Na abordagem que iremos fazer a este capítulo 11 do profeta Daniel, não será, de forma alguma, no detalhe, mas não mais do que umas breves pinceladas ao longo da dinâmica complexa das vivências humanas que este refere.
No que respeita a este detalhe e precisão histórica, tudo isto fez que alguém se pronunciasse sobre o conteúdo do livro do profeta Daniel, um homem chamado Porfírio. Este disse, quando leu Daniel 11, que este capítulo era demasiado detalhado e, igualmente, certo no seu cumprimento para ser uma profecia; desta forma, ele questiona a autenticidade de Daniel, desenvolvendo alguns argumentos que a crítica actual ainda usa como sendo uma norma. Assim sendo, afinal, o que é que se entende por profecia? Certamente que encontraremos as mais diversas afirmações acerca deste tema. Para que estejamos mais perto do seu significado, subscrevemos totalmente esta definição, pois “profecia é a História escrita antecipadamente”. Ora, como Porfírio não fazia ideia do que realmente era a profecia, foi numa outra direcção, ou seja, começou a dizer que este livro não foi o profeta que o escreveu. Devido ao seu detalhe e respectivo cumprimento, como dissemos, este irá afirmar que este livro foi escrito muito posteriormente, no tempo dos Macabeus, com o nome de Daniel, ou seja, depois da maioria dos acontecimentos terem sido uma realidade.
Para ele, o autor do livro de Daniel escreveu no tempo de Antíoco IV Epifânio! O que não deixa de ser espantoso é, não só que o cristianismo aceita o que um pagão estipulou como sendo uma verdade acerca da Palavra de Deus, como também crítica textual ainda usa os mesmos argumentos como sendo uma norma! Esta foi a sua direcção para tentar contornar o que ele não queria crer, visto que a descrição dos factos era demasiadamente perfeita! Portanto, o autor escreveu no presente a relatar o passado realizado – logo, a
profecia não existe – revelar o futuro desde o presente. Mas, o facto de reconhecer o cumprimento dos factos, indica claramente que a Palavra de Deus é inspirada.
profecia não existe – revelar o futuro desde o presente. Mas, o facto de reconhecer o cumprimento dos factos, indica claramente que a Palavra de Deus é inspirada.
Daniel 11.1- “Eu, pois, no primeiro ano de Dario, Medo, levantei-me para o animar e fortalecer”.
Na verdade, com que capítulo do livro de Daniel devemos relacionar este capítulo 11? Parece-nos que será com o capítulo 9, até porque o espaço temporal é o mesmo – “No ano primeiro de Dario (…) da nação dos Medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus” – Daniel 9.1. Assim sendo, este capítulo 11 parece ser uma ampliação do capítulo 9, e este, por sua vez, a do capítulo 8, visto que o capítulo 9 não só aborda a temática dos 2300 tardes e manhãs do capítulo anterior – Daniel 8.14 – como também nos dá a conhecer o início deste tempo longo profético através da profecia das 70 semanas – Daniel 9.24-27.
No tempo de que rei foi dado o decreto para dar início a esta 1ª fase – profecia das 70 semanas – retiradas do tempo longo das 2300 tardes e manhãs. Esta 1ª fase estava implícita no “sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém (…)” – Daniel 9.25? A Bíblia dá-nos a conhecer que foi no tempo do reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia um último decreto – o 3º - dos emitidos até no 7º ano do seu reinado – Esdras 7.1,7,8,12-26. Neste, não somente o templo é visado, como também a nomeação de juízes, magistrados para administrarem a cidade (Esdras 7.24,25). Este decreto dá aos judeus a sua existência política. Este trata da reconstrução e restauração de Jerusalém e não simplesmente do templo. Segundo o relato de Esdras, Artaxerxes emitiu este decreto no 5º mês do 7º ano do seu reinado – Esdras 7.8. – isto é, no Outono do ano 457 a. C.
