresponde, de modo algum, ao “príncipe do exército” – tal como veremos na próxima lição.
b) Segunda parte
- “foi tirado o contínuo (perpétuo)”.
Devemos dizer que a palavra “sacrifício” introduzida no texto das diferentes versões não existe no original, pois é um acrescento feito por alguns tradutores. Segundo o texto, este poder simbolizado pelo chifre pequeno irá atentar contra o “contínuo/perpétuo/diário”, tradução da palavra hebraica – tamid – a qual aparece 103 vezes no Antigo Testamento. Para que saibamos do que estamos a falar, precisamos de saber o que este é e o que representa, segundo as Escrituras, este tamid. Segundo - Êxodo 29.38-42 e Números 28.2-8 -, o serviço quotidiano compreendia o holocausto de um cordeiro de manhã e outro à tarde. (…). Este serviço quotidiano é o sacrifício perpétuo – tamid”.
À luz do contexto esta apropriação tem que ver com o serviço no santuário. Mas qual? Só existem dois santuários nas Sagradas Escrituras: 1- o terrestre – Êxodo 25.8,9; 2- o celestial – Hebreus 8.1-6. O terrestre, o qual é mencionado no Antigo Testamento foi destruído no ano 70 d.C.. Assim, o único a funcionar como “Seu santuário”, no tempo do “chifre pequeno” é, efectivamente, um outro santuário, ou seja - o celestial. Como facilmente se compreenderá, o ataque deste poder - chifre pequeno – é de cariz religioso, significando a apropriação dos méritos do ministério de Cristo por serviços substitutivos de pendor humano que tornam ineficaz o serviço perpétuo (tamid) de Cristo em favor da humanidade.
c) Terceira parte
- “o lugar do seu santuário foi lançado por terra”. Iremos analisar este versículo um pouco mais em detalhe:
1- A palavra – lugar (makon) - na maioria das vezes, no Antigo Testamento, designa: a morada, a habitação de Deus - seja ela no Céu – I Reis 8.39,43,49; II Crónicas 6.30,33,39; Isaías 18.4, etc - ou na Terra – I Reis 8.13; II Crónicas 6.2.
2- A expressão “lugar do seu santuário” aparece no Antigo Testamento unicamente aqui; esta palavra - santuário (miqdash) – pode, de igual modo, designar o templo de Deus na Terra como no do Céu – Salmo 68.35; 78.69; Jeremias 17.12.
3- Vejamos o resto da frase: - “foi lançado por terra” - certos intérpretes deste versículo, na tentativa de o harmonizar com a personagem Antíoco IV Epifânio, vão ao ponto de o traduzir de maneira a dar a entender que foi este monarca seleucida que, devido a sua acção, “profanou”, “aboliu” o santuário.
Esta expressão - “foi lançado (hushlak)” – comporta em si a noção de: atirar, lançar. E, entre as cerca de 125 vezes que aparece no Antigo Testamento, não sugere ou insinua algo que tenha a ver com “profanação” ou algo de semelhante, mas tem o sentido de um acto de destruição. Assim, esta (destruição do santuário) visará o tornar ineficaz o quanto se passa, acontece no santuário, o qual se circunscreve, uma vez mais, numa dimensão celeste. Aqui trata-se, como facilmente se compreenderá, de um contexto não terreno, humano, mas cósmico. Este poder – o chifre pequeno – desenvolverá as suas actividades e estas direccionadas contra Deus, de maneira que fará que o santuário celeste perca todo o seu significado, onde Cristo ministra a favor do Seu povo. Esta dimensão cósmica de “lançar por terra” o santuário, enfatiza, na realidade, a acção contra o ministério celeste de Cristo devido ao estabelecimento de um sistema rival de mediação. Isto dito por outras palavras – o chifre pequeno – tudo fará para afastar a atenção do ser humano da função de mediação, intercessão exercida pelo Sumo-sacerdote – Cristo e, como corolário desta acção, privará a humanidade das bênçãos resultantes do seu ministério celestial.
