domingo, 27 de fevereiro de 2011

A GENÉTICA ROMANA (IGREJA) É RECUSAR O RELATO BÍBLICO

O autor (padre Carreira das Neves) declara acerca do livro do profeta Daniel que “as referências, na 1ª parte, a diversos reis estão cheias de erros históricos”, a saber:

 O rei Baltazar é filho de Nobómidas e não de Nabucodonosor.
 “A História não conhece nenhum rei chamado Baltazar”.

Iremos abordar estes dois “erros” apontados pelo autor e tentar repor a verdade dos factos – a verdade histórica - e tentar compreender que, o profeta Daniel não tem qualquer erro histórico, tal como se quer fazer crer. Vejamos:

a) Filho ou neto de Nabucodonosor
Antes de mais, não esqueçamos que o nosso autor é um sacerdote! Portanto, é inadmissível que, na qualidade de teólogo, faça com esta afirmação ligeira e gratuita, tábua rasa do pensamento oriental tal qual o encontramos nas Escrituras! Esta objecção não tem em conta que, na própria Bíblia, mais precisamente no Antigo Testamento, contrariamente ao que diz o autor, um rei importante é chamado pai de todos os que o sucederam. Verifica-se tal procedimento nalguns casos. Eis alguns exemplos bíblicos:

 Abiam é chamado filho de David (I Reis 15:3), quando na realidade é filho de Roboão (I Reis 14:31) e neto de Salomão (I Reis 14:21).
 Asa é chamado filho de David (I Reis 15:11), quando na realidade é filho de Abiam (I Reis 15:8), e neto de Roboão (I Reis 14:31).
 Josafá é chamado filho de David (II Crónicas 17:3), quando na realidade é filho de Asa (I Reis 22:41) e neto de Abiam (I Reis 15:8).
 Atila é chamada filha de Omri, (II Reis 8:26), quando na realidade era filha de Acab (II Reis 8:18) e neta de Omri (I Reis 16:28).
Por estes breves exemplos podemos ver que o profeta Daniel não “inventa” ou “erra” quando relata que “Há no teu reino um homem em quem reside o espírito do Deus santo. Em vida de teu pai (Nabucodonosor, seu antecessor) (…). Por isso, o rei Nabucodonosor, teu pai, o constituíra (Daniel) chefe dos escribas” – Daniel 5:11.
O autor, por ter uma mentalidade ocidental e separado no tempo e no espaço, certamente que, por lapso, se esqueceu de tal hábito! Mas, repetimos, como teólogo que é, e devido à craveira que tem e do respeito que nos merece, deveria ter presente este aspecto, de elementar cultura, no tocantes às mentalidades!
Segundo a mentalidade oriental, era natural esta forma de tratamento, tal qual nos é relatada pelo profeta. Assim, se Nabucodonosor é chamado – pai - é porque “nas línguas semíticas a palavra pai aplicava-se também ao avô, ao antepassado ou mesmo a um predecessor ocupando a mesma função”.
Não seria a primeira vez que um usurpador, ao querer legitimar a sua posição ligava-se ostensivamente a um monarca ilustre do passado. Nabonidus tinha contraído matrimónio com uma filha de Nabucodonosor . Ora, perante o que acabámos de ver, será assim tão difícil chegar à conclusão que, afinal, o rei Nabucodonosor era avô de Belshatsar (Baltazar), apesar de, biblicamente falando, ser tratado por pai? Cremos que não! O que aqui encontramos, prezado leitor, é coerência com a mentalidade do século VI a.C., data do livro de Daniel e não erros, como afirma o nosso autor! Portanto, este tratamento nada tem de anormal ou errado. Continuamos a defender que o livro foi composto no século VI a. C. e não no século II a.C., tal como afirma o autor diversas vezes !
Assim, portanto, cremos ter mostrado que esta contestação do autor é ligeira e não tem qualquer fundamento.

c) Baltazar (Belshatsar): o desconhecido da História
Vejamos um ponto de História sobre o clima vivido em Babilónia para que, minimamente, possamos compreender o que realmente se passou para que este Belshatsar (Baltazar) tenha entrado na História, contrariamente ao que o autor afirma. Vejamos:
Em 562 a.C. Nabucodonosor morre após um reinado de 43 anos. Em escassos 5 anos, três soberanos lhe sucederam: Awel-Marduk (562-560 a.C.), Nergal-shar-usur (560-556 a.C.) e Labashi-Marduk (556 a.C.). Aborda-se aqui um dos períodos mais agitados da História de Babilónia. Este último rei Labashi-Marduk foi destituído por Nabu-na-id (Nabonidus) que em 556 a.C. se apodera do trono. Este era filho do sacerdote Nabû-balât-su-iqbi e de uma sacerdotisa do culto da deusa Sin a Haran.
Nabonidus tentou implantar o culto desta deusa em detrimento do deus nacional Marduk. O soberano torna-se impopular e, em 548 a.C., entrega o poder nas mãos do seu filho primogénito Bêl-shar-usar (Belshatsar) e vai viver para Teima .
Portanto, a ser verdadeiro o testemunho da História e por que é que deveríamos de duvidar, temos aqui uma situação de co-regência deste Belshatsar (Baltazar)! Em função do exposto, pensamos que será, no mínimo, normal que a arqueologia, por exemplo, em termos documentais, refira o nome do monarca em título e não o de um regente! Por outro lado, se este não estivesse a exercer uma “co-regência, como se compreenderiam as promessas deste Belshatsar (Baltazar), feitas ao profeta Daniel, caso ele decifrasse o que a mão misteriosa tinha escrito na parede?
Vejamos o que a Bíblia nos diz acerca das promessas de Belshatsar: “(…). Se tu, pois, podes ler o que está escrito e me dás a sua interpretação, serás revestido de púrpura, trarás ao pescoço um colar de ouro e tomarás o terceiro lugar no governo do reino.” – Daniel 5:16 (sublinhado nosso).
Perante o exposto e realçando a concordância entre a História e o relato bíblico, temos:

1º lugar - O monarca titular = Nabonidus;

2º lugar - O co-regente = Belshatsar (Baltazar);

3º lugar - O profeta = Daniel.

Assim, perante tal realidade, como facilmente se compreenderá, pensamos que o regente não poderia oferecer ao profeta, para o distinguir e homenagear - o máximo! Mas, unicamente, o que estava ao seu alcance, isto é: - “tomarás o terceiro lugar no reino” – exactamente como o texto refere! Portanto, uma vez mais perguntamos: prezado leitor, quem terá razão? A História? A Bíblia? Ou o autor? Ao leitor de tirar a conclusão que se impõe!
Para terminar este pequeno conjunto de reflexões, gostaríamos de realçar o que, em nosso entender, aquilo que parece uma contradição do próprio autor! Este afirma que “O rei Baltazar é filho de Nabónides”. Tanto quanto saibamos, o texto bíblico não o refere! Ora, se a Bíblia é omissa em tal afirmação e se o autor a faz, é porque este a obteve de outra fonte, não é verdade? Mas de qual? O autor não nos informa!
Mas, sem termos quaisquer capacidades de adivinhação, afirmamos qual possa ter sido a sua fonte; das duas uma: 1- A História; 2- A Arqueologia! Então, se assim o é, porque é que depois passa a afirmar que “a História não conhece nenhum rei chamado Baltazar”?
Será que a fonte histórica do autor contém: por um lado, a afirmação que: “O rei Baltazar é filho de Nabónides”; por outro, este afirma que esta “não conhece nenhum rei chamado Baltazar”? Convenhamos que esta fonte, a existir, é muito estranha! Ou só será teimosia e má vontade do autor, em querer, a todo o custo, contrariar o relato bíblico! É este procedimento que, quanto a nós é inexplicável, visto que é oriundo de um sacerdote! O que é que lhe parece, prezado leitor? É muito estranho, não acha? Consideramos que, no mínimo, este último deveria defender o Livro que serve de apoio ao exercício do seu múnus eclesiástico – as Escrituras!

d) Antíoco IV Epifânio
Acerca deste controverso personagem, o autor transcreve e comenta o texto do profeta: “A fractura e o nascimento dos quatro chifres em lugar dele, significam quatro reinos que saem desta nação mas sem que tenham a mesma potência. No fim do seu império (…) surgirá um rei carregado de crueldade e manha. O seu poder crescerá, todavia de modo algum por ele mesmo. Causará extraordinárias devastações; será bem sucedido em suas empresas; exterminará os poderosos e o povo dos santos. Graças à habilidade fará triunfar a perfídia (…). Levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será esmagado sem intervenção de mão humana.” - Daniel 8:22-25
Para o autor, a figura principal aqui descrita, isto é: “um rei carregado de crueldade e manha” corresponde ao rei Seleucida Antíoco IV Epifânio (175-163 a.C.) e não outra qualquer personagem. A exemplo do que temos feito até aqui, teceremos alguns comentários acerca desta interpretação do autor que, digamos em abono da verdade, nada tem de inédita!
Se recordarmos o texto profético, este revela que dar-se-ia o nascimento de “quatro chifres”. O autor esclarece-nos que estes quatro chifres são quatro generais que sucederam a Alexandre Magno, a saber: Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu. Para o que nos interessa, reteremos os dois últimos: Ptolomeu e Seleuco. Estes lutaram entre si pelo controlo da Palestina, zona geográfica que foi governada pelos Ptolomeus. “Enfim, o rei (Seleucida) Antíoco III, o Grande (223-187 a.C.), finalmente, consegue esmagar toda a resistência egípcia (governo dos Ptolomeus) e entrar vitoriosamente em Judá em 198 a. C.”.
Isto quer dizer que, quer pelo lado dos Ptolomeus quer pelo dos Seleucidas, os reis se foram sucedendo. O ramo dos Seleucidas, o qual nos interessa para o caso, de modo algum se enquadra na descrição feita pelo profeta Daniel, por várias razões:

1- Porque este “rei carregado de crueldade” surgirá após o reinado destes quatro generais. Contrariamente, a História nos revela que, até chegarmos a este vencedor absoluto (Antíoco III, o Grande (223-187 a.C.) e resultante único dos tais quatro generais, alguns reis Seleucidas o antecederam, a saber: 1- Seleucos I (313-280 a.C.); 2- Antíocos I (280-261 a.C.); 3- Antíocos II (261-246 a.C.); 4- Seleucos II (246-225 a.C.); 5- Seleucos III (225-223 a.C.); 6- Antíoco III, o Grande (223-187 a.C.); 7- Seleucos IV (187-175); 8- Antíoco IV Epifânio (175-163 a.C.).

