segunda-feira, 21 de julho de 2014

Depois da Morte – O que ACONTECE?

O conceito de julgamento encontrado em Daniel surge da questão vital do que acontece à pessoa na morte. Para ser consistente, nosso entendimento da morte deve estar em harmonia com o conceito do julgamento que descobrimos em Daniel. Existem dois ensinamentos básicos com relação à morte. O primeiro sugere que quando as pessoas justas morrem, vão diretas para o céu, recebendo a vida eterna imediatamente após a morte. Quando os ímpios morrem, vão direto para o inferno e passam a eternidade num lugar a arder. O segundo sugere que quando as pessoas morrem, vão para o túmulo e “dormem”, e não sabem nada antes da ressurreição. Após a ressurreição, recebem imortalidade. Os ímpios são ressuscitados no fim dos 1000 anos para receber a sua punição. Um cuidadoso exame de ambos ensinamentos revelará o conceito que está em harmonia com a percepção de Daniel sobre o julgamento.

O CONCEITO DE DANIEL SOBRE A MORTE

1.      O que Daniel disse que aconteceria a ele após sua morte?
Rª: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” (Daniel 12:13)
Nota: Daniel disse que descansaria de seus labores até o fim dos dias. No fim de todos os períodos proféticos, na segunda vinda de Jesus, ele receberia a sua herança na ressurreição. Daniel não tinha expectativa de ir ao céu antes da segunda vinda de Jesus.

2.      Com que palavra Daniel descreve a pessoa quando ela morre e quando os justos e ímpios receberão recompensa ou punição?
Rª: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” (Daniel 12:2)?
Nota: Para Daniel a morte é como ir para a cama à noite e dormir. A próxima coisa que você verá depois de morrer é a manhã da ressurreição. Aqueles que acordam (são ressuscitados), receberão vida ou maldição eterna na ressurreição, não quando morrerem.

A ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO

3.      Como é importante a esperança da ressurreição para o cristianismo e se ela não existisse o que aconteceria às pessoas quando elas morrem?
Rª: “E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou.  E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. …Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.” (I Coríntios 15:13-18)
Nota: Se não existe ressurreição, não existe vida eterna. Sem ela não poderíamos virtualmente estar no cristianismo, pois a ressurreição é uma das únicas doutrinas da fé cristã. Não a religião, mas o cristianismo ensina sobre a ressurreição da morte. Se as pessoas vão para o céu quando morrem, não teriam de ser ressuscitadas. O ensinamento que sugere que quando as pessoas morrem, vão diretas para o céu destrói a necessidade da mais essencial doutrina cristã, a doutrina da ressurreição.

4.      Porque Jesus está vindo pela segunda vez?
Rª: “NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (João 14: 1-3)
Nota: Por que Jesus voltaria pela segunda vez para levar o Seu povo para a casa de Seu Pai se o seu povo fosse imediatamente para lá quando morresse? Então, não somente o ensinamento de que a consciência desaparece imediatamente após a morte, destrói a doutrina da ressurreição, mas também destrói qualquer necessidade da segunda vinda de Jesus.

É A ALMA MORTAL OU IMORTAL?

Aqueles que ensinam que as pessoas quando morrem vão para o céu sugerem que toda pessoa é nascida com alma imortal, que enquanto o corpo morre e vai para a terra, a alma volta para Deus. Então, o homem

sábado, 5 de julho de 2014

A ENTRONIZAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS - APOCALIPSE 5

O propósito do Apocalipse de João é revelar as coisas que "devem acontecer" (Apoc. 1:1, 19; 4:1). De modo surpreendente, o que João vê agora em visão, não trata a respeito do que ia passar na terra e sim o que estava acontecendo no céu! A razão para este notável ponto central de atividade em Apocalipse 4 e 5 pode encontrar-se na revelação de que as decisões na sala do trono celestial determinam o curso da história humana, tal como o surgimento e a queda dos governos humanos, mas acima de tudo, o destino final do mundo. Daniel tinha assinalado a soberania de Deus sobre a humanidade: "Ele muda os tempos e as idades; tira reis e põe reis" (Dan. 2:21; ver também 4:17; 5:18, 26-28). Depois da devastação de Jerusalém, Jeremias assegurou aos judeus: "Mas tu, Jeová, permanecerás para sempre; teu trono de geração em geração" (Lam. 5:19). Jesus se submeteu ao poder brutal do governador romano Pilatos, mas declarou: "Nenhuma autoridade teriam contra mim, se não fosse dada de acima" (João 19:11).
Agora o Soberano no céu revela a João um esboço da era da igreja, com ênfase especial sobre o resultado final como está determinado por sua vontade soberana. Este futuro se centra em Cristo e em seu povo do pacto, e se revela por meio da visão do "livro" de Apocalipse 5 a 7.

