Daniel 11:35- “E alguns dos entendidos cairão para serem provados, purificados, embranquecidos até ao fim do tempo; porque será ainda no tempo determinado”.
Aqui é dito que “alguns dos entendidos cairão”. Anteriormente foi dito que estes iriam cair e como iria acontecer. Agora, irá dizer o porquê? Sim, para serem: 1- provados; 2- purificados; 3- embranquecidos até ao fim. E que fim de tempo é este? Refere-se, sem dúvida ao ano de 1798, onde este poder perseguidor foi ferido mortalmente, devido à incursão dos exércitos de Napoleão em Roma, depondo o poder papal. Não esqueçamos que a ambiência descrita é a Idade Média. O que poderão significar estas três fases – provados, purificados e embranquecidos? Vejamos o que é dito a este propósito no livro do Apocalipse no capítulo 6. Aqui estamos em pleno no período do 5º selo, ou seja, pouco antes do final do período da Idade Média – os mártires desapareceram. Agora fala-se deles: - “E havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” – v. 9. Este altar é o que se encontrava no Pátio. O que é que era derramado junto a este altar? Sangue. E quem o derramava? Os mártires – o sangue do cordeiro.
Como Cristo morreu, assim morreram eles. Será que aqui podemos sentir que estamos a falar das mesmas personagens? Estes, na verdade, foram mortos “por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”. Vejamos o v. 10: - “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”. Eis o grito vindo daquele sangue derramado por amor a Cristo: - “até quando” seremos arrastados, pisados, queimados, vituperados, levados em cativeiro e despojados de tudo? Até quando, ó Deus? V.11: - “E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram”. Como é que estas vestes se tornaram brancas? O capítulo a seguir explica-nos como elas foram branqueadas – “E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do cordeiro”. Estes morreram por Cristo e assim fazendo, automaticamente as suas vestes foram branqueadas no sangue do cordeiro, tal como o texto refere.
Será que este cenário, de martírio, antes da 2ª vinda de Jesus irá, de novo acontecer quando o papado readquirir o poder que teve e o exerceu ao longo da Idade Média, ou seja, quando a sua ferida mortal for plenamente restaurada – Apocalipse 13.3? Sem sombra de dúvida. Aliás, - Apocalipse 6.11b - mostra-o claramente: - “(…) seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram”. Haverá, portanto, mais mártires. O mesmo é reiterado um pouco mais à frente, quando é dito: - “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” – Apocalipse 20.4. Quem são estes que “(…) não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos (…)”.Não são, obviamente, os que constituem a Igreja de Deus na Idade Média, mas sim, os que viverão antes do fecho da Porta da Graça, pois só nesta fase, não antes, é que a “marca da besta” – o Domingo – será, plenamente, estabelecida, imposta por decreto a obrigar a aceitá-la. Claramente, o martírio acontecerá até ao final do Tempo da Graça.
- V.36- “E este rei fará conforme a sua vontade; e se levantará e se engrandecerá sobre todo o deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas maravilhosas, e será próspero, até que a ira se complete, porque aquilo que está determinado será feito”.
E quem é “este rei”? Não nos devemos surpreender de aparecer agora esta designação do papado – rei! Recordemos, a este propósito, o que foi dito, anteriormente: - “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, se levantará um rei, feroz de cara, e será entendido em adivinhações” – Daniel 8.23 . Será que o Papa é um rei? Se é, então temos toda a legitimidade em utilizar este título. Depois é dito que “fará conforme a sua vontade”. Foi precisamente o que aconteceu ao longo da Idade Média. Depois é dito que este poder “se levantará e se engrandecerá”. Esta última palavra é a mesma que encontramos no livro do profeta Isaías, onde é dito que Satanás diz: - “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono, e no monte da congregação eu me assentarei, da banda dos lados do norte” – Isaías 14.13. Este que diz: - “eu exaltarei o meu trono”, este que se exalta, fá-lo segundo a operação de Satanás. Compare-se com o texto que se encontra em II Tessalonicenses 2.4, onde é dito que este mesmo poder “se sentará como Deus, no templo de Deus e proclamará que é Deus”. Logo a seguir, no texto, é revelado que este mesmo poder virá “segundo a eficácia, poder de Satanás” – v.9. O papado não surge só porque alguém quis, a dado momento na História, simplesmente, governar! Mas, segundo as Escrituras, como vimos, este poder também é conhecido sob os nomes: 1- homem do pecado; 2- filho da perdição; 3- mistério da iniquidade – v.3,7,8.