2- Nem Antíoco IV Epifânio (175-163 a.C.) é o tal quinto rei que se levantaria, após os quatro anteriores, visto que este, ainda tem alguns reis que o antecederam, como acima se viu. Portanto, este rei não é o 5º, mas o 8º!

3- A profecia refere que “sem mão será esmagado”. Para dar mais força ao seu raciocínio, o autor avança a autoridade de - I Macabeus 6:8-16 e II Macabeus 9 - para reforçar a figura de Antíoco IV Epifânio! Mas como teremos a oportunidade de ver mais abaixo, nas contradições dos Livros Apócrifos – e entre estes está (I e II Macabeus), que o autor cita em defesa da sua tese (!) - nos mostrarão que, a morte deste monarca, conheceu, pelo menos, três razões diferentes! O que por si só, faz jus ao seu título de – Livros Apócrifos (não inspirados) – sem que tenham merecido, em consenso geral, qualquer crédito em matéria profética. Portanto, livros a ler na vertente histórica, é verdade, mas mesmo assim, com cuidado!
Perante o exposto, sob o ponto de vista histórico, como se poderá afirmar e manter tal opinião e, ainda muito menos quando esta parece ser apoiada num livro Apócrifo! Quanto a nós, preferimos ficar com a História, visto que “contra factos não há argumentos”! E o prezado leitor?

Bibliografia:Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., p. 117.
Idem, p. 119.
Jacques Dukhan, op. cit., p. 207.
A.R. Millard – “Daniel 1-6 and History”, in Evangelical Quaterly, 49, 1977, p. 72.
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., pp. 87,116-117 e 134.
André Parrot, Babylone et l’Ancient Testament, Neuchatel, 1956, pp. 87-91.
Cf. P. Garelli e V. Nikiprowetzky, Le Proche-Orient Asiatique – Les Empires Mesopotamiens – Israel, Paris, Ed. P. U. F., 1974, pp. 154,155
Cf. Gleason L. Archer, op. cit., pp. 425-429 (excelente visão de conjunto na área restrita dos problemas históricos do livro do profeta Daniel).
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., p. 117
Idem, p. 119
Idem, p. 131.
Ibidem
J.A. Thompson, La Bible à la lumière de l’Archeologie, Paris, 1975, p. 220.
Idem, pp. 219 e 220, 224.
Idem, - ver quadro de conjunto, p. 408.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ONIAS III, O UNGIDO

Vejamos o texto bíblico que serve de base a tal interpretação: “Setenta semanas foram fixadas ao teu povo e à tua cidade santa (…). Após estas sessenta e duas semanas um Ungido será exterminado e ninguém lhe sucederá. (…). E sobre o pináculo do templo estará a abominação da (…)” – Daniel 9:26, 27
(os leitores devem ter em conta que se trata de uma contestação a uma tese defendida pelo padre Carreira das Neves, segundo a nossa opinião não tem sustenção). O autor refere que as ”setenta semanas de anos” deverão ser tidas em conta a partir do decreto do rei Ciro da Pérsia em 538 a.C. e não do de Artaxerxes, 457 a.C. . A intenção é obvia, ou seja - para que a profecia coincida com o tempo dos Macabeus!
Depois, declara que o teor do v. 26: “Após estas sessenta e duas semanas um Ungido será exterminado (…)” se refere ao “sumo sacerdote Onias III – cf. II Macabeus 4:30-38, deposto em 175 a. C. e mandado assassinar por Antíoco IV Epifânio em 171 a.C. .
Consideremos alguns pormenores para vermos se tudo é assim tão simples e linear como o autor nos quer fazer crer:

Ano 175 a. C. – Deposição de Onias III
Não esqueçamos que a profecia revela que o “Ungido” seria exterminado “após estas sessenta e duas semanas”! Antes de continuarmos, convém esclarecer que não se tratam de sessenta e duas semanas literais, mas proféticas! As Escrituras nos autorizam a fazer a equivalência profética, isto é, tomarmos - cada dia por um ano. Vejamos os textos bíblicos que o autorizam:

 “Segundo o número de dias que levastes a explorar o país, quarenta; tantos serão os anos em que haveis de expiar as vossas iniquidades: ano por dia (…)” – Números 14:33,34.
 “(…) E carregarás o pecado da casa de Judá durante 40 dias; estabeleço um dia para cada ano” – Ezequiel 4:6.
Portanto, só à luz deste pequeno esclarecimento bíblico, a expressão do profeta: “setenta semanas de anos” têm razão de ser. O mesmo se aplicará à restante parte do texto: “sessenta e duas semanas”, visto ser parte integrante do mesmo bloco de semanas proféticas. Assim sendo, cremos estar em condições de avançar para a etapa seguinte.
Estas “sessenta e duas semanas” equivalem a um tempo longo de anos, isto é, (62 semanas x 7 dias da semana = 434 dias/anos). Portanto, temos aqui 434 anos equivalentes às 62 semanas proféticas (de anos). Ora, como o autor revela que estas começaram no ano 538 a. C., assim teremos:

• De acordo com a profecia, o “Ungido” deverá ser exterminado no final destas sessenta e duas semanas. Aplicando o mesmo princípio da “semana de anos”, e se os deduzirmos ao ano de partida – 538 a. C. – como o autor deseja, então chegaremos ao ano 104 a. C. (508-434 = 104 a. C.)! Portanto, este ano deveria, para que a História condiga com a profecia, corresponder ao ano 175 a. C., (deposição de Onias III).
Como vimos, segundo a data apontada pelo autor, chegámos ao ano 104 a. C., data diferente, obviamente de 175 a. C.! Então, o que é que está a acontecer? 1- Ou a profecia bíblica está errada, o que é impensável!; 2- Ou a data para o início da contagem, como deseja o nosso autor, está errada – o que poderá muito bem acontecer! 3- Ou Onias III foi deposto mais cedo do que o previsto profeticamente, isto é, 71 anos antes (104 + 71 = 175) – o que é impensável! 4- Ou então, Onias III, nada tem que ver com esta profecia – e então tudo se explica!

• Se partirmos, desta vez, do ano da deposição de Onias III - 175 a. C. - até ao do inicio da contagem - 538 a. C. – ano proposto pelo nosso autor, então encontraremos o tempo intermédio inerente às sessenta e duas semanas, que é 363 anos (538-175 = 363)!

• Portanto, sob duas formas diferentes para encontrarmos a duração das famosas “sessenta e duas semanas (de anos)”, encontrámos dois valores para a mesma duração: 363 e 434 anos! Perguntamos: Qual deles é o verdadeiro? Ou será que não é nenhum?

• Ou será que outra coisa poderá estar mais certa e em consonância com a realidade profética e, obviamente, histórica, isto é: 1- Ou a data de partida está errada – o que é altamente provável!; 2- Ou o “Ungido” da profecia nada tem a ver com Onias III – o que poderá muito bem acontecer!

• Só mais uma nota curiosa: o autor refere que o texto da profecia “não se refere a Jesus Cristo, ao seu sacrifício, nem as setenta semanas têm a ver com os 490 dias proféticos, pois fazer equivaler um dia a um ano solar literal é pura especulação (…)”.  Ora se assim é, perguntamos: então como é que o autor sabe que as setenta semanas da profecia de Daniel são, tal como diz (e muito bem), “setenta semanas de anos”?
Se forem só “semanas”, qual a razão da inserção da palavra “anos”? E mais, se são só ”semanas” - como quer o nosso autor que a todo o custo seja - então como fazer coincidir sessenta e duas semanas (literais) com o ano 175 a. C.? Como é que o autor as esticará? Até porque sessenta e duas semanas dá pouco mais de UM ANO! Como é que o autor resolve isto?