Este poder aqui representado que, como veremos mais à frente, não tem qualquer relação com o rei seleucida Antíoco IV Epifânio, mas sim com a continuação da Roma pagã, isto é, a Roma papal. Esta, ao colocar o sacerdote, o padre, como substituto da intercessão de Cristo no Santuário celestial, de certa forma derruba o quanto ali se faz a favor do crente. Vejamos, a este respeito o que nos informa o Catecismo: - “(…) a confissão dos pecados perante o sacerdote é elemento essencial deste sacramento (sacramento da Confissão) (…). É chamado sacramento do Perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede ao penitente – o perdão e a paz”.397 Ou ainda – “(…) com efeito, os bispos e os presbíteros é que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados “em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo”.
No confessionário, o padre perdoa pecados usando esta fórmula. No sacrifício da missa o sacerdote católico romano torna-se um outro Cristo, na medida em que sacrifica no altar como Cristo, apresentando-se para salvação dos fiéis. O lugar que, por direito, pertence exclusivamente a Cristo, está ocupado por substitutos enganadores. Através da Missa e do Confessionário muitos são afastados do contínuo ministério de Cristo exercido actualmente no Santuário celeste. Através de cerimoniais elaborados, em nome de Cristo, o verdadeiro ministério de Cristo é obscurecido e posto completamente de lado. O perdão total que Cristo deseja conceder a todos quantos confiam na Sua perfeita e gratuita justiça, tem e continua a ser usurpada por um sistema que toma o Seu lugar. Em lugar de confiar directamente em Cristo, no que fez e faz em nosso favor, o crente, desta forma, é ensinado a depender de uma igreja que, pela sua forma de actuar, dispensa tudo o que Cristo oferece!
- v. 12 - “(…) e lançou a verdade (emeth) por terra; fez isso e prosperou”- cf. 7.25
Note-se que a palavra – emeth (verdade), também pode significar: fidelidade /lei. Esta palavra, deriva, por sua vez, de uma outra – aman – da qual deriva a palavra – Amen – que por sua vez significa: obedecer, ser fiel. As Escrituras associam o conceito Verdade/fidelidade com o de lei – cf. Malaquias 2.6; Salmo 43.3; 119.7,43. Este – Ámen - é a palavra que proferimos no final de cada oração, traduzindo um verdadeiro e fiel: - assim é.
Este texto de Daniel foi compreendido e traduzido por comentadores judeus, no sentido de que o chifre pequeno se moveria com o propósito de rejeitar a lei – “Ele, o pequeno chifre, anulará a Lei e a observância dos mandamentos”. No livro de Daniel encontramos algumas vezes esta palavra “emeth” e, em certos casos ela designa a autêntica revelação oriunda de Deus – Daniel 8.26; 10.1,26; 11.2. Assim, Daniel 8.12 e 7.25 não só se interligam entre si como também contêm a mesma mensagem profética – atentar, não só contra a Lei como também contra o Seu autor – Deus.
II- Os dois santos que falam
Retomemos a interpretação do restante texto do profeta Daniel. Aqui o profeta ouve o diálogo entre dois seres celestes aos quais chama “santos”.
a) A pergunta - v. 13 - “Depois ouvi um santo que falava e disse outro santo àquele que falava: - até quando durará a visão do contínuo e da transgressão assoladora para que seja entregue o santuário e o exército, afim de serem pisados?”
a)- A questão do tempo: - A pergunta foi feita nestes termos: - “(…)até quando” mostra claramente que o contexto que a motiva é de opressão e, em resposta à mesma, faz-se eco de um juízo, julgamento, para a reposição da normalidade.
A questão em causa está ligada a um determinado tempo. Assim sendo, é inevitável que nos perguntemos acerca do início da mesma. Convém, no entanto, recordar a este propósito as palavras do anjo que informava o profeta: - “a visão se realizará no fim do tempo” – v. 17,19, ou ainda: - “a visão da tarde e da manhã é verdadeira (…) só daqui a muitos dias se cumprirá” – v. 26. Estas palavras são significativas visto que a noção “fim dos tempos” está presente ao longo deste capítulo.
b)- Vejamos a palavra traduzido por - “a visão” – Para a mesma palavra na nossa língua encontramos no original dois termos distintos, mas que são traduzidos pela mesma palavra: 1- chazon (visão); 2- mar’eh (aparição).
– chazon (visão) – aparece cerca de seis vezes ao longo deste capítulo – Daniel 8.2 (2 vezes),13,15,17,26b. O termo chazon (visão), como se encontra em Daniel 8.13, remete, segundo o contexto, para a visão do carneiro e do bode e do chifre pequeno, tal como o v. 2 claramente o indica.
