terça-feira, 13 de setembro de 2011

O REI DO NORTE E O ANTICRISTO - 2

Daniel 20 ao 22 iremos encontrar o cumprimento de alguns factos bíblicos relacionados com Jesus Cristo, a saber: 1- o Seu nascimento; 2- o Seu Baptismo; 3- a Sua morte. Esta porção das Escrituras situa-nos, em pleno, sob o poder de Roma imperial. Vejamos estes versículos mais detalhadamente:
1- O Seu nascimento:
- V.20- “E em seu lugar se levantará quem fará passar um arrecadador pela glória real; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha”.
Roma chegou ao clímax da sua grandeza durante a época de Augusto (30 a.C.-14 d.C.). Este verso faz referência a um “arrecadador” ou exactor, alguém que recolhe impostos. Na verdade faz referência ao impulso inovador de Augusto nesta área. A este propósito é dito: - “ O regime imperial exigia um sólido sistema financeiro para fazer frente aos custos da nova estrutura político-administrativa (…). Augusto, contudo, lançou impostos indirectos para os habitantes de Roma e da Itália, como expressão de que a vontade imperial afectava também o núcleo do Estado. Para se aplicar uma política fiscal justa e eficaz era necessário efectuar censos e cadastros. Daí que Augusto mandasse proceder ao recenseamento e registo cadastral (…)”. No evangelho de S. Lucas encontramos uma referência a este momento da História, directamente relacionado com o facto histórico – o nascimento de Jesus – (v.1)- “E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse. (2)- . (3)- E todos iam
alistar-se, cada um à sua própria cidade. (4)- E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém (…). (5)- Afim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida” – Lucas 2. Fala-se aqui de . Este episódio situa-nos directamente na época do nascimento de Cristo, visto que esta actividade implicou o recenseamento de José e de Maria.
2- O Seu Baptismo:
- V.21- “Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino com engano”.
Depois de algumas intrigas palacianas, finalmente, Tibério César (14-37 d.C.) sucede a Augusto no trono de Roma. De igual maneira, esta referência para um outro momento narrado na história bíblica – o baptismo de Jesus – situando-nos no ano 27. Ora vejamo-lo: - (v.1)- “E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judeia (…)”. (21)- E aconteceu que, como todo o povo se baptizava, sendo baptizado também Jesus, orando ele o céu se abriu” – Lucas 3.
3- A Sua morte:
Daniel 11:22- “E com os braços de uma inundação serão arrancados de diante dele, e serão quebrantados como também o príncipe do concerto”.
O que se passará com o “príncipe do concerto”? Este será “quebrantado”. E a que se referirá este “príncipe do concerto”? Esta personagem não é outra a não ser o Senhor Jesus Cristo. Como é que sabemos que é assim? Pois o contexto histórico não só é o mesmo como também as palavras empregues na referida profecia das 70 semanas. Este texto catapulta-nos para o tempo em que Cristo morre na cruz e que cumpre o que foi anunciado, no quadro das 70 semanas: – (26)– “(…) será tirado o Messias (…).(27) (…) e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares (…)”– Daniel 9. Aqui estamos em pleno no ano 31 da nossa era. Até aqui podemos aperceber-nos da interligação entre estes dois capítulos, ou seja Daniel 11 e Daniel 8.14 – a profecia dos 2.300 tardes e manhãs. Aqui podemos ver claramente estas 3 etapas de Jesus Cristo: 1- o Seu nascimento (tornar-se carne); 2- o Seu Baptismo; 3- a Sua Morte.
No texto que nos ocupa, recorde-se, estamos em pleno Império Romano – Roma imperial – quando “o príncipe do concerto” foi quebrantado – v. 22. Em Daniel 9.25 diz acerca do “Messias, o príncipe” que, na metade da semana será morto – v. 27 – ou seja, “será tirado o Messias” – v. 26. Concorda Daniel 11 com a profecia das 70 semanas de Daniel 9? A resposta não só é afirmativa como também há toda a vantagem em estudar estes textos juntamente. Podemos ver, até aqui, que a sequência ou estrutura se mantém, inerentemente aos reinos, a saber: 1- Pérsia; 2- Grécia; 3- Roma Imperial. Agora se fizermos um paralelismo com a estrutura de Daniel 2 e 7, qual será, logicamente, o próximo poder a existir na estrutura do texto bíblico? Sem dúvida alguma, que o poder a seguir será – Roma papal. O que vimos até aqui, no fundo, não é mais do que situar o que vem a seguir.
