segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SILÊNCIO NO CÉU

Na mão direita d´Aquele que está sentado no trono está um rolo com sete selos, seis já foram abertos. Há um prolongado silêncio no Céu o profeta está em suspenso, não respira, a expectativa é imensa, que mistério tem este 7 selo que não foi aberto? Neste instante o olhar do profeta é atraído para o rolo o sétimo selo está para ser aberto finalmente! Aberto revela-se o conteúdo da sua mensagem. É a única vez em que ele não é envolvido na visão, está simplesmente como um espectador. Até aqui, cada selo aberto exigia a sua participação. Os quatro primeiro selos começam normalmente com as seguintes declarações “eu ouvi”, o quinto e o sexto selo “eu vi”, ou ainda “eu olhei”. Mas o sétimo selo cai-lhe na consciência como um golpe inesperado sem que ele possa dizer eu vi, eu ouvi ou eu olhei.
É também a única vez que o acontecimento não envolve Terra mas exclusivamente o Céu. Os seis outros selos envolviam a Terra e acompanhavam os movimentos da História humana. Em contraste com os outros selos, o texto apresenta o sétimo selo de forma muito sucinta. É apresentado num só versículo: “Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora.” (Ap. 8:1). Enfim, o acontecimento que ele introduz é fundamentalmente diferente. Depois do estrépito, ruídos de guerras, dos gritos das feras selvagens, dos soluços de homens e mulheres, das convulsões das montanhas e das estrelas que se manifestam de todos os lados (Apoc. 6:12-16), de repente, é o silêncio, o silêncio total.
Este acontecimento que não se ouve nem se vê é indescritível. O silêncio exprime o que as palavras, a musica, ou mesmo a pintura não podem revelar. É o silêncio que acompanha a vinda de Deus, a parousia. Porque só o silêncio é adequado para exprimir o inexprimível. Só o silêncio pode dar conta da presença do Deus infinito (Hab. 2.20; Sof. 1:7; Zac. 2:13). Este silêncio dura uma meia hora. Na linguagem profética que apresenta um ano por um dia (este assunto já foi estudado, apresento como exemplo; Números 14:34; Ezequiel 4:5), esta meia hora é equivalente ao tempo de uma semana (sendo um dia de 24 horas equivalente a um ano profético, ou seja a trezentos e sessenta dias reais, uma hora equivale a 3 60:24, seja quinze dias, e meia hora a uma semana).
A História humana termina como ela começou, por um tempo de criação: a semana do silêncio do fim faz eco na semana do começo (Génesis 1). Esta ideia é claramente enraizada na tradição judaica (4 Esdras 6:39; 7:30ss; 2 Baruque 3:7, etc.). a abertura do sétimo selo, podemos finalmente decifrar a mensagem do rolo: é o anúncio da Vinda de Deus e a promessa de uma nova criação, de um novo céu e de uma nova terra; um novo mundo.
A única resposta a todas as questões e a todas as saudades e nostalgias, a única solução para todos sofrimentos.
Estará longe o inicio do SILÊNCIO NO CÉU?
Não anseia pela resposta a todas as perguntas da alma?
Não quer o fim de todos os sofrimentos?
Não quer ver Jesus voltar em glória e majestade e estar preparado para O receber? Agora é a hora!

sábado, 15 de agosto de 2009

A IGREJA DO FIM DOS TEMPOS E O DOM PROFÉTICO

Jeosafá, rei de Judá, achava-se em aflição. Tropas inimigas aproximavam-se, e o panorama parecia não oferecer esperança. O rei "se pôs a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá" (II Crónicas 20:3). As pessoas afluíam ao templo em grande número a fim de suplicar a Deus misericórdia e livramento.
Enquanto Jeosafá dirigia os serviços de oração, suplicou a Deus que modificasse as circunstâncias. Ele orou nestes termos: "Porventura não és Tu Deus nos Céus? Não és Tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na Tua mão está a força e o poder, e não há quem Te possa resistir" (verso 6).
Não houvera Deus protegido de modo especial o Seu povo no passado? Não havia Ele concedido o território a Seu povo escolhido? Portanto, Jeosafá implorou: "Ah! Nosso Deus, acaso não executarás Tu o Teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em Ti" (verso 12).
Enquanto todo o Judá se encontrava em pé diante do Senhor, ergueu-se Jaaziel. Sua mensagem trouxe encorajamento e orientação para o povo amedrontado. Ele disse: "Não temais, nem vos assusteis... pois a peleja não é vossa, mas é de Deus... Neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados, e vede o salvamento que o Senhor vos dará... porque o Senhor é convosco" (verso 15 - 17). Pela manhã o rei Jeosafá insistiu diante de suas tropas:
"... crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis" (verso 20). O rei creu tão plenamente naquele profeta praticamente desconhecido - Jaaziel - que substituiu a sua linha de frente, colocando em lugar da mesma um coral que deveria louvar o Senhor e a beleza de Sua santidade! Enquanto as antífonas de fé enchiam os ares, o Senhor achava-Se em operação, trazendo a confusão entre os inimigos que se haviam aliado contra Jeosafá. O morticínio foi tão grande que não restou "nenhum sobrevivente" (verso 24).
Jaaziel foi o porta-voz de Deus para aquele momento especial. Os profetas desempenhavam papel vital, tanto nos tempos do Antigo quanto do Novo Testamento. Contudo, teria a profecia cessada com o encerramento do cânon bíblico? Para podermos descobrir a resposta, repassemos a história da profecia.
O Dom Profético nos Tempos Bíblicos
Embora o pecado tenha interrompido a comunicação face a face de Deus com os seres humanos (Isaías 59:2), Deus não perdeu a intimidade com as criaturas humanas; em vez disso, desenvolveu novas formas de comunicação. Passou a enviar através dos profetas as Suas mensagens de encorajamento, advertência e reprovação. (Êxodo 15:20; Juízes 4:4; II Reis 22:14; Lucas 2:36; Actos 21:9).
Nas Escrituras, o profeta é "alguém que recebe comunicação de Deus e transmite o propósito das mesmas ao povo". Os profetas não profetizavam por sua própria iniciativa:"Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana. Entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo espírito Santo." (II Pedro 1:21).
No Antigo Testamento, a palavra profeta é geralmente tradução do hebraico nabi. Seu significado é exposto em Êxodo 7:1 e 2:
"Então disse o Senhor a Moisés: vê que te constituí como deus sobre Faraó, Arão, teu irmão, será teu profeta [nabi]. Tu falarás tudo o que Eu te ordenar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó."
O relacionamento de Moisés para com Faraó seria semelhante àquele que Deus mantém com Seu povo. Assim como Arão comunicava as palavras de Moisés a Faraó, assim o profeta apresenta as palavras de Deus perante o povo. O termo profeta, portanto, designa um porta-voz apontado por Deus. O termo grego equivalente ao hebraico nabi é prophetes, de onde deriva o nosso termo em português, profeta.
"Vidente", tradução do hebraico roeh (Isaías 30:10) ou chozeh (II Samuel 24:11) é uma outra designação para pessoas que possuem o dom profético. Os termos profeta e vidente acham-se intimamente relacionados. As Escrituras esclarecem: "Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: vinde, vamos ter com o vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente" (I Samuel 9:9). A designação vidente enfatiza o recebimento da divina mensagem por parte do profeta. Deus abria seus "olhos" ou mente, para que os profetas recebessem a informação que Ele desejava que fosse transmitida ao povo.
Através dos anos, Deus concedeu revelações de Sua vontade a Seu povo, utilizando as pessoas que haviam recebido o dom de profecia. "Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas." (Amós 3:7; Hebreus 1:1).
As Funções do Dom Profético no Novo Testamento
O Novo Testamento concede ao dom de profecia um lugar proeminente entre os dons do espírito de Cristo, colocando-o uma vez em primeiro lugar e duas vezes em segundo, entre os ministérios de maior utilidade para a igreja (veja Romanos 12:6; I Coríntios 12:28; Efésios 4:11). Ele estimulou os crentes a desejar de modo especial o dom de profecia (I Coríntios 14:1 e 39).
O Novo Testamento sugere que os profetas desempenharam as seguintes funções:
1 – Prestaram assistência na fundação da Igreja - A Igreja foi edificada "sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (Efésios 2:20 e 21).
2 – Iniciaram a extensão missionária da Igreja - Foi através de profetas que o espírito Santo (Jesus) chamou Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionária (Actos 13:2 e 3) e proveu orientação no tocante aos lugares em que os missionários deveriam trabalhar (Actos 16:6 a 10).
3 – Edificaram a Igreja - "Aquele que profetiza", diz Paulo, "edifica a Igreja". As profecias são pronunciadas para os "homens, edificando, exortando e consolando" (I Coríntios 14:3 e 4). Junto com outros dons, Deus concedeu a profecia à Igreja a fim de preparar os crentes "para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo" (Efésios 4:12).
4 – Uniram e protegeram a Igreja - Os profetas contribuíram para trazer a lume "a unidade da fé", protegendo a Igreja contra falsas doutrinas, de modo que os crentes não mais fossem "como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Efésios 4:14).
5 – Advertiram quanto a dificuldades futuras - Um dos profetas do Novo Testamento advertiu quanto à aproximação de uma fome futura. Como resultado, a Igreja iniciou um programa de assistência mediante o qual foram aliviados aqueles que enfrentaram dificuldades (Actos 11:27 a 30). Outros profetas advertiram no tocante à prisão de Paulo, que aconteceria em Jerusalém (Actos 20:23; Actos 21:4, 10 a 14).
6 – Confirmaram a fé em tempos de controvérsia - Por ocasião do primeiro concílio da Igreja, o espírito Santo a orientou rumo a uma decisão correcta no tocante a um assunto controvertido, relacionado com a salvação dos gentios. Depois, através dos profetas, o espírito reafirmou aos crentes outros aspectos da doutrina verdadeira. Depois de comunicar a decisão do concílio aos membros, "Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram." (Actos 15:32).
O Dom Profético nos Últimos Dias
Muitos cristãos crêem que o dom profético cessou no encerramento da era apostólica. Mas a Bíblia revela a necessidade especial de orientação divina durante as crises do tempo do fim; isto testemunha da contínua necessidade da provisão do dom profético depois dos tempos do Novo Testamento.
Não existe qualquer evidência bíblica de que Deus haveria de retirar os dons espirituais por Ele concedidos à Igreja, antes que completassem Seu propósito, o qual de acordo com Paulo, seria levar a Igreja "à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Efésios 4:13).
Uma vez que a Igreja ainda não alcançou tal experiência, necessita ela ainda da presença dons do espírito. Esses dons, incluindo o dom de profecia, continuarão a operar em benefício do povo de Deus até o retorno de Cristo. Consequentemente, Paulo advertiu os crentes a não "extinguir o espírito" nem "desprezar as profecias" (I Tessalonicenses 5:19 e 20), aconselhando ainda: "procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis" (I Coríntios 14:1).
Nem sempre esses dons se manifestaram abundantemente na experiência da igreja cristã. Após a morte dos apóstolos, os profetas desfrutaram de respeitabilidade em muitos círculos, até por volta do ano 300 d.C. Mas o declínio da espiritualidade da Igreja e a consequente apostasia, conduziram a uma redução tanto da presença do espírito quanto de Seus dons. Ao mesmo tempo falsos profetas ocasionaram perda de confiança no dom profético.
O declínio do dom profético durante certos períodos da história da Igreja não significou que Deus houvesse retirado o dom permanentemente. A Bíblia indica que, ao aproximar-se o fim dos tempos, o dom estaria presente a fim de assistir a Igreja durante esses momentos de dificuldades. Mais ainda, ela garante que haveria um incremento na actividade desse dom.
O Dom Profético Imediatamente Antes do Segundo Advento.
Deus concedeu o dom profético a João Batista para que anunciasse o primeiro advento de Cristo. De modo similar, podemos esperar que Ele envie o mesmo dom para proclamar o Segundo Advento, de modo que todas as pessoas tenham oportunidade de se preparar para o encontro com o Salvador.
De facto, Cristo mencionou o surgimento de falsos profetas como um dos sinais da proximidade de Sua segunda vinda (Mateus 24:11 e 24). Se não devessem existir profetas verdadeiros durante o tempo do fim, Cristo não teria advertido contra qualquer indivíduo que pretendesse ter o dom. Sua advertência no tocante a falsos profetas implica que existiriam igualmente profetas verdadeiros. O profeta Joel anunciou um derramamento especial do Santo espírito e do dom profético justamente antes do retorno de Cristo.
Ele disse: "E acontecerá depois que derramarei o Meu espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o Meu espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no Céu e na Terra; sangue, fogo, e colunas de fumo. O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor." (Joel 2:28 a 31).
O Pentecostes representou, portanto, um prelúdio da plena manifestação do espírito que deverá ocorrer antes do Segundo Advento. Tal como a chuva temporã da Palestina, a qual caía no Outono, pouco tempo depois que as sementes eram lançadas ao solo, o derramamento do Espírito por ocasião do Pentecostes inaugurou a dispensação do Espírito. O cumprimento pleno e final da profecia de Joel corresponde à chuva serôdia, a qual, caindo na primavera, amadurecia o grão (Joel 2:23).
Semelhantemente, a concessão final do Espírito de Deus deverá acontecer imediatamente antes do Segundo Advento, depois dos sinais preditos para o Sol, Lua e estrelas (Mateus 24:29; Apocalipse 6:12 a 17; Joel 2:31). Tal como a chuva temporã, esta manifestação final do espírito amadurecerá a colheita da Terra (Mateus 13:30 e 39), e "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Joel 2:32).