• Versículo 26: ”Um Ungido será exterminado (…). A cidade e o santuário serão destruídos por um chefe invasor (…) ”. Se dermos nomes à intenção profética, como o autor o deseja, então Onias III é o “Ungido exterminado”; de, igual modo, segundo o mesmo autor, Antíoco IV Epifânio encarna “o chefe invasor”! Vejamos mais de perto esta interpretação:
Mesmo assim, nada condiz com nada! Repare-se que o “chefe invasor” - Antíoco IV Epifânio - exterminaria o “Ungido” - Onias III. A ser verdade tal interpretação profética e perante este facto histórico, este dito “chefe invasor” deveria estar contente, porque não só cumpriu a suposta profecia que lhe é inerente, como também anulou mais um opositor, não é verdade? Só que, quando lemos o relato dos acontecimentos, nos Livros Apócrifos, estes dizem-nos que: “(…) Antíoco ficou profundamente abatido e tocado de compaixão, chorou, recordando a sabedoria e a grande moderação de Onias” – II Macabeus 4:33-37. Não é estranha esta atitude do vencedor, quando ele mesmo o manda matar? Ou será um outro Onias? Convenhamos que esta dita “profecia” está muito, mas mesmo muito mal explicada!

• Versículo 27: “(…) E sobre o pináculo do Templo estará a abominação da desolação”. O autor diz que esta parte da profecia, a “abominação da desolação refere-se com toda a certeza à estátua do Zeus Olimpo que Antíoco mandou colocar no Templo de Jerusalém (cf. II Macabeus 6:2) . Para outros autores, este texto aponta, visto estar ligado ao Templo, para a “aparição de uma pessoa, o pseudo-Cristo”.
Antes de prosseguirmos, repare-se na forma como o autor associa o texto profético e a pseudo-realidade que lhe dá forma, ao utilizar a expressão “(…) refere-se com toda a certeza à estátua do Zeus Olimpo” . (sublinhado nosso). Um historiador ou teólogo da craveira e estatura do autor - não pode e não deve - fundamentar os seus pontos de vista em meras suposições! A um académico não fica nada bem tais postulados pois, onde estão os fundamentos para tais afirmações?!

Mas, como dizíamos… a ser verdade a afirmação do autor, cremos não ser demais compará-la com uma de Jesus Cristo! O Filho de Deus, a certa altura do Seu ministério, em certo contexto irá citar este versículo da profecia de Daniel.
Assim, no Seu grande discurso escatológico, Jesus dá a interpretação desta passagem de Daniel. Notemos em que termos o Mestre, ao responder a uma pergunta sobre a magnificência e esplendor do Templo de Jerusalém, se exprime sobre o assunto:

• “(…) Nada ficará delas pedra sobre pedra; tudo será destruído. (…). Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar (…), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes (…).” – S. Marcos 13:2, 14-19.
• “(…), aproximaram-se d’Ele os seus discípulos para lhe mostrarem as construções do templo Mas Ele disse-lhes: “Vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído”. (…) Quando virdes, pois, a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo, (…), então, os que se encontram na Judeia fujam para os montes (…). – S. Mateus 24:1,2,15,16


• “Como alguns falassem do Templo, dizendo que estava guarnecido de belas pedras e adornado de ofertas votivas, respondeu: “Dias hão-de vir em que, de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. (…) Mas quando virdes Jerusalém sitiada por exércitos, ficai sabendo que a sua desolação está próxima”. – S. Lucas 21:5,6,20.
Jesus não disse que os acontecimentos dos quais falava seriam uma espécie de cumprimento posterior e suplementar da profecia de Daniel, segundo deseja o nosso autor, já realizada em 175 a. C. ! Mas que estes, ainda no futuro, seriam aqueles mesmos que o profeta tinha anunciado no passado. Jesus nunca associou esta passagem do profeta a Antíoco IV Epifânio, mas via nela uma profecia que dizia respeito a acontecimentos para lá do Seu tempo, isto é, a destruição do Templo no ano 70 d.C. .
Perguntamos: Que “desolação” será esta? Não será a que foi anunciada previamente pelo profeta Daniel?
A profecia do profeta Daniel, quando refere “a abominação da desolação” – versículo 27, nada tem que ver com a “estátua do Zeus Olimpo” como refere o autor, como veremos mais abaixo com toda a clareza, mas sim com um poder militar que fará aquilo que profeticamente lhe está destinado, segundo a confirmação do próprio Jesus – até porque, desde o tal ano de 175 a.C. (Antíoco Epifânio) – ao tempo de Jesus, prezado leitor, passados quase 200 anos, onde estava esta estátua? Em lado nenhum! Quanto mais, cerca de 40 anos depois, quando o Templo foi destruído – ano 70 d. C.! Sendo assim, prezado leitor, com qual explicação desejará ficar? Com a do referido autor, apesar de todo o respeito que nos merece, ou com a do próprio Filho de Deus? Pensamos que a escolha não será muito difícil!

Bibliografia:
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., pp. 117 e 120.
Louis Pirot (direcção de), La Sainte Bible, Paris, Ed. Letrouzey et Ané, 1946, vol. VII, p. 691.
J. Jeremias, Theologie du Nouveau Testament, Paris, Ed. Cerf, 1980, p. 164

domingo, 20 de fevereiro de 2011

MALEFÍCIOS HISTÓRICOS DO VATICANO

O autor refere, (Pe Carreira das Neves) a este respeito que “(…) não há dúvida que muitas tomadas de posição seja do bispo de Roma, seja dos responsáveis hierárquicos da Igreja Católica, ao longo dos séculos, na perspectiva moderna da democracia, liberdade religiosa e direitos fundamentais da pessoa, foram erradas e perniciosas. Por isso mesmo, os Papas Paulo VI, João XXIII e o actual Papa têm pedido perdão dos males do passado, seja aos judeus, aos protestantes, à própria ciência, etc.” (sublinhado nosso).
Realmente, humanamente falando, é de se tirar o chapéu a tal atitude! Mas, sem sermos teimosos ou exigentes, será que esta basta? Qual a mudança operada nesta confissão religiosa? Que dizer do percurso desta, desde a sua estranha génese até à consolidação do seu poder, como um verdadeiro Estado dentro do Estado? Com quê? Com quem a deveremos comparar? Passaremos a tornar mais claro o nosso pensamento:
a) Como poder temporal: Estado
 O exemplo de Cristo:
A raiz do Cristianismo, assim como o Seu fundador é, inquestionavelmente, – Cristo. No entanto, quando
olhamos para este pobre “homem” da Galileia, nada encontramos a não ser alguém preocupado com o espalhar o Reino dos Céus, isto é, ensinar aos Seus contemporâneos, a verdadeira vontade de Deus contida na Sua Palavra - não em preceitos humanos!
Se recordarmos as cenas referentes ao anúncio do Seu nascimento no seio dos homens, os evangelhos revelam-nos que um dia, uns Magos do oriente, ao terem tomado conhecimento de que em Belém nasceria o “rei dos judeus”, vieram adorá-Lo. O prezado leitor já reparou, segundo o que conhece a este propósito, relatado nas Escrituras, onde eles se dirigiram? Os seus passos encaminharam-se para o único lugar, dado entre os homens, onde nascem príncipes…o palácio! O do rei Herodes! – S. Mateus 2:1-6.
Eu ou você, não faríamos a mesma coisa? Claro! Porque fomos ensinados que os reis nascem em palácios! Só que este rei, apesar de não ser um rei qualquer, pois, segundo as Escrituras, é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” – I Timóteo 6:15 – sempre, desde o Seu nascimento, contrariou as leis mais elementares dos costumes e da sociedade! Vejamos alguns exemplos:

1- Jesus sempre mostrou que tinha algo de especial – um quê que o diferenciava de um comum mortal! Esta particularidade não passou, obviamente, despercebida aos Seus familiares que com Ele viviam o dia a dia. Certa vez Lhe disseram: “«Sai daqui e vai para a Judeia, a fim de os Teus discípulos também verem as obras que Tu fazes; pois ninguém, que pretenda ser conhecido, actua em segredo. Já que fazes estas coisas, manifesta-Te ao mundo»” – S. João 7:3,4
Por outras palavras mais simples: Tu que tens esses dons que nos transcendem, por que continuas na província? Vai para a grande cidade e ali dá-Te a conhecer e terás tudo, a todos os níveis. Não é isto que, dois mil anos depois, cada um de nós faz? Quando um vizinho nosso tem, por exemplo, uma excelente voz, não o encaminhamos para cantar na cidade, onde poderá ser conhecido e ali ganhar a sua vida? Claro que sim. O mesmo aconselharam os Seus familiares mais directos.

2- Certa vez, mais tarde, no decurso do Seu ministério, um escriba, apercebendo-se que Cristo tinha tudo para formar um partido político promissor, veio até ele e ofereceu-se para ser Seu discípulo. Ao aproximar-se disse: “(…) «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores». Respondeu-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça».” – S. Mateus 8:19, 20.
Por outras palavras, Jesus lhe estava a dar a entender que: se me seguires unicamente pelo interesse de um dia seres alguém num hipotético reino temporal, que só existe na tua imaginação, olha que estás muito enganado a meu respeito! Nada tenho para te oferecer daquilo que alimentas na tua mente!

3- Outra vez, uma mulher, a mãe de dois discípulos Seus, aproximou-se e fez-Lhe, por outras palavras, o mesmo pedido, só que, desta vez, explicitamente: “(…) «Ordena que estes meus dois filhos se sentem, um à Tua direita e o outro à Tua esquerda no Teu reino». A resposta, obviamente, não se fez esperar – “Jesus retorquiu:«Não sabeis o que pedis (…)»” – S. Mateus 20:21, 22.

