Hoje vamos começar a estudar o capítulo 14 do Apocalipse. O
tema está dividido em três partes distintas. Começaremos pela primeira delas.
Apocalipse 14:6 e 7, diz: “E vi outro anjo voar pelo meio
do céu, e tinha o evangelho eterno, para
o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua e
povo. Dizendo com grande voz: temei a Deus, e dai-lhe glória; porque vinda é a
hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as
fontes das águas”.
TEMOS muitos símbolos para expressar a última tentativa de
Deus de preparar o mundo para o retorno de Jesus. Na linguagem do profeta, ele
viu um anjo voando pelo meio do céu. A quem representa este anjo?
O verso 6 merece que
nos detenhamos um pouco na sua análise e em particular a palavra “outro” do
grego “állos”. Outro da mesma espécie ou classe. A evidência do contexto
apocalíptico revela que este outro é diferente dos anjos (1:1,20;5:2; 7:1; etc.),
este anjo representa os santos de Deus ocupados na tarefa de proclamar o
Evangelho eterno: “O anjo representa os
santos de Deus ocupados com a tarefa de proclamar o Evangelho eterno… E a
extensão do seu voo indica os alcances mundiais da obra e da mensagem deste
anjo. Sua obra cresce e se desenvolve até que seja ouvida por toda a
humanidade” (C.B.A.S.D. vol. 7, p. 841).
Não se trata de um evangelho alterado, corrompido com
tradições ou filosofias humanistas, mas como diz o grego em que o apocalipse foi
escrito aiónios (ver Mat. 25:41). As Escrituras falam, noutros textos do
“Evangelho da glória” (2ª Cor. 4:4; 1ª Tim. 1:11); mas o “evangelho eterno” só
se usa aqui em ralação ao Evangelho da graça de Deus, pois não há senão um
único Evangelho para salvar a humanidade, o qual continuará até que haja
pessoas para salvar.
A palavra anjo significa mensageiro do céu, ou tipos de
agentes de Deus na terra (Apocalipse 1:20; 2:1; Hebreus 1:7,14; Gálatas 4:14).
“Os três anjos de Apocalipse 14 representam o povo que aceita a luz das
mensagens de Deus, e vão como agentes Seus a soar a advertência por toda a
extensão e largura da terra” (Testemunhos Seletos II, 4.ª ed. 1971, p. 372).
A profecia diz que esses anjos ou mensageiros tinham que
proclamar o evangelho eterno. A palavra eterno, na língua grega em que foi
escrito o Apocalipse, “se referia a algo que é contínuo e não está sujeito a
mudanças repentinas” (C.B.A.S.D. vol. 5, p. 501).
Portanto, o que os anjos de Deus em todos os tempos teriam e
terão que anunciar em todo o mundo é algo eterno, que não sofreu e não sofrerá
alterações com o passar do tempo. O evangelho de Deus é tão eterno quanto é
eterno o Seu autor.
O que tem que ser levado a todo o mundo não é o evangelho
barato que muitas igrejas estão pregando nos nossos dias, nem é o evangelho da
prosperidade que outras anunciam e muito menos o evangelho social defendido por
tantas.
Deus precisa de anjos para irem por todo o mundo, pregar o
evangelho eterno, que indica imutabilidade. Esse evangelho não pode ser mudado
ou alterado por nenhuma pessoa, por mais poder que ela possua. Deus não deu
autoridade a ninguém neste mundo para mudar ou reformar o que Ele estabeleceu.
Não está nas mãos do homem pecador e falível alterar aquilo que o infalível
Deus determinou (Deuteronómio 4:2: 12:32; Eclesiastes 3:14).
O evangelho deveria ser proclamado com grande voz, e isso
mostra a preocupação de Deus com a clareza das Suas mensagens. Não pode haver
dúvidas, mas sim plena compreensão. A voz tem que ser clara e precisa sobre o
que Deus espera dos Seus filhos.
Para que ninguém ficasse com dúvidas e a discorrer sobre o que é o evangelho
eterno, o próprio Deus já se preocupou em definir o que deveria ser pregado
pelo primeiro anjo.
“Temer a Deus”. No original grego “fobeo” essa palavra
significa reverenciar, não tem a ideia de medo ou afastamento de Deus. O temor
que deve ser pregado em alta voz é o respeito, a obediência e a reverência para
com Deus e Seus ensinos. A palavra “temer a Deus” também quer transmitir a ideia
de absoluta lealdade a Deus e uma submissão completa à Sua vontade (cf. Deut.
4:10).
“Dai-lhe glória”. Significa que Deus deverá ser reconhecido
e louvado por Sua grandeza. Ele deve ser homenageado por Suas criaturas. Para
melhor compreensão ver Salmo 115:1.
“É chegada a hora do
Seu juízo”. A Bíblia contém muitos versos que falam de um juízo que todos
teremos que enfrentar. Paulo assim expressou: “Porque todos devemos comparecer
ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito
por meio do corpo, ou bem, ou mal” (II Coríntios 5:10).
Esse dia ou “hora” chegará
para todos os filhos de Deus. Cabe a cada um fazer os preparativos necessários
para enfrentar esse momento, pois Deus se levantará para julgar a cada um pelo
que fez ou deixou de fazer (Ecl. 12:14). A profecia diz que a mensagem do juízo
futuro tem que ser pregada em alta voz.
“Adorai aquele que fez o céu a terra e o mar, e as fontes
das águas”. O grande ponto em disputa no cenário espiritual é: quem adorar e
quando adorar. Deus está pedindo que somente o Criador seja adorado, mas no
Apocalipse, porém, um outro poder também pede para ser adorado, Satanás.
A crise em que estamos envolvidos é tomarmos a decisão de
quem adorar: o Criador ou a criatura. Cada um terá que fazer sua escolha:
adorar a Deus, o Criador de todas as coisas, ou a criatura, ou ainda qualquer
outro “deus”.
A profecia já iniciou o seu cumprimento. Todos somos
convidados por Deus para como um anjo transmitirmos as boas novas da salvação
ao mundo inteiro. Estamos dispostos a isso?
Não é maravilhoso pensar que você pode ser “outro” anjo, um
anjo na Terra a proclamar o Evangelho do Deus do Céu. Espantoso!
José Carlos Costa,
pastor