O DOM PROFÉTICO NA IGREJA REMANESCENTE

Apocalipse 12 menciona dois períodos de acentuada perseguição. Durante o primeiro, que se estendeu de 538 a 1798 d.C. (Apocalipse 12:6 e 14), os crentes leais sofreram intensa perseguição. Uma vez mais, justamente antes do Segundo Advento, Satanás atacará o "restante da semente da mulher", a igreja remanescente que se recusa a abdicar da obediência que presta a Cristo. O Apocalipse caracteriza os crentes leais que constituirão o remanescente como aqueles "que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 12:17).Que a frase "testemunho de Jesus" se refere ao dom profético, é algo que se estabelece claramente na conversa posterior do anjo com João.
Próximo ao final do livro, o anjo identifica a si mesmo como "conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 19:10) e como "conservo teu e dos teus irmãos, os profetas" (Apocalipse 22:9). Essas expressões paralelas deixam claro que são os profetas que possuem o "testemunho de Jesus". Isso explica a declaração do anjo, de que o "testemunho de Jesus é o espírito da Profecia" (Apocalipse 19:10).
Comentando esse texto, Tiago Moffat escreveu: "'Pois o testemunho de (isto é, sustentado por) Jesus é (ou seja, constitui) o espírito da Profecia.' Isso define especialmente os irmãos que mantêm o testemunho de Jesus na qualidade de possuidores da inspiração profética. O testemunho de Jesus equivale em termos práticos à testificação de Jesus (Apocalipse 22:20). Trata-se da auto-revelação de Jesus (que, de acordo com Apocalipse 1:1, deve-se em última análise a Deus) que moveu os profetas cristãos."
Portanto, a expressão espírito da Profecia pode referir-se:
(1) ao espírito Santo que inspirou os profetas com a revelação procedente de Deus;
(2) à operação do dom de profecia e
(3) ao instrumento da profecia.
O dom profético – o testemunho de Jesus "concedido à Igreja por meio da profecia" - corresponde a uma característica distintiva da Igreja Remanescente. Jeremias vinculou a negação desse dom à incredulidade.
"... onde já não vigora a lei, nem recebem visão alguma do Senhor os Seus profetas." (Lamentações 2:9).
O livro do Apocalipse identifica a posse das duas característica da Igreja verdadeira dos últimos dias: ela guarda os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus - o dom profético (Apocalipse 12:17; 14:12).
Deus concedeu à igreja do Êxodo o dom profético a fim de organizar, instruir e guiar Seu povo (Actos 7:38). "Mas o Senhor por meio dum profeta fez subir a Israel do Egipto, e por um profeta foi ele guardado." (Oséias 12:13). Não deve constituir surpresa, portanto, o fato de encontrarmos um profeta no meio do povo que se acha envolvido com o último êxodo - o escape do planeta Terra, poluído pelo pecado, em direcção à Canaã celestial.
Este êxodo, que ocorre em seguida ao Segundo Advento, representa o cumprimento último e completo de Isaías 11:11: "Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do Seu povo, que for deixado..."
Auxílio na crise final
As Escrituras declaram que o povo de Deus experimentará nos últimos dias da história terrestre a plenitude da ira do satânico poder do dragão, quando este se envolver numa tentativa final para destruí-los (Apocalipse 12:17). Será esse um "tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo..." (Daniel 12:1). A fim de ajudá-los na sobrevivência em meio aos mais intenso conflito de todas as eras, Deus em Sua amorável bondade, assegurara a Seu povo que não o deixará sozinho. O testemunho de Jesus, o espírito da Profecia, os guiará em segurança rumo ao objectivo final - a união com o Salvador por ocasião do Segundo Advento.
A ilustração que segue, mostra o relacionamento entre a Bíblia e as manifestações pós-bíblicas do dom profético:
"Suponha que estamos a ponto de iniciar uma viagem. O proprietário do barco nos coloca em mãos o manual de instruções, dizendo-nos que o mesmo contém instruções suficientes para toda a viagem, e que, se atendermos aquilo que está escrito no manual, certamente alcançaremos em segurança o porto de nosso destino. Iniciando a viagem, abrimos o manual a fim de aprender o que nele está escrito”.
Constatamos que o autor registou ali princípios de aplicação geral para a nossa orientação, e nos instrui tanto quanto possível analisando as várias contingências que se poderão apresentar até o fim; mas ele também nos adverte de que a última porção da viagem será particularmente perigosa; que o traçado da costa está sempre se modificando em virtude de bancos de areia e tempestades. Para esta porção final da viagem - prossegue o autor - 'Providenciei um piloto, o qual virá ao seu encontro e o orientará completamente no tocante às circunstâncias e perigos dessa porção final da viagem. Atenda suas orientações.'
Com base nas orientações que estão em nosso poder, conseguimos chegar à porção final da viagem e o piloto, de acordo com a promessa, aparece. Mas alguns membros da tripulação erguem-se contra ele no momento em que ele oferece seus préstimos. 'Possuímos o manual original - dizem eles - e isso é o suficiente para nós. Orientar-nos-emos de acordo com ele, e só de acordo com ele. Nada queremos saber de si.'
A partir desse momento, quem está realmente a seguir o manual original de instruções? Aqueles que rejeitam o piloto, ou aqueles que aceitaram, seguir a orientação do manual?
Os Profetas Pós-bíblicos e a Bíblia
Foi o dom profético que produziu a própria Bíblia. No período pós-bíblico, ele não deve superar as Escrituras ou acrescentar algo a elas, uma vez que o cânon sagrado já está completo. O dom profético actuará no tempo do fim assim como actuou nos dias dos apóstolos. Seu objectivo é destacar a Bíblia como base de fé e prática, explicar seus ensinamentos e aplicar seus princípios ao viver diário. Ele se acha envolvido no estabelecimento e na edificação da Igreja, habilitando-a a desempenhar sua missão divinamente apontada. O dom profético reprova, adverte, orienta e encoraja a pessoas como a Igreja, protegendo-os das heresias e unificando-os nas verdades bíblicas.
Os profetas pós-bíblicos actuaram de modo semelhante a Natã, Gade, Asafe, Semaías, Azarias, Eliézer, Aías, Obede, Miriã, Débora, Hulda, Simeão, João Batista, Ágabo, Silas, Ana e as quatro filhas de Felipe, os quais viveram em tempos bíblicos, mas não tiveram os seus testemunhos registados como parte do compêndio bíblico. O mesmo Deus que falou através dos profetas que escreveram a Bíblia, inspirou estes profetas e profetisas. As suas mensagens não entraram em contradição com a revelação divina previamente registada.

