sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A PRIMEIRA MENSAGEM APOCALIPSE - O Tribunal Celestial

No estudo anterior (A Hora do Juízo) verificou-se que a profecias das 70 semanas apontavam, também, para a inauguração do ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial e, isto ocorreu com a unção do "Santo dos santos". Cumprindo assim o último evento descrito em Daniel 9:24.

O santuário terrestre (cópia do santuário celestial - Êxodo 25:8-9) foi ungido com óleo sagrado a fim de que tal ato o consagrasse para os seus serviços (Levítico 8:10) e, o santuário celeste também deveria ser consagrado para o ministério intercessório de Cristo, e é exatamente isso que o anjo Gabriel revela à Daniel quando diz: "(...) e para ungir o Santo dos santos." (Daniel 9:24). Com Sua ascensão, pouco tempo depois de Sua ressurreição, Cristo iniciou Seu ministério como sumo sacerdote e intercessor no santuário celestial (Hebreus 8:1-5).

"A ida de Cristo ao lugar santíssimo como nosso sumo sacerdote para purificação do santuário a que se faz referência em Daniel 8:14; a vinda do Filho do homem ao Ancião de Dias, conforme se acha apresentada em Daniel 7:13 e a vinda do Senhor a Seu templo, predita por Malaquias 3:1 são descrições do mesmo acontecimento."1

O livro de Hebreus afirma: "Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue: e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos Céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios a eles superiores" - o precioso sangue de Cristo (Hebreus 9:22-23). Assim como os pecados do povo de Deus eram pela fé transferidos para a oferta pelo pecado e então simbolicamente transportados para o santuário terrestre (Levítico 6:1-7; Números 5:5-8), sob o Novo Concerto, os pecados confessados são pela fé colocados sobre Cristo (Hebreus 10:19-22; Romanos 3:23-25).2

Com o mesmo objetivo que era realizado o dia da Expiação para remover os pecados do santuário terrestre (Levítico 16:15-17; Levítico 16:30), assim o santuário celestial é purificado pela remoção final de todos os pecados registrados nos livros celestiais (Daniel 7:9-10). Mas antes que os registros sejam finalmente limpos, eles serão examinados a fim de ser determinar quem, através de arrependimento e fé em Cristo, está apto a entrar em Seu reino eterno. Portanto, a purificação do santuário celestial envolve uma obra de juízo investigativo3 e reflete plenamente a natureza do dia da Expiação como dia de julgamento (cf Isaías 43:26).4

Este julgamento ratifica as decisões quanto a quem deverá estar entre os salvos e quem estará entre os perdidos. E ocorre antes da segunda vinda de Cristo, pois por ocasião do segundo advento, Cristo deverá retribuir "a cada um segundo as suas obras" (Apocalipse 22:12; Êxodo 32:31-35; Salmo 69:27-28). Nessa oportunidade as acusações de Satanás serão respondidas (Apocalipse 12:10 cf I Coríntios 4:5).

Todos aqueles que verdadeiramente se arrependeram e pela fé reclamaram o sangue do sacrifício expiatório de Cristo, terão assegurado o perdão. Quando seus nomes forem chamados a julgamento e se constatar que eles estão revestidos pelo manto da justiça de Cristo, seus pecados serão apagados e eles serão considerados dignos da vida eterna.5 "Aquele que vencer", disse Jesus, "será assim vestido de vestiduras
brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos." (Apocalipse 3:5).

Nas cerimonias realizadas no santuário terrestre, somente os que tinham vindo perante Deus com confissão e arrependimento, e cujos pecados por meio do sangue da oferta para o pecado eram transferidos para o santuário, participavam da cerimônia do dia da Expiação (Levítico 23:26-29). Da mesma maneira, no grande dia da Expiação final e do juízo investigativo, os únicos casos a serem considerados são os do povo professo de Deus. O julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada, e ocorre em ocasião posterior. Quanto a isso o apóstolo Pedro descreve:
"Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?" (I Pedro 4:17 cf I João 2:1-7)
O "juízo investigativo" descrito pelo apóstolo Pedro é destinado àqueles que professam serem seguidores de Cristo e visa julgar se estes são dignos de terem seus nomes escritos no livro da vida. Todos aqueles que não tem a Cristo como Salvador, já escolheram seus destinos, a estes restará apenas a senteça final descrita em Apocalipse 20:11-15 (cf Jeremias 6:16). "No juízo final, a posição, a classe, ou a riqueza não alterarão por um fio de cabelo, sequer, o caso de ninguém. Pelo Deus que tudo vê, serão os homens julgados segundo o que são na pureza, nobreza e amor a Cristo."6

"Assentou-se o juízo, e abriram-se os livros" (Daniel 7:10). Os livros de registros no Céu, nos quais estão relatados os nomes e ações dos homens, conduzem a decisão do juízo. Diz o profeta Daniel: "Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes 12:14). "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, delas darão conta no Dia do Juízo; porque pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenados." (Mateus 12:36-37). Os propósitos e intuitos secretos aparecem no infalível registro; pois Deus "trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações" (I Coríntios 4:5 cf Hebreus 4:12-16; Isaías 65:6-7).

