domingo, 11 de setembro de 2011

O REI DO NORTE E O ANTICRISTO - 4

Henrique IV e o Papa Gregório VII.
Daniel 11: 32- “E aos violadores do concerto ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas”.
Este poder irá aliciar outros com mentiras para que possam violar o concerto E qual será esta grande mentira deste poder contrário a Deus? É, claro está, em fazer crer que o 1º dia da semana – o Domingo – é um dia santo ao Senhor, um dia de repouso. E, quando é que a cristandade aceitou esta mentira? Uma vasta maioria a aceita e defende com todo o entusiasmo, dizendo que a aceitam visto Cristo ter ressuscitado neste dia – o Domingo! Mas se a norma é guardar um dia porque comemora um evento, então, Cristo celebrou antecipadamente a Páscoa com os Seus discípulos numa 5ª feira; então porque não respeitamos este dia – a 5ª feira – também como dia especial?! Uma outra razão apresentada é porque os discípulos reuniram-se, no dia da ressurreição em honra da ressurreição de Cristo. Mas, a este propósito, o que referem os evangelhos? Estes, apresentam-nos uma razão bem diferente pela qual estavam juntos naquele Domingo. Ora vejamos: - “Chegada pois a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” – João 20.19. A razão, afinal, segundo o texto, foi outra, pois não que estivessem a comemorar fosse o que fosse, mas sim porque estavam com medo dos judeus!
Cristo repousou no sepulcro todo o santo dia de Sábado; descansou em que dia da Criação? Claro, no 7º dia - cf. Génesis 2.3; e fê-lo porque Ele é o Criador – João 1.1-3; Colossenses 1.16; Hebreus 1.2. Como também da redenção da cruz neste mesmo dia – o 7º da semana. É por esta razão que o Antigo Testamento apresenta os 10 mandamentos sob duas perspectivas, em particular o 4º mandamento – o Sábado: 1ª- Em Êxodo 20.8-11 - mostra-nos que devemos guardar o Sábado porque Deus é o Criador: - “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há; e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia de sábado e o santificou” – v.11; 2ª- Em Deuteronómio 5.12-15 – recorda-nos a situação social do povo de Deus, ou seja que foi escravo e que Deus o redimiu, o retirou daquela situação - “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egipto, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” – v.15. Eis as duas razões para a guarda do Sábado: 1ª- Porque Cristo é o nosso Criador; 2ª- na qualidade de pecadores, Ele nos resgata desta situação, nos recria, de novo. E, quando o Seu povo com Ele se encontrar e com Ele estiver para todo o sempre no momento da Sua 2ª vinda a esta Terra, não só nos criou e reconstituiu espiritualmente, após o pecado, como nos dará um corpo e um mundo novo – “novos céus, nova terra” – Apocalipse 21.1.
Afinal, que concerto ou pacto é este que é violado? Se este poder faz com que as pessoas violem este pacto/concerto, é necessário que saibamos o que ele comporta. Vejamos o texto de Deuteronómio 4.13: - “Então vos anunciou ele o seu concerto que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra”. Assim sendo, este concerto/pacto não é outro a não ser – os 10 Mandamentos. Leiamos Deuteronómio 9.9: - “Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do concerto que o Senhor fizera convosco, então fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi e água não bebi”. Aqui encontramos, de novo, a mesma palavra - concerto/pacto – ou seja, a santa Lei de Deus. Assim, tal como foi escrito pelo profeta Daniel, este poder levaria muitos a violarem o concerto. O sinal deste pacto é, indiscutivelmente, o 4º mandamento – o Sábado. Este poder retira-o e coloca outro sinal no seu lugar – o sinal do seu próprio poder e o reconhecimento da sua autoridade – o 1º dia da semana – o Domingo. Por que razão é que o sistema papal quis mudar o Sábado? Vejamos: - quem é, segundo as Sagradas Escrituras, o único Criador do Universo? A resposta é elementar – Deus. Este deixou um sinal que
O identifica na qualidade de Criador do Universo e de tudo quanto nele existe – o Sábado. E o que pretende ser, desde sempre, o papado nesta Terra? Ele chamou a si esta prerrogativa ao longo de toda a Idade Média. Abramos aqui um breve parêntesis para que vejamos, sumariamente, alguns exemplos:
1 – O Papa Gregório VII (1073-1085) - Em 1073 o monge Hildebrando foi eleito Papa, tomando o nome de Gregório VII. Para vincar a sua autoridade irá elaborar um documento no qual se poderá ver a expressão do seu pensamento a este respeito. O documento em causa, - Dictatus Papae (instruções ditadas pelo Papa) - é compreende 27 decretos e composto em 1075. Eis alguns destes decretos:
Artº 09 – “O papa é o único homem ao qual todos os príncipes beijam os pés”
Artº 22 – “A Igreja romana nunca errou e, como atesta a Escritura, nunca poderá errar”.