O DOM PROFÉTICO

Uma vez que a Bíblia admoesta que antes do retorno de Cristo apareceriam muitos falsos profetas, devemos investigar cuidadosamente todas as reivindicações de manifestações do dom profético. Paulo assim se expressou: "Não desprezeis profecias. Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal." (I Tessalonicenses 5:20 a 22; I João 4:1)
A Bíblia apresenta várias linhas orientadoras no auxilio a distinguir o genuíno dom profético daquele que é espúrio.
1. Porventura harmoniza-se a mensagem com a Escritura? - "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (Isaías 8:20). Esse texto implica que a mensagem de qualquer profeta deve estar de acordo com a lei e o testemunho de Deus, manifestados ao longo de toda a Bíblia. Um profeta posterior jamais contradiz o Seu próprio testemunho anteriormente concedido, pois em Deus "não existi variação, ou sombra de mudanças." (Tiago 1:17).
2. As predições comprovam-se verdadeiras? - "Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Sabe que quando esse profeta falar, em nome do Senhor, e a palavra dele se não nem suceder, como profetizou, esta é a palavra que o Senhor não disse; com soberba o falou o tal profeta; não tenhas temor dele." (Deuteronómio 18:21 e 22; Jeremias 28:9). Embora as profecias possam representar uma parcela relativamente pequena da mensagem profética, a sua exactidão deve ser demonstrada.
3. É reconhecida a encarnação de Cristo? - "Nisto reconhecereis o espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus." (I João 4:2 e 3). Este teste exige mais que um simples reconhecimento de que Jesus Cristo viveu sobre a Terra. O verdadeiro profeta deve confessar o ensinamento bíblico da encarnação - ele deve crer em Sua divindade e pré-existência, Seu nascimento virginal, Sua verdadeira humanidade, vida sem pecado, sacrifício expiatório, ressurreição, ascensão, ministério intercessor e segundo advento.
4. Que tipo de frutos produz os profetas: bons ou maus? - A profecia vem pela inspiração de "homens santos de Deus" por parte do espírito Santo (II Pedro 1:21). Podemos discernir os falsos profetas a partir de seus frutos. Ou, conforme explicou Jesus: "Pelos seus frutos os conhecereis. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos os conhecereis." (Mateus 7:16, 18 a 20).
Esse conselho é crucial ao avaliar-se a reivindicação do profeta. Em primeiro lugar vem a vida do profeta. Não significa que o profeta deva ser absolutamente perfeito; as Escrituras dizem que Elias foi um homem "semelhante a nós, sujeito aos mesmo sentimentos." (Tiago 5:17). Mas a vida do profeta deveria ser caracterizada pelos frutos do Espírito, não pelas obras da carne (veja Gálatas 5:19 a 23).
Em segundo lugar, esse princípio diz respeito à influência do profeta sobre outros. Quais os resultados observáveis na vida daqueles que aceitam as mensagens? Porventura as mensagens do profeta habilitam o povo de Deus para a missão e unem na fé (Efésios 4:12 a 16)?
Toda a pessoa que reivindica possuir o dom profético, deve ser submetida a tais testes. Se enfrentar positivamente todos eles, podemos ter a confiança de que efectivamente o Espírito Santo concedeu o dom de profecia.
O espírito da Profecia na Igreja Adventista do Sétimo Dia
O dom de profecia manifestou-se activamente no ministério de Ellen G. White, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi-lhe concedida instrução inspirada da parte de Deus, em favor do Seu povo nos últimos dias. O mundo no início do século dezanove, quando Ellen White começou a apresentar mensagens de Deus, era um mundo do homem. O seu chamado profético colocou-a sob escrutínio crítico.
Tendo satisfeito os testes bíblicos, ela prosseguiu no seu ministério profético durante 70 anos. Desde 1844, quando contava apenas 17 anos de idade, até 1915 - ano da sua morte - ela recebeu mais de duas mil visões. Durante esse período, ela viveu e trabalhou na América do Norte, Europa e Austrália, aconselhando, estabelecendo novas frentes de trabalho, pregando e escrevendo. Ellen White jamais assumiu o título de profetisa, mas não se opunha a que os outros assim a identificassem.
Ela explicou: "Cedo na minha juventude foi-me perguntado muitas vezes: É uma profetisa? Tenho respondido: Sou a mensageira do Senhor. Sei que muitos me têm chamado de profetisa, mas jamais reivindiquei esse título... Porque não reivindico ser chamada profetisa? Porque nestes dias muitos que audaciosamente pretendem ser profetas, representam um opróbrio à causa de Cristo; e porque a minha obra inclui muito mais do que o termo 'profeta' significa... Reivindicar ser profetisa é algo que jamais fiz. Se outros me chamam desse modo, não discuto com eles. Mas a minha obra abrange tantos aspectos, que não posso chamar-me a mim mesma senão mensageira."

A APLICAÇÃO DOS TESTES PROFÉTICOS A ELLEN WHITE

De que modo se comporta o ministério de Ellen White face aos testes bíblicos de um profeta?
1. Concordância com a Bíblia
– A sua abundante produção literária inclui dezenas de milhares de textos bíblicos, acompanhados por vezes de detalhadas exposições. Cuidadosos estudos têm demonstrado que os seus escritos são coerentes, fidedigno e em total concordância com a Escritura.
2. Exactidão das predições - Os escritos de Ellen White contêm um número relativamente pequeno de predições. Alguns delas estão hoje em processo de cumprimento, enquanto outras ainda aguardam ser cumpridas. Entretanto, aquelas que podem já ser testada, cumpriram-se com extraordinária precisão. Apresentaremos, a seguir, dois exemplos que demonstram sua visão profética.
O surgimento do moderno espiritualismo.
Em 1850, quando o espiritualismo – movimento que pretende manter comunicação com o mundo dos espíritos e com os mortos – ainda se encontrava nos primeiros passos, Ellen White identificou-o como um dos grandes enganos dos últimos dias e predisse seu crescimento. Embora naqueles dias o movimento fosse decididamente anticristão, ela previu que a hostilidade se modificaria, e que ele viria a tornar-se respeitável entre os cristãos.
Desde aqueles dias, o espiritualismo tem-se estendido a todo o mundo, alcançando milhões de adeptos. A sua face anticristã modificou-se; efectivamente, muitos deles identificam-se como cristãos espiritualistas, reivindicando possuir a verdadeira fé cristã, afirmando ainda que "os espiritualistas são os únicos religiosos que usam os dons prometidos por Cristo, através dos quais curam os enfermos e demonstram uma consciência futura e existência progressiva".
Eles afirmam que o espiritualismo "concede o conhecimento de todos os grandes sistemas de religião, e ainda, concede mais conhecimento da Bíblia cristã do que todos os comentários combinados. A Bíblia é um livro de espiritualismo".
Cooperação íntima entre protestantes e católicos romanos.
Durante o período de vida de Ellen White, existia um abismo entre o protestantismo e o catolicismo romano, o qual parecia impedir qualquer cooperação entre ambos. O anticatolicismo predominava entre os protestantes. Ela profetizou que grandes mudanças no seio do protestantismo conduziriam a um afastamento da fé proclamada pela Reforma. Consequentemente, as diferenças entre protestantes e católicos se esbateriam, conduzindo ao estabelecimento de uma ponte para cobrir o abismo que antes os separava.
Nos anos posteriores a sua morte temos testemunhado o surgimento do movimento ecuménico, o estabelecimento do Conselho Mundial de Igrejas, o Concílio Vaticano II, e a ignorância ou mesmo decidida rejeição que o protestantismo faz dos pontos de vista da Reforma no tocante à interpretação profética. Essas grandes mudanças têm derrubado muitas barreiras até então existentes entre católicos e protestantes, conduzindo a um processo de crescente cooperação.
3. O reconhecimento da encarnação de Cristo – Ellen White escreveu extensamente sobre a vida de Cristo. O Seu ministério como Senhor e Salvador, o Seu sacrifício expiatório na cruz, e o Seu actual ministério intercessor, representam temas dominantes na sua obra literária. O livro O Desejados de Todas as Nações tem sido aclamado como um dos mais espirituais tratados sobre a vida de Cristo, assim como o Caminho a Cristo - a obra mais amplamente difundida - tem conduzido milhões de pessoas a um relacionamento mais íntimo com Jesus. Os seus livros retratam claramente a Jesus como plenamente Deus e plenamente homem. A sua exposição equilibrada coincide com os pontos de vista bíblicos, evitando de forma cuidadosa a ênfase exagerada quanto a uma ou outra natureza - um problema que causou tanta controvérsia ao longo do cristianismo.
Todo o tratamento que ela dá ao ministério de Cristo é de cunho prático. Independentemente do assunto que ela tenha tratado, a sua preocupação fundamental é conduzir o leitor a um relacionamento mais profundo com o Salvador.
4. A influência do seu ministério – Decorrido mais de um século desde que Ellen White recebeu o dom profético, a Igreja e a vida daqueles que atenderam aos Seus conselhos, revela um impacto de uma vida abençoada.
"Embora ela jamais tenha ocupado uma posição ou cargo oficial, nem recebido uma ordenação ministerial, e tão pouco salário da Igreja, a não ser depois da morte do esposo, a sua influência moldou a Igreja Adventista do Sétimo Dia mais do que qualquer outro factor, excepto a Santa Bíblia".
Ela representou a força motriz por detrás do estabelecimento das actividades da igreja nos sectores de publicações, escolas, obra médico-missionária e o desenvolvimento missionário de extensão mundial, que tornaram a Igreja Adventista do Sétimo Dia uma das Igrejas missionárias de maior extensão e mais rápido crescimento.
O material por ela escrito constitui mais de 80 livros, 200 folhetos e panfletos e 4.600 artigos em periódicos. Sermões, diários, testemunhos especiais e cartas compreendem outras 60.000 páginas de material manuscrito. A abrangência desse material é assombrosa. O conhecimento de Ellen White não se limitava a algumas áreas específicas. O Senhor transmitiu-lhe conselho em assuntos como saúde, educação, vida familiar, temperança, evangelismo, ministério de publicações, dieta adequada, obras médicas e muitas outras áreas. Talvez os seus escritos no campo da saúde tenham sido mais extraordinários, uma vez que a iluminação por ela recebida, em parte há mais de um século, tem sido comprovada através da moderna ciência.
Os seus escritos focam a Cristo Jesus e apresentam os elevados valores morais e éticos da tradição judaico-cristã. Embora muitos de seus escritos sejam dirigidos à Igreja Adventista do Sétimo Dia, vastas porções dos mesmos têm sido apreciadas pelo público em geral. O seu conhecido livro, Caminho a Cristo, foi traduzido para mais de cem idiomas e já se venderam mais de 15 milhões de exemplares. A sua obra mais conhecida é a série em cinco volumes, O Conflito dos Séculos, que apresenta em detalhes a grande controvérsia entre Cristo e Satanás, desde a origem do pecado até à sua erradicação final do Universo.
A relevância dos seus escritos sobre as pessoas é profunda. Recentemente o Instituto de ministérios da Igreja da Universidade Andrews, Estados Unidos, empreendeu um estudo comparando as actividades e comportamento de adventistas que lêem regularmente os escritos de Ellen White com os que o não fazem. Esse estudo demonstrou o impacto dos seus escritos sobre a vida daqueles que os lêem. O estudo chegou à seguinte conclusão:
"Os leitores possuem um relacionamento mais íntimo com Cristo, mais certeza de sua situação diante de Deus e com maior probabilidade identificam seus dons espirituais. Demonstram-se mais dispostos a gastar em favor do evangelismo público e contribuem de modo mais significativo com os projectos missionários locais. Sentem-se melhor preparados para testemunhar e efectivamente engajam-se mais em pregação e programas comunitários. São mais inclinados a estudar a Bíblia diariamente, a orar em favor das pessoas, a reunir-se em grupos de comunhão e a desenvolver o culto familiar diário. Vêem sua igreja com olhos mais positivos. E sentem responsabilidade por obter maior número de conversos."