- mar’eh (aparição) – aparece cerca de três vezes neste mesmo capítulo – Daniel 8.16,26a, 27. O termo mar’eh (aparição) remete de uma forma mais restritiva, efectivamente, para o aparecimento daqueles seres celestiais que estabelecem a conversação. Resumindo: - mar’eh (aparição) na qual o profeta se integra pelo quanto ouve. Enquanto que chazon (visão) corresponde à “visão do carneiro, do bode com os seus chifres e do chifre pequeno.
c) – O verso fala de “transgressão/pecado assolador/a”. A palavra pesha que é traduzida por – pecado ou transgressão – é a mais forte das existentes, a saber: 1- hatah – falhar o objectivo; 2- awon – afastar-se do caminho; 3- pesha – revoltar-se, rebelar-se.
Aqui no texto, para mostrar a profundidade da luta do chifre pequeno contra Deus, o profeta utilizou a palavra pesha a qual exprime a revolta daquele que a veicula. Assim, “em toda a parte onde o pecado se manifesta, ele suprime a comunhão com Deus e faz com que o homem fique entregue a si mesmo”. Esta palavra é empregue para mostrar a força e intensidade desta revolta, deste atentar contra terceiras pessoas. Esta ideia está perfeitamente expressa quando refere: - “(…) a ver se não meteu a sua mão na fazenda do seu próximo” – Êxodo 22.8. Assim, pesha “designa sempre o atentado aos direitos de outrem”.
Este termo encontramo-lo no capítulo seguinte, onde se lê: - “para fazer cessar a transgressão” - Daniel 9.24. Ou seja, um tempo determinado dado em favor do povo de Israel para terminar com as transgressões da nação. De igual modo encontramos esta palavra relacionada com a festa do antigo Israel da purificação do santuário - Dia das Expiações. E, tanto em Daniel 9.24, como em Levítico 16.16,21 ela se aplica ao povo de Deus. Voltando ao texto: - ao unirmos estes dois termos – “transgressão/pecado assolador/devastador/a”, o agente que qualifica a transgressão/pecado e que aqui é traduzido por “assolador/devastador”, por vezes a mesma palavra é vertida com o sentido de “desolação”, tal como a encontramos em – Daniel 9.27;11.31;12.11 – “abominação da desolação”. Tendo em linha de conta o que acaba de ser dito, a expressão “transgressão assoladora” ou “pecado devastador” é o resultado decorrente da transgressão religiosa e cultual levada a efeito pelo chifre pequeno, ao estabelecer um sistema que conduz ao exercício de um ministério de mediação rival do que é praticado no santuário.
d) – A parte final do versículo diz que “o santuário e o exército serão pisados” – 13b. A expressão “pisar” encontramo-la, por exemplo em – Isaías 10.6; Miqueias 7.10 – ou seja, com o sentido de alguém que é subjugado por um inimigo. De igual modo, a ligação desta palavra ao santuário e ao exército, não comporta, em si mesma, a ideia de sujidade ou profanação, mas sim a de os destruir ou de os tornar inoperantes.
b) A resposta - v. 14 – “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado”.
Vejamos a primeira parte deste versículo sob três vertentes: 1- Pseudo interpretações; 2- factor temporal; 3- factor de precisão.
1- Pseudo interpretações.
Alguns intérpretes das Escrituras afirmam que a supressão do sacrifício (tamid) durará “2.300 tardes e manhãs”, equivale a 1.150 dias completos, dizendo que é por causa “dos sacrifícios omitidos, que se deveriam oferecer um pela manhã e outro pela tarde”. O raciocínio é evidente: - se é dito que a suspensão do sacrifício prolongou-se ao longo de 2.300 tardes e manhãs, ou seja duas partes do dia, então bastará juntá-las e teremos então os tais 1.150 dias completos! Tudo isto na tentativa de fazer coincidir os dizeres do texto de Daniel com a personagem Antíoco IV Epifânio! Iremos considerar algumas objecções contra esta forma de interpretar o texto em causa, pois é contrário ao claro ensino bíblico.