Recordando o que já foi dito. Podemos ver quatro esquemas proféticos no livro do profeta Daniel, a saber: 1- Daniel 2; 2º- Daniel 7; 3º- Daniel 8 e 9 (na medida em que o capítulo 9 é a continuação natural do 8º, na medida em que a profecia das 70 semanas do Capítulo 9 é a primeira parte do tempo longo dos 2.300 tardes e manhãs do capítulo 8; 4º- Daniel 11 e 12. Cada uma destas fases enfatiza as diferentes fases do ministério de Jesus, na medida em que elas são complementares. Desta forma, de Daniel 2 a Daniel 12, algumas das particularidades do ministério de Cristo são colocadas em destaque. Por exemplo: - 1- Daniel 2 – Cristo é visto como Rei de reis e Senhor de senhores, na medida em que a noção de “reino” está presente neste capítulo; quando Cristo voltar, este “reino que não será jamais destruído; reino que não passará a outro povo; (…) que será estabelecido para sempre” – v. 44. 2- Daniel 7 – o elemento fulcral é que Jesus Cristo é juiz. Pois cada vez que Jesus se apresenta perante o Pai para receber o reino, o relato bíblico refere este ambiente: - assentou-se o juízo, e abriram-se os livros e o juízo foi dado a favor dos santos – v. 10,13,14,27. Estas duas funções estão interligadas, pois para que Jesus possa ser rei terá que ser juiz; 3- Daniel 8 e 9 – mostra-nos uma outra faceta de Cristo, isto é, que Ele é, desta vez, o nosso Sumo-sacerdote, visto que o contexto próximo está ligado ao Santuário – pisar o santuário; tirar o contínuo; príncipe do exército; transgressão assoladora – v. 11-14,25.
Por que é que em Daniel 8 unicamente são mencionados dois animais, enquanto que, no capítulo 7 são mencionados 4? Se o capítulo 7 e 8 são paralelos, então por uma questão de coerência, o capítulo 8 também deveria ter 4 animais! O 1º- Babilónia está ausente, visto o capítulo 8 não ter qualquer relação com o período babilónico. Há um carneiro que representa a Média/Pérsia; há um bode que representa a Grécia; e um chifre pequeno que representa as duas fases de um mesmo Império – o Romano – a saber: 1ª- O Imperial; 2ª A Papal. Por quê, então, a presença só destes 2 animais? Vejamos: - que tipo de animais encontramos em Daniel 7? Na verdade, estes símbolos são animais ferozes que se devoram uns aos outros. Mas, acima destas nações está Cristo que, a Seu tempo, as julgará.
Mas, no que respeita a Daniel 8, a ideia subjacente é o Santuário. Os animais que estavam directamente ligados aos sacrifícios do Santuário eram: 1- o carneiro – para o serviço diário – Êxodo 29.38,39; 2- o bode – para o serviço anual – Levítico 16.8-19. Assim sendo, a ambiência subjacente a Daniel 8 é, efectivamente, a do Santuário. O pano de fundo aqui, já não são as querelas entre as nações, pois Cristo as julgará e lhes retirará o poder, no juízo; mas, aqui o ponto central é que, na verdade, Cristo é o Sumo-sacerdote que nele ministra e o purifica. 4- Daniel 11 e 12 – mostra-nos uma outra face de Jesus Cristo, ou seja, que Ele é o Libertador. O povo de Deus corre perigo pois, a todo o momento, pode desaparecer da Terra. Mas, quando tudo aponta para que tal aconteça, eis que, a dado momento, se “levanta Miguel” – Daniel 12.1. Esta expressão está directamente ligada ao encerramento do Juízo Investigativo ou pré-advento. Na verdade, Daniel 8 e 9 falam do início deste Juízo Investigativo ou pré-advento, enquanto que Daniel 11 e 12 falam, precisamente, do mesmo tema – o encerramento do Juízo Investigativo ou pré-advento.