2 - Vejamos outra documentação, mais recente, que reforça e estabelece a suprema autoridade papal - O Tribunal da Rota Romana - Decisão II de 08 de Novembro de 1557:
Artº 1 – “O papa é quase Deus na Terra (…)”
Artº 4, 16 – “Ninguém ouse desprezar o poder do papa, porque ele liga, não como homem, mas como Deus”
Artº 4, 24 – “Só ao Romano Pontífice é permitido modificar, declarar ou interpretar as leis divinas”
Artº 5, 3 – “O papa é chamado Senhor de todo o mundo, e não é de admirar, porquanto ele desempenha na Terra as vezes de Deus”
Artº 5, 6 – “O papa é Sumo-sacerdote e Rei”
Artº 5, 10 – “O papa pode tudo o que Deus pode; e ele está acima de todos”
Artº 5, 20 – “O papa é Vigário de Cristo, não só na medida em que Cristo está à frente da Igreja, mas também na medida em que Ele é o Senhor de toda a Terra”
Artº 5, 23 – “O poder do Sumo Pontífice não só se exerce sobre as coisas celestes, terrestres e infernais, mas também sobre os anjos, em relação aos quais ele é superior. Se fosse possível os anjos errarem na fé, o papa poderia puni-los e excomungá-los”
Artº 5, 31 – “Tudo o que o papa faz é considerado como procedendo da boca de Deus”
Artº 18, 20 – “O papa ocupa o lugar e desempenha as vezes de Deus (…)”
Artº 43, 9 – “Os reis têm como superior Deus e, consequentemente, a Igreja e o Romano Pontífice que está no lugar de Deus na Terra, para alívio dos oprimidos”
Artº 61 – “Vemos o Pontífice Romano triunfalmente coroado com uma tríplice coroa,284 como rei do Céu, da Terra e do mundo inferior”
Artº 61, 1 – “O Romano Pontífice está acima de todo o Principado e Potestade e, diante dele se curvam todos os joelhos no Céu e na Terra e debaixo da Terra”.
3) – O Papa João Paulo II (1978-2005) - Este publicou a Carta Apostólica - Ad Tuendam Fidem (Para Defender a Fé) -, com o objectivo de acrescentar algumas normas ao Código de Direito Canónico e ao Código dos Cânones das Igrejas Orientais. Deste último, vejamos a formulação final de dois parágrafos do Cânone 1436:
- Parágrafo 1 – “Aquele que nega uma verdade que por fé divina ou católica deve acreditar ou põe em dúvida, ou então repudia totalmente a fé cristã e, legitimamente avisado, não se retractar, seja punido como herege ou como apóstata com excomunhão maior (…).”
- Parágrafo 2 – “Fora destes casos, quem advoga uma doutrina definitivamente proposta ou condenada por errónea pelo Romano Pontífice ou pelo Colégio dos Bispos no exercício do magistério autêntico e, legitimamente admoestado, não se retractar, seja punido com uma pena adequada”.
Apreciando o teor destes documentos temos: 1º- Dictatus Papae de 1075; 2º- Decisão II de 08 de Novembro de 1557; 3º- Carta Apostólica Ad Tuendam Fidem de 1998. Assim, desde o pontificado de Gregório VII até este último documento de João Paulo II, decorreram vários séculos. Na verdade, qual foi a mudança que se operou no sistema papal? A resposta é negativa. Esta confissão religiosa continua como sempre foi… igual a si mesma!