a) - O ritual do sacrifício (tamid) no Antigo Testamento é designado pela expressão - sacrifício contínuo – cf. Êxodo 29.38-42; Números 28.3-6 – o qual caracteriza a dupla oferta consumida pela manhã e à tarde. Assim, é a soma das partes que constituem o sacrifício contínuo e não cada uma em separado. Em consequência, a divisão para metade feita por alguns comentaristas é um atropelo grosseiro à clareza e significado do texto.
b) - A sequência “tardes-manhãs”, ou seja, a tarde precede a manhã não tem qualquer relação com os sacrifícios acima mencionados, pois estes são sempre mencionados e praticados em sequência inversa, isto é, a manhã precede a tarde. Portanto, contrariamente ao que alguns pretendem, a expressão “tardes-manhãs” não está ligada aos sacrifícios (tamid), mas a uma medida de tempo.
c) - Não existe suporte, no interior do texto bíblico, para que se possa contar 2.300 tardes e manhãs para que correspondam a duas partes do dia. E, fazendo a junção de ambas equivaleria à obtenção de 1.150 dias completos.
A sequência de uma tarde e de uma manhã, como expressão de um dia inteiro, aparece pela primeira vez no relato da Criação - Génesis 1. 5,8,13,19,23,31 - reflectindo-se esta mesma linguagem em Daniel 8.14,26.
2- factor temporal.
Tanto o início como o fim deste período de tempo compreendido pelas “2.300 tardes e manhãs” não nos são facultados, neste capítulo, pelo profeta. O ponto fulcral deste texto repousa mais sobre os acontecimentos que terão não tanto no início ou enquanto durar este período mas, essencialmente, no fim do mesmo – Daniel 8.13,14 - e para lá deste. Tal noção pode ser plenamente justificada pelas palavras daquele que dava a conhecer este período de tempo, ao mostrar claramente no v. 26 dando a entender que esta visão teria mais desenvolvimentos num futuro próximo, cerca de 13 anos – tempo que separa esta visão do capítulo 8 e a do capítulo 9 - para continuar e explicar, pelo mesmo ser celeste, o que ficou incompreendido – “(…) pois não havia quem a entendesse” – v. 27. Deste modo, podemos ver alguns pontos de contacto entre estes dois capítulos, a saber:
a) – O anjo encarregado de revelar e explicar a mesma visão é o mesmo – Gabriel – Daniel 8.16,17,19; 9.21-23
b) - Os termos usados são semelhantes. A palavra - visão – “mar’eh”, como já vimos, encontramo-la em Daniel 8.16,26,27. Estes versículos aludem à visão das 2.300 tardes e manhãs. Ora, este mesmo termo encontra-se no capítulo a seguir; o qual, no fundo, está directamente ligado ao quanto foi anteriormente revelado, muito embora tenha ficado incompreendido. Desta forma o anjo admoesta: - “(…) toma, pois, bem sentido na palavra e entende a visão (mar’eh) – Daniel 9.23.
c) – No que se refere à compreensão da visão, o anjo recebe ordens para “dar a entender a este (Daniel) a visão (mar’eh)”- Daniel 8.17 (sublinhado nosso). Mais tarde, o mesmo anjo repete o mesmo conselho ou admoestação ao profeta “(…) entende a visão (mar’eh)” – Daniel 9.23.
d) – Também o tema do santuário está presente em ambos os capítulos. Como pudemos ver – Daniel 8.13,14 – aborda claramente a problemática do santuário. No capítulo seguinte encontramos o mesmo vocabulário inerente ao serviço do santuário: “expiar a iniquidade” “ungir o santo dos santos” – Daniel 9.24-27.
e) – Nos dois capítulos – 8º e 9º -, tanto num como no outro, existe uma revelação auditiva. Na 1ª, o elemento temporal – Daniel 8.13,14 - não era conhecido do profeta – Daniel 8.26,27; na 2ª, pelo contrário, o factor tempo ocupa o primeiro plano, pois nela é dado a conhecer o início do período mencionado na primeira, como veremos na lição seguinte - Daniel 9.24-27.
3- factor de precisão.