E quem foi chamado “filho da perdição”? Segundo as Sagradas Escrituras, foi – Judas – cf. João 17.12. Só encontramos duas vezes esta designação, esta, aqui no evangelho e outra, sob a pena de S. Paulo, como acabámos de ver acima – II Tessalonicenses 2.3. Será que este poder – o papado - parece-se com Judas? À primeira vista, a resposta é um rotundo – não! Se esta é a resposta, então qual a razão para que a Palavra de Deus assim o catalogue? Ora vejamos algumas semelhanças: - será que Judas enganou os restantes discípulos? Até quando ele os enganou? Só depois de ter participado na Ceia do Senhor, e tendo feito o seu sinistro trabalho, só então deu a conhecer quem era – um traidor – que se foi enforcar – cf. Mateus 27.5; Actos 1.16-18. E como entregou Judas o Senhor Jesus Cristo? Com um beijo – Mateus 26.49. Este, desde o início pretendeu apoiar e seguir Jesus – cf. Mateus 8.19,20 - mas não passava de um traidor. Isto quer dizer que o inimigo da Igreja cristã não são os judeus, os Muçulmanos, os pagãos, mas o seu maior inimigo está do seu próprio seio. Por esta razão é que S. Paulo escreveu, ao dizer que este poder se sentará no “templo de Deus”, o que, segundo a Bíblia, este não é outra realidade a não ser a própria Igreja – cf. I Coríntios 3.16,17; Efésios 2. 19-22; I Pedro 2.5. O templo de Cristo está “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” – Mateus 18.20 – e não em Jerusalém. Assim sendo, o lugar nada tem de santo em si mesmo, mas sim o que o torna santo – a presença de Deus – Êxodo 3.5; Josué 5.15. Jesus, ao ter sido rejeitado pelo Seu povo, selou o destino não só deste mesmo povo, como também daquele lugar – o templo – ao proferir esta sentença: - “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta” – Mateus 23.38. O templo de Jerusalém deixou de ser santo porque Deus o abandonou; saiu a – Shekinah (a habitação) – segundo as palavras de Jesus, visto que o templo ficou deserto. Deus não está, de modo algum, circunscrito a um lugar específico, mas representado mundialmente através do Espírito Santo.
Ainda no v.36 é dito que: - “(…) contra o Deus dos deuses falará coisas maravilhosas (…)”. Recorde-se as palavras que encontrámos em Daniel 7.25: - “E proferirá palavras contra o Altíssimo (…)”. Estas palavras são mais específicas e caracterizadas no livro do Apocalipse, quando diz que este mesmo poder: - “proferirá grandes coisas e blasfémias (…) contra Deus, para profanar o Seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam no céu” – Apocalipse 13.5,6. É muito importante esta palavra – “maravilhas”. Esta palavra, à excepção deste contexto, é aplicada ao ser humano para falar das poderosas obras de Deus – do Seu poder criador – cf. Josué 3.5; Job 5.9; 42.3; Salmo 72.18; 86.10; Miqueias 7.15, etc. Assim sendo, a usurpação é total, ao ponto de pretender obrar “maravilhosamente”, como Deus! O texto continua a dizer: - “(…) e será próspero”. Será que encontramos em Daniel 7 e 8 o mesmo contexto? Sem dúvida; pois praticará o Mal e prosperará neste intento – (v.21)- “fazia guerra aos santos e os vencia. (25)- (…) e eles serão entregues na sua mão (…)” – Daniel 7 ; o chifre pequeno - (v.11)- “lançou o lugar do santuário de Deus por terra. (12)- fez isso e prosperou. (24)– destruirá maravilhosamente e prosperará. (25)- também fará prosperar o engano” - Daniel 8. Aparentemente, a vitória é deste poder inimigo de Deus e representante de Satanás nesta Terra; mas a vitória final é certa, tal como as Suas promessas do passado: - “Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo de progresso até ao nosso nível actual, posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que Deus tem obrado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado”. Note-se que este poder, em Daniel 11.36, “falará” mas não “fará” coisas maravilhosas. Esta é a grande diferença entre a criatura e o Criador, pois, falar é fácil.