É precisamente nesta fase, como vimos, que quando se levantar “Miguel, o grande príncipe”, diz o texto, que haverá “(…)  um tempo de angústia, qual nunca houve desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro” – Daniel 12.1. Assim, a tónica do texto é mostrar que haverá uma libertação devido à intervenção de Miguel. Portanto, podemos delinear as 4 funções de Jesus Cristo.
Iremos examinar, de seguida, a 2ª fase do Império Romano, ou seja: – Roma Papal – período que se iniciou em 538.247 Iremos recomeçar, desta vez, a partir do v. 31, onde descreve começa a descrever toda a acção de Roma Papal (2ª fase do rei do norte), ao longo da sua história, ou seja, durante 1260 anos, que correspondem, como sabemos, a um mesmo período, nas suas diferentes nomenclaturas: 1ª- “3 1/2 tempos” - Daniel 7.25; Apocalipse 12.14; 2ª- “mil duzentos e sessenta dias” - Apocalipse 12.6; 3ª- “quarenta e dois meses” - Apocalipse 13.5. Convém não perder de vista o que a estátua de Daniel 2 nos mostra, ou seja, que nos pés desta existe uma estranha amálgama – ferro/barro de oleiro. Esta mistura representa a união da Igreja com o Estado, ou seja, uma mistura ilegítima, na medida em que a Igreja deveria estar com o seu verdadeiro marido – Cristo – e não com o Estado. Assim sendo é, uma união de facto, mas não legítima, pois ela é exterior ao casamento; acção, situação que a Palavra de Deus conhece e define como – adultério – da parte da Igreja, a esposa, por direito de Cristo (II Coríntios 11.2; Efésios 5.25) – cf. Apocalipse 17.1,2.
Abramos um parêntesis para justificar o porquê de considerarmos que a 2ª fase do rei do norte corresponde ao papado:
Quem era, biblicamente falando, o rei do Norte? Este era representado por Babilónia. Vejamos Jeremias 46.2: - “Acerca do rei do Egipto, que estava junto ao rio Eufrates, em Carquemis, ao qual feriu Nabucodonosor, rei de Babilónia (…)”. Aqui fala-se: do rei de Babilónia e do rio Eufrates. E em que direcção ficavam? Leiamos o v.6: - “Não fuja o ligeiro, e não escape o herói para a banda do norte, junto à borda do rio Eufrates (…)”. Este versículo menciona várias coisas: 1ª- o Norte; 2ª- Babilónia; 3ª- o rio Eufrates. Nas incursões militares do rei de Babilónia, em relação à Judeia, estes entravam sempre pelo Norte. Por esta razão, Babilónia está associada ao Norte, assim como o seu rei. Mas, quem será o verdadeiro rei do Norte?
A este propósito iremos ver alguns textos para que nos possam informar acerca deste tema. Vejamos: - (v.1)- “Grande é o Senhor e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo. (2)- Formoso de sítio e alegria de toda a terra é o monte de Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei” – Salmo 48. O rei do Norte é Cristo. E quem quis ocupar o Seu lugar? Vejamos: - (v.12)- “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançada por terra, tu que debilitavas as nações! (13)- E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono e no monte da congregação eu me assentarei, da banda dos lados do norte” – Isaías 14. Aqui fala-se de Lúcifer. Esta criatura dá-nos a conhecer que subirá “ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono (…) eu me assentarei, da banda dos lados do norte”. Claramente manifesta a vontade de usurpar o trono de Deus.
No entanto, apesar de Deus ser o rei do Norte, Satanás usurpou a posição de Deus. No livro do Apocalipse, esta situação é caracterizada por Babilónia – usurpação do lugar de Deus. Desta forma, o falso rei do Norte é Satanás que usou Babilónia, que ficava ao Norte de Israel, para implementar a falsa religião que se estenderia por todo o mundo, “(…) a grande cidade que reina sobre os reis da terra” – Apocalipse 17.18 - e assim levar a cabo a sua obra de engano de âmbito mundial. O rei do Norte é, não somente Babilónia mas, ao mesmo tempo, o papado, neste contexto profético.

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