4- Um outro episódio ainda mais paradigmático é aquele que nos é relatado no evangelho de S. João – a multiplicação dos pães! Nunca se tinha visto nada igual! Para a época e naquele preciso contexto político-social, vinha mesmo a calhar alguém que preenchesse o vazio que se fazia sentir; alguém com carisma, e que fosse um agente galvanizador das gentes e instaurasse o Poder; enfim – o verdadeiro Messias – há tantos séculos esperado e, agora, no momento político oportuno, eis diante de nós o homem que se esperava que aparecesse!
Ei-lo ali à mão, mesmo à mercê. Um homem sensível às necessidades físicas do povo tão oprimido a diversos níveis. Um concidadão capaz de saciar a fome de cerca de cinco mil homens sem contar com as mulheres, inacreditável! Quem poderá, na medida do razoável, com cinco pães e dois peixes saciar a fome de milhares de pessoas e ainda sobejarem cerca de doze cestos de pedaços? Simplesmente fora de série! – S. João 6:9-13.

5- O resultado era mais do que evidente; não poderiam ter feito outra coisa ou tomarem outra atitude. Eis o homem capaz de nos libertar do jugo dos Romanos! Eis, no seio de tantos pseudo Messias, anteriormente aparecidos na cena política, mas que falharam; este, nada tem de comparável com os do passado recente, a todos os níveis! O que é que a multidão fez? O que acha que deveria ter feito à luz deste contexto que acabámos de expor? Fizeram isso mesmo que está a pensar: – proclamaram-no líder! Mais do que isso! Rei! Se havia alguém que o merecia era certamente este Jesus de Nazaré!
Quem não gosta do “poder”? O Poder seduz qualquer um… e, por que não o homem Jesus, oriundo da cidade de Nazaré, da província do norte, na Galileia? Mas, prezado leitor e amigo cristão, qual foi a atitude do homem Jesus? Simplesmente desconcertante, inacreditável?! Vejamos os factos como vêm relatados nas Escrituras: “Jesus, sabendo que viriam arrebatá-Lo para O fazer rei, retirou-Se, novamente sozinho, para o monte.” – S. João 6:15.
Abramos aqui, a este propósito, um pequeno parêntesis: Certas confissões religiosas, nossas contemporâneas, para desculparem um certo luxo e ostentação, quer delas próprias, quer dos seus líderes, alguns destes, para justificarem um ou outro avião particular, chegam ao cúmulo de terem este raciocínio que, é aplicável nos governos humanos, mas não no de Deus, porque tal forma de pensar não existe, biblicamente falando. Dizem mais ou menos isto: Se os governos deste mundo, desejam que os seus embaixadores não andem a parecer mal, devendo estes mostrar sinais exteriores de riqueza, para que o país, onde está a referida embaixada, possa saber que o país representado é rico, isto a julgar pelo que se vê no embaixador e afins, então, com os embaixadores do Deus Todo Poderoso seria diferente? A resposta deles é: Claro que não!
Se “Deus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores”, tal como a Bíblia o afirma, então por que é que eu, Seu ministro e chefe desta confissão religiosa e, na qualidade de Seu embaixador, não poderei fazer o mesmo? Deus não quererá estar abaixo do nível da ostentação humana! Assim, através de postulados como este é, aparentemente, explicada a posse de aviões particulares! Ou será que estamos a exagerar? Pensamos que não. Fechando o parêntesis

6- finalmente, perante Pilatos, Jesus disse a certa altura: “O meu reino não é deste mundo” e Pilatos retorquiu: “Logo, tu és rei?”. Mas repare-se na resposta de Jesus: “«Tu o dizes! Eu sou Rei! Para isso nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz».” – S. João 18:36-37. (sublinhado nosso)
Prezado leitor, em lado algum vemos Cristo ir além do ser humano vulgar em relação ao Poder Temporal. Limitou-se a dizer e recordar que tinha vindo “tornar-se carne” para dar “testemunho da Verdade” e afirmar peremptoriamente que: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Como conciliar tão estranha resposta com o ensino da confissão religiosa que diz ser a Sua pretensa continuidade e seguidora? Que testemunho da Verdade dá se poucos ou nenhuns dos Seus seguidores, infelizmente, lêem as Sagradas Escrituras, a única Verdade à qual Cristo incessantemente se referiu? Depois, se não leio esta - Verdade - então como poderei, segundo as Suas palavras, ouvir a Sua voz?
Como conciliar tudo isto com os crentes desta confissão religiosa que, dos quais, tão poucos são praticantes e, para mal de todos os males, desconhecem, de todo, a palavra da Verdade – as Escrituras? Como foi que Cristo expressou o Seu desejo de santificação dos Seus discípulos? O método apontado é simples. Ele apontou um único caminho para tal, não seguir uma confissão religiosa, mas a – Regra – que orientará e definirá se esta confissão contém, ensina e vive a Verdade - a Palavra: “Santifica-os na verdade. A Tua palavra é a verdade” - S. João 17:17. É por esta razão que constantemente aconselhamos a leitura e estudo das Escrituras, caso contrário, como poderemos ouvir a Sua voz, se só ali é que ela se encontra? Convenhamos que é difícil!

 O exemplo da Sua continuidade: a Igreja
Se olharmos para a trajectória desta confissão religiosa que diz ser a Sua continuidade, ao longo de toda a História da Idade Média, ficaremos surpreendidos, como o veremos mais adiante. Para já, dentro deste contexto de “Poder Temporal” do sistema papal recordaremos, por exemplo, alguns artigos, (27, no total!), do decreto Dictatus Papae de 1075, a saber:
Artº 9 - O Papa é o único homem ao qual todos os príncipes beijam os pés.
Artº 12 - Poder para depor imperadores.
Artº 20 - Ninguém pode condenar uma decisão da Sé Apostólica.
Artº 22 - A Igreja Romana nunca errou e, segundo o atestam as Escrituras, jamais poderá errar.”

Como poderá ver, é de ficarmos, no mínimo, espantados! Segundo o que acima expusemos, em quê esta Sua “dita” continuidade tem a ver com a sua “raiz – Cristo Jesus? Rigorosamente NADA! Infelizmente para todo o cristianismo, este não passa de uma manta de retalhos – cada um com a sua pseudo Verdade!
Perguntamos, prezado amigo leitor: onde está a sede do Poder Temporal do inventor do cristianismo? Certamente que nos irá responder que esta não era a Sua missão. Se esta for a sua resposta, muito bem, pois é justa e correcta! Mas, e quanto à conduta, neste contexto, da confissão religiosa que diz ser a Sua continuidade? Ao longo da História tentou e conseguiu o que nunca esteve no horizonte do Seu fundador – uma Monarquia Religiosa?! Quem diria?!

