sábado, 20 de novembro de 2010

A IGREJA DE ROMA

Como definir esta confissão religiosa, esta instituição, este colosso? Não iremos estudá-la de uma forma exaustiva, pois não é o nosso propósito. Iremos, isso sim, realçar de uma forma sintética e simples a génese deste complexo sistema religioso que criou raízes profundas, em particular, no ocidente. Segundo o nosso entendimento, esta confissão religiosa está, à luz da Bíblia, ao mesmo nível das outras suas congéneres! Enfim, só com uma única vantagem, se assim se poderá dizer! É, em termos de registo, a mais velha, pois quanto ao resto, nem mais nem menos! Apreciaremos como ela é para que nos possamos aperceber se esta tem assim tanta autoridade, a ponto de, teimosamente, continuar a catalogar tudo e todos! E, o que é mais curioso, poucos são os que ousam catalogá-la! Será por receio?! Ou porque esta não tem quaisquer elementos que a possam identificar como uma Seita, visto ser detentora da Verdade?! Tecnicamente, a confissão religiosa que não tiver, como base, as Escrituras – o Cânone – será tida, como facilmente se compreenderá, por falso e espúria!
Cabe ao leitor, à medida que formos avançando, tirar as ilações que se impõem! Esta confissão religiosa, como veremos mais abaixo, é uma verdadeira caixa de surpresas. Mas, para já permaneçamos na identificação desta confissão religiosa à qual, uma grande franja da população portuguesa, diz pertencer!

1- O Arranque
Na década de 60, mais precisamente no ano 63 a.C., o general romano Pompeu afogou, em sangue, as revoltas da Judeia e “milhares de judeus foram trazidos a Roma integrados no seu cortejo triunfal”. Como já vimos, quanto aos seguidores de Cristo, estes retiraram-se, antes da destruição do Templo e de Jerusalém, para a pequena cidade de Pella.
Daqui, depois, para o resto do mundo conhecido de então. Assim o encontramos relatado, após a morte de Jesus, por Plínio, em 112, numa epístola ao imperador Trajano. Este escreveu: “Os templos estão quase desertos (…) e a superstição não só contaminou as cidades, como se propagou às aldeias e aos campos do Ponto e da Bitínia”.
O império, à medida que o tempo ia passando, estava a ser minado por toda a espécie de males. Um destes, internamente, era sem sombra de dúvida, a religião! A implantação desta é bastante vigorosa ao ponto de inquietar o imperador Nero; este considerava-a uma traição aos deuses e, consequentemente, ao Estado, visto que “só é perseguido aquilo que ameaça”. A História da Igreja passará por algumas fases. Destas, destaquemos algumas:

1- A sua abertura aos pagãos;
2- Evangelização dentro do império romano;
3- Consolidação – lutas contra os judaisantes e as heresias.

Os cristãos eram catalogados como uma verdadeira praga, pois eram acusados de todo o tipo de crimes! Estes, em sua defesa, replicavam: “Acusais-nos de falsos incestos, enquanto vós cometeis os verdadeiros”; ou ainda, por toda e qualquer leve suspeita eram “aprisionados como cristãos, sem outro motivo de acusação”.
Por outro lado também poderiam ser culpados de ateísmo, porque se recusavam a homenagear os deuses e o império. Deles se dizia: “rebaixam os templos como se eles fossem casas de morte; rejeitam os deuses; gozam com as coisas santas. Por que se esforçam por manter escondido e secreto o seu culto? O que é honrado não teme a luz do dia e só o que é mau permanece em segredo. Por que é que não têm altares, templos ou imagens conhecidas? Mas, de onde vem esse Deus único, solitário e abandonado que não conhece nenhuma nação livre, nenhum reino? Só a miserável e insignificante raça dos judeus honra esse Deus. Um Deus fraco, aliás, visto que tanto Ele como o Seu povo estão subjugados aos deuses de Roma”. (sublinhado nosso). (Estas imagens, curiosamente, como veremos mais abaixo, só irão aparecer mais tarde), o que não deixa de ser expressivo)!
Ora, mediante este contexto que acabámos de descrever, por se estar sob uma constante suspeita, era imperioso, não só resguardar-se de todos os ataques exteriores à sua fé, como a necessidade premente de viver e partilhar esta mesma fé, através de símbolos que fossem, unicamente, conhecidos pelos aderentes, todos aqueles que tinham e partilhavam a mesma esperança - os cristãos!