O ESPÍRITO DE PROFECIA E A BÍBLIA

Os escritos de Ellen White não constituem um substituto para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são os únicos padrões pelo qual os seus escritos – ou quaisquer outro – devem ser julgados e ao qual devem estar subordinados.
1. A Bíblia é o padrão supremo – Os Adventistas do Sétimo Dia apoiam plenamente o princípio da Reforma, sola scriptura, a Bíblia como o seu próprio intérprete e a Bíblia, como base de todas as doutrinas. Os fundadores da igreja desenvolveram as suas crenças fundamentais através do estudo da Bíblia; não receberam tais doutrinas através das visões de Ellen White. O seu principal papel durante o desenvolvimento das doutrinas da igreja foi orientar a compreensão da Bíblia e confirmar as conclusões às quais se chegava através do estudo da Bíblia.
A própria Ellen White cria e ensinava que a Bíblia representa a norma final da Igreja. No seu primeiro livro, publicado em 1851, ela escreveu:
"Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados."
Ela nunca alterou este ponto de vista. Anos mais tarde, tornou a escrever:
"Na Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As santas Escrituras devem ser aceitas como autoridade e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do carácter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa."
Em 1909, durante sua última palestra perante uma Sessão da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ela abriu a sua Bíblia, ergueu-a diante da congregação e disse: "Irmãos e irmãs, recomendo-vos este Livro."
Em resposta aos crentes que consideravam os seus escritos como uma adição à Bíblia, ela escreveu, dizendo:
"Tomei a preciosa Bíblia e circundei-a com os vários Testemunhos para a Igreja, concedidos ao povo de Deus... Não estais familiarizados com as Escrituras. Se tivésseis feito da Palavra de Deus objecto de estudo regular, com o desejo de alcançar os padrões bíblicos e de atingir a perfeição cristã, não teria havido necessidade dos testemunhos. É porque negligenciastes familiarizar-vos com o Livro inspirado de Deus, que Ele procurou alcançar-vos através de testemunho simples e directo, chamando atenção para as palavras da inspiração que negligenciastes obedecer, insistindo em que a vossa vida se paute de acordo com esses puros e levados ensinos."
2. Um guia para Bíblia – Ela encarou o seu trabalho como a condução das pessoas de volta à Bíblia. "Pouca importância é dada à Bíblia", escreveu ela, e assim "o Senhor concedeu uma luz menor para conduzir homens e mulheres à luz maior."
"A Palavra de Deus", prossegue a autora, "é suficiente para iluminar a mente mais obscurecida e pode ser compreendida por todas aqueles que sentirem o desejo de entendê-la. Apesar de tudo isto, alguns que pretendem estar fazendo da Palavra de Deus o seu objecto de estudo, encontram-se vivendo em directa oposição aos seus claros ensinos. Consequentemente, para que homens e mulheres fiquem sem escusa, Deus concede testemunhos claros e directos, fazendo com que estas pessoas retornem à Palavra que haviam negligenciado em seguir."
3. Um guia na compreensão da Bíblia – Ellen White considerava os seus escritos como um guia para a compreensão mais clara da Bíblia.
"Não são apresentadas verdades novas; através dos Testemunhos, porém, Deus simplificou as grandes verdades já concedidas e segundo a forma por Ele mesmo escolhida, trouxe-as perante o povo, visando despertá-los e impressionar suas mentes, a fim de que todos eles fiquem sem escusa." "Os testemunhos escritos não são concedidos a fim de prover nova luz, mas para imprimir vividamente sobre o coração as verdades da inspiração já anteriormente reveladas."
4. Um guia para aplicar princípios bíblicos - Muitos de seus escritos aplicam os conselhos bíblicos ao viver diário. Ellen White disse que ela foi "orientada a apresentar princípios gerais, e ao mesmo tempo especificar os perigos, erros e pecados de alguns indivíduos, a fim de que todos pudessem ser advertidos, reprovados e aconselhados."
Cristo havia prometido semelhante orientação profética a Sua igreja. A própria Ellen White observou:
"O fato de que Deus revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou desnecessária a contínua presença e direcção do espírito Santo. Ao contrário, o espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar os seus ensinos."
Desafio aos Crentes
O livro de Apocalipse profetiza que o "testemunho de Jesus" haveria de manifestar-se através do "espírito de profecia" nos últimos dias da história terrestre. Isso representa um desafio a todos, no sentido de não assumir uma atitude de indiferença ou descrença, mas a "provar todas as coisas" e "reter o que é bom". Existe muito a ganhar - ou perder - face à atitude com a qual assumirmos essa investigação biblicamente ordenada. Jeosafá exortou no passado:
"Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis." (II Crónicas 20:20).
Essas palavras soam como perfeitamente verdadeiras, ainda nos dias de hoje.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A 1ª IGREJA DO APOCALIPSE

A viagem que vamos iniciar começa realmente em Patmos, esta é a primeira etapa que para em Éfeso, provavelmente o porto mais importante da época. As luzes são vistas pelos navios que chegam durante a noite. Por isso não é por acaso que Éfeso foi escolhida para representar a primeira Igreja, portadora da primeira luz. O acento da Carta releva sobre esta qualidade “primeira”: como nos dias de Daniel o ciclo profético teve inicio no seu tempo e identificado o primeiro reino, Babilónia e aos tempos do Éden (Daniel 2:37,38; Génesis 1:28). João começa o ciclo também no seu tempo, que é associado do mesmo ao Jardim do Éden: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” (Ap. 2:7).
É de facto o tempo do primeiro amor. Éfeso significa em grego “desejável”. Os amores são ardente e a recordação recente (Ap. 2:5). É a Igreja do tempo dos Apóstolos (Ap. 2:2) e que recentemente tinha recebido a tocha da Verdade. É a Igreja dos primeiros convertidos de origem pagã. O novo cristão está avisado que deve proteger-se do sentimento do orgulho e lembrar-se de onde estava (Ap. 2:5). É também o aviso deixado por Paulo na Carta aos Romanos (Rom. 11:8). Para os cristãos de Éfeso, o alto luar que ocupava a deusa Artémis, a famosa “Diana dos Efésios” (Act. 19:28), deve ser um lembrete, um a priori extremamente pesado de sentido. Os efésios são famosos pela superstição e o seu comércio de amuletos. A imoralidade e o crime tinham feito chorar o filósofo Heraclito (576-4480, a.C.), o que lhe tinha valido o sobrenome de “filósofo chorão”. É a Igreja de todos os começos da primeira era cristã (entre 31-100, d.C.).
Ora, esta Igreja tão perto da das fontes foi sacudida e joeirada pela apostasia. Já o vai e vem, o cuidado d´Aquele que inspira, “isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas” (Ap. 2:1), está vigilante. É a agitação nervosa dos que de forma nervosa se agitam dentro da Igreja. É o mesmo verbo (peripatei) usado por Pedro para descrever o comportamento de Satanás assanhado (1ª Pedro 5:8; cf. Job 1:7). O que é reprovado de facto a esta Igreja, é o seu fogo que não dura mais que o pavio de uma vela: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.” (Ap. 2.4). Segue-se um apelo revestido de uma certa angustia a que se arrependa: “pratica as primeiras obras” (Ap. 2:5). É o apelo a voltar ao primeiro estado, fazer retorno, é o apelo do profeta, é sobretudo o apelo de Deus. E esta recomendação condiz com o aviso: “arrepende-te, (...) se não, (...) removerei do seu lugar o teu candeeiro,” (Ap. 2.5). a luz seria confiada a outra “a menos que te arrependas”, repete o profeta. Nada é portanto definitivo.
Tão pura quanto o possa ser, como a Igreja dos primeiros tempos pode perder a sua luz. De facto a Igreja foi suscitada por Deus para que ela caminhe nos passos de Deus, não é suficiente que ela faça os primeiros passos com Deus, ela deve continuar com Ele de outro modo o seu futuro não está garantido. A Igreja pode cambalear, cair e pode mesmo ser-lhe retirada a missão que lhe foi confiada. Tremenda lição para todos os que defendem a instituição a qualquer preço. O risco do erro e da apostasia esboça constantemente sobre a Igreja, porque a Igreja não é Deus. Não chega ser membro para ter assegurado a salvação; “mesmo na Igreja, a salvação não é garantida”.
A Carta à Igreja de Éfeso está sob esta nota ameaçadora. Apesar dos seus passos cambaleantes, a Igreja mantém-se direita e mantém as exigências de Deus: “Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço.” (Ap. 2:6), e este “aborreces” torna-se uma virtude de reconciliação com Deus, porque Ele também “aborrece”.
Assim, torna-se evidente, que ninguém tem autoridade par criticar a Igreja, a não ser o próprio Deus. Ele reconhece que ela por vezes cambaleia, ela porém é sustida por Ele. O Senhor sabe que há um ser assanhado contra a Igreja do Deus vivo. Há também “um Leão da Tribo de Judá” que está permanentemente vigilante. Tenha cuidado com o que diz, tenha cuidado com o que faz!
O mal que tentou a primeira comunidade cristã tem os traços dos nicolaítas. Trata-se dos discípulos de Nicolau, que encontramos em Actos (6:5) “prosélito de Antioquia”, uma das igrejas vizinhas de Éfeso (chamo a atenção para este Nicolau, foi designado pelos apóstolos e pelo Espírito Santo a ser diácono, no entanto negou a Verdade da Testemunha Fiel e Verdadeira e semeava o joio dentro da Igreja, não é isto actual?). Sabe-se que este Nicolau fez uma má interpretação dos ensinos de Paulo sobre a Lei e a Graça e levava os seus seguidores a renegarem todas as exigências da Lei.
Este argumento era muito convincente aliado a uma visão dualista. O corpo releva da ordem física e do mal, assim, o que o corpo faz não tem nada a ver com o espírito. Pode fazer-se tudo o que o corpo queira. Só o espírito importa. Nesta dialéctica graça/lei, ensinava-se que o corpo é do domínio da lei, por isso desprezível, enquanto que a alma, do domínio da graça, é por isso exaltada. Esta obra era e é aborrecida por Deus.
Tendo em conta o testemunho profético desta Carta, os primeiros fermentos da apostasia relacionam-se com a lei e antropologia. Rejeita-se a lei por causa da graça, e o corpo por causa do espírito. Os primeiros cristãos resistiram a esta tentação dualista. E Deus louva-os. Porque rejeitar a lei era equivalente a rejeitar Deus que se revelou e incarnou na escolha ética da existência. E rejeitar o corpo é como rejeitar o Deus da Criação e da vida.
Aceite o Deus da vida, agora!