Este versículo 36 continua e dá-nos a conhecer a amplitude da actividade “próspera” do chifre pequeno. O texto em causa diz que: - “até que a ira se complete, porque aquilo que está determinado será feito”. Este versículo reforça a certeza de que este poder exercerá o seu domínio até ao grande dia da gloriosa vinda do Senhor Jesus Cristo. Para durar “até que a ira se complete”, ao não ter poder – aparentemente morto actualmente – este poder, o papado, terá que ressuscitar e readquirir o seu anterior poder político-religioso para que possa, desta forma, cumprir o que dele está escrito. E quando é que a ira de Deus se completa? Vejamos a resposta que dá o livro do Apocalipse: - “E vi outro grande e admirável sinal no céu; sete anjos que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus” – Apocalipse 15.1. Aqui encontramos a mesma expressão. Até quando o papado terá poder sobre os filhos de Deus, sobre o santuário e sobre a verdade? Até quando actuará este poder como se fosse Deus? Segundo o profeta Daniel, até “se levantar Miguel, o grande príncipe” – Daniel 12.1. E o que isto significa? Nada mais do que o fecho do Tempo da Graça. E o que se seguirá? Claro, o Tempo de Angústia – v. 1.
- V.37- “E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem de qualquer deus; porque sobre tudo se engrandecerá”.
Aqui é dito, desde já, que este poder “não terá respeito aos deuses de seus pais”. Vejamos um texto para uma melhor compreensão desta frase introdutória, visto usar a mesma palavra do profeta Daniel: - “Porquanto não atentam para as obras do Senhor, nem para o que as suas mãos têm feito; pelo que ele os derribará e não os reedificará” – Salmo 28.5. Isto quer dizer que este poder não terá respeito, ou melhor, não fará caso do Deus dos seus pais. Por outro lado, quem são os “pais” de Israel aqui negligenciados? São os fundadores - Êxodo 13.11. Mas, agora, como estamos no período da Igreja cristã, os pais são os apóstolos – cf. I Coríntios 10.4; Efésios 2.19-22. Isto dito por outras palavras – o papado não faria caso algum do mesmo Deus que serviram os apóstolos.
Recorde-se que, no evangelho de João, os judeus disseram: - “Nosso pai é Abraão (…)”. A esta resposta Jesus responde: - “(…) se fosseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão” – João 8.39. O texto continua e diz: - “Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto” – v. 40. Ou ainda: - “Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” – v. 42. Assim sendo, como conclusão lógica, Jesus denuncia a verdadeira filiação destes: - “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” – v. 44. Eram eles, tal como afirmavam, filhos de Abraão? Não, porque o Senhor o disse.
O mesmo sucede na Igreja cristã. Esta pretende ser sucessora dos Apóstolos, mas o que ela ensina todo este sistema religioso ou o seu líder – o Papa - nunca o ensinaram os Apóstolos, de quem dizem suceder! O texto do profeta refere também que este poder “nem terá respeito ao amor das mulheres”. E, na verdade, o que ensina e pratica esta Igreja? Claro, o celibato. O que refere o Catecismo a este propósito? Assim se expressa: - “Todos os ministros ordenados da Igreja Latina (…). Chamados a consagrarem-se totalmente ao Senhor e às , dão-se por inteiro a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta vida nova, ao serviço da qual o ministro da Igreja se consagra (…)”. O texto bíblico refere ainda que este poder não respeitará: - “qualquer deus porque sobre tudo se engrandecerá”. Ora, a este propósito o que ordena a Palavra de Deus? Vejamos alguns textos: - 1- “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” – Génesis 2.18. Portanto, o homem é incompleto sem o seu natural complemento – a mulher; 2- O sumo-sacerdote deveria de ser casado – Levítico 21.7,9,13; 3- O apóstolo S. Pedro era casado – Mateus 8.14.