Após a menção do longo período de tempo “2.300 tardes e manhãs” que revela, de uma forma precisa e concisa, que é uma porção longa de tempo, e que está intimamente ligada a acontecimentos que colocarão um ponto final aos movimentos do poder personificado pelo chifre pequeno. Agora iremos, por fases, debruçar-nos, nesta segunda parte deste versículo, para vermos o que deverá acontecer no final deste período, ao dar-nos a conhecer: – “e o santuário será purificado” – Daniel 8.14b.
a) Afinal, de que purificação (nisdaq) se trata? Curiosamente, esta palavra é empregue uma única vez no Antigo Testamento, e essa é precisamente aqui. É necessário compreender esta “purificação do santuário” de uma forma larga, na qual se poderá incluir a ideia de restauração, isto é, de voltar a ser o que era, sendo necessário para isso: purificá-lo e “restabelecê-lo em todos os seus direitos”.
b) Quanto ao termo santuário (qodesh) – v. 13,14. Esta é a tradução mais frequente. Esta maneira de traduzir tem que ver com a frequente utilização deste termo no Antigo Testamento em relação ao santuário, seja ele com referência ao terrestre (Levítico 4.6; I Crónicas 22.19, etc) ou ao celeste (Salmo 68.5; 102.19).
O que convém recordar e, até certo ponto, reforçar que este santuário aqui mencionado não está, de modo algum, relacionado com o santuário terrestre, visto já não existir. Assim sendo, o único santuário que existe ainda no final do tempo profético é, efectivamente, o celestial.
c) Como vimos, a palavra santuário (qodesh) aponta para uma outra direcção. A intenção do texto em causa compreender-se-á melhor se tivermos em mente, como já o referimos, uma outra ocasião solene para o povo de Deus do passado - o Dia das Expiações - no qual o santuário (qodesh) era purificado (nisdaq) - Levítico 16. 16,19,30.
Assim, um judeu habituado, desde sempre, ao ciclo ritual em que o ano religioso terminava com a purificação do santuário, ao ouvir esta expressão do profeta – santuário purificado (nisdaq qodesh) – não deixaria, de forma alguma, de a associar à do antigo Israel, a do - Dia das Expiações – visando esta, como acima foi dito: - “restabelecê-lo em todos os seus direitos” – o santuário - e, por extensão, o povo.
O santuário terrestre tinha, por isso, necessidade de ser purificado de todos os pecados ali trazidos e acumulados ao longo do ano religioso pelo povo. Assim. Esta festa solene – Dia das Expiações – convidava todo o povo a deixar de lado os afazeres para que pudesse repensar a vida. Assim, da mesma forma, o santuário celeste deveria de ser purificado de todas as faltas acumuladas durante o período que termina no final das 2.300 tardes e manhãs – Daniel 8.13,14.
Abramos um breve parêntesis para analisarmos, ainda que brevemente, o significado da festa anual do Dia das Expiações – Levítico 16.29-34;23.26-29 - para o antigo Israel? Esta representava para um judeu – um verdadeiro dia de juízo – o qual tinha uma calendarização e ritual próprios – “No mês sétimo, ao primeiro do mês tereis descanso (...). Mas aos dez deste mês sétimo será o dia da expiação” – Levítico 23.24,27. Por isso é dito que “os 10 dias que precedem o Yom Kippour (Dia das Expiações) muito cedo foram entendidos como sendo um tempo de probatório, no qual o judeu se preparava para o dia do juízo”. No mesmo sentido é dito que “um dia por ano, o homem esforça-se por servir a Deus, não como homem, mas como se fosse um anjo. (…). O Judeu, no Yom Kippur não come nem bebe seja o que for; observa o mais rigoroso jejum e passa todas as horas de vigília em oração. É nesse dia que encerra os 10 dias de arrependimento que é, finalmente, determinado o julgamento de cada um em vista do novo ano”.
Este dia era de tal maneira tão solene, especial e único para um judeu que, não só para realçar a intimidade que este deveria de ter com o seu Deus, como também para mostrar o como este se encontrava totalmente desligado do quanto o poderia afastar de Deus, foi dito que “o valor numérico das letras que compõem a palavra “satan” (Satanás), em hebraico – Hasatan – é 364, ou seja, o total dos dias de um ano menos um. Satan pode acusar o povo judeu e desencaminhá-lo durante todo o ano, com excepção de um dia: o Yom Kippur”. Fechando o parêntesis.
III- A identidade do chifre pequeno.