domingo, 9 de agosto de 2009

A 2ª IGREJA DO APOCALIPSE

A segunda etapa leva-nos a Esmirna, a uma distância de 50kms de Éfeso. Grande cidade em beleza e pelo seu comércio agitado, portanto, um centro de grande riqueza, tornou-se famosa por ter uma rua pavimentada de ouro. Era uma das raras cidades da Antiguidade a ter sido cuidadosamente planificada e completamente reconstruída. Fundada pelos Gregos no ano 1.000 a.C., ela foi destruída pelos Lídios no ano 600 a.C., e desapareceu completamente do mapa da época. Foi ressuscitada quatro séculos mais tarde por Lísimaco um dos generais de Alexandre o Grande. O prodígio da sua recreação ainda está na memória no tempo em que João escreve a Carta a Esmirna. E não é por acaso que o acento da Carta de Esmirna é sobre a morte e a ressurreição. O autor da Carta define-se como aquele que passou da morte para a vida (Ap. 2:8). Os destinatários da Carta são eles também destinados à morte, mas a promessa que lhes é feita é que receberão a vida (Ap. 2:10,11). O nome de Esmirna, deriva da palavra “mirra”, uma goma que servia para embalsamar os mortos, está carregada de evocações funestas.
Para além da alusão à origem da cidade de Esmirna, a Carta evoca igualmente os tempos conturbados dos mártires cristãos que foram perseguidos e lançados nas prisões, mas que, permanecem fiéis até à morte. E não é só a prisão e a morte que os ameaça. A miséria e a pobreza esmagam-nos de igual modo. O cristianismo ainda não atingiu um estatuto de riqueza que terá num futuro não muito distante, quando enfim, atribuirá às riquezas o favor e as bênçãos divinas. É o tempo onde ser cristão não é sinónimo de bênção e sucesso. É o tempo do fracasso. Os cristãos são originários das classes mais baixas, frequentemente vítimas de assaltos das multidões pagãs, os primeiros cristãos contrastavam com a rica e opulenta cidade de Esmirna. Eles eram atados de todos os lados, do exterior bem como do interior.
É o tempo das perseguições (100 – 313 d.C.), da parte dos pagãos todas as desculpas eram boas, até porque os cristãos eram acusados de canibalismo por causa do rito da Santa Ceia, que eles celebravam em consonância com o que ela representava o corpo e o sangue de Jesus Cristo. Eram suspeitos da prática de orgias nos seus ágapes, estas festas celebradas em ambiente de amor fraternal. Eram ainda acusados do seu ateísmo porque adoravam um Deus invisível. O Estado desconfiava deles e era posta em causa a sua lealdade politica, porque recusavam chamar Senhor a César. Havia quem dissesse que tinha ouvido dizer que eles previam o fim do mundo através do fogo. Eram pois acusados de ser incendiários, e Nero não perdeu a oportunidade de explorar este rumor. Verdadeiros párias, os cristãos tinham tudo para atrair o desprezo e o ódio, tanto mais que eram confundidos com os Judeus. Estes praticavam uma religião impopular e desprezível. Os cristãos eram assim e ao mesmo tempo, vítimas dos pagãos e até os próprios judeus deles desconfiavam.
Os Judeus, viam realmente os cristãos como um grupo desajeitado que proclamavam que o Messias já tinha vindo. Certos Judeus reagiam de forma apaixonada contra esta nova seita. Saul de Tarso, que se tinha aliado aos cristãos e que se tinha tornado Apóstolo Paulo, é disto o exemplo mais completo (ver Actos 7 a 9). A Carta a Ersmirna apenas tem uma reprovação, referindo que eles não são os verdadeiros Judeus: eles “dizem ser judeus” (Ap. 2:9). A afirmação é significativa, porque mostra que os cristãos se consideravam como os Judeus definitivos. Hoje, no meio cristão, acusar-se-ia os irmãos de não serem “verdadeiros cristãos” e falar-se-ia de uma “Igreja de Satanás”. Era o tempo em que os cristãos se sentiam muito mais próximos dos Judeus do que dos pagãos. O anti-semitismo cristão ainda não tinha nascido. Lançados nas prisões e como alimento para os leões pelos pagãos, caluniados pelos irmãos judeus, os cristãos desta época sentiam-se desfeitos e reduzidos a todas as misérias.
A perseguição intensificava-se especialmente sob o reino de Diocleciano, que os historiadores chamam “a era dos Mártires” (P. Auge, “Dioclétien”, dans Larousse universel, 1948, p. 551.). O édito de 303, o Imperador ordena “que as comunidades cristãs sejam completamente dissolvidas, as suas igrejas demolidas e os seus manuscritos bíblicos queimados” (C.Grimberg, Hisoire Universelle, vol. 3: Rome, L´Antiquité en Asie orientale et les grandes invasions – Marabout université -, Verviers, 1963, p. 284). Um enorme número de cristãos pagaram a sua fidelidade com a vida. Muitos foram reduzidos à escravidão. Neste época, conserva-se os nomes de mártires canonizados santos da Igreja Católica Romana. São Sebastião, que foi preso a uma árvore e morto trespassado por uma centena de flechas. Santa Cecília, patrona (ver imagem) da música sacra. Santa Inês (a virgem mártir), que pereceu nas chamas acesas pelo carrasco. A última destas perseguições terminou em 311, e em 313, enfim, o Imperador Constantino promulga um édito que dá aos cristãos o direito de reconstruir as suas igrejas e de praticar o seu culto com toda a liberdade.
É impressionante e deve ser realçado que esta raiva manifestada nas perseguições durou dez anos, tempo previsto pela Carta de Esmirna (Ap. 2:10), aplicando a regra do cômputo profético (um dia = ano).
A linguagem é simbólica e na tradição bíblica e judaica, o número 10 é frequentemente utilizado no sentido espiritual para traduzir a ideia de teste. Lembramo-nos de Daniel obrigado ao teste dos dez dias (Dan. 1:14,15). Este símbolo foi conservado no calendário judaico. Dez dias separam Roch hachanah, a festa das trombetas, do Kipur, o dia do julgamento – o tempo para os Judeus de passar pelo teste e de se preparar na perspectiva da grande festa das expiações. A Michna retoma o mesmo esquema e refere as primeiras dez gerações de Adão a Noé, depois de Noé a Abraão, as dez provas infligidas a Abraão, e as dez pragas no Egipto, consequentemente conclui que o número 10 marca, no tempo, o ritmo da prova (Aboth 5:1-9).
Mas não passa de uma prova. A palavra é em si portadora de esperança. Ela anuncia outra coisa que está no horizonte e supõe uma recompensa. O fracasso e a morte não têm a última palavra. A coroa do vencedor (stephanos) está reservada aos mártires da fé (Ap. 2:10).
Percebe-se um sorriso tranquilo. Vencidos sob a espada dos gladiadores, eles receberão no entanto a coroa do vencedor. Eles são mortos e no entanto eles levam a “coroa da vida” – imagem frequentemente representada em monumentos fúnebres da Antiguidade grego/latina, para representar a vitória da morte. O texto bíblico não permite pensar na promessa da imortalidade da alma tão acariciada pela filosofia grega e que encontrará caminho nas tradições judaico/cristãs. O versículo seguinte explica com cuidado que eles não “sofrerão a segunda morte” (Ap. 2:11). Esta expressão encontra-se na Bíblia para designar que “a segunda morte” é a morte definitiva dos pecadores que não se arrependeram, não reconheceram Jesus como Salvador e Senhor. A morte definitiva, é uma morte sem esperança de ressurreição. Mais adiante, a passagem de Apocalipse 20:6 esclarece este sentido ao falar das duas ressurreições. A primeira ressurreição concerne os justos na Segunda Vinda de Jesus. A segunda ressurreição diz respeito aos pecadores não-justificados. Só a primeira ressurreição abre a porta para a vida eterna. A segunda, em vez, abre-se sobre a morte eterna. Ou seja, todos sofrerão a primeira morte, mas unicamente os não-justificados (só Jesus é justificador e galardoador) conhecerão a segunda morte (veja Daniel 12:2).
Prometer aos mártires de Esmirna que não passarão pela segunda morte, é pois prometer a esperança de uma esperança efectiva, a única que dá acesso à vida eterna. Chamo a atenção que segundo as concepções da época que se baseavam no dualismo (alma boa igual a céu, corpo mau igual a inferno) é completamente barrido nesta promessa ao vencedor. O vencedor é-o em Cristo unicamente!
Para a Bíblia, o além não passa pela imortalidade da alma. Só o milagre da ressurreição que implica a totalidade do indivíduo permitirá o acesso à vida eterna.
Meus Deus, como o tema da Igreja de Esmirna é lindo! Deus seja louvado!!! Seja um vencedor em Jesus e ouvirá a Sua maravilhosa voz chamar: “Vinde benditos de meu Pai, possui por herança a vida que vos está preparada desde a fundação do mundo”, sabe esta é uma decisão que já foi tomada por Deus, agora, precisa ser tomada por si, que fará? Aceite!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O SANTUÁRIO É FUNDAMENTAL NA COMPREENSÃO DO PLANO DA SALVAÇÃO


INTRODUÇÃO: “E me farão um santuário, e Habitarei no meio deles”. Êxodos 25:8
· Habitar com seu povo e receber adoração, este foi sempre o desejo de Deus.
· Desde a história dos nossos primeiros pais há um conflito na experiência de adoração dos filhos de Deus.
· O santuário se bem compreendida a sua mensagem revela-nos a vontade de Deus para o seu povo.
· Como Adventistas do 7º Dia, temos um corpo de 28 doutrinas. Das 28 doutrinas, 3 nos distinguem de todas as demais denominações, são elas: O Dom de Profecia, a visão cosmológica do conflito entre o bem e o mal e a doutrina do Santuário Celestial.

I. OS DOIS SANTUÁRIOS – TERRESTRE E CELESTIAL
A. O SANTUÁRIO TERRESTRE
Em Exodos 25:8 Deus dá uma ordem a Moisés para a construção do santuário. Este lugar seria o local da habitação de Deus, onde simbólicamente, o povo de Israel, através dos sacrifícios de animais buscaria o perdão dos pecados e vivenciaria a experiência da adoração.
· Toda instrução nos seus mínimos detalhes fora concedida a Moisés.
· Êxodo 25:9 – “Conforme tudo o que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis”.
· O ritual do santuário terrestre era símbolo, figurado do outro Santuário.
· Foi através de Cristo no Calvário que verdadeiramente todo o sistema de sacrifícios de animais realizados no santuário terrestre teve a sua autêntica legitimidade. Ou seja, sem Cristo tudo o mais perdia o seu valor. Foi o sacrifício de Cristo que veio consumar o que ocorria no santuário terrestre.

B. O SANTUÁRIO CELESTIAL
Com a morte de Cristo na cruz “o véu rasgou-se de alto a baixo” (Mateus 27:51) mostrando que todo o ritual no santuário terrestre perdera o seu significado.
“Cristo morreu na hora do sacrifício da tarde ( cf. Mateus 27:45,46 e 50), como “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29), e “o antítipo de todas as ofertas sacrificais”.[1]
“Quarenta dias após a Sua ressurreição (cf. Actos 1:3), Cristo Ascendeu ao céu, onde iniciou o ministério no Santuário/Templo celestial. Evidências da existência deste santuário são encontradas de forma clara no Antigo Testamento (Ver Salmos 11:4; 96:6, Isaías 6:1; Daniel 8:14; 9:24; etc.), e bem mais explicitamente na epístola aos Hebreus, que tencionava transferir a atenção dos judeus – Cristãos do sacerdócio e do templo terrestre para o sacrifício de Cristo no Santuário Celestial (Ver Hebreus 4:14 – 5:10; 7:1-10-25).[2]

II. O SANTUÁRIO COMO PLATAFORMA DAS CRENÇAS IASD
“Os Adventistas consideram o santuário e os 2300 dias como “o principal pilar da fé daqueles que aguardam o Senhor, e O esperam para logo”[3]
“J. N. Andrews referiu-se ao santuário em 1867 como “a grande doutrina central” do sistema doutrinário adventista, “pois o Santuário conecta inseparavelmente todos os pontos na fé, e apresenta o assunto como um grande todo.”[4]
“Uma das descrições mais significativas da função integrativa do Santuário foi sugerida por Uriah Smith em 1877, através da analogia da roda de uma carroça.[5]
“Na grande roda da verdade, o santuário ocupa essa posição central. Nele as grandes verdades da revelação encontram o seu ponto principal.[6]
“Em 1881, Smith acrescentou que o assunto do santuário é a “grande verdade central do sistema de verdades do nosso tempo”...[7]
Ao comentando a experiência de 1844, Ellen White declarou em 1884 que Daniel 8:14 foi “a passagem que, acima de todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna central da fé do advento.” Ela explica que “o assunto do Santuário” “revelou um sistema completo de verdades, conectadas e harmoniosas”.[8]

· Na doutrina do santuário encontramos a base para as demais crenças da nossa Igreja.
· A compreensão do Santuário é chave para compreender todas as demais doutrinas.