b) Como exemplo moral: Bispo de Roma

Note, prezado leitor, como inteligentemente o autor tenta nuançar, amaciar os factos históricos! Eis o que ele diz: “(…) na perspectiva moderna de democracia, liberdade religiosa e direitos fundamentais da pessoa”. (sublinhado nosso). Quer dizer que, se bem entendemos, o procedimento, à luz dos nossos dias, não foi o mais correcto; mas que, ao tempo dos acontecimentos, a mentalidade, os costumes, eram assim! Com esta explicação tão convincente, qual a necessidade de falarmos, por exemplo, na problemática de uma Inquisição em Portugal no reinado de D. João III, o Piedoso! Tudo está explicado e justificado, não é verdade?!
Se formos coerentes com este mesmo postulado, explicativo e perdoador, que direito tem a sociedade contemporânea de julgar as atrocidades de um Hitler ou o sistema por ele encabeçado? O Horrendo Holocausto! Não foi, de igual modo, não esteve na sua base, uma questão de mentalidade – A Raça Ariana, a eleita? Claro que sim!
Portanto, se tudo foi uma questão de “mentalidades”, então, os dois casos estão em igualdade de circunstâncias, apesar de estarem separados no tempo - isto para sermos coerentes com tal raciocínio! Este, ao ser válido para esta confissão religiosa, seremos injustos se o não aplicarmos, de igual modo, aos diferentes casos acima mencionados ou a outros da mesma índole!
Recordaremos alguns ensinamentos de Jesus; à luz destes, veremos se o argumento do autor é justo e correcto, ou se não passa de uma falácia! Para este efeito vejamos o discurso do Sermão do Monte. Tal foi a sua força que, mais tarde, no libelo acusatório contra a Sua pessoa, são atestadas as seguintes palavras: “(…) Encontrámos este homem a sublevar o povo (…)” – S. Lucas 23:2. (sublinhado nosso).
Recordemos as palavras do Mestre dos mestres, quando ensinava os Seus ouvintes e discípulos: “«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso pai que está nos Céus. (…) Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já os publicanos? E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem também os pagãos?»” – S. Mateus 5:43-47. (sublinhado nosso).
O que é que Jesus estava a ensinar? Aparentemente, parece que contrariava o ensino anteriormente ministrado ao povo, ao dizer: “Eu porém vos digo”. De certa forma estava a corrigir o ensino que circulava, um pouco distorcido, deste texto antigo que dizia: “Tu deves amar o teu compatriota, mas ao teu adversário tu não tens necessidade de amar” – cf. Deuteronómio 19:18.
Se virmos assim o texto, já entendemos melhor a razão de Jesus ter dito: “Eu porém vos digo”. O que Deus desejava, contrariamente ao que as escolas clássicas ensinavam era, que o homem – o cristão - amasse todo aquele que fosse diferente, não importava em que aspecto fosse!
Para melhor explicitar o Seu ponto de vista e corrigir o distorcido ensino dos teólogos da época, Jesus irá contar uma parábola, a do - Bom Samaritano – cf. S. Lucas 10:25-37.
Certo doutor da Lei aproximou-se de Jesus e fez-Lhe uma pergunta. Este fê-la, não para ser informado, mas para saber como o Mestre dos mestres responderia! A pergunta foi: “E quem é o meu próximo?” – v. 29. Repare, prezado leitor, que o doutor da Lei coloca a questão. Deliberadamente evita fazer a mesma pergunta nestes termos: “O que é um próximo?”. A razão é muito simples! Por que esta, assim formulada, era tremendamente fácil responder! Por outras palavras, o doutor da Lei perguntava a Jesus: “A quem eu devo amar”?
Jesus, de seguida, começa a contar a parábola. Se Jesus tivesse permanecido onde o doutor da Lei desejava - após a intervenção destes três homens que representavam diferentes castas sociais - teria perguntado ao Seu interlocutor: “De qual dos três o ferido é o próximo”! A pergunta era possível, mas no contexto judaico, à partida estava respondida! O ferido (aparentemente judeu) era, portanto, o próximo, tanto do Sacerdote como do Levita. Não o seria, certamente, do Samaritano, que por ali passava de viagem! O Sacerdote e o Levita deveriam ter amado e sentido compaixão pelo ferido. O Samaritano podia não amar o ferido visto ser seu inimigo! (Esta forma de proceder estaria em conformidade com a interiorização do entendimento do ensino da Lei de Deuteronómio 19:18, ministrado pelos Rabis).
Mas a pergunta, para estupefacção do doutor da Lei foi diferente, inesperada! E esta foi feita nestes termos: “Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?” – v. 36. Perante a subtileza e finura da pergunta de Jesus, “o centro de interesse se desviou do judeu que procurava determinar quem era o próximo, para um homem em dificuldade que procura um próximo que o venha socorrer. (…) No centro do universo não está mais o «eu», mas o «outro»”.
Assim, sentindo-se encurralado, o doutor da Lei que queria “testar” Jesus, foi obrigado a reconhecer o que não queria! A exemplo de qualquer Judeu que se prezasse, odiava todo e qualquer Samaritano – cf. S. Lucas 9:51-54; S. João 4:9; 8:48. Este foi, apesar da sua consternação, obrigado a reconhecer a única resposta que o Salvador solicitava; e assim respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele” – v. 37a. E sabe o que disse Jesus? Disse-o naquele tempo, no I século; o mesmo era válido para sempre, para a confissão religiosa dita Sua continuidade ao longo da sua triste existência, em termos opressivos e coercivos! O mesmo ainda hoje é válido para cada um de nós este solene conselho: “«Vai e faz tu também do mesmo modo»” – v.37b
Repare, prezado leitor, este, ao responder a Jesus, para não ficar imundo, ritualmente falando, omite pronunciar a palavra maldita, para um judeu da época – Samaritano! Assim, o pecado e a sujidade ritual não seria assim tão grande! Para Deus, prezado leitor, não existem raças, credos, ricos ou pobres, livres ou escravos, mas unicamente seres humanos a salvar, nada mais!
Abramos um parêntesis para podermos apreciar mais um facto histórico que revela, uma vez mais, a intolerância desta confissão religiosa. Recordamos aqui um episódio do pontificado de Inocêncio III (1198-1216) – a heresia Albigense! Esta deveu o seu levantamento ao vento de reacção que sublevou o mundo cristão perante o espectáculo da corrupção eclesiástica do século X e até do XII.
Este pontífice, o mais importante da Idade Média, aos olhos dos historiadores é caracterizado desta maneira: “um indivíduo sedento de glória, astuto, autoritário e inflexível”. Os hereges ficaram conhecidos por Albigenses, por se concentrarem na região de Albi! Enfim, para ele e o sistema que representava, estes eram tidos como uma seita, entre outras!
O que caracterizou os Albigenses foi a adesão em massa, em simultâneo, do povo, da burguesia, dos senhores feudais e, em particular, do conde Raimundo de Tolosa. Em 1208, este pontífice pregou uma cruzada contra os Cátaros - pois o lema era o de sempre: quem não é por mim é contra mim! Para anular esta ameaça Albigense, o papado recorre ao sabre e à fogueira.
Um tal Simão de Montfort l’Amaury tomará a direcção da expedição. Que nos é relatado acerca do que se passou? Vejamos: “Roubou-se e queimou-se. Massacrou-se com entusiasmo. «Matai-os a todos» gritava o legado do papa, «Deus saberá reconhecer os seus».! O sul de França, foi cenário de uma guerra de religião, sem piedade; refere a história que “só em Béziers, calcula-se que os cruzados exterminaram cerca de 30.000 pessoas”.
A causa da dita Cruzada, distorcida a realidade histórica, sob a parcialidade de um sacerdote, é devido ao “fanatismo duma seita que, com a protecção de alguns nobres ambiciosos, se apoderava de igrejas e mosteiros, insultando e matando fiéis”! Assim, “Inocêncio III pediu a intervenção do rei e de todos os barões e bispos de França contra o conde Raimundo”; a Cruzada “ultrapassando os intentos meramente dissuadores do Papa, se transformaria numa autêntica carnificina”. Qual era a realidade histórica? O 4º Concílio de Latrão (1215) desliza do domínio religioso ao político! Em causa, mais do que a questão Albigense, é a conquista do imperium mundi. O Papa desapossa, em seu proveito, Raimundo de Tolosa, para investir no condado deste, Simão de Monfort. Submete à suserania, na qualidade de feudo e de vassalo da Sé apostólica, a Inglaterra, a Hungria, a Bósnia, a Sérvia, a Escócia, a Irlanda, Portugal, Nápoles e Aragão. Depõe Otão IV e nomeia Frederico II, rei dos Romanos. Enfim, numa palavra – apodera-se da Europa!”. Eis a sua ambição - “governar não só a Igreja universal, mas todo o mundo secular (…). Assim como a lua recebe a luz do sol, da mesma maneira, o poder real recebe da autoridade pontifícia o esplendor da sua dignidade”.
Que mais dizer? Não estaremos, infelizmente, prezado leitor, bastante elucidados, dentro do pouco que vimos, historicamente falando, acerca desta confissão religiosa? Cremos que sim! Fechamos aqui o parêntesis.
Passaremos a perguntar: em termos históricos, portanto, quem é o mais velho? Quem está mais perto da barbária? Tomemos, como exemplo, a Inquisição em Portugal, em 1536, no reinado de D. João III. O Jesus histórico viveu, fisicamente, entre o Seu povo no século I. Este, nesta época, ensinava que “todos os homens deveriam amar o outro como a si mesmos”! Será que, depois de Cristo, aqueles que se dizem cristãos ou a Sua própria continuidade estarão isentos? Continuamos a crer que não! O que é que a História nos diz? Apesar de tudo e, passados 15 séculos, esta sempre fez orelhas surdas às Suas palavras!
Se tivesse sido interiorizada e posta em prática a ordem de Cristo, a questão das mentalidades não tinha, nem tem razão de ser, porque em Jesus - a opressão e a intolerância - deixaria de existir! Infelizmente, a história dos homens e desta confissão religiosa revelam exactamente o contrário! Portanto, à luz do exposto, reafirmamos que esta confissão religiosa não pode ser, de modo algum, desculpada “(…) na perspectiva moderna de democracia, liberdade religiosa e direitos fundamentais da pessoa”, visto que, desde o século I, sabe que deve “amar o outro – seja ela que confissão for, seja em que época for, seja em que enquadramento mental for – como se ama a si mesma!
Não é assim que se expressou Jesus, já no século I? Quanto a nós, nunca o duvidámos! Vejamos as suas palavras, o Seu solene conselho e ordem: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros. É por isto que todos saberão que sois Meus discípulos: Se vos amardes uns aos outros” – S. João 13:34,35. (sublinhado nosso). Poderão existir dúvidas perante tal clareza?!
Será, prezado leitor, difícil de compreensão o que acabámos de expor? Será possível enquadrar, neste contexto as pseudo-desculpas engendradas pelo autor em causa? Com toda a caridade cristã cremos que não! Ou será que estamos errados na apreciação dos factos históricos? Continuamos a pensar pela negativa! Que acha o prezado leitor?