a) O Peixe
Os cristãos, por terem uma religião diferente da estatal e maioritária e, por esta simples razão eram considerados como - “seita” e “praga” – indesejável! Estes tinham que encontrar qualquer escape para poderem contornar este clima de suspeição tão desfavorável à sua fé. Para manter e fortalecer aquilo em que criam, era necessário o contacto e a ligação entre eles, o cimento que os unia.
Como fazer? Como se poderiam encontrar para a partilha da fé e prestar culto a Deus sem que tal pudesse levantar quaisquer suspeitas, quer dos restantes concidadãos, quer das autoridades civis e religiosas? Era necessário encontrar um símbolo que revelasse, que contivesse tudo, mas que, ao mesmo tempo, tivesse a grande particularidade de permanecer anónimo para o exterior! Finalmente, foi encontrado um símbolo – um criptograma – que representava o Filho de Deus, um - Peixe!
A língua circulante era o grego. Ora, esta palavra, nesta língua escreve-se assim: Ichthus. Se retivermos as iniciais desta palavra, então encontraremos não somente o nome de Jesus, como também, por feliz coincidência, os títulos que, enquanto esteve no seio dos homens, foi conhecido, a saber:
• (I)êsous = Jesus
• (Ch)ristòs = Cristo
• (Th)eou = Deus
• (Y)iòs = Filho
• (S)ôter = Salvador
Neste nome, portanto, está contido tudo o quanto, nesta época, era necessário para recordar Jesus, na Sua globalidade. Assim, como podemos ver, ao juntarmos as diferentes iniciais, como dissemos, não somente formam a palavra peixe, como também se torna numa frase perfeitamente compreensível para os cristãos: Jesus Cristo Filho de Deus Salvador.

Em cima dos peixes pode ler-se:

“O Peixe dos Viventes”
1- Jesus – Salvador: Este título foi proclamado quando os anjos anunciaram o Seu nascimento, naquela noite, aos pastores que guardavam os seus rebanhos nos campos: “ Hoje na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor” – S. Lucas 2:11. De igual modo, o título de Messias iremos encontrá-lo no teor do libelo acusatório contra Si, quando foi apresentado a Pilatos, ao dizerem: “Encontrámos este homem (…) a dizer-Se, Ele próprio, o Messias” – Lucas 23:2. (sublinhado nosso). Jesus, Filho de Deus, “este título não era somente reservado aos monarcas. Também era aplicado a todos aqueles a quem se atribuíam forças divinas” .

2- Jesus – o Senhor: Que dizer da referência a este título? Para abreviar, recordaremos somente que, nesta época, era muito perigoso chamar alguém de “Senhor”! E porquê? Porque “o título religioso de - Senhor - era aplicado às divindades dos cultos mistérios. Este culto reflectiu-se no dos imperadores e dos reis orientais. Na altura das perseguições, a simetria tornara-se antagonismo, os cristãos deveriam escolher entre o Kurios Christos (Senhor Cristo) e o Kyrios Caesar ( Senhor César).”
E o desafio era tal, que encontramos o reflexo desta escolha, que deveria ser feita publicamente, por todos aqueles que se encontravam confrontados com ela. Veja-se o que diz o apóstolo S. Paulo a este respeito: (…) esta é a palavra da fé que nós pregamos. Porque, se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e creres no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo” – Romanos 10:9. A aclamação - Jesus é o Senhor - concorria com a pretensão política-religiosa dos imperadores de serem reconhecidos como - Senhores - visto que César é Senhor (Kurios Caesar)!
Para enfrentar tal decisão, para reconhecer e dizer publicamente que: - o Senhor - não era o imperador - mas Cristo Jesus! Só algo de superior fazia com que se fizesse tal opção! S. Paulo irá admoestar e encorajar os crentes, ao dizer: “(…)… ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão por influência do Espírito Santo”- I Coríntios 12:3
Jesus, ainda no seio dos Seus discípulos pode afirmá-lo sem quaisquer ambiguidades “ Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, visto que o sou” – S. João 13:13. Só que este direito “senhorial” de Jesus sobre cada um de nós deverá ser real e não faz de conta! Contra isto Jesus se insurgiu, ao dizer: “Porque me chamais de Senhor, Senhor, e não fazeis o que Eu digo?” – S. Lucas 6:46. Portanto, implica militância! Não ser cristão aparente, de fachada, mas viver à altura do que se diz ser!

3- Jesus – Salvador: Ele comportava, no tempo, uma dupla vertente: 1- Médica; 2- Social. Quanto à primeira, estava ligada ao deus da Medicina, Asclépios, que “era o «Salvador», aquele que traz a cura da doença”. Em relação à segunda, ela tem que ver com a alforria, libertação dos escravos.
Se aplicarmos estas noções à vertente espiritual, então Cristo Jesus não somente nos cura da doença do pecado que nos conduz, irremediavelmente à morte (cf. Romanos 3:23;6:23), como também nos liberta da escravatura que este mesmo pecado impõe a todos os que a ele se entregam (cf. João 8:34; Romanos 6:17,18; Tito 3:3)

