quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A TERCEIRA MENSAGEM APOCALIPSE - Paciência Limitada

"A lei requer justiça - vida justa, caráter perfeito; e isso não tem o homem para dar. Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à Terra como homem, viveu vida santa, e desenvolveu caráter perfeito. Estes, Ele oferece como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos homens. Assim obtêm remissão de pecados passados, mediante a paciência de Deus. Mais que isso, Cristo lhes comunica os atributos divinos. Forma o caráter humano segundo a semelhança do caráter de Deus, uma esplêndida estrutura de força e beleza espirituais. Assim, a própria justiça da lei se cumpre no crente em Cristo. Deus pode ser 'justo e justificador daquele que tem fé em Jesus' (Romanos 3:26-31).

O amor de Deus tem-se expressado tanto em Sua justiça como em Sua misericórdia. A justiça é o fundamento de Seu trono, e o fruto de Seu amor. Era o desígnio de Satanás divorciar a misericórdia da verdade e da justiça. Buscou provar que a justiça da lei divina é inimiga da paz. Mas Cristo mostrou que, no plano divino, elas estão indissoluvelmente unidas; uma não pode existir sem a outra. 'A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram' (Salmos 85:10). Por Sua vida e morte, provou Cristo que a justiça divina não destrói a misericórdia, mas que o pecado pode ser perdoado, e que a lei é justa, sendo possível obedecer-lhe perfeitamente. As acusações de Satanás foram refutadas.

Outro engano devia ser então apresentado. Satanás declarou que a misericórdia destruía a justiça, que a morte de Cristo anulava a lei do Pai. Fosse possível ser a lei mudada ou anulada, então não era necessário Cristo ter morrido. Anular a lei seria imortalizar a transgressão e colocar o mundo sob o domínio de Satanás. É justamente porque a lei é imutável, porque o homem só se pode salvar mediante a obediência a seus preceitos, que Jesus foi erguido na cruz (Mateus 19:16-22 cf Romanos 2:13; Tiago capítulo 2).

O ser defeituosa a lei pronunciada pela própria voz divina, o haverem sido certas especificações postas à margem, eis a pretensão apresentada agora por Satanás. É o último grande engano que ele há de trazer sobre o mundo. Não necessita atacar toda a lei; se pode levar os homens a desrespeitar um só preceito, está conseguido seu objetivo. Pois 'qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos' (Tiago 2:10). Consentindo em transgredir um preceito, são os homens colocados sob o poder de Satanás. Substituindo a lei divina pela humana (Marcos 7:7-9), procurará Satanás dominar o mundo. Essa obra é predita em profecia. Acerca do grande poder apóstata que é representante de Satanás, acha-se declarado: 'Proferirá palavras contra o Altíssimo e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão.' (Daniel 7:25).

Os homens hão de certamente estabelecer suas leis para anular as de Deus. Procurarão obrigar a consciência de outros, e, em seu zelo para impor essas leis, oprimirão os semelhantes. A guerra contra a lei divina, começada no Céu, continuará até ao fim do tempo. Todo homem será provado. Obediência ou desobediência, eis a questão a ser assentada por todo o mundo. Todos serão chamados a escolher entre a lei divina e as humanas. Aí se traçará a linha divisória. Não existirão senão duas classes. Todo caráter será plenamente desenvolvido; e todos mostrarão se escolheram o lado da lealdade ou o da rebelião. Então virá o fim.

Deus reivindicará Sua lei e livrará Seu povo. Satanás e todos quantos se lhe houverem unido em rebelião serão extirpados. O pecado e os pecadores perecerão, raiz e ramos (Malaquias 4:1) - Satanás a raiz, e seus seguidores os ramos. Cumprir-se-á a palavra dirigida ao príncipe do mal: 'Pois que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus (...) te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas. (...) Em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre' (Ezequiel 28:6-19). Então 'o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá' (Salmos 37:10); 'e serão como se nunca tivessem existido' (Obadias 1:16).