A. O Sábado þ Apoc. 11:19
B. A Lei de Deus þ Apoc. 11:19
C. Nova Terra þ João 19:29
D. Milénio þ Lev. 16:20 a 22
E. Segundo Advento þ Isa. 63:1-6
F. Ordem þ Núm. 4:17-20
G. Dízimo þ Lev. 27:30-34
H. Vida apenas através de Cristo þ Lev. 4:29
I. Reforma de Saúde þ Lev. 23:27-29
J. Santificação e Justificação pela Fé þ Lev. 16:23
K. A Santa Ceia þ Lev. 7:15-21
L. Julgamento þ Ecle. 12:13,14
M. Modéstia Cristã þ Deut. 22:5
N. Baptismo þ Êxo. 40:12 a 16
O. Ministério dos anjos þ Êxo. 25:20
P. Educação Cristã þ Êxo 12:26,27
Q. Dom de Profecia þ Êxo. 28:30
R. Assistência social þÊxo. 22:22-24
S. Destino dos Ímpios þ Lev. 6:10,11
T. Arrependimento þ Lev. 4:27-29

Conclusão
· Ao analisar a importância da doutrina do santuário não nos resta nenhuma dúvida de que Deus deseja habitar com o seu povo.
· Quando Deus habita com o seu povo através do santuário ele faz uma reforma total na vida religiosa e prática do crente.
· O santuário terrestre apontando para o santuário celestial nos indica que nada temos a temer. Jesus Cristo no santuário celestial é nosso Sumo Sacerdote que por nós intercede. Em breve voltará como rei para nos levar eternamente para o reino. Então reinaremos com Ele para todo o sempre.
· Precisamos crer no poder da mensagem do santuário.

Apelo: gostaria de receber no seu coração todas as bênçãos reveladas no santuário? Que Deus o/a abençoe. Amém!
[1] E. G. White. Atos dos Apóstolos, 246.
[2] Nichol, ed. Seventh – Day Adventist Bible Commentary, 7:389.
[3] Timm, Albert R. Desenvolvimento da Teologia Adventista, p. 37.
[4] Idem, p. 40.
[5] Idem
[6] Idem
[7] Idem, p. 41
[8] Idem.

O MILÉNIO - MIL ANOS DE PAZ

Já alguma vez pensou no que vai acontecer à Terra depois da volta de Jesus? Hoje vamos estudar o que a Bíblia diz acerca dos 1000 anos que se seguirão à Sua volta (Ore)
Faremos a revisão de uma lição anterior, que nos ajudará a prepararmo-nos para o estudo deste momento. Vamos ver o que acontecerá quando Jesus voltar.
Mateus 24:30 “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.”

Todo o mundo verá Jesus voltar em glória e magnificência.
Quando Jesus voltar, a Sua glória será muito brilhante e impressionante.
Salmo 50:3 “O nosso Deus vem, e não guarda silêncio; diante dele há um fogo devorador, e grande tormenta ao seu redor.”
Mateus 25:31 “Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória.”
Este fogo é a glória de Deus, que irá rodear Jesus. Ele virá com “poder e grande glória” (Mateus 23:30) e com “TODOS os santos anjos”. A Bíblia diz que o número de anjos não pode ser contado (Hebreus 12:22). Um anjo era tão brilhante e majestoso que provocou o desmaio de 100 soldados, endurecidos pela guerra (Mateus 28:2-4). Consegue imaginar como todo o céu ficará brilhante e glorioso repleto de TODOS os anjos e mostrando a glória de Deus? Não admira que todo o olho o veja e que a Sua presença seja comparada a um fogo consumidor!

Veja o que este fogo consumidor fará aos perdidos.
2ª Tessalonicenses 1:7-9 “E a vós, que sois atribulados, alívio juntamente connosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor e da glória do seu poder.”
Irá destruí-los. A glória da presença de Jesus, que traz esperança e vida eterna ao crente obediente, proclama destruição eterna para os desobedientes.

O que é que os desobedientes farão quando virem Jesus?
Apocalipse 6:14-17 “E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os chefes militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem poderá subsistir?”
Tentarão esconder-se. Mas não conseguirão. Ninguém se pode esconder de Deus. Apesar de lhe causar uma dor imensa, o Seu esplendor irá destruí-los. Não é uma pena que estas pessoas fujam de Jesus? Elas fogem porque não se entregaram totalmente a Jesus quando tiveram uma oportunidade. É por isso que agora é muito importante pedir a Jesus que os perdoe os nossos pecados, para que Ele dirija a nossa vida!
O que acontecerá aos cristãos aquando da vinda de Jesus? 1ª Tessalonicenses 4:16-17 (ler). Os cristãos que estão mortos serão ressuscitados e, juntamente com os cristãos vivos, serão arrebatados para encontrar o Senhor NO AR. Jesus não põe os pés na Terra. Leva os salvos com Ele para o Céu. (João 14:1-3).

Qual será o aspecto da Terra nesta altura?
Apocalipse 16: 17-20:
“17 O sétimo anjo derramou a sua taça no ar; e saiu uma grande voz do santuário, da parte do trono, dizendo: Está feito.
18 E houve relâmpagos e vozes e trovões; houve também um grande terramoto, qual nunca houvera desde que há homens sobre a terra, terramoto tão forte quão grande;
19 E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e Deus lembrou-se da grande Babilónia, para lhe dar o cálice do vinho do furor da sua ira.
20 Todas ilhas fugiram, e os montes não mais se acharam.”
O maior terramoto de todos os tempos sacudirá o planeta. As montanhas desaparecerão e as ilhas serão engolidas pelo mar. pedras de granizo, que pesam 30 quilos, cairão do céu.
2ª Pedro 3:10 “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas.”
Jeremias 4:23-27:
“23 Observei a terra, e eis que era sem forma e vazia; também os céus, e não tinham a sua luz.
24 Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam.
25 Observei e eis que não havia homem algum, e todas as aves do céu tinham fugido.
26 Vi também que a terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.
27 Pois assim diz o Senhor: Toda a terra ficará assolada; de todo, porém, não a consumirei.”
Jeremias 25:30-33:
“30 Tu pois lhes profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramirá, e fará ouvir a sua voz desde a sua santa morada; bramirá fortemente contra a sua habitação; dará brados, como os que pisam as uvas, contra todos os moradores da terra.
31 Chegará o estrondo até a extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; quanto aos ímpios, ele os entregará a espada, diz o Senhor.
32 Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tempestade se levantará dos confins da terra.
33 E os mortos do Senhor naquele dia se encontrarão desde uma extremidade da terra até a outra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como esterco sobre a superfície da terra.”
Os mortos não serão enterrados porque não haverá ninguém para os enterrar. Todos os ímpios estarão mortos e os justos irão para o Céu. As pessoas serão todas levadas para o Céu ou então destruídas pelo esplendor da volta de Jesus. Não haverá meio-termo.
Agora vamos ver o que acontecerá a esta Terra, desolada e vazia, depois de Jesus levar os salvos para o Céu. O planeta Terra permanecerá neste estado de destruição durante 1000 anos. E Satanás será forçado a contemplar a destruição, que o seu mal causou.
Apocalipse 20:1-3
“1 E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão.
2 Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos.
3 Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.”
A palavra grega para “abismo” é a mesma palavra usada no Velho Testamento grego em Génesis 1:2 “havia trevas sobre a face do abismo”. Na criação, a Terra era sem forma e vazia, e podemos ler, em Jeremias 4, que depois da volta de Jesus será assim novamente. Portanto, o abismo é a Terra desolada. Satanás será forçado a permanecer aqui durante 1000 anos, sem ninguém para tentar.
É este o significado do texto quando diz que Satanás ficará “amarrado”. Ele ficará acorrentado pelas correntes das circunstâncias, não terá ninguém para enganar. Todos os perdidos estarão mortos e os salvos estarão no Céu. Satanás será forçado a contemplar a destruição que ele causou.
O versículo 3 também diz que Satanás não enganará as nações até que terminem os 1000 anos. O que acontecerá no fim dos 1000 anos que o liberta para poder enganar as nações?
Apocalipse 21:10 “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus.”
Apocalipse 20:7 “Ora, quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão.”

A Nova Jerusalém desce à Terra e Satanás é liberto, porque todos os perdidos ressuscitaram.
Jesus falou desta ressurreição dos perdidos em João 5:28,19:
“Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”
Apocalipse 20:6 diz que os salvos recebem vida na primeira ressurreição, aquando da vinda de Jesus e no INÍCIO dos 1000 anos. Mas, os ímpios revivem na ressurreição da condenação, no FIM dos 1000 anos. Eles são ressuscitados para enfrentar os seu julgamento final.

Vamos ler o que acontecerá a seguir, ver Apocalipse 20:7-9.
“Ora, quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade querida; mas desceu fogo do céu, e os devorou.”
Satanás engana todos estes perdidos recém-ressuscitados levando-os a pensar que podem atacar a cidade. É durante este ataque final que Deus destrói os ímpios, lançando-os no lago de fogo.
Porque é que Deus ressuscita os perdidos apenas para que eles sejam, novamente, enganados e depois destruídos?

Há duas razões:
1- os perdidos precisam de ver o que acabam de perder por causa dos seus pecados. Verão a linda cidade e saberão que, por não terem aceitado o Senhor Jesus na sua vida, terão de ficar de fora da cidade.
2- Deus quer que o universo veja até onde é que a rebelião de Satanás e dos pecadores pode ir se lhes dor dada uma oportunidade. Tendo conhecimento pleno que Deus está sentado no trono, os ímpios planeiam derrubá-l´O, literalmente, do trono, destruindo-O e também aos justos. Isto é o que Satanás pretende; mas, é evidente que deus os impedirá.
Com esta demonstração final perpetrada por Satanás o universo não caído poderá ver que Deus é misericordioso e justo para destruir os perdidos. Todos saberão que qualquer governo, aparte do governo de Deus, só provocará o caos. Satanás tem demonstrado isso durante o seu reinado aqui na Terra. Todos os redimidos estão seguros contra uma nova rebelião, porque puderam ver quão perigoso é o pecado (Naúm 1:9).
Haverá pessoas que ressuscitarão no fim dos 1000 anos fora da cidade. Isto deve ser terrível. Não haverá nenhuma oportunidade de arrependimento. Cada indivíduo estará perdido, ou salvo. Os perdidos poderão olhar através das paredes transparentes da cidade, e verão as mansões e os corpos glorificados dos santos e as suas faces, felizes e sorridentes. Depois, olharão para os seus corpos doentes, ainda cheios de pecado. Nem posso imaginar o desespero que se instalara nos seus corações.
Podemos estar naquela cidade. A Bíblia diz-nos como assegurar um lugar, em Apocalipse 22:14 “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” Aqueles que amam a Deus verdadeiramente, a ponto de Lhe obedecer, e que têm as suas vidas santificadas pelo Seu sangue e o coração transformado pela Sua graça, poderão entrar na cidade e comer do fruto da árvore da vida.
Esta é uma oportunidade sublime que Deus lhe oferece de entregar-lhe o seu coração e aceitá-Lo como Senhor e Amor, para que se torne agora seu Pai Eterno.
Bênçãos do Senhor sobre si.