Bibliografia:
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., p. 122.
Jean-Baptiste Duroselle, História da Europa, Lisboa, Ed. D. Quixote, 1990, vol. I, p. 130.
J. Jeremias, op. cit., p. 266, nota 232
Xavier Léon-Dufour, S. J., Os Evangelhos e a História de Jesus, S. Paulo, Ed. Paulinas, 1972, pp. 446,447
Jean-Baptiste Duroselle, op. cit., vol. I, p. 138
Jean-Louis Schonberg, Verdadeira História dos Concílios, Lisboa, Ed. Europa-América, 1964, p. 129
Julio Valdeon Baruque, Historia General de la Edad Media (sec.XI-XV), Madrid, Ed. Mayfe, 1970, p. 140.
Heitor Morais da Silva, S. J., História dos Papas, Luzes e Sombras, Braga, Ed. Apostolado da Oração,1991, p. 185
Jean-Louis Schonberg, op. cit., p. 132
cf. para uma visão de conjunto - Julio Valdeon Baruque, op. cit., pp. 100-103; Philipe Tourault, História Concisa da Igreja, Lisboa, ed. Publicações Europa-América, 1996, pp. 152-155

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O DRAGÃO E A SERPENTE

O autor (padre Carreira das Neves), neste preciso contexto, aborda a problemática do capítulo 12 do livro do Apocalipse. De seguida, apresenta a sua tradução do versículo 17 que é a seguinte: “Furioso contra a Mulher, o Dragão foi fazer guerra ao resto dos seus filhos, os quais guardam os mandamentos de Deus e se mantêm fiéis a Jesus” .
Na interpretação que faz em relação à Mulher, nada temos a dizer! Parece-nos coerente, em função do contexto imediato, que esta Mulher esteja, obviamente, em oposição à sua parte contrária que, na linguagem apocalíptica, é apresentada como sendo o grande Dragão, a antiga Serpente – cf. v. 9.
No entanto, se nos é permitido realçar a incorrecção, expressa pelo autor, quando comenta este Poder que faz guerra à Mulher (Igreja) e à sua descendência (crentes). Não sabemos se o autor o fez deliberadamente ou se, por mero lapso! Convenhamos que não foi nada feliz na sua interpretação, quando refere, num tom muito seguro, que este Dragão e Serpente “só pode ser o Império Romano”. É isto que não conseguimos entender! Porquê? Por duas ordens de razão, vejamos:

a) O Intérprete – O homem
O autor critica o biblista E. Ferreira, personagem que está na base das considerações sobre a confissão religiosa chamada – Adventistas –, por este aplicar os 1260 dias, descritos em Apocalipse 11:3, como representando a “hegemonia político-religiosa papal (…)”.
Apesar da sua autoridade, que muito respeitamos, a dado passo diz: "Diante deste contexto só não vê quem não quer. Os Adventistas que me perdoem, mas a sua interpretação não tem qualquer fundamento bíblico.” Muito bem! Mas, agora, se tal nos for permitido, perguntamos: qual é o fundamento do autor para escrever o que escreveu, isto é, que o grande Dragão, a antiga Serpente, representa o Império Romano? Não receará o autor que o feitiço se vire contra o feiticeiro?
Tanto quanto saibamos, a Bíblia não é um livro assim tão enigmático para que nos ponhamos a adivinhar e a tentar, ao acaso, conciliar as nossas ideias com os textos bíblicos! No entanto, a crítica que endereça ao biblista acima mencionado, é a mesma que recai sobre si mesmo, por que procede exactamente da mesma maneira, isto é, acusando ligeira e gratuitamente, sem qualquer fundamento escriturístico!
Mas o que diz o próprio capítulo 12 do Apocalipse sobre o assunto? Será que é necessário adivinharmos quem é o quê? Francamente, pensamos que não! Senão vejamos: façamos somente uma simples leitura… não é preciso ser teólogo para a fazer, basta saber ler, nada mais! Vejamos: “O grande Dragão foi precipitado, a antiga Serpente, o Diabo, ou Satanás, que engana o mundo inteiro (…)” – v. 9.
A definição estava lá, só bastava ter um pouco de boa vontade e caridade cristã para ler e transcrever, nada mais!
Este princípio é aquele que é usado pela própria bíblia. Citaremos ainda dois exemplos dentro do mesmo livro! A este respeito a Bíblia diz: 1- “(…) Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está sentada junto de muitas águas” – Apocalipse 17:1; 2- “A mulher sentada numa besta de cor escarlate, coberta de nomes blasfematórios, com sete cabeças e dez chifres” – v. 3.
Para que o leitor não especule, como faz o nosso autor, o próprio capítulo tem a chave dos símbolos apresentados. Assim, para a 1ª afirmação: - O enigma das “águas” - é dito que: “(…) são povos, multidões, nações e línguas” – v. 15. Para a 2ª - O das “sete cabeças” - a resposta é “(…) sete colinas (…)” – v. 9.
Portanto, tudo está ali e, quiçá, sem qualquer necessidade do Magistério da Igreja para nos ajudar na compreensão das Sagradas Escrituras! Ou será que estamos enganados ou a exagerar? Quanto a nós, pensamos que não, e o prezado leitor?

b) O Intérprete – A Palavra
A ciência humana, assim como o nosso autor declaram que o livro do Génesis, no que respeita aos relatos acerca das figuras: Criação, Jardim do Éden, Adão, Eva, Serpente, tudo não passa de símbolos metafóricos, ou de “mitos, sagas (…). Mas será assim? Quem terá razão: a dita chamada “ciência”, o nosso autor ou a Palavra de Deus? Vejamos:
Se estes elementos pertencentes ao cenário da Criação não são “verdades”, então como compreender as Escrituras? Jesus, para consolidar o Seu ensino, a eles recorreu, tal como o fizeram os Seus continuadores! Para ensinar uma Verdade, ir-se-á usar o mito que, curiosamente, se encontra no Livro que é conhecido como sendo a Verdade? Estranho Deus; estranho Livro; estranha Verdade!

 Adão
Se esta figura não passa de uma invenção ou de um simbolismo, então a quem se referiam: o profeta Oseias, S. Lucas e S. Paulo? Este será comparado com que figura irreal? Qual a lógica em fundar um ensino sobre suposições? Quem é, logo, este Adão a que se referem os textos? Figura mítica ou realidade?

1- “Mas eles, como Adão, violaram a aliança (…)” - Oseias 6:7 (sublinhado nosso). (Se um ser é mítico, logo, o que ele viola, também o é)!

2- “(…) Jesus tinha cerca de trinta anos, sendo filho, como se supunha, de José (…), e Enos de Set, e Set de Adão, e Adão de Deus” - S. Lucas 3:23,38. (Se Adão é mitológico, então que dizer de Deus, seu criador)?

3- “Contudo, a morte reinou desde Adão até Moisés (…), à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir” - Romanos 5:14 (sublinhado nosso). (Jesus, segundo S. Paulo, é a figura de uma personagem mítica)!

4- “Por isso, está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente: o último Adão (Cristo) é um espírito vivificante” – I Coríntios 15:45 (sublinhado nosso). (Como se poderá comparar a realidade com o irreal, mitológico)?

Porventura se recorrerá ao mito para ensinar e consolidar uma verdade? Terá sido este o método deixado pelos profetas do passado e, posteriormente pelos Seus seguidores? Continuamos a pensar pela negativa!

 Jardim do Éden, Eva, Serpente
Se estes elementos não passam de símbolos metafóricos, então, como compreender certos ensinamentos das Escrituras neles baseados?
Como já vimos em relação ao texto do Apocalipse 12:9, parece-nos, tal como pudemos mostrar, lendo simplesmente o capítulo 12 do Apocalipse, que o “Dragão” era uma personagem biblicamente conhecida, isto é, “(…) a antiga Serpente, o Diabo, ou Satanás, que engana o mundo inteiro (…)”.
Jesus quando repreendia os fariseus pela sua hipocrisia, a certa altura disse: “Vós sois filhos do Diabo (…). Ele foi assassino desde o princípio e não se manteve na verdade. Quando profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque também é mentiroso e pai da mentira” – S. João 8:44.
Aqui Jesus revela duas particularidades desta personagem, a saber: 1- “assassino desde o princípio”; 2- “mentiroso e pai da mentira”. Perante estas palavras que desmascaram esta personagem, somos forçados a perguntar:

1- Quem é que esta personagem matou, visto ser acusado de “assassino”?!
2- Que mentira é que disse?
3- A quem mentiu?

A Assunção Corporal de Maria

Bento XVI, recorda os 60 anos
do dogma da assunção de Maria.
Outra indicação importante da tentativa da Igreja Católica de elevar Maria ao mesmo lugar de Cristo, é o dogma da Assunção corporal de Maria ao céu. O anseio de colocar Cristo e Maria ao mesmo nível é por demais evidente. O ensinamento bíblico de que Jesus subiu ao céu como Rei dos Reis, é acompanhado pela argumentação católica de que Maria foi assunta ao céu, para servir como “Rainha de todas as coisas.”
Os dogmas católicos romanos em relação a Maria revelam uma glorificação progressiva de seu estatuto. Notamos como Maria tem sido progressivamente elevada de um ser inocente a um ser concebido imaculadamente, sendo corporalmente assunta ao céu, e venerada como Co-redentora e mediadora da graça (Medianeira) e Rainha dos Céus.
A crescente exaltação e adoração a Maria está a pressionar o papa a promulgar um dogma final, que oficialmente elevaria Maria ao lugar de Co-redentora. Este ensino será discutido mais detalhadamente na secção seguinte deste capítulo. Mais de seis milhões de católicos de cerca de 150 países já assinaram uma petição pedindo ao papa para fazer uma definição formal do dogma mariano final “que a Virgem Maria é Co-redentora com Jesus e coopera plenamente com seu Filho na redenção da humanidade.”  Se e quando o Papa promulgar este dogma que declara Maria como Co-Redentora e mediadora de todas as graças e advogada do povo de Deus, a glorificação de Maria, terá atingido o estágio final de sua deificação.
A promulgação do dogma da Assunção corporal de Maria.
PIO XII
Este dogma da Assunção corporal de Maria, foi oficialmente promulgado pelo Papa Pio XII em 01 novembro de 1950, um dia observado pelos católicos como “Festa de Todos os Santos”. Pio XII declarou solenemente: “Pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e pela nossa própria autoridade, nós pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus , a sempre Virgem Maria, tendo concluído o curso da sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Para assegurar que esse dogma fosse aceite sem questionamento, Pio XII acrescentou esta advertência assustadora: “Se alguém, que Deus não permita, ousar, voluntariamente, negar ou pôr em dúvida o que temos definido, que ele saiba que se afastou completamente da fé divina e católica. . . . É proibido a qualquer homem mudar esta nossa declaração, pronunciamento e definição, ou tentar opôr-se e contrariá-la. Se alguém presumir fazer tal tentativa, deixe-o saber que nele incorrerá a ira do Deus Todo Poderoso e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo”.
O Catecismo amplia o significado deste dogma, dizendo: “A Assunção da Santíssima Virgem é uma