Este símbolo fez o seu percurso e ainda subsiste nos nossos dias gravado na capa de algumas edições bíblicas! Acerca deste símbolo, são bastante significativas as palavras de Tertuliano (220 d.C.)! Este quando fala acerca do baptismo, associa este acto, símbolo de fé, à imagem do peixe. A este respeito diz: “Víboras, cobras, serpentes procuram, em geral, os lugares áridos, sem água; ao passo que nós, pequenos peixes, assim denominados a partir do nosso ICHTYS, Jesus Cristo, na água nascemos e nos salvamos permanecendo nela”.

b) Rotas-Sator
Vejamos um outro criptograma descoberto em Pompeia. Este é conhecido pelo – Quadro de Rotas-Sator . Muitas interpretações têm sido dadas na tentativa de se conhecer o seu real significado. Este quadro apresenta-se sob duas formas:
Estas cinco linhas estão dispostas de tal forma que podem ser lidas em todos os sentidos. À primeira vista, a significação do quadrado é obscura; talvez queira dizer: “Arepo, o semeador, velando pela sua charrua, mantém com cuidado as suas rodas”. Uma outra tradução possível: “O Deus que semeia (o evangelho) segue as esferas (o universo) com cuidado”. Arepo, talvez alusão camuflada a Deus, o que não é impossível de todo! Ora veja-se: (A)lfa – Princípio; (R)ex – Rei; (E)t; (P)ater – Pai; (O)mega - Fim. O que daria, a junção das palavras uma frase tipo: Deus Pai, Alfa e Ómega. Recordando assim quanto o próprio Deus diz a Seu respeito (cf. Isaías 41:4; 44:6;48:12).
Por outro lado, o motivo Alfa e Ómega era muito acarinhado pelos primeiros cristãos. As letras do quadrado podem ser agrupadas e formar um anagrama que nos dá um duplo Pater Noster (Pai nosso) em forma de cruz; assim como a repetição do A (Alfa) e do O (Ómega), reforçando a ideia de que Cristo crucificado é o Alfa e o Ómega da História da humanidade (Apocalipse 1:8;21:6;22:13).
Note-se ainda que o anagrama contém um T (Tau) (símbolo da cruz), entre o (A)lfa e o (Ó)mega nos lados do quadrado:
Em 1926, o alemão Felix Grosser fez este esquema por transposição anagramática e cruciforme. Verifica-se aqui, recordamos, a oração do Senhor Jesus – Pater Noster (Pai nosso) – e os símbolos do Alfa e do Ómega que são, respectivamente, a primeira e a última letra do alfabeto grego e que significam no Apocalipse “o Princípio e o Fim”, isto é a grandeza de Deus – Apocalipse 22:13.
Portanto, tal como já o dissemos, facilmente se poderá imaginar que os cristãos se tenham servido igualmente deste puzzle para testemunharem da sua fé em períodos de maior aperto e perseguição religiosa.

c) O Escândalo
Este título faz-nos recordar as palavras do apóstolo S. Paulo endereçadas aos crentes de Corinto: “nós pregamos a Cristo crucificado escândalo para os judeus e loucura para os gentios” – I Coríntios 1:23.
Por que é que os gentios não podiam crer no Cristo crucificado, sendo para eles, portanto uma loucura? A resposta, tendo em conta a mentalidade da época, é fácil de dar e, acima de tudo, de compreender. Um Deus ignominiosamente condenado e executado, seria possível crer n’Ele ou na Sua doutrina? O reflexo do peso deste acontecimento, nas mentalidades, já o vimos acima, quando contemporâneos dos cristãos dos primeiros séculos disseram: “(…) Mas, de onde vem esse Deus único, solitário e abandonado que não conhece nenhuma nação livre, nenhum reino? Só a miserável e insignificante raça dos judeus honra esse Deus. Um Deus fraco, aliás, visto que tanto Ele como o Seu povo estão subjugados aos deuses de Roma”.
Sejamos sérios! Como aceitar um Deus desta espécie e respectiva doutrina? Sejamos razoáveis e inteligentes! Mas era esta, repetimos, a mentalidade da época, a qual compreendemos perfeitamente inserida no seu preciso contexto histórico.
De igual modo, para um judeu, por seu lado, ver um dito “Messias” crucificado era, antes de mais, um insulto às suas esperanças messiânicas, de cariz meramente político. Depois, um Messias sofredor era, na época, - uma noção totalmente estranha. Nenhum judeu, no tempo de S. Paulo, teria a ideia de associar o Messias com o - Messias de dores - descrito pelo profeta Isaías no capítulo 53!
Os cristãos, apesar de sofrerem os maiores vexames públicos devido à sua fé, permaneciam inabaláveis. A História dá-nos a conhecer um caso interessante que ilustra perfeitamente bem esta determinação.
O desenho que segue foi descoberto no Monte Palatino, em Roma, na escola dos pajens imperiais. É um desenho do século III. Representa um garoto com o braço levantado ao céu numa atitude de adoração. E o que é o objecto da adoração? Um ser crucificado, tendo um corpo de homem com uma cabeça de burro! Pode-se ler o que está escrito por baixo do desenho, que diz: “Alexamenos adora o seu Deus”.
Gozam com este jovem! Mas não parece que tivesse tido grande efeito, pois outra inscrição contendo uma escritura diferente diz: “Alexamenos fiel”. Talvez, quem sabe, ou foi o próprio que o escreveu ou alguém dos colegas impressionado pela fé deste pajem.
Esta era a vivência dos primeiros cristãos; arriscavam as vidas na defesa da sua fé! Vivia-se aqui ainda o período do primeiro amor por Cristo Jesus.