A 3ª IGREJA DO APOCALIPSE

A viagem continua para norte, estamos a 35kms de Esmirna. A cidade de Pérgamo levantava-se, soberba e majestosa sobre a colina e merecia o seu nome que por significava “fortaleza” e “cidade gloriosa”. Situava-se a uma certa distancia das rotas de passagem comercial, mas nem por isso deixava de ser como a maior cidade da Ásia. O geógrafo grego Strabon (58 a.C. – 25 d.C.) chamou-lhe “a cidade ilustre”, e o historiador romano Plínio (23-79 d.C.) considera que “esta cidade é a mais famosa da Ásia”. Pérgamo foi capital política durante 4 séculos e a sua reputação no capítulo da cultura e da religião era sólida.
A sua principal fonte de riqueza era o fabrico do pergaminho cuja palavra deriva justamente do nome de Pérgamo. Com dois mil rolos na sua biblioteca rivalizava na época com Alexandria. A cidade era igualmente célebre pelos seus hospitais e o templo a Esculápio, deus das curas, atraía multidões vindas de todas as proveniências, como é testemunhado pela imensa variedade de moedas descobertas pelos arqueólogos.
A cidade de Pérgamo reflectia a situação da terceira Igreja na história. Contrariamente às igrejas precedentes, Pérgamo caracterizava-se pelo sucesso e a glória. Os cristãos não eram desprezados. A era dos mártires é passada. Esta época é referida como não negando a fé “mesmo nos dias de Antipas” a “minha fiel testemunha, o qual foi morte...” (Ap. 2:13). O tempo, é de estabilidade é a prosperidade do IV século d.C.).
Mas a glória de Pérgamo não foi conquistada sem preço. A Carta denuncia uma pratica que lembra as falsificações de Balaão, o profeta “renegado” ao serviço do rei moabita que tinha arrastado todo o povo de Israel no sincretismo (Números 25:1-5). Balaão cujo nome significa “devorador do povo”, tinha compreendido que o compromisso era o melhor método para “devorar” e neutralizar o povo eleito. Mais eficaz que a perseguição e a morte, a introdução em Israel de elementos estranhos iria ameaçar a existência da mais fiel testemunha de Deus.
O compromisso com o mal torna-se mais perigoso que a pior das iniquidades. Porque é fácil de identificar o inimigo quando ele está fora de portas. Mas quando ele se infiltra e se senta nos bancos (da igreja) a operação torna-se delicada e torna-se mesmo impossível de o distinguir. É esta uma das características desta Igreja. Pela primeira vez, o paganismo e o erro misturam-se com o testemunho da verdade. É evidente que houve uma evolução a partir da Igreja de Éfeso. A primeira Igreja foi elogiada “porque aborreceu as obras dos nicolaítas” (Ap. 2:6). No presente, os Nicolaítas estão com aceitação dentro da Igreja: “Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas.” (Ap. 2:15) A obra de Balaão, “o devorador do povo”, juntou-se aos Nicolaítas, cujo significado “conquistador do povo” (este é o significado de Nicolaístas). Nestes dois nomes revela-se a mesma apreensão.
A História mostra de facto um tempo de compromisso. Para afirmar os compromissos políticos, a Igreja torna-se branda e aberta; ela alia-se ao poder político. Os decretos imperiais que foram então promulgados reflectem este espírito e esta nova tendência da Igreja. Um exemplo entre tantos, a observância do Domingo, dia do Sol dos Romanos, substitui o dia de repouso dado por Deus, o Sábado, dia observado por Israel, por Jesus e pelos primeiros Cristãos. Isto transparece claramente no Decreto de Constantino no Concílio de Laodicéia: “Que os Cristãos não se comportem como os Judeus descansando no dia de Sábado. Que todos os jovens, as populações das cidades, e toda a sorte de profissões (artesãos) deixem o trabalho no venerável dia do Sol (= domingo).” (Canon 29 do Concilio de Laodicéia; W. Rondorf, Sabbat et dimanche dans l´Église ancienne, p. 49.).
O carácter de compromisso tinha já sido pronunciado pelo profeta Daniel por duas vezes, na visão da estátua e nos quatro animais. Na visão da estátua (Daniel 2), a Igreja era representada por argila, símbolo da dimensão espiritual e religiosa, misturada com ferro, símbolo do poder humano e político. Na visão dos quatro animais, a Igreja aparece sob a forma de um corno, símbolo do poder político, com uma cara humana, símbolo da dimensão espiritual.
No apelo ao arrependimento é apresentada a mesma critica lançado na Carta a Esmirna. A espada com duplo fio de corte que sai da boca do Filho do homem (Ap. 2:16) representa a Palavra de Deus que julga e que separa o erro da verdade. A promessa que recompensa a vitória (salvação), o “maná escondido,” e a “pedra branca” (Ap. 2:17), reflecte a mesma preocupação. A evocação ao maná é associada à lembrança do Êxodo, na perspectiva da terra prometida. Este pão cai do céu e é enviado por Deus (Êxodo 16:15; Salmo 76:25) torna-se sinal de esperança e vida. Nestas palavras Deus lembra; é Ele o Senhor das bênçãos, estas nunca advém dos compromissos e da cedência ao erro!
Segundo uma velha lenda judaica, na queda de Jerusalém e na destruição do Templo no VIº século a.C., o profeta Jeremias apressou-se a esconder o vaso do maná (este vaso estava dentro da Arca juntamente com a Lei de Deus e vara de Arão; Êxodo 16:33,34; Hebreus 9:4); e só na vinda do Messias e do Seu reino se poderia reencontrar e comer de novo (Mekhiita, 16:25; cf. 2 Baruque 29:8; Hagigah 12b.). Segundo esta tradição, só no fim dos tempos a identidade dos eleitos será revelada. Por agora, eles não são identificados na comunidade visível da Igreja.
É a mesma lição que é registada no símbolo da pedra branca “sobre a qual...um novo nome está escrito” (Ap. 2:17), esta referência à pedra branca lembra os processos nos tribunais gregos/romanos. As pedras brancas e negras eram utilizadas para os jurados da época indicarem o seu veredicto. O branco significava declaração de inocência e a negra a de condenação. Receber uma pedra branca equivale portanto a uma declaração de salvação. Quanto ao “novo nome” dado por Deus, representa a marca da recreação (novo nascimento) do alto, o sinal de um novo caminho. Assim, Abrão tornou-se Abraão para anunciar as promessas de um povo que seria numeroso (Génesis 17:5).
Jacob terá o seu nome mudado para Israel significando o novo desígnio que o esperava, de lutar com Deus (Génesis 32:28). Até os lugares/cidades podem ter um desígnio. Jerusalém recebe o novo nome “o Eterno nossa justiça” como aliança da presença eterna de Deus entre o Seu povo (Jeremias 33:28). Da mesma maneira, os eleitos de Pérgamo recebem “um novo nome” que está para além da compreensão humana. É um “nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” (Ap. 2:17. a Bíblia e a tradição judaica falam nestes termos do propósito de Deus. Nome que nem sequer é pronunciável e que não se limita a uma qualquer fórmula (ver Êxodo 3:13-15; cf. Génesis 32:29,30; Juízes 13:17,18 – dado que este nome está associado ao nome de Deus é proibido pronunciá-lo). Razão que é dada na Carta seguinte: “...e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.” (Ap. 3:12) Este “novo nome” é portanto o nome de Deus, “o meu novo nome” que se confunde com o nome da “nova Jerusalém que desce do céu” (Ap. 3:12), este é o pleno deslumbramento que é apresentado no Apocalipse, o deslumbramento que faz apelo ao coração do crente a viver na intimidade de Deus aqui na terra dos nicolaítas. Na certeza que no manter-se fiel a Jesus viverá com Ele na Nova Jerusalém.
No início da Carta, os pioneiros ainda fiéis tinham sido designados como aqueles que “retém o meu nome e não negaram a minha fé” (Ap. 2:13). No presente, ao chegar ao final da Carta, os resgatados de Pérgamo são recompensados recebendo o nome de Deus. Esta é a responsabilidade do Povo de Deus levar o nome de Deus. O nome de Deus é fundamentalmente o reflexo do Seu carácter, justo, santo e bom. O Povo é chamado a tornar-se um sinal para os outros, um sinal visível do Deus invisível.
O nome de Antipas – “Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” (Ap. 2:13) – dá-nos conta da exigência, a que Antipas significa “o representante do pai”. A vocação do filho é de levar o nome do pai e de o representar na sua ausência. É fácil compreender a razão deste nome só ser conhecido daqueles que o recebem. Se o eleito de Pérgamo é o único a conhecer o nome de Deus que está inscrito sobre a pedra branca, é precisamente graças à relação pessoal que ele mantém com Deus.
A Igreja visível desta época, não se extingui, um resto ficou fiel, porém, começou a perder a sua identidade e a sua vocação de mensageira do nome de Deus.
Esta é uma experiência sempre repetida em todas as épocas da história do Povo de Deus, por isso neste tempo de crise, de rumores, de falsidades, de falsos cristos e falsos profetas, de promessas emocionais, somos chamados a olhar para a Nova Jerusalém e a promessa de caminhar nela com Jesus. É isso que quer? Então, seja fiel!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A 4ª IGREJA DO APOCALIPSE

A Carta que temos diante de nós fala de uma cidade que dista de Pérgamo cerca de 45kms. Tiatira é de longe a mais insignificante entre as 7 cidades. Plínio qualificou-a de “cidade medíocre”. No entanto, é ela que recebe o mais inflamado e o maior discurso. Poucos elogios (Ap. 2:19), uma evidente preocupação ressalta no texto que lhe é dirigido (Ap. 2:18-28):
18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente:
19 Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras.
20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos;
21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras dela;
23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas obras.
24 Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei;
25 mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28 também lhe darei a estrela da manhã.