Ora, o Sábado indica que existe um só Deus existente no Céu. Se o papado, mantendo este desejo de ser Deus nesta Terra tivesse permanecido com o Sábado, toda a cristandade teria sabido que ele não era nenhum Deus ou que tivesse quaisquer prerrogativas divinas, mas que não passava de um poder usurpador e blasfemo. Mas, em contrapartida, se ele pudesse mudar a lei, pois só Deus pode mudá-la), então todos saberiam que ele era, afinal, um deus nesta Terra. Assim sendo, ele o iria fazer, colocando nela o seu próprio sinal, a sua marca, o seu selo – o Domingo. Todos os que guardam este dia mostram, claramente, que o seu deus não é o Deus Criador dos Céus e da Terra, mas um outro deus terreno, mortal – o papado. Tudo isto é mais do que um dia em oposição a um outro; é, isso sim, uma demonstração aos nossos semelhantes, através da nossa forma de proceder, de lhes mostrar a qual Deus servimos. Por exemplo, quando prestamos homenagem a uma bandeira, automaticamente, estamos a fazê-lo ao país que esta representa. O que aconteceria se dobrássemos esta bandeira em forma de tapete, a colocássemos à entrada da porta, no chão, e nela limpássemos os sapatos antes de entrarmos em casa? Com este gesto, o país nela representado estava, no mínimo, a ser insultado. De igual modo, a bandeira de Deus é, efectivamente, o Sábado e, quando o pisamos estamos a desprezar, a insultar o Seu governo, a Sua autoridade.
Mas, vejamos o problema de uma outra forma, a qual muitas vezes nos escapa e, no entanto ela é tão simples e altamente clarificadora. Tomemos, desta vez, uma outra bandeira de outro país. Agora, sobre esta que não é a do nosso país, juramos fidelidade. Se alguém estiver por perto, chamar-nos-á à atenção para que nos recordemos que, a bandeira a que estamos a prestar juramento não é uma bandeira portuguesa, mas a de um outro país! Será que diríamos a quem nos interpelou: - Muito obrigado pelo aviso, mas isto não tem qualquer importância, pois esta é unicamente uma bandeira e, como tal, todas são iguais! Na verdade, o que importa é que amemos, sinceramente, o nosso país; pois não é relevante ser de uma bandeira de um outro país! Se assim respondêssemos, se esta fosse a nossa postura, o que pensaria o nosso interlocutor? Certamente que, no mínimo, pensaria que estávamos dementes! Pois se dizemos amar, honrar um determinado país, deveremos, da mesma maneira, honrar a bandeira que o representa, não outra! Ora, se isto é verdade para um país, como será para Deus? Teremos uma postura diferente? Cremos não ser coerente, em sã consciência.
Voltando a Daniel 11.32 – “(…) com lisonjas” – cf. Provérbios 7.1-5. Para fazermos justiça a esta palavra, esta deveria ser traduzida por: bajulador, manhoso, conversa fiada.289 Pois é através destes atributos que este poder conseguirá, facilmente, os seus objectivos, fazendo crer que o Domingo é o dia de repouso ordenado por Deus. “(…) mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas”. O povo deverá, em 1º lugar, conhecer Deus e, quando isto acontece, então este esforçar-se-á por guardar a lei do Senhor. Porque guardar a lei de Deus e não O conhecer, não é mais do que legalismo. A obediência é um reflexo do amor de Deus, ou seja, para amá-l’O tenho que O conhecer. Será que podemos amar quem não conhecemos? Recorde-se o caso de Saulo de Tarso quando perseguia os cristãos, na experiência que teve quando se dirigia para Damasco. A certa altura da viagem, o Senhor Jesus aparece-lhe uma conversa se estabelece. Jesus dirige-lhe a palavra, perguntando por que é que O perseguia? – cf. Actos 9.4. Repare-se que a 1ª pergunta que Saulo faz é: - “Quem és, Senhor?” – v.5. E só depois de ele ser informado, só então pôde dizer: - “Senhor, que queres que eu faça?” – v.6. Só agora, não antes, é que Saulo de Tