quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O MAGISTÉRIO DA IGREJA

Após ter definido o conceito de - Magistério da Igreja - o Catecismo ainda acrescenta: “Todavia, este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido (…).
Recordando a sua definição, esclarece que tem o ”encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou contida na Tradição”. Se bem compreendemos a definição, portanto, o Magistério da Igreja, a sua análise do texto bíblico tem como objectivo primeiro, torná-lo mais compreensivo e não contraditório. Vejamos, a este propósito, alguns pormenores:

Consciência e Verdade
Dissertando acerca desta vertente, o Papa João Paulo II afirmou: “Uma grande ajuda para a formação da consciência têm-na os cristãos na Igreja e no seu Magistério, como afirma o Concílio “(…) Pois por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo”.
Esta afirmação é muito feliz e grandemente reveladora! Ainda bem que o leitor, assim como nós próprios, ficamos esclarecidos de uma coisa tremendamente importante e significativa: que não foram as Escrituras, mas sim o Concílio que disse que “(…) Pois por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo”! Só aqui encontramos uma diferença de peso! Só resta saber o que é que se entende por “mestra da verdade”?!
Se a Igreja tem, realmente, o solene encargo de ensinar a Verdade / Cristo, então quer dizer que o seu ensino encontra-se baseado unicamente nas Escrituras, visto que a Verdade é, em simultâneo: 1- Cristo (S. João 14:6); 2- a Bíblia (S. João 17:17)! Mas, perguntamos, como ensinar a tal Verdade, desdobrada em Cristo e nas Escrituras, se a maioria dos fiéis desta confissão religiosa, infelizmente, não conhece, nunca leu - as Escrituras - aquelas que afirmam, sem quaisquer equívocos, ser Ele a Verdade (S. João 17:17)?
Se realmente é ensinado algo, como saber se o que é dito está conforme o texto Sagrado, tal como o preconizam os Pais da Igreja, como vimos, se não o cunsultamos? Ouvir a leitura de um texto, quando se assiste à missa, convenhamos que já é bom! Mas se examinarmos o seu ensino e o confrontarmos com a Palavra de Deus, certamente será ainda muito melhor, por duas razões: 1- As Escrituras foram dadas ao homem para que este pudesse conhecer o Plano da Salvação, exactamente como o Senhor deu o exemplo: “E começando por Moisés (os cinco primeiros livros da Bíblia) e seguindo por todos os profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que Lhe dizia respeito” - S. Lucas 24:27; 2- Para que o crente se certifique que o ensino que lhe está a ser ministrado possa ter como base as Escrituras.
A este propósito, assim se expressa o apóstolo S. Paulo, quando escreveu: “Estes tinham sentimentos mais nobres do que os de Tessalónica e acolheram a palavra com maior interesse. Examinavam diariamente as Escrituras para verificarem se tudo era, de facto, assim.” - Actos 17:11.
Portanto, uma primeira conclusão se impõe: a “mestra da verdade” não é, de modo algum, esta confissão religiosa, mas a Igreja como entidade abstracta que se identifica e vive em harmonia com um veemente: “Assim diz o Senhor” e não com um “Assim afirma o Concílio”! Logo, “a consciência dos cristãos”, contrariamente ao que afirma o papa, não está na confissão religiosa que representa, assim como não está no Magistério, mas unicamente na Palavra de Deus!

Palavras humanas
O papa, como vimos atrás, ao falar de religiões alternativas ao cristianismo, falou de uma recente formação espiritual cujo nome é New Age – Nova Era. Ele definiu-a assim: “É apenas um novo modo de praticar a gnose, isto é, aquela disposição de espírito que, em nome de um profundo conhecimento de Deus, acaba por interpretar mal a Sua Palavra, substituindo-Lhe palavras que são apenas humanas”.
Qual, perguntamos nós, foi o critério que este usou para fazer tal afirmação? Convenhamos que, quando adicionamos as nossas palavras à Palavra de Deus, nada sairá certo! Deduzimos, portanto, das suas palavras que o critério da avaliação terá sido, neste caso específico, as Escrituras! E, visto que julga e cataloga os outros, qual é o princípio, pelo qual são regidos os ensinos da confissão religiosa a que preside? É a que resulta dos Concílios ou das Escrituras? Ou o princípio por ele enunciado, só serve para as outras confissões religiosas?
Quanto a nós, não temos qualquer dúvida, como mais abaixo pensamos demonstrar, que o critério sempre foi, por estranho que possa parecer, os ditames dos Concilios! Pois se fossem os Escriturísticos, como tudo teria sido tão diferente! Dizemos tudo isto só por que não concordamos com os métodos desta confissão religiosa? Claro que não! Como homens do documento, preferimos fazer ponto de honra, o documento divino, a Magna Carta de Deus ao homem - as Sagradas Escrituras!
Aplicando-se a muitas problemáticas, abordaremos, a este propósito, as palavras de Jesus, ao citar o que no passado, o profeta Isaías tinha dito ao professo povo de Deus: “É vão o culto que Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos” – S. Mateus 15:9. Será que estas palavras não encontram eco nos nossos dias e, em particular, nesta confissão religiosa? Bem gostaríamos que não encontrasse e quão tudo seria diferente! Se o dito Magistério ensina doutrinas que não estão consignadas no Cânone, então é ou não é o Magistério, contrariamente ao que é afirmado, “superior às Escrituras”? Claro que é, sem qualquer dúvida!
Assim, quer a Tradição, quer o Magistério também não estão, de modo algum, em consonância com as Escrituras. Somente estas são a base do Plano da Salvação e não a Tradição e, muito menos, o Magistério! Visto que este último, em vez de clarificar a Palavra e Deus, torna-a contraditória, no seu todo, inserindo “doutrinas que são preceitos dos homens”! Nem mais nem menos! A mesma coisa que disse o Papa para o sistema espiritual - New Age - também se aplica, integralmente, infelizmente, na confissão religiosa que representa; que, vendo bem, é ele próprio! Perguntamos: Se tem solução para os outros, por que não experimenta esta mesma solução no seu próprio edifício espiritual?

Bibliografia:
Catecismo, p. 36, n.º 86
João Paulo II, O Esplendor da Verdade, p. 110
João Paulo II, Atravessar o Limiar da Esperança, p. 86

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