Isso não é um ato de poder arbitrário da parte de Deus. Os que Lhe rejeitavam a misericórdia ceifarão aquilo que semearam. Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida. Ele está 'separado da vida de Deus' (Efésios 4:18). Cristo diz: 'Todos os que Me aborrecem amam a morte' (Provérbio 8:36). Deus lhe dá existência por algum tempo, a fim de poderem desenvolver seu caráter e revelar seus princípios. Feito isso, receberão os resultados de sua própria escolha. Por uma vida de rebelião, Satanás e todos quantos a ele se unem colocam-se em tanta desarmonia com Deus, que Sua própria presença lhes é um fogo consumidor. A glória dAquele que é amor os destruirá."1
"O que damos a Satanás quando concordamos com o ponto segundo o qual a lei de Deus precisa ser removida? Damos ao Universo inteiro um Deus imperfeito, um Deus que fez uma lei tão defeituosa que Ele precisou retirá-la. É isso o que Satanás deseja. Teremos a coragem de trabalhar ao lado de qualquer um que
não seja Deus?"2
MISERICÓRDIA INFINITA
"No templo celestial, morada de Deus, acha-se o Seu trono, estabelecido em justiça e juízo. No lugar santíssimo está a Sua lei, a grande regra da justiça, pela qual a humanidade toda é provada. A arca que guarda as tábuas da lei se encontra coberta pelo propiciatório, diante do qual Cristo, pelo Seu sangue, pleiteia em prol do pecador. Assim se representa a união da justiça com a misericórdia no plano da redenção humana. Somente a sabedoria infinita poderia conceber esta união, e o poder infinito realizá-la; é uma união que enche o Céu todo de admiração e adoração.

Os querubins do santuário terrestre, olhando reverentemente para o propiciatório, representavam o interesse com que a hoste celestial contempla a obra da redenção. Este é o mistério da misericórdia a que os anjos desejam atentar: que Deus pode ser justo, ao mesmo tempo em que justifica o pecador arrependido e renova Suas relações com a raça decaída; que Cristo pode humilhar-Se para erguer inumeráveis multidões do abismo da ruína e vesti-las com as vestes imaculadas de Sua própria justiça, a fim de se unirem aos anjos que jamais caíram e habitarem para sempre na presença de Deus."3

"Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus, ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe? (...) Poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio a Deus, à verdade e santidade, unir-se à multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro?

Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem o Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus."4

"Em todos os séculos se concede aos homens seu período de luz e privilégios, um tempo de prova, em que se podem reconciliar com Deus. Há, porém, um limite a essa graça. A misericórdia pode interceder por anos e ser negligenciada e rejeitada; vem, porém, o tempo em que essa misericórdia faz sua derradeira súplica. O coração torna-se tão endurecido que cessa de atender ao Espírito Santo de Deus. Então a suave e atraente voz não mais suplica ao pecador, e cessam as reprovações e advertências.

A nação judaica era um símbolo do povo de todos os séculos, que desdenha os rogos do Infinito Amor. As lágrimas de Cristo, ao chorar sobre Jerusalém, foram derramadas pelos pecados de todos os tempos. Nos juízos proferidos contra Israel, os que rejeitam as reprovações e advertências do Santo Espírito de Deus podem ler sua própria condenação.

Há nesta geração muitos que estão trilhando o mesmo caminho dos incrédulos judeus. Testemunharam as manifestações do poder de Deus; o Espírito Santo lhes falou ao coração; apegam-se, porém, a sua incredulidade e resistência. Deus lhes envia advertências e repreensões, mas não querem confessar seus erros, e rejeitam-Lhe a mensagem e o mensageiro."5

"Com infalível precisão, o Ser infinito ainda mantém, por assim dizer, uma conta com todas as nações. Enquanto Sua misericórdia se oferece com convites ao arrependimento, esta conta permanecerá aberta; quando, porém, os algarismos atingem um certo total que Deus fixou, começa o ministério de Sua ira."6 "Deus mantém uma conta com as nações. (...) Quando chegar plenamente o tempo em que a iniqüidade terá atingido o prescrito limite da misericórdia de Deus, cessará Sua clemência. Quando os 'números' acumulados nos livros de registro do Céu indicarem que o total da transgressão está completo, virá a ira."7

"É-nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo."8 "Tempo virá em que em suas fraudes e insolências, os homens atingirão o ponto que o SENHOR não permitirá que transponham, e aprenderão que há um limite para a longanimidade de Jeová."9 "Há um limite além do qual os juízos de Deus não podem mais ser detidos."10

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1. WHITE, E. G. Desejado de Todas as Nações, O; sec. VIII, cap. 79, p.762-763.
2. Ellen G. White, Manuscrito 10, 1894. In: Sermons and Talks, vol. I, p. 232-235.
3. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; sec. III, cap. 23, p. 415.
4. Ibidem, sec. IV, cap. 33, p. 542-543.
5. WHITE, E. G. Desejado de Todas as Nações, O; sec. 47, cap. 64, p. 587.
6. WHITE, E. G. Testemunhos Seletos, vol. II, p. 63.
7. WHITE, E. G. Testemunhos Seletos, vol. V, p. 524.
8. WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas, sec. II, cap. 14, p. 162.
9. WHITE, E. G. Testemunhos Seletos, vol. III, cap. 53, p. 281.
10. Ibidem, vol. IV, p. 166.

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