d) Giuseppe Verdi (1813-1901)
Todas estas variantes para louvar Deus, de uma forma velada, fazem-nos recordar alguns acontecimentos de meados do século XIX, relacionados com as óperas deste grande compositor italiano. Certa vez, uma noite, um amigo entrega-lhe um libreto para que o musique. Este, versava o tema do cativeiro do povo de Israel em Babilónia sob o reinado de Nabucodonosor. Verdi leu-o. À medida que o ia lendo, deixava transparecer, através da música, a expressão deste povo em cativeiro.
Nesta época, curiosamente, a Itália, a exemplo de Israel, no passado, estava a ser oprimida pela Áustria! Ardia-lhe no coração a ânsia da libertação da sua própria pátria! A música, como um clarim, dava o toque do ânimo e força a um povo agrilhoado pela opressão do estrangeiro.
Assim, a ópera Nabuco, obra deste formidável compositor, triunfa no Scala e “os sentimentos nacionais que haviam explodido no Nabuco, com ardor expontâneo, eram explicitamente lisonjeados na escolha do tema. O coro do Nabuco obtinha aqui uma réplica pontual no caso dos Cruzados Lombardos, que, torturados pela sede do deserto palestiniano, sonham com os verdes prados e as doces colinas da sua terra natal”.
Ora, o que é que acontecia com os que iam à ópera para aplaudirem a ópera Nabuco? O que ali acontecia era muito simples! No fim da ópera, esta era aplaudida de pé, assim como eram dadas grandes vivas ao seu autor – VERDI. Mas quem é que estes, na realidade aplaudia? O Compositor? Claro, em certa medida!

Mas havia outra realidade escondida, camuflada entre os seus entusiastas VIVAS e aplausos! A polícia austríaca ali existente, fiscalizava todos os movimentos suspeitos! A assistência, ao se levantar, ao aplaudir o compositor e a respectiva obra, aplaudia, na realidade, outro Verdi! Um VERDI político! Ao aclamarem: - VIVA VERDI -, na realidade eles, com a mesma intensidade patriótica, saudavam o seu soberano no exílio! Vejamos como:

Assim, o povo italiano ao saudar a obra e o seu grande e talentoso compatriota, mesmo sob os olhares da polícia política, estavam a dar vivas, veladamente, ao seu soberano exilado: V (ittorio) E (manuele) R (e) d’ I (tália).

Bibliográfica:Michael Green, op. cit., p. 23
Citado por Edward Gibbon, Declínio e Queda do Império Romano, Lisboa, Ed. Círculo de Leitores, 1995, Vol. I, p. 208
A . Hamman, A Vida Quotidiana dos Primeiros Cristãos (95-197), Lisboa, Ed. Livros do Brasil, s.d., p. 13
Idem, p. 65
Cirilo Folch Gomes, OSB, Antologia dos Santos Padres, 3ª ed. Lisboa, Ed. Paulinas, 1985, p. 92
Michael Green, op. cit., p. 348, nota 53
Oscar Cullmann, Christologie du Nouveau Testament, 3ª ed., Neuchatel, Ed. Delachaux & Niestlé, 1968, p. 212
Georges Stéveny, A la Découverte du Christ, Paris, Ed.Vie et Santé, 1991, p. 195
Idem, p. 176
Oscar Cullmann, op. cit.., pp. 207,208
Cf. Visão de conjunto Michael Green, op. cit., p. 403,404, nota, 108
Cf. Oscar Cullmann, op. cit., pp. 52,55
Michael Green, op. cit., p. 209
Henri Thomas e Dana Lee Thomas, Vidas de Grandes Compositores, Lisboa, Ed. Livros do Brasil,, Colecção Vidas Célebres, nº 2, s.d., p. 225
Massimo Mila “VERDI, Giuseppe”, in Dicionário Biográfico Universal, Lisboa, Ed. Artis Bompiani, 1982, Vol. V, p. 3689

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