Tal como já o dissemos, muitos comentadores do passado identificaram, assim como os recentes continuam a identificar o “chifre pequeno” como sendo o rei da dinastia seleucida Antíoco IV Epifânio (175-164 a. C.), o perseguidor dos Judeus em Jerusalém e o profanador do Templo – cf. I Macabeus 1.41-64; 4.52-54. Com a identificação desta personagem com a continuação da Roma pagã, ou seja, a Roma papal, desaparecem os conflitos escriturísticos; mas se se continuar a identificar Antíoco IV Epifânio com o “chifre pequeno” alguns problemas se colocam, como por exemplo:
1- Em Daniel 7.8 o relato bíblico afirma que o “chifre pequeno” arrancará 3 chifres. No entanto, os esforços dos eruditos para encontrar três reis “arrancados” por Antíoco IV Epifânio têm-se demonstrado infrutíferos.
2- Segundo o texto bíblico, o “chifre pequeno” é o 11º rei, visto ele aparece após os dez primeiros chifres já existentes – Daniel 7.8,20. Assim, se este rei é, de facto, o cumprimento e realização do “chifre pequeno”, então deveria de ser, igualmente, o 11º rei da linhagem dos seleucidas. Acontece, porém que Antíoco IV Epifânio é o 8º rei!
3- Quanto ao elemento “tempo”: - a supremacia do “chifre pequeno” sobre os santos deveria durar, segundo o profeta Daniel, três tempos e meio – Daniel 7.25. se tomarmos esta indicação de tempo como sendo anos literais, quer dizer que Antíoco IV Epifânio deveria ter perseguido os judeus durante três anos e meio. Acontece que, segundo o livro de Macabeus, a perseguição e a profanação do templo durou unicamente três anos e dez dias!
4- A expressão bíblica “2.300 tardes e manhãs” – Daniel 8.14 – contrariamente ao que alguns intérpretes pretendem, esta indicação de tempo poderá ser reduzida a um período de 1.150 dias completos para assim ser aplicado à profanação do templo levada a efeito por Antíoco IV Epifânio que, como acima dizemos, não durou 2.300 nem 1.150 dias mas, três anos (isto é, 360 x 3= 1.080) e dez dias, ou seja: 1080 + 10= 1.090! Portanto, o chifre pequeno não se aplica, de modo algum, ao rei da dinastia seleucida.
5- Segundo as Escrituras – Daniel 7.18,27 – os santos do Altíssimo, receberiam o reino, um reino eterno. Ora, se Judas Macabeu pôs fim a Antíoco IV Epifânio, o poder perseguidor dos santos do Altíssimo, logicamente, este novo reino deveria corresponder ao descrito na profecia. Mas não, pois, não só o reino dos Macabeus não era, de forma alguma, o reino dos santos do Altíssimo, como também não era eterno!
6- O texto bíblico descreve a trajectória do chifre pequeno e revela que este – “cresceu muito” – Daniel 8.9. Este cresceria, expandir-se-ia, para “o meio-dia (Sul - Egipto), o oriente (Este-Síria) e para a terra formosa (Norte - Palestina)” – cf. Ezequiel 20.6. Ora, este poder expandiu-se em quase todas as direcções, pois notamos a ausência de um ponto cardeal – o Oeste!
Assim, na perspectiva de um habitante da Palestina, o poder histórico mencionado pelo profeta, não é outro a não ser Roma, que veio, curiosamente, deste mesmo ponto cardeal – o Oeste. O reino Seleucida que cobria o território da Síria e de babilónia de onde é oriunda a personagem Antíoco IV Epifânio, ficava a Norte!
7- Segundo a Bíblia, o “chifre pequeno” se engrandeceu até ao príncipe do exército” – Daniel 8.10a,11a,25b. À luz da coerência da interpretação bíblica, o título “príncipe do exército” nunca se aplica ao humano, mas um ser celeste - Daniel 8.25;10.13,21;12.1 – o Filho de Deus, como mostrámos acima.
