segunda-feira, 8 de outubro de 2012

COMPREENDENDO AS TROMBETA - As Trombetas como Pragas Preliminares sobre o Mundo Hostil

As trombetas descrevem os juízos de Deus fazendo alusões às antigas pragas do Egipto:
O primeiro toque de trombeta envia "granizo e fogo misturados com sangue, que foram lançados sobre a terra" (Apoc. 8:7). Isto se refere à sétima praga do Egipto (Êxo. 9:22-26) que foi enviada por motivo da libertação de Israel. A segundo trombeta joga uma grande montanha no mar, de modo que "a terça parte do mar se converteu em sangue, e morreu a terça parte dos seres viventes que estavam no mar" (Apoc. 8:8, 9). Isto é uma alusão à primeira praga do Egito, quando Moisés feriu o rio Nilo com sua vara e "todas as águas que havia no rio se converteram em sangue" (Êxo. 7:20, 21). O toque da terceira trombeta envia uma estrela ardendo sobre "a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas" de maneira que as águas se fizeram absinto, matando a muitos homens (Apoc. 8:10, 11). Isto tem alguma semelhança com o fato de que os egípcios não podiam beber a água do Nilo (Êxo. 7:21). A quarta trombeta faz que uma teça parte do sol, da lua e das estrelas se escureçam na terça parte do dia e da noite (Apoc. 8:12). Este fenómeno nos recorda da nona praga, que causou densas trevas sobre toda a terra do Egito por três dias (Êxo. 10:21-23). A quinta trombeta faz que lagostas diabólicas torturem as pessoas por 5 meses (Apoc. 9:1-11). Isto alude à oitava praga do Egito, quando as lagostas devoraram "toda a erva da terra, e todo o fruto das árvores" (Êxo. 10:13-15). A sexta trombeta envia uma cavalaria monstruosa do rio Eufrates que mata a "a terça parte dos homens" (Apoc. 9:13-19). Um juízo assim corresponde à décima praga, quando o anjo da morte enviado por Deus causou a morte de todos os primogénitos do Egito, "para que saibam que Jeová faz diferença entre os egípcios e os israelitas" (Êxo. 11:7).
Ao mesmo tempo que lemos que a cada praga que caiu sobre o Egito Faraó endureceu seu coração para não deixar ir a Israel, assim também lemos depois da sexta trombeta: "Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demónios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau... nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos" (Apoc. 9:20, 21).
A semelhança literária das trombetas com as pragas do Egito nos diz que as trombetas não são fundamentalmente desastres naturais ou calamidades gerais, e sim as maldições do Deus do pacto sobre seus inimigos. Da vitória de Cristo sobre Satanás, o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11; 2 Cor. 4:4), Cristo esteve atuando para voltar a estabelecer o reino de Deus na terra: "Porque preciso é que ele reine até que tenha posto a todos seus inimigos debaixo de seus pés" (1Cor. 15:25).
O ministério intercessor de Cristo no céu inclui sua paciência redentora para com seus inimigos. As trombetas anunciam os limites de sua paciência e a contínua derrocada dos reinos malignos antes de sua vinda. As trombetas revelam a incapacidade dos reinos humanos e os incapacita. Depois, a sétima trombeta declara: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Apoc. 11:15).
O Criador Continua Sendo o Governante da Terra
As trombetas sugerem a ruína gradual da obra da criação. O juízo de cada trombeta se refere a um característico que corresponde a um dia da semana da criação: (1) a terra; (2) o mar; (3) os rios e as fontes das águas; (4) o Sol, a Lua e as estrelas; (5) as lagostas; (6) o homem; (7) o reino. Desde esta perspectiva os juízos das trombetas tocam todos os 6 dias da criação. A destruição progressiva da criação de Deus pode entender-se como uma desqualificação dos atuais habitantes do mundo:
"O significado destas referências à criação [em Apoc. 8-9], sem dúvida alguma indicam que Cristo está estabelecendo seu reino sobre cada aspecto da criação, e que todos os herdeiros falsos, embora exerçam temporalmente o domínio, serão despojados".1
Entretanto, Cristo não destrói sua própria criação. Só proporciona oportunidade a Satanás, cujo nome tanto em hebraico como em grego é "destruidor" (Apoc. 9:11). Satanás destrói o que Deus criou. Nenhuma passagem no Apocalipse descreve mais graficamente este caráter demoníaco que a quinta e a sexta trombetas (cap. 9). Podemos esperar que aconteça isto cada vez mais no curso da história, especialmente no tempo do fim.
João não espera que apliquemos em forma literal esta descrição de lagostas e cavalos que atormentam. Deseja que compreendamos que Deus usa inclusive os poderes do mal e de Satanás como seus instrumentos de juízo para expor o mal oculto de seus adversários.
As trombetas mostram que a igreja não deve esperar que o evangelho vá criar paz no mundo e vá dissipar a idolatria (ver Apoc. 9:20, 21). De fato, a segunda metade do Apocalipse revela que o evangelho será cada vez mais escurecido pelos espíritos malignos que procedem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta (16:13). O propósito da atividade dos espíritos de demónios é enganar a humanidade por meio de sinais milagrosos e dessa maneira unir ao mundo em uma rebelião contra seu Criador.
Tanto Jesus como Paulo predisseram que o tempo do fim estaria marcado por uma manifestação crescente de engano demoníaco por meio de sinais e milagres (ver Mat. 24:24; 2 Tes. 2:9-12). Esta atividade intensificada dos espíritos de demónios é colocada no Apocalipse como a contraparte do reavivamento da obra do Espírito Santo, tal como se descreve em Apocalipse 18:1-4. Em contraste com o escurecimento do céu "pela fumaça do poço" do abismo (9:2), aparece o anjo do Senhor que tem grande autoridade para iluminar a terra com sua glória (18:1).
 
Este contraste nos leva a considerar as últimas trombetas de Apocalipse 9 dentro do grande plano de Deus, tal como se desenvolve nas visões do tempo do fim em Apocalipse 12 a 20. Estas visões revelam o objetivo oculto dos espíritos demoníacos, que consiste em conduzir a todo mundo a seu último ataque contra os seguidores do Cordeiro de Deus (13:15-17; 20:7-9). Nesse desenvolvimento final do grande conflito entre Deus e Satanás, "tudo o que não esteja ocupado pelo Espírito de Deus, chegará a estar ocupado pelos espíritos de demônios".2


Hans K. LaRondelle

Referências

1. Rusten, A Critical Evaluation of Dispensational Interpretations of the Book of Revelation, t. 2, p. 370.
2. D. Ford, Crisis! A Commentary on the Book of Revelation, t. 2, p. 417.

Sem comentários:

Enviar um comentário