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O GRANDE PRETEXTO PARA A SUBMISSÃO DO MUNDO À IGREJA CATÓLICA ROMANA

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida: ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).
Outra tentativa católica significativa para elevar Maria a uma posição semelhante à de Cristo, pode ser vista no impulso de proclamar o dogma mariano final atribuindo a Maria os papéis de Mediadora e redentora. Até ao momento a Igreja Católica definiu quatro grandes dogmas marianos como verdades centrais: a Maternidade de Deus (teotokos), proclamada no Concílio de Éfeso, em 431, a virgindade perpétua de Maria, proclamada no Sínodo de Latrão, em 649, a Imaculada Conceição proclamado pelo Papa Pio IX em 08 de dezembro de 1854, e a assunção corpórea ao céu proclamada pelo Papa Pio XII em 01 de novembro de 1950.
Muitos Católicos acreditam que agora é o momento do clímax da universalmente designada “Era de Maria”, de anunciar e definir o quinto e último dogma mariano, ou seja, a mediação universal de Maria como Co-redentora, Medianeira de todas as graças e advogada para o Povo de Deus.
Um movimento internacional de leigos, liderado pelo Vox Populi Mariae Mediatrici (A Voz do Povo para a Maria Medianeira) já recolheu mais de 7 milhões de petições assinadas em mais de 155 países. As petições estão sendo enviadas para a Congregação para a Doutrina da Fé, a uma taxa de mais de 100.000 por mês. Estes católicos estão pedindo ao papa para promulgar este dogma, dificilmente podem ser chamados de lunáticos, uma vez que incluem 43 cardeais e mais de 550 bispos.
O Vox Populi, acredita que o dogma mariano de Co-redentora, Medianeira e Advogada, iria responder as perguntas: O que o corpo e a alma de Maria estão fazendo no céu? Se ela é Rainha do Céu, como ela governa seus súditos? Para responder a essas questões, eles estão pedindo ao papa para fazer uma declaração infalível de que a Virgem Maria é Co-redentora com Jesus e coopera plenamente com seu Filho na redenção da humanidade. Se isso fosse feito, Maria seria uma figura muito mais poderosa, algo parecido com o quarto membro da Santíssima Trindade e a face feminina primária através da qual os cristãos experimentam o divino.
É incerto ou não que o Papa Bento XVI irá promulgar este dogma mariano final. Mas o fato é que existe um forte apoio à coroação de Maria com o título dogmático de Co-redentora, Medianeira e Advogada.
Maria, Como Medianeira de Todas as Graças.De acordo com os ensinamentos católicos, “embora Cristo seja o único mediador entre Deus e o homem (1Tm 2:5), pois só Ele, pela Sua morte na cruz, completamente reconciliou a humanidade com Deus, isto não exclui uma mediadora secundária, subordinada a Cristo.”
Maria foi chamada de “mediadora” na bula Ineffabilis de 1854 do Papa Pio IX, o mesmo documento que proclamou a concepção da Maria Imaculada. Autoridades católicas tomam o termo para significar duas coisas: “1. Maria é a Medianeira de todas as graças por sua cooperação na Encarnação. E 2. Maria é a Medianeira de todas as graças por sua intercessão no céu.”
Na encíclica Magnae Dei Matrix (Grande Mãe de Deus), promulgada em 08 de setembro de 1892, o Papa Leão XIII declara: “nada desse imenso tesouro de todas as graças que o Senhor nos trouxe. . . é concedido para nos salvar por meio de Maria, para que, assim como ninguém pode vir ao Pai, exceto através do Filho, da mesma maneira, ninguém possa ir a Cristo senão por Sua Mãe”.
A argumentação de que ninguém pode vir a Cristo, exceto por meio de Maria, está em clara contradição com as palavras de Jesus: “Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo, e entrará e sairá e encontrará pastagem” ( João 10:9). ”Ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai [não por Maria], não lhe for concedido” (João 6:65). ”Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Os convites de Cristo são sempre pessois e diretos. Eles não admitem intermediários. Ele nos ensinou a nos aproximar de Deus diretamente como o “Pai nosso que estás nos

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A VENERAÇÃO A MARIA

Uma indicação significativa da tentativa final da Igreja Católica elevar Maria para o mesmo lugar de Cristo, é a veneração popular a Maria. Esta prática representa o resultado natural dos dogmas e ensinamentos marianos proclamados ao longo dos séculos pela Igreja Católica. Ao proclamar a virgindade perpétua de Maria, a sua imaculada concepção, a sua assunção corporal aos céus, o seu papel como mediadora celestial e Co-redentora, a Igreja Católica promoveu a veneração popular a Maria, que muitas vezes ultrapassa a adoração a Cristo. Isto é evidente numa das orações católicas mais populares, conhecida como a “Ave Maria”, que termina: “Santa Maria, Mãe de Deus. Rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. “
Maria um digno exemplo de pureza, amor e piedade.
Como a mãe do Salvador do mundo, Maria, sem dúvida, mantém para sempre um lugar especial entre todas as mulheres e na história da redenção. Ela ensinou Jesus no temor de Deus, mesmo tendo uma família disfuncional, onde o Salvador não era inicialmente aceite pelos seus irmãos e irmãs.
É perfeitamente natural admirar Maria como o melhor modelo feminino de pureza, amor e piedade. Ela é um brilhante exemplo de dedicação materna, humildade e pureza.Verdadeiramente ela foi “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42).
A Exaltação não-bíblica de Maria.
O problema é que ambas as igrejas tanta a Católica como a Ortodoxa Grega não param por aí. A partir de meados do século V (o Concílio de Éfeso, em 431, quando Maria foi proclamada Theotokos – Mãe de Deus), elas ultrapassaram os limites bíblicos. Elas transformaram a “mãe do Senhor” (Lucas 01:43) na Mãe de Deus, a humilde “serva do Senhor” (Lucas 1:38) na Rainha do Céu, a “agraciada” (Lc 1 : 28) na Distribuidora das Graças, a “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42) na celeste Co-redentora, Mediadora e Advogada. Poderíamos dizer que ela foi transformada de filha remida da queda de Adão no pecado à Co-redentora da humanidade.
No início, Maria foi isenta das tendências pecaminosas herdadas, mesmo depois do pecado original. Depois de séculos de debates, ela foi proclamada em 1854 tendo sido concebida imaculadamente, ou seja, sem qualquer mancha de pecado. Ao longo dos séculos, a veneração de Maria gradualmente se tornou o culto popular de Maria. O resultado é que os católicos devotos de hoje dificilmente deixam escapar um Pater Noster, sem uma Ave Maria. Eles se voltam com mais freqüência para a mãe, compassiva para intercessões, do que ao divino Filho de Deus, porque pensam que através de Maria qualquer petição será mais seguramente respondida.
A distinção entre a adoração e veneração.
A Igreja Católica ensina que há uma distinção básica entre a adoração a Deus, conhecida como latria, a veneração geral dos santos, chamada dulia, e a especial veneração de Maria, chamada hiperdulia. No  livro “Introdução à Maria: O Coração da Doutrina e da devoção mariana”, o professor Mark Miravalle explica