O livro divino [biblíon] em Apocalipse 5 está selado com 7 selos que ninguém nem no céu nem na terra é digno de abrir. Isto é altamente significativo. Nenhum ser criado, seja anjo ou santo, tem a dignidade de Jesus exaltado. Só Cristo pode dar a conhecer os juízos de Deus, abrindo os selos (Apoc. 6 e 7), e pelas visões seguintes e esclarecedoras do Apocalipse. Dessa maneira Cristo dá sentido à história mundial. Ele colocou a humanidade em direção a uma meta que Deus predeterminou em sua sala do trono no céu. Por isso as visões do trono de João são fundamentais para todo o livro. G. R. Beasley-Murray percebeu isto e disse: "Neste particular, estes capítulos [Apoc. 4 e 5] constituem o fator fundamental da estrutura que mantém unido o livro, porque o resto das visões são montadas nesta estrutura principal".1

A ênfase sobre o livro divino na mão direita de Deus amplia o foco de Deus como o Criador em Apocalipse 4 para Deus como o Redentor de sua criação. A visão do trono no capítulo 5 revela a maneira na qual Deus "tem que vir" (Apoc. 4:8) na história da humanidade para cumprir seu propósito. A Majestade sobre o trono tem em sua mão direita um livro escrito em ambos os lados, e selado com 7 selos (5:1). Alguns viram aqui uma similitude com o rolo do livro desdobrado que Ezequiel recebeu de Deus, no qual estavam escritas por diante e por trás "lamentos e lamentações e ais" (Ezeq. 2:9, 10). Outros vêem um paralelo mais adequado com o rolo de Deuteronómio, o qual, como o livro do pacto, devia dar-se a um recém-coroado rei em Israel (ver Deut. 17:18-20; 2 Reis 11:12). Em sua tese, Ranko Stefanovic tira esta ampla conclusão:

"Ao tomar o livro, a Cristo lhe encomendou a soberania do mundo (cf. 1 Ped. 3:22; Fil. 2:9-11); o livro significaria então a legítima transferência do reino. Em tal contexto, também tem um caráter de testamento, e pode chamar-se também o livro da herança de Cristo. Desde que a transferência do reino se refere à recuperação da posse do direito que se perdeu pelo pecado, o livro tem todas as características do livro da redenção ou a escritura da venda. Ao tomar o livro, todo o destino da humanidade se coloca nas mãos do Cristo entronizado; por isso é na verdade o livro celestial do destino. Ele julgará sobre a base de seu conteúdo, por isso é o livro de juízo".2

O conteúdo deste livro selado, descrevendo os juízos de Deus sobre um mundo hostil, como aparece pelos capítulos que seguem, coloca-se nas mãos do Senhor ressuscitado, o Cristo todo-poderoso e omnisciente (ver Apoc. 5:6). Apocalipse 5 assegura que por meio da vitória de Cristo na terra, será restaurado o reino de Deus (ver Apoc. 21:5).

"Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono" (Apoc. 5:5-7).

Um dos santos glorificados no céu explica que as promessas de Deus a Israel encontraram seu cumprimento no Senhor ressuscitado, e se refere a três profecias essencialmente messiânicas e as combina em uma proclamação de cumprimento: Génese 49:9, 10; Isaías 11:1-10 e 53:7. "Em nenhum outro lugar no Novo Testamento estão agrupados os termos reais mais significativos em relação com Cristo e seu ministério posterior a sua ressurreição assim como no sentar-se à direita sobre o trono do Pai".3 Mas, por que Cristo Jesus foi o único considerado digno? Por que o plano de Deus para a restauração de todas as coisas se faz depender da dignidade moral do Messias davídico e de sua missão como o Cordeiro de Deus (Apoc. 5:6)? W. C. Van Unnik explicou bem isto:
"Ele foi provado em seus sofrimentos e ganhou a vitória. A grandeza de sua obra se descreve no v. 9: de todas as nações redimiu escravos e fez, a estes que antes eram escravos de todos os povos, inclusive os pagãos (!), ser o povo santo de Deus, sacerdotes e reis, a prerrogativa típica de Israel (Êxo. 19:5 e seguintes)".4

João vê o Cristo crucificado e ressuscitado sendo exaltado e entronizado na sala do trono celestial como o Soberano da história. A transferência do livro selado do Pai a Cristo o faz Senhor sobre o desenvolvimento da história do planeta, dado que sua tarefa é abrir os selos do livro do destino do homem. Cristo começa a executar os decretos para o mundo e a igreja. A história humana com seu juízo final se coloca nas mãos do Senhor ressuscitado. Sem Cristo, a história do mundo é um enigma e não tem finalidade. Portanto, todo o céu estala em louvor quando Cristo é declarado digno de receber o livro divino do destino.
"E, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos" (Apoc. 5:8).

Em resposta à coroação de Cristo no céu, todos os serafins e os anciões cantam com adoração um "novo cântico" ao Cordeiro de Deus:

"Cantavam um cântico novo: Tu mereces receber o rolo e soltar seus selos, porque foste morto e com teu sangue adquiriste para Deus homens de toda raça e língua, povo e nação; fizeste deles linhagem real e sacerdotes para nosso Deus e serão reis na terra" (Apoc. 5:9, 10, NBE).