Então como é que os homens vêem a profecia? Ora vejamos: - sabemos, historicamente falando, que o rei Antíoco IV Epifânio mandou assassinar o sumo-sacerdote Onias III em 171 a. C. em Antioquia. Segundo alguns comentadores, este rei representa o chifre pequeno que se engrandece até ao “príncipe do exército”, sendo este último identificado, biblicamente falando, como um ser celeste; alguns intérpretes das Escrituras, como já o referimos, afirmam que Onias III, representa a figura bíblica do – “príncipe do exército”. Sendo assim - como poderá o rei Antíoco IV Epifânio corresponder ao chifre pequeno, se ambos são duas realidades diferentes?! A primeira - está, historicamente relacionada com Onias III; a segunda – como vimos, está bíblica e profeticamente relacionada com um ser celeste - o “príncipe do exército”. Assim sendo – como poderá haver qualquer relação entre Antíoco IV Epifânio (homem) e o “príncipe do exército”, ser celeste? São duas realidades e de dimensões diferentes. Portanto, perante o exposto, não existe qualquer relação entre o chifre pequeno e Antíoco IV Epifânio, nem tão pouco de Onias III com o príncipe do exército. À luz da informação bíblica, isso sim, é clara a relação entre o poder humano, mas de cariz espiritual – ponta pequena – e o - príncipe do exército – criatura celeste e espiritual.
8- A expressão “2.300 tardes e manhãs” - Daniel 8.14 - tal como vimos, não só significa dias plenos, completos, tal como é empregue no relato da Criação – Génesis 1.5,8,13,19,23,31 – como também aponta para a data em que o santuário será purificado. O anjo Gabriel aponta para o cumprimento desta profecia, isto é, - o tempo do fim – cf. Daniel 8.17,19,26. Assim, o período apontado não se enquadra com acontecimentos que se concluíram, como alguns interpretam, no II século antes de Jesus – no tempo de Antíoco IV Epifânio!
9- Se compararmos os acontecimentos históricos de Daniel 2,7,8 notamos que os dois primeiros capítulos começam com o antigo reino de Babilónia e o último começa com o Medo-Persa, mas todos eles continuam a enumerar acontecimentos até ao fim dos tempos – o que implica, só por si, interpretar o tempo anunciado como sendo profético.


10- Como podemos ver no quadro acima, existe um paralelismo entre o julgamento - Daniel 7.26 -, o qual conduz à 2ª vinda de Cristo - e a purificação do santuário – Daniel 8.14. Assim, tanto uma acção como a outra ocorrerão antes da 2ª vinda de Cristo, apontando para tempo do fim. Estes acontecimentos inerentes ao tempo do fim não seriam possíveis se o período de “2.300 tardes e manhãs” fossem literais. Portanto, não se enquadram, de forma alguma com o rei seleucida Antíoco IV Epifânio.
11- O chifre pequeno ou o poder por ela personificado é, apresentado na linguagem do profeta como um poder de natureza, essencialmente, religiosa – cf. Daniel 7.25, 8.12. Acontece que Antíoco IV Epifânio, apesar das suas pretensões à divindade, era um poder político, nada mais.
12- Se lermos o texto – Daniel 8.22,23 – a ponta pequena está directamente ligada com o aparecimento de um rei - o 5º rei – v. 23 – logo após os quatro do v. 22. Ora, como vimos acima, Antíoco IV Epifânio é o 8º e não o 5º!
13- A profecia refere que este poder – ponta pequena – “(…) sem mão será quebrado” – Daniel 8.25. No entanto, se como dizem, este poder é o rei Antíoco IV Epifânio, os livros apócrifos I e II Macabeus, apresentam-nos três causas diferentes para a sua morte, a saber: 1ª- “(…) agora, morro de tristeza (…)” – I Macabeus 6.13; 2ª- “Esmagado por uma chuva de pedras” – II Macabeus 1.16; 3ª- “(…) prostrado pela doença (…). Enfim, ferido mortalmente” – II Macabeus 9.21,28. Como se poderá ver – nenhuma delas está de acordo com as palavras proféticas!
14- O chifre pequeno, como se poderá ver no quadro comparativo acima, quer no cap. 7 como no cap. 8 aparece no mesmo momento, mais precisamente após os impérios universais – 7.2-7,15-20; 8.2-8,20-22 – ou seja, após o século III da nossa era.Além disto e segundo o texto bíblico, a actividade do chifre pequeno prolonga-se até ao final dos tempos e para lá do período compreendido pelas “2.300 tardes e manhãs”, visto que só neste final de tempo é que o santuário seria purificado, como também num tempo mais além, este poder seria “sem mão quebrado” – Daniel 8.25. Portanto, pelo quanto pudemos analisar, o rei seleucida Antíoco IV Epifânio está totalmente ausente do livro profético de Daniel.

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