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A ESTATUÁRIA E AS IMAGENS À LUZ DA PALAVRA DE DEUS

Mais adiante voltaremos a este assunto, mas, para já, limitemo-nos a tecer umas breves considerações à forma, bastante sui generis, de abordar esta temática pelo autor (Dr. Carreira das Neves, padre e professor católico), como resposta ao seu interlocutor, o tal biblista (Pr. Ernesto Ferreira, ex-padre e Pastor Adventista de grande produção literária no âmbito da Teologia Bíblica) de outra confissão religiosa!
A certa altura da sua exposição diz “a liturgia politeísta estava cheia de estátuas de deuses e deusas; por isso não admira o alerta constante da Bíblia para tal perigo. Mas é esta a doutrina da Igreja Católica em relação às imagens do culto católico? De modo algum: tanto católicos como Adventistas só adoramos a Deus e mais ninguém.” Que afirmação mais espantosa, vinda de quem vem!
Mal seria se uma confissão religiosa, dita cristã, siga ela o credo que seguir, se não adorar a Deus! Cremos que o problema ou quaisquer divergências, deverão residir na forma desta mesma adoração! O autor ao continuar a sua exposição acrescenta: “As imagens, sejam elas da Virgem Maria ou dos Santos, têm tão-somente um valor de mediação ou de exemplaridade. Como humanos e históricos precisamos de sinais, de significantes e significados”.
Estas palavras não são inovadoras. Esta explicação faz-nos recordar as célebres palavras de Madame Sevigné quando exclamou: “Adensai-me a religião senão evapora-se toda”. Estas palavras não são mais do que o reflexo da pouca fé existente no pobre ser humano! Este, para a consolidar precisa de “sinais e de significantes”! Será que Deus não pode e deve ser adorado em toda a simplicidade, tal como as Escrituras o revelam “Deus é espírito, e os Seus adoradores em espírito e verdade é que O devem adorar” – S. João 4:24? De que tipo é a nossa fé para que só O possamos adorar através de um objecto de mediação?
Em continuação do seu raciocínio acrescenta: “Se eu olho para uma imagem ou pintura da Mãe do Senhor Jesus Cristo, lhe ofereço flores, incenso, cânticos, procissões, etc., não estou contra a Bíblia que proíbe apenas as imagens dos deuses ou de seres terrenos (animais, aves) humanos e celestiais (sol, lua, estrelas) que eram adorados, pois continuo a ser monoteísta, a adorar apenas a Deus, embora venere a Mãe do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” . Que forma tão estranha de se expressar e desprovida de qualquer nexo! Esta é mais uma das expressões que, se não a lêssemos e vinda de quem vem, não acreditaríamos! Como é possível misturar tanta coisa numas simples frases? Que o ser humano adore ou venere… e aqui não diferenciaremos os termos, pouco importaria se não existisse a – Norma! Esta, não só nos dá a conhecer Deus, como de igual modo, a forma mais correcta para Lhe prestarmos culto! Passaremos a explicar-nos:
Como é possível um teólogo da craveira do autor dizer que “se à imagem da Mãe do Senhor Jesus Cristo, lhe ofereço flores, incenso, cânticos, procissões, não estou contra a Bíblia (…)”! Não percebemos, francamente, a que Bíblia é que, o prelado em causa, se refere?! Se é a mesma que estamos a pensar e a usar como base para as nossas citações e reflexões, então, algo está mal, muito mal! Vejamos, brevemente o que esta diz a este respeito:

a) “(…) Apenas madeira cortada na floresta, obra trabalhada pelo cinzel do artista. Adornada com prata e com ouro. A golpes de martelo e com pregos o fixam, para que se não mova. Estes deuses assemelham-se a espantalhos num campo de pepinos. Devem ser conduzidos, pois não caminham. Não os temais, porque não podem fazer mal, nem bem.” – Jeremias 10:3-5. (sublinhado nosso). Perguntamos: Haverá assim tanta diferença, com as imagens dos ditos “santos” que são colocados, ainda nos nossos dias, nos andores para serem transportados em procissão? Pensamos que não!

b) Este texto é extenso mas, pela sua beleza e clareza, transcrevêmo-lo tal qual: “Quem forma um deus, quem funde um ídolo, se não serve para nada? Olhai: os seus devotos serão confundidos, e os seus artistas são apenas homens. (…) O que trabalha em madeira, aplica a regra, faz o esboço a lápis, desbasta a imagem com o cinzel, mede-a com o compasso; dá-lhe figura de homem e beleza humana, para o pôr a habitar numa casa.
Cortam-se cedros, escolhe-se uma azinheira ou um carvalho (…).Para gente do povo serve-lhe de lenha, recolhem-na para se aquecerem ou também para cozer o pão; porém ele faz um deus para ser adorado, fabrica uma imagem para se prostrarem diante dela. Queima no fogo metade desta madeira, assa a carne sobre as brasas e come-as até se saciar. Depois aquece-se e diz:«Bom! Estou quente, sinto a chama!». Do resto faz um deus, um ídolo diante do qual se prostra adorando, e lhe roga: «Salva-me, porque tu és o meu deus»!
Eles não sabem nem compreendem; têm os olhos fechados e não vêem; Os seus corações não compreendem. Não reflectem, não têm bom senso nem inteligência para dizer: «Queimei metade da madeira, cozi pão sobre as brasas, assei carnes e comi-as. Vou agora fazer do resto um ídolo miserável? E prostrar-me diante de um pedaço de madeira»?” – Isaías 44:10-19.
Não será isto que, infelizmente, ainda se continua a fazer, apesar da advertência da Palavra de Deus?

c) “Congregai-vos e vinde, aproximai-vos todos juntos, sobreviventes dentre as nações! Nada disto compreendem os que trazem o seu ídolo de madeira e dirigem as suas súplicas a um deus incapaz de os salvar” - Isaías 45:20 Não continua a ser esta prática uma realidade? Por exemplo, nas festividades do 13 de Maio em Fátima e não só?

Antes de continuarmos, perguntamos: qual a diferença entre o relato bíblico e as imagens (ídolos) que o autor fala se, estas esculturas, na sua maioria, são feitas à imagem e semelhança do homem? Porque é que Deus as proibiu no passado e não proibiria as citadas pelo autor no presente? Cremos que estamos a lidar com um Deus justo e, acima de tudo, coerente! Aquele que é, tal como a Sua palavra o indica “(…) o Pai das Luzes, no Qual não há mudança nem sombra de variação.” – S. Tiago1:17
Dir-nos-á, prezado leitor: - afinal, sempre é a imagem da Mãe do Salvador, valha-nos Deus! Mas, com todo o respeito, perguntamos: - alguém foi testemunha ocular para que se tivesse feito essa tal imagem conforme o original, para que se adore ou venere? Respeitamos, pois, a boa vontade do autor, mas em nada está de acordo com as Escrituras e, por conseguinte, com a suprema vontade de Deus! Não se desloca esta imagem, que não corresponde a nada, sobre um andor, tal como o refere o texto do profeta Isaías acima exposto? Esta imagem, a exemplo da dos ídolos, feitos à imagem do homem ou do animal, quando se desloca em procissão, como no passado, para que não caia, precisa, de igual modo de “golpes de martelo e com pregos a fixem para que não se mova (ou caia), não é verdade?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

EM GLÓRIA JESUS VOLTARÁ

a) I Coríntios 15:20,51
A confissão religiosa representada pelo autor que continuamos a citar ensina, como é sabido, a intercessão dos Santos! Este critica a confissão religiosa - os Adventistas - na pessoa do seu biblista, quando diz: “segundo os adventistas, os chamados «santos», como afirma, Ernesto Ferreira, não nos podem ouvir porque ainda não ressuscitaram.”
Depois, transcreve os textos citados E. Ferreira nos quais este sustenta a sua tese, que são: 1- Para o Antigo Testamento: Salmo 6:5; 115:17; 146:4; Isaías 38:18,19; Eclesiastes 9:5,6,10; 2- Para o Novo Testamento: : I Coríntios 15:20,51 e I Tessalonicenses 4:14. O nosso autor ao comentar estes textos diz que: “E. Ferreira cita-os para defender a sua tese sobre o sono da morte, mas a verdade é que os textos afirmam o contrário”.
Lemos com muita atenção o raciocínio do referido autor, mas, desde já, confessamos que não compreendemos nada do que este, neste pequeno capítulo, escreveu para anular a tese do seu interlocutor!
Que diz o texto em causa, visto que, segundo o nosso autor, afirma o contrário do quanto o seu interlocutor afirmou! Ora vejamos o seu conteúdo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” - I Coríntios 15:20. Perante tal citação bíblica conclui que: “o texto não afirma que a ressurreição só acontecerá no fim dos tempos, e, que até lá, os mortos permanecem no tal «sono da morte». Perguntamos: se não afirma que a ressurreição acontecerá, um dia, então ensina o quê? Que esta é imediata, em espírito, após a morte, tal como o nosso autor pretende que seja? Pelo menos assim ensina a confissão religiosa que representa!
Onde está a prova bíblica para tal afirmação? Onde, no texto em lide, tal como pretende o nosso autor, está o menor indício que o permita concluir que “mas a verdade é que os textos afirmam o contrário”, isto é, afirma, segundo o nosso autor que a - ressurreição imediata, em espírito, após a morte – terá lugar!
Francamente, apesar de reconhecemos as nossas limitações no campo da teologia, não conseguimos perceber o que é que este eminente teólogo descobriu assim de tão transcendente e que lhe permita concluir tal postulado! O próprio texto afirma somente o que afirma, (perdoem-nos a redundância), isto é, que Cristo ressuscitou e que, por este facto, Ele tornou-se o garante da nossa ressurreição – nada mais do que esta solene e esperançosa verdade!
Logo a seguir, o autor cita o v. 51 que diz: “Vou revelar-vos um mistério: Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados.” - v. 51. De novo, com palavras simples, ao alcance de qualquer mente, o texto refere que, a dada altura, – todos – seremos transformados! Até aqui tudo é simples! Até aqui, voltamos a repetir, não conseguimos ver em que é que o autor pode negar a afirmação feita pelo seu interlocutor, cujo teor é: “os chamados «santos», não nos podem ouvir porque ainda não ressuscitaram”.
Se a ressurreição não é imediata, espiritualmente falando, assim como a fisicamente falando, pois esta acontecerá mais tarde – “Os vossos mortos reviverão, os seus cadáveres ressuscitarão, despertarão jubilosos os que jazem no sepulcro! (…). – Isaías 26:19. – então, realmente estes “não poderão ouvir” visto estarem no pó da terra – no sepulcro!