Este cântico é "novo" porque agora foi entronizado o Rei legítimo. Seu triunfo sobre o pecado, Satanás e a morte sobre a terra é considerado no céu como de importância decisiva (ver também Fil. 2:9-11). George Ladd declara: "Se não tivesse vindo em humildade, como Salvador sofredor, não teria vindo como Messias conquistador".5 Este cântico é novo porque está apoiado no fato de que o Cordeiro foi morto, e demonstrou ser digno de abrir os selos do livro como se fora seu próprio testamento.
Em outro sentido, o cântico dos serafins e dos anciões é novo porque está apoiado não só sobre acontecimentos passados, mas também olha para o futuro da humanidade redimida: "E serão reis na terra" (Apoc. 5:10). Isso significa que aos fiéis se outorgará o privilégio de compartilhar o reino com Cristo (Luc. 22:29, 30; Apoc. 3:21). João vê o coro celestial aumentando cada vez mais, até que milhões de anjos se unem com sua doxologia do séptuplo louvor ao Cordeiro: "Proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor" (Apoc. 5:12; cf. l Crón. 29:11-13, para Jeová).

O coro continua aumentando até que finalmente João vê todas as criaturas no céu, na terra e debaixo da terra (os mortos) somar suas vozes aos coros celestiais na exaltação tanto do Pai como do Cordeiro: "Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo..." (Apoc. 5:13; ver também Fil. 2:10, 11).
Aqui Cristo recebe o reconhecimento cósmico-universal de sua deidade porque "toda criatura" adora a Deus e ao Cordeiro. Na visão de João, o círculo de adoradores foi em constante aumento. Primeiro, o círculo íntimo dos 4 serafins, depois se acrescentaram os 24 anciões seguidos pelos milhões de milhões de anjos. Finalmente, o círculo mais exterior de todos os seres criados no universo se unem na adoração e louvor da majestade de Deus. Este é o objetivo final para o qual avança a história e que se cumprirá no fim.

O céu antecipa esta celebração do reino de Deus e do Cordeiro na Nova Jerusalém (Apoc. 21:22-27; 22:1-5). Hoje a igreja pode tomar fôlego com esta segurança. Seus melhores dias estão no futuro. O reino de Deus será restaurado. Bruce M. Metzger faz esta aplicação: "O propósito primitivo do autor não é tanto descrever a liturgia do céu, como o é o dar esperança e um sentido de vitória a seu povo sobre a terra na luta que lhe espera no futuro".6 Beasley-Murray assinala corretamente que "o característico importante do rolo selado não são os juízos que acompanham a abertura dos selos [Apoc. 6-9], e sim o acontecimento supremo ao qual conduzem".7

A Abertura dos Selos
A visão do trono de Apocalipse 5 não descreve a cena do juízo de Daniel 7, como alguns sustentam. As diferenças entre ambas as visões são muito assinaladas. Primeiro, a intenção da visão do trono que teve João é revelar o começo do ministério e reinado celestial de Cristo devido a sua entronização como o Senhor ressuscitado, a iniciação de uma nova era de salvação, a era messiânica.

A visão de Daniel descreve um juízo no céu que inaugura o ministério final de Cristo quando o anticristo governou a terra durante 3½ tempos proféticos (Dan. 7:8-11, 25, 26). Jon Paulien declara: "O juízo não tem lugar nos capítulos 4 e 5 quando os selos ainda têm que ser abertos".8

Apocalipse 5 descreve o gozo de êxtase que há no céu pela abnegação, ressurreição e entronização de Cristo como Rei-Sacerdote no céu, que o capacita a restaurar o reino de Deus sobre a terra. As ações de Cristo de abrir os 7 selos do livro se parecem com o ritual da abertura de um testamento, que na cultura romana estava fechado com 7 selos.9 Quando se abria um testamento, lia-se em voz alta ante as testemunhas originais e depois, executava-se. Th. Zahn declara:
"O documento assegurado com sete selos é um símbolo facilmente compreendido da promessa e segurança dada por Deus a sua igreja do futuro reino [basiléia]. Esta disposição irrevogável de seus bens ocorreu faz muito tempo, foi documentada e selada, mas incluso no foi levada a cabo. A herança ainda está guardada no céu (1 Ped. 1:4), e portanto o testamento incluso no foi aberto nem levado a cabo".10

Esta comparação ilustra o significado da abertura do divino livro: pode ler-se e realizar-se como um testamento por Cristo só depois de sua morte como sacrifício. A abertura de um selo por Cristo revela uma nova fase da história da igreja, até que o sexto selo apresente o terrível dia do juízo para todos os que rechaçaram o reino do Cordeiro.

Hans K. LaRondelle

Referências
1 Beasley-Murray, Revelation, p. 108.
2 Stefanovic, The Background and Meaning of the Sealed Book of Revelation 5, p. 322.
3 Ibid., p. 318.
4 Van Unnik, " 'Worthy is the Lamb'. The Background of Apoc 5", p. 460.
5 Ladd, El Apocalipsis de Juan: Un comentario, p. 55.
6 Metzger, Breaking the Code. Understanding the Book of Revelation, p. 54.
7 Beasley-Murray, Revelation, p. 123.
8 Paulien, em Simposio sobre el Apocalipsis, T. 1, P. 187.
9 Zahn, Introduction to the New Testament, t. 3, p. 394.

10 Ibid.