A este propósito, conheçamos o pensamento do Papa Bento XVI a este respeito, depois de vários considerandos: - “O celibato tem, portanto, um significado simultaneamente cristão e apostólico (…)”–. Na verdade, o pensamento do líder deste sistema religioso contradiz tudo quanto Deus disse a este respeito. O casamento, instituição divina, visa o bem-estar e plenitude humana. Assim, o celibato, não só é uma instituição humana, como também é algo contra natura! Assim, contrariamente ao que diz o Papa Bento XVI: 1º- o celibato não tem “um significado cristão” porque confirma, negativamente, o que S. Paulo disse que deveria de acontecer: - (v.1)- “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios. (3)- Proibindo o casamento (…)” – I Timóteo 4; 2º- como também não é verdade que o celibato tenha “significado apostólico”, pois, como vimos, S. Pedro tinha sogra, portanto casado; presume-se que os demais apóstolos também o fossem. Em todo o caso, o celibato nunca foi praticado por estes e, muito menos, ser uma regra ou doutrina bíblica!
- V.38- “Mas, ao deus das fortalezas honrará em seu lugar; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas e com coisas agradáveis”.
Aqui é dito que, em lugar de honrar o Deus de seus pais, voltar-se-á para um outro – o deus das fortalezas (Mozim). A palavra aqui empregue e traduzida por “fortalezas” é utilizada diversas vezes neste mesmo capítulo – v. 7.19,39. Trata-se de um poder militar, força. Será que os apóstolos, ditos seus antecessores, usaram a força para conseguirem os seus intentos, deste tipo: - se não te converteres irás para cativeiro ou morrerás? Na verdade, a força que os apóstolos utilizaram foi a – espada do Espírito – que, segundo S. Paulo, é: - “Tomai (…) a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” – Efésios 6.17.
Este deus das fortalezas – a força militar – será honrada, segundo o texto, com: - “ouro, e com prata, e com pedras preciosas e com coisas agradáveis”. Esta informação faz-nos recordar o que se encontra escrito no livro do Apocalipse quando fala acerca de uma mulher de má porte – uma prostituta – que, como sabemos, representa, profeticamente falando, uma Igreja que se desviou da verdade, que apostatou. Vejamos a descrição que ali é feita: - (v.4)- “E a mulher estava vestida de púrpura, escarlata, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundície da sua prostituição. (5)- E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilónia, a mãe das prostitutas e abominações da terra” – Apocalipse 17. O cenário de ornamentação é o mesmo, a entidade que o usa é aquele poder que se faz conhecer por – “ das prostitutas e abominações da terra”.
- V.39- “E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio do deus estranho; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos e repartirá a terra por preço”.
Podemos ver através deste excerto, a aliança entre a Igreja e o Estado. Através destas mesmas alianças, tal como está escrito, o papado governará sobre muitos. Acrescenta ainda a informação – “repartirá a terra por preço”. Recordemos aqui a prática, na Idade Média, em relação à repartição da terra – o Feudalismo. Nesta época praticava-se a – Simonia. Com o feudalismo em crescendo, este também penetrou a Igreja influente e rica. Os nobres passaram a ter ingerência dos destinos das Igrejas nas terras da nobreza e dos senhores. Soberanos e nobres, preocupados com a fidelidade e os serviços entregavam mosteiros a responsáveis seculares. Assim – “No século X e na metade do século XI, registaram-se graves abusos no seio de uma Igreja esmagada pela engrenagem feudal. Foi corrente a compra das funções religiosas ou simonia. Para adquirir os cargos, pagava-se aos senhores. Verificaram-se autênticos mercados entre os candidatos e os detentores do poder temporal. Por vezes, houve leilões. Vendia-se a quem oferecesse mais”. Segundo o enquadramento profético, o papado caminhava para o auge do seu poder, o que é confirmado pelo relato bíblico – “(…) e o dragão deu-lhe o seu poder, o seu trono e grande poderio” – Apocalipse 13.2 – é quando será “(…) ferido de morte (…)” – v. 3.
- V.40- “E no tempo do fim, o rei do sul lutará com ele, e o rei do norte o acometerá com carros, com cavaleiros e com muitos navios; e entrará nas terras e as inundará e passará”.
Para começar, é dito: - “E no tempo do fim”. Encontramos aqui a mesma expressão usada no capítulo 8.17; 11.35; 12.4. E quando começou este tempo do fim? Evidentemente, para estarmos em consonância com a sequência profética, o final do período da supremacia papal, ao longo de 1260 anos, “terminou em 1798”. De seguida fala que o rei do Sul e o do Norte lutarão um com o outro. Qual será a identidade do rei do Sul? A explicação encontra-se no v.8,9 deste mesmo capítulo, o qual nos mostra o paralelo deste rei do Sul com o Egipto. Assim sendo, o rei do Sul é o Egipto. Aqui é dito que o rei do Sul insurgir-se-á contra o rei do norte. Ora, se o rei do Sul é o Egipto e o rei do Norte, o papado, será que o Egipto insurgiu-se, tal como o texto o refere, contra o papado em 1798? Claro que não! No entanto convém não esquecer que estamos num contexto de símbolos, e aqui não é, obviamente, excepção.