Enquanto as primeiras Igrejas tinham mantido ainda uma certa distância do mal, aqui – e já a começar em Pérgamo – uma tendência é evidenciada: o mal reside com tendência a piorar, toma o seu assento dentro da própria Igreja. Na Igreja de Pérgamo, a apostasia foi representada sob os traços do profeta apóstata, Balaão, cuja a influencia exercia-se a partir do exterior.
Em Tiatira, a apostasia reina. Os traços aqui realçados são comparados com a rainha Jezabel (Ap. 2:20), esposa do rei Acabe. Jezabel é de origem fenícia filha “de Etbaal, rei dos sidónios, e foi e serviu a Baal,” ((1ª Reis 16:31) que segundo a tradição, era sacerdote do culto de Baal e de Astarote (ver F.Josefo, VII, XIII.2.) A Bíblia traz à memória a má influência que ela exerceu sobre o rei de Israel e arrasta o povo ao culto pagão. À sua mesa sentavam-se quatrocentos e cinquenta profetas do deus cananeu. Ela distinguia-se pelo seu zelo contra Elias o profeta e contra todos os que ousassem permanecer fiéis a YHWH. A sua influência transborda para os reinos dos seus filhos e filha, a famosa Atalia (2ª Reis 8:18,26; 10:11).
O esboço que é apresentado de Jezabel revela o carácter da nova Igreja. Agora, a apostasia é oficial e tem assento no trono; confunde-se o poder do Estado com o poder da Igreja. É o tempo em que a Igreja se funda como instituição politica e exerce poder de carácter real (século VIº). Não é por acaso que a cidade de Tiatira é justamente reconhecida pela sua tinta de púrpura, cor da realeza (1 Macabeus 8:14; Homero, Ilíada, 4.141-145,) e sacerdotal (Êxodo 25:4; 28:5,6; 39:29; F.Josefo, Guerras, 5.5:4). Lembremo-nos de Lídia de Tiatira, que ganhava a sua vida no comércio da púrpura (Actos 16:14,15,40).
Mas Tiatira é também a cidade dedicada ao culto a Tyrimnos (deus do sol), que se tornou o deus do culto do Imperador romano. E para juntar a toda esta surpreendente amálgama o remetente da Carta a Tiatira apresenta-se como um personagem do qual flui majestade, os seus olhos “de fogo”, “os pés semelhantes a latão reluzente”, como a demonstrar que na Sua presença o deus sol de Tiatira é pálido, sem brilho.
É um aviso sério. Um aviso que toca a todos os crentes. “Todas as Igrejas” (Ap. 2.23) são interpeladas por esta Carta. Porque a tentação atinge todos. Frequentemente o que e chamado a ser testemunha de Deus esquece Deus e age como se fosse deus. É um risco para a religião assim como o foi para cada profeta. A Tradição, a Instituição tomam lugar de relevância para o qual não foram investidas. Toda a testemunha de Deus corre o risco de pretender o lugar que pertence unicamente a Deus. E cada vez que esse lugar é tomado, solda-se pela intolerância e os massacres. O regime de Jezabel é particularmente caracterizado pela perseguição e os massacres contra os fiéis de YHWH. É a viagem que faz Tiatira, a Igreja/Instituição da Idade Média, que se instala oficialmente em 538, quando a última ameaça ariana foi eliminada, e termina em 1563 com o Concílio de Trento.
A Inquisição, as Cruzadas, os carrascos: nunca na história da humanidade a intolerância religiosa terá sido tão feroz e tão longa. É compreensível a cólera de Deus e o anúncio de julgamento, “uma grande tribulação” (Ap. 2:22). A Igreja pagará caro a sua intolerância. A este assunto voltaremos.
Devemos realçar que não são os homens e mulheres de Tiatira na qualidade de pessoas que são visadas nesta Carta: é a Igreja que está no poder, a Igreja como instituição usurpadora de Deus. Dentro de Tiatira, há homens e mulheres que permanecem fiéis. Muitos “não conhecem as chamadas profundezas de Satanás” (Ap. 2:24). Trata-se de uma expressão idiomática que está decalcada sobre o seu contrário “as profundezas de Deus.” Tal como está exarado em 1ª Coríntios 2:10 para caracterizar aqueles que fundamentam a sua fidelidade no Espírito do Alto antes que sobre “a sabedoria dos homens” (1ª Cor. 2:5). Como no tempo de Jezabel, houve os que “não dobraram os joelhos a Baal,” (1ª Reis 19:18) e permaneceram fiéis ao Espírito de Deus.
A Carta reconhece estas excepções e exalta-as com profunda ternura. É no entanto uma Igreja paradoxal, ela é considerada a mais virtuosa. Quatro qualidades lhe são atribuídas: o amor, a fé, o fiel serviço e a perseverança (Ap. 2:19).
É a Igreja de são Francisco de Assis, de são Luís, foram eles entre tantos que fundaram escolas, os primeiros hospitais e as primeiras universidades. É também e sobretudo a época dos primeiros apelos à Reforma e ao arrependimento. É bom pensar em Pedro Valdo (1140-1217) na Itália, em John Wyclif (1320-1384) na Inglaterra, em João Hus (1369-1415) na Boémia. Temos que pensar em Lutero (1483-1546) na Alemanha. Todos estes homens e os seus movimentos foram contra a corrente plenos de coragem: “…mas o que tendes, retende-o até que eu venha.” (Ap. 2:25).
Porque, não é fácil de manter-se de pé no meio da multidão que empurra para diante. Não é fácil pensar e amar num tempo de obscurantismo e intolerância. A única consolação, nessas circunstâncias, é a esperança, a confiança que em breve as trevas se dissiparão. É esta a mensagem contida na promessa da “estrela da manhã” (Ap. 2:28), a última estrela da noite que assinala a iminência do amanhecer.
Comprometa-se com Deus, a vinda de Jesus para dar o galardão da eternidade é iminente. O Senhor Jesus o/a abençoe.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A 5ª IGREJA DO APOCALIPSE

A 45kilómetros para sul de Tiatira fica a cidade de Sardes. O facto da sua extensão se encontrar a dois níveis (planos geográficos) recebeu o nome no plural (Sardeis em grego). Originalmente, a cidade estava construída sobre um planalto a mil e quinhentos metros de altitude, à medida que se foi desenvolvendo, ultrapassou o planalto e casas foram construídas sobre as encostas e nos vales e a velha cidade, torna-se um museu abandonado.
A topografia de Sardes testemunha da sua decadência que marcou a sua história. Sardes é o exemplo perfeito do contraste entre o passado de glória e um presente de miséria. No tempo de João, Sardes já tinha esquecido os seus tempos de glória. Quinhentos anos antes teve lugar entre as cidades mais prestigiadas do mundo. O rico Crésus foi o último rei (560 – 546 a.C.). Foi sob o reinado deste rei, na verdade, que a cidade caiu nas mãos de Ciro.
Cresus foi apanhado de surpresa, as suas sentinelas estavam descuidadas. Quando os soldados de Ciro chegaram ao alto da montanha, viram a cidade sem protecção. As portas estavam abertas e sem vigias, era um convite ao inimigo para entrar. Depois que Sardes perdeu a sua soberania tornou-se uma cidade fantasma. A orgulhosa cidade de outrora, que tinha ao principio impressionado e desafiado Ciro, foi reduzida a um monumento antigo.
As exortações encontradas nesta Carta, são um apelo e inspira-se na memória: “Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te.” (Ap. 3:3). E os numerosos apelos da carta anteriormente feitos à Igreja de Éfeso permitem compreender a ânsia do Apóstolo a que esta Igreja de Sardes retorne à experiência teve início na história do cristianismo. Aquele que envia a Carta identifica-se tal como o fez na Carta de Éfeso “aquele que tem os sete espíritos de Deus, e as estrelas” (Ap. 3:1; cf. 2:1). Esta Igreja é juntamente com a Igreja de Éfeso chamada: “a que tem”.
No centro das tristes acusações e apesar de tudo, apercebemo-nos que estas duas Igrejas “têm” qualquer coisa. A mesma palavra em grego alla (“portanto”, Ap. 2:6; “no entanto”, Ap. 3.4) introduzem nestas duas Cartas a saudação que se mistura com a reprovação.
Ambas recebem a mesma promessa de “comer da árvore da vida” para Efésio (Ap. 2:7) e para Sardes o “livro da vida” (Ap. 3:5).
Ambas antecipam o encontro da festa, um banquete com Deus. Na Carta a Efésio, o banquete é evocado na consumação da árvore da vida (2:7).
Na Carta a Sardes, o banquete é evocado através das vestes brancas (Ap. 3:4,5). É evidente que as vestes brancas simbolizam a pureza, tal como é indicado no contexto: “tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram as suas veste.” (Ap. 3:4) Mas as vestes estão igualmente associadas à festa e à ceia que é celebrada (Eclesiastes 9:8). Revestir-se de vestes brancas, é de alguma maneira assumir o espírito da festa, é por antecipação desfrutar das delícias do banquete do Hóspede divino. A igreja de Sardes marca na história do cristianismo um movimento de retorno à origem.
É o tempo da Reforma. As antigas verdades são redescobertas. É um lembrar-se da mensagem original da Bíblia “do que tens recebido e ouvido,” (Ap. 3:3). A Palavra de Deus torna-se de novo alvo da atenção dos crentes. O espírito abre-se e é reencontrado o sabor dos estudos. Os Reformadores valorizam o acesso directo à fonte da vida.
Este período é marcado pelo abandono da dependência dos padres ou das tradições e é valorizada a aprendizagem do hebreu e do grego. É a época dos primeiros estudiosos das línguas em que a Sagrada Escritura foi escrita.
Depressa porém, o movimento é ruído pela esclerose. A igreja nascente forma a sua própria tradição e o seu próprio credo. Os cuidados em pensar no que é correcto transforma-se numa escolástica protestante e isto toma relevância sobre a relação pessoal e íntima com Deus. Cai-se outra vez na intolerância. Os protestantes formam inquisidores e os seus processos. Calvino condena os sábios como Michel Servet, que ousou pensar de forma diferente da dele. Lutero inflama-se nas argumentações anticatólicas e antijudaicas e condena à exterminação todos os que não o seguem.
As vitimas das guerras religiosas que tiveram inicio na Europa em que envolvem protestantes que pensam diferente uns dos outros mistura-se com o catolicismo, uma disputa não tanto pela Verdade, mas pelo poder ao nível dos Estados. Crimes são cometidos, de novo, em nome de Deus: “Os que se esquecem da história estão condenados a repeti-la.”
A cidade não está vigiada (como a antiga Sardes). E pode compreender-se o tom triste e o apelo da Carta a Sardes: “Sê vigilante,” (Ap. 3:2); “Pois se não vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.” (Ap. 3:3). Curioso, também a Sardes espiritual apresenta estes dois planos. Também esta Igreja de algum modo se pode usar o termo no plural (Sardeis).
No entanto, os apelos de Deus sobre esta Igreja que seria objecto de todos os ataques do inimigo são prementes “Sê vigilante”, “não tenho achado as tuas obras perfeitas”, “Lembra-te”, “arrepende-te”. A razão desta linguagem é a consequência da atitude negligente, indiferente dos membros, tal como os antigos habitantes de Sardes, se instalaram numa nova cidade.
Felizmente, o suspiro do autor da Carta, “tens algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes e comigo andarão vestidos de branco,” (Ap. 3:4). É uma minoria que persevera. Esta noção de “resto” tem a sua raiz fundada na mais legítima tradição bíblica. Seth, o terceiro depois de Adão até aos construtores do Templo, Esdras e Neemias, passando pelos Patriarcas como Abraão, Isaque e Jacob, os fiéis do Senhor como o profeta Elias e os resistentes ao culto do bezerro de ouro, a história sagrada da Aliança de Deus com o Seu povo desenvolve-se sobre alguns “resgatados” que sobrevivem à infidelidade. “Um resto sobrevirá”.
A mesma promessa é ouvida da parte do Senhor a Isaías:” Então disse o Senhor a Isaías: saí agora, tu e teu filho Sear-Jasube,” (Is. 7:3), para servir de sinal ao povo adormecido.
O profeta João aproveita o nome Sardes para transmitir (no nome do Senhor) um apelo a reanimar (sterison) um resto (Ap. 3:2). No nome de Sardes, compreendemos que sterison/reanimar, dá-nos consciência que os que ouvem são um resto em vias de extinção.
Querido/a seja o resto, escute a voz de Deus a chamar, lembre-se por amor do Seu nome que esse resto é mencionado em Apocalipse 14:12: “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”
Se o seu coração sente o toque do Espírito Santo, não permita que Satanás o/a leve à cidade da mornidão!