A obra de cada homem passa em revista perante Deus, tanto os registros de sua fidelidade ou infidelidade. Ao lado de cada nome, nos livros do Céu, estão escritos, com exatidão, toda palavra inconveniente, todo ato egoísta, todo dever não cumprido e todo pecado secreto, juntamente com toda hipocrisia dissimulada. Advertências enviadas pelo Céu que foram negligenciadas, momentos desperdiçados, oportunidades não aproveitadas, influência exercida para o bem ou para o mal, juntamente com seus resultados de vasto alcance, tudo é fielmente registrado.
O livro da vida, contém os nomes daqueles que estão a serviço de Deus. Jesus ordenou a Seus discípulos: "Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos Céus." (Lucas 10:20). Paulo fala de seus fiéis cooperadores, "cujos nomes estão no livro da vida" (Filipenses 4:3). Daniel olhando através dos séculos para um "tempo de angústia qual nunca houve", declara que se livrará o povo de Deus, "todo aquele que se achar escrito no livro" (Daniel 12:1). E João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de Deus aqueles cujos nomes "estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Apocalipse 21:27).

Além dos livros de registros e do livro da vida, a bíblia menciona "um memorial escrito diante de Deus", no qual estão registadas as boas ações dos "que temem ao Senhor, e para os que se lembram do Seu nome" (Malaquias 3:16). Suas palavras de fé, seus atos de amor, acham-se registrados no Céu. Neemias a isto se refere quando diz: "Deus meu, lembra-Te de mim; e não risques as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus" (Neemias 13:14).

No "livro memorial de Deus" toda ação de justiça se acha imortalizada. Ali, toda tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão que se proferir, acham-se fielmente historiados. E todo ato de sacrifício, todo sofrimento e tristeza suportados por amor de Cristo, encontram-se registrados. Diz o salmista: "Tu contaste as minhas vagueações; põe as minhas lágrimas no Teu odre; não estão elas no Teu livro?" (Salmos 56:8).

"Vivemos hoje no grande Dia da Expiação. No cerimonial típico, enquanto o sumo sacerdote fazia expiação por Israel, exigia-se de todos que afligissem a alma pelo arrependimento do pecado e pela humilhação, perante o Senhor, para não serem extirpados dentre o povo. De igual modo, todos quantos desejem ver o seu nome conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver um exame de coração, profundo e fiel.

Quando se encerrar a obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida, ou para a morte. O tempo da graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do céu. Cristo, no Apocalipse, prevendo aquele tempo, declara: 'Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra' (Apocalipse 22:11-12 cf Apocalipse 16:17).

Os justos e os ímpios estarão ainda a viver sobre a Terra em seu estado mortal; estarão os homens a plantar e a construir, comendo e bebendo, todos inconscientes de que a decisão final, irrevogável, foi pronunciada no santuário celestial. Antes do dilúvio, depois que Noé entrou na arca, Deus o encerrou ali, e excluiu os ímpios; mas, durante sete dias, o povo, não sabendo que seu destino se achava determinado, continuou em sua vida de descuido e de amor aos prazeres, zombando das advertências sobre o juízo iminente. 'Assim', diz o Salvador, 'será também a vinda do Filho do homem' (Mateus 24:39). Silenciosamente, despercebida como o ladrão à meia-noite, virá a hora decisiva que determina o destino de cada homem, sendo retraída para sempre a oferta de misericórdia ao homem culpado."7

A Bíblia descreve claramente o tribunal celestial e a hora do juízo. As cenas desse grande julgamento foram reveladas; temos o tribunal, o Juiz, o Advogado, as testemunhas, as provas e o acusador. A mensagem do primeiro anjo anuncia este acontecimento, e segue alertando a cada "nação, e tribo, e língua e povo".
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Texto baseado em: Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 23 (O Ministério de Cristo no Santuário Celestial), p. 408.
1. WHITE, E. G. Cristo em Seu Santuário. p. 100.
2. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; sec. III, cap. 23, p. 421.
3. WHITE, E. G. História da Redenção, cap. 53, p. 378.
4. "A tradição judaica durante muito tem retratado o Yom Kippur como dia de julgamento, um dia em que Deus toma assento em Seu trono e julga o mundo. Os livros de registro são abertos, todas as pessoas passam diante dEle, e os destinos são selados." - SILVERMAN, M. (1951). The Jewish Encyclopedia, Hartford, Conn.: Prayer Book Press, p. 147, 164. "O Yom Kippur traz também conforto e segurança aos crentes, pois é 'o dia em que a temerosa antecipação do julgamento vindouro finalmente cede lugar à confiante afirmação de que Deus não condena, mas perdoará abundantemente aqueles que se volvem a Ele em penitência e humildade'" - SIMPSON, W. W. (1965). Jewish Prayer and Worship, Nova Iorque: Seabury Press, p. 57-58.
5. Malaquias 3:16-18; Isaías 38:17; Ezequiel 33:12-16; Apocalipse 22:10-12.
6. WHITE, E. G. Conselhos Sobre Mordomias, p. 162.
7. WHITE, E. G. Cristo em Seu Santuário. p. 118-119.

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