Para compreendermos o que estamos a dizer, temos que ter presente a maneira como os autores bíblicos consideravam os pontos cardeais e a sua respectiva localização geográfica. Para estes, o Norte é sempre para cima; e o Sul, o seu contrário, para baixo; O Oriente para a direita, o Ocidente para a esquerda. Segundo a Bíblia existem, efectivamente, dois pontos cardeais que, tradicionalmente, estão ligados a Deus: 1- O Norte; 2- O Oriente. Enquanto que inerentes a Satanás – ao Mal – são atribuídos os restantes: 1- O Sul; 2- O Oeste/Ocidente.
Deus é um Deus de luz. Satanás é o príncipe das trevas: Vejamos: - em que ponto cardeal se levanta o Sol? Claro, no Oriente. E onde se encontra no seu apogeu? Também no Norte. E onde se põe, declina e oculta? No Ocidente. E onde alcança a sua mais profunda intensidade? No Sul, nas profundezas. Assim temos: - o Sol nasce no Oriente, alcança o seu ponto mais alto, clímax no Norte; este oculta-se no Ocidente e alcança a sua maior intensidade no Sul. Assim, o Sul é o lugar onde habitam, por excelência, as trevas – lugar onde Deus não se encontra.
O rei do Sul é o Egipto. E qual era o espírito deste país, biblicamente falando, em relação a Deus? Este país, aqui representado, é um símbolo. Encontramos uma outra referência a este país, de uma forma mais dilatada. Vejamos o que o livro do Apocalipse tem para nos dizer a este respeito: - “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egipto, onde o seu Senhor também foi crucificado” – Apocalipse 11.8. À luz deste texto, segundo a nossa compreensão do mesmo, está inserido no contexto em que são descritos os efeitos dos excessos no que respeita à vertente espiritual e religiosa do evento que a História humana conhece que ocorreu em França.
A nosso ver, a França está aqui representada pelo Egipto. E o que representa este último na Palavra de Deus? Este está ligado a: trevas e ateísmo, como veremos. Recordemos, para nos enquadramos, quando Moisés, mandatado por Deus chega à corte de Faraó e quando lhe solicita a permissão para que o povo de Deus possa ir ao deserto adorar deus. A resposta foi esta: - “Mas Faraó disse: Quem é o Senhor cuja voz eu ouvirei para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel” – Êxodo 5.2. O que podemos ver neste texto? Nada mais, como já dissemos, do que a recusa teimosa da existência de Deus. Se fizermos o paralelo, na verdade, o que é que se passou em França de 1793 a 1797? Claro, um acontecimento histórico de grande relevância – a Revolução Francesa. E o que é que esta tem que ver com a Bíblia, ou melhor, dentro do contexto bíblico que nos inserimos – com as “duas testemunhas” – v.3. Estas representam, das Sagradas Escrituras – o Antigo e o Novo Testamento. Sob os excessos desta Revolução tentou-se, através do fogo, fazer desaparecer a Bíblia da face da Terra. Esta situação caótica está perfeitamente patente ao leitor quando lê, neste mesmo capítulo, as palavras do v.8: - “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade (…)”. Mataram os dirigentes religiosos, sacerdotes, a nobreza. Lutaram contra a opressão e o obscurantismo da Igreja Apostólica Romana. Mas, em consonância com a Palavra de Deus, esta organização religiosa é, efectivamente – romana – pois tem a sua sede em Roma, mas não é, contrariamente ao que é, gratuitamente afirmado – apostólica – visto que, de modo algum, segue o exemplo e directrizes dos Apóstolos, ditos seus antecessores!