Daniel 11.2- “E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, esforçando-se com as suas riquezas, agitará todos contra o reino da Grécia”
O capítulo 11 do profeta Daniel começa de uma forma muito particular. Este fala que “(…) três reis estarão na Pérsia(…)”. Segundo o mesmo profeta, a referência deste poder, até então, era a “Média/Pérsia”! Onde, portanto, ficou a Média? A razão é porque nesta fase da História, a dinastia dos Medos já não existia.233 Estes três reis persas de que fala o texto em primeiro lugar são: 1- Cambises (529-521); 2- Dario (521-485); 3- Xerxes (485-465), ou seja, o rei Assuero da rainha Ester. E, de seguida é mencionado um outro (o 4º), cujo nome é Artaxerxes (465-424). Segundo o que está escrito, estes reis irão lutar contra a Grécia. Na Palavra de Deus, nada está escrito ou revelado por mero acaso. Assim sendo, chama-nos à atenção a maneira, de certa forma, estranha de enumerar a sucessão dos reis Persas. Note-se que são mencionados três reis, havendo uma referência especial e particular sobre o último, o 4º. Cremos que o profeta tinha uma intenção, a de situar o leitor na História, ou seja, reforçando a ideia de que este 4º rei iria desempenhar um papel preponderante na história do povo de Deus. Na verdade, é com este – rei Artaxerxes - que começa a profecia do capítulo 9, promulgando o decreto em relação a Jerusalém, como vimos. Aqui, no capítulo 11 não existe qualquer menção a Babilónia porque esta já pertence ao passado e, consequentemente, este símbolo não tem qualquer ligação com o longo período profético das 2300 tardes e manhãs.
Daniel 11.3- “Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver”.
Este “(…) rei valente (…)” devido à sequência da apresentação símbolos dos capítulos anteriores, não é outro a não ser o rei grego Alexandre Magno. Corresponde perfeitamente ao símbolo anteriormente mencionado – Daniel 8.5 – o “bode” onde é referido que tinha “uma ponta notável”. Este, como já referimos anteriormente, foi um estratega brilhante pois, num curto espaço de tempo, conquistou tudo o que havia para ser conquistado no mundo antigo. Todas estas características estão expostas na profecia anterior, em que, para sublinhar a rapidez das suas conquistas, foi dito que, este animal – o bode – deslocava-se “sem tocar o chão” – Daniel 8.5.
Daniel 11.4- “Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tão pouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado e passará a outros”.
Tudo o que este versículo fala, historicamente, cumpriu-se. Tal como dissemos anteriormente, ou seja, quando se preparava para governar o seu vasto império, eis que a morte o ceifa. Agora, sem descendência, o seu reino será dividido pelos seus quatro generais, formando assim outros reinos. Tal como fora dito séculos antes, tudo se cumpriu ao pé da letra. Tudo isto traz-nos à mente, a este propósito, alguns excertos da Palavra de Deus. O profeta Jeremias assim se expressa: - “(…). Serias tu para mim como ilusório ribeiro e como águas inconstantes? (…)” – Jeremias 15.18; ou ainda: - (v.28)- “O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? Diz o Senhor. (29)- Não é a minha palavra como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha?” – Jeremias 23. O profeta, igualmente, assim se expressa: - (22)- “Tragam e anunciem-nos as coisas que hão-de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas, para que atentemos para elas e saibamos o fim delas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras. (23)- Anunciai-nos as coisas que ainda hão-de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos e, juntamente, o vejamos” – Isaías 41. E, finalmente: - (9)- “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. (10)- Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” – Isaías 46.
O propósito que nos move, neste preciso contexto, tal como referimos de início, não é, de modo algum ser exaustivo no quanto descreve Daniel 11. Iremos, portanto, dar um salto na primeira parte deste capítulo por se tratar de guerras e golpes entre o rei do Sul (Egipto) – Lágidas, dinastia dos Ptolomeus - e o rei do Norte (Síria) - Selêucidas) (Egipto) – assim como a presença, em crescendo do Império Romano - do v.5-19. O que nos importa ver e saber é, isso sim, onde nos encontramos nesta mesma história, em função do cabal cumprimento profético do quanto, neste capítulo, está anunciado.
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