Voltando a Daniel 11.40 que nos ocupava, recorde-se que foi dito: - “E no tempo do fim, o rei do sul lutará com ele (rei do norte)”. Não deixa de ser significativo que na Septuaginta (LXX), neste texto, encontramos não o rei do sul, mas sim – rei do Egipto. No mapa, o que fica ao Sul da Palestina é, efectivamente, o Egipto – o rei do Sul. Assim sendo, como vimos, esta referência não passa de um símbolo, e não uma referência ao Egipto literal, visto que nada de extraordinário se passa em 1798 neste país, pois nesta altura, este não tinha grande relevância ou ascendência. Por esta razão, esta referência vai muito para lá dela mesma.
Assim sendo, o que significa esta luta até à morte, pois trata-se de um combate violento, entre estes dois poderes. Da mesma forma, aqui no texto profético que nos ocupa, este poder – rei do Sul (Egipto/França) – levantar-se-á contra o – rei do Norte/papado – com violência e derramamento de sangue. Aconteceu isto em França? As multidões comportavam-se contra a Igreja como um animal ferido. Esta Igreja manteve na ignorância o povo ao longo de 1260 anos, tal como fala o profeta – “E no tempo do fim,” – precisamente, nos anos vizinhos de 1798!
Mas, a próxima etapa é que esta ferida mortal em 1798 com a deposição papal, ela seria curada para espanto de “toda a terra” – Apocalipse 13.3. E, como resultado deste grande milagre, todo o mundo será conquistado pelo rei do Norte, ou seja, pelo sistema papal. Olhemos para a dinâmica do texto, à medida que a ferida mortal vai sendo curada e, a dominar, como no passado. Para já, ainda estamos na fase que concorre para a sua cura. Será que já estamos, em pleno, nesta fase? Recordemos, só para nos situarmos na arena política: - quem foi o grande artesão que contribuiu para a queda de um sistema concorrente ao domínio mundial – o Comunismo? Claro, o papado na pessoa do Papa João Paulo II. A seu tempo, o papado/rei do Norte, reagirá violentamente tal como está descrito em linguagem profética: - “com carros, com cavaleiros e com muitos navios; e entrará nas terras e as inundará e passará”.
Vejamos esta parte do versículo mais em detalhe:
1- O que representam os “navios”? O que é que lhes é inerente? Estes são utilizados para fomentar, incrementar o comércio. Significa que controla as rotas comerciais. No livro do Apocalipse encontramos todo um comércio que está sob o controlo de Babilónia, controla, pois, o sistema económico mundial. Ora vejamos o que a Palavra de Deus diz a este respeito: - (v.11)- “E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém mais compra as suas mercadorias. (12)- Mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda, de escarlata, e de toda a madeira odorífera e todo o vaso de marfim, e de todo o vaso de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore. (13) E cinamomo (canela), e amomo (planta odorífera), e perfume, e mirra, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e cavalgaduras, e ovelhas, e mercadorias de cavalos, e de carros, e de corpos e de almas de homens” – Apocalipse 18. Perante tal diversidade representará a mundialização do comércio. Mas, pelo contexto anterior é-nos dito que Babilónia está desolada. É que, agora, como resultado do que foi descrito “ninguém mais compra as suas mercadorias.” – v. 11. Isto dito por outras palavras: - aqueles que a apoiavam, a determinada altura, a abandonarão. O texto mostra-nos o tipo de mercadorias que Babilónia controla. Note-se como a listagem termina – “(…) corpos e de almas de homens”. – v.13. Na verdade TUDO estará sob controlo.
2- De seguida, é dito que o rei do Norte/papado “entrará nas terras”. Na verdade, o que significarão estas “terras”? Esta mesma palavra pode ser traduzida de outra forma, como por exemplo: - por “países”. Vejamos o texto bíblico: - “(…) segundo as suas línguas, em suas terras (países) (…)” – Génesis 10.20. Ou seja, que Babilónia vai conquistando os países limítrofes da época, a saber: a Síria, Assíria. Depois, como uma praga, inundará o mundo conhecido.
3- O fim do versículo diz: - “inundará e passará”. Qual o significado destas águas que inundam oriundas de Babilónia, que vêm do Norte? Trata-se, pois, do rio Eufrates. Podemos, uma vez mais, aperceber-nos de alguns paralelos com o livro do Apocalipse, tais como: - Apocalipse 17.1,15,18 – tal como foi assinalado pelo profeta Isaías: - (v.7)- “Eis que o Senhor fará vir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos e transbordará por todas as suas ribanceiras. (8)- E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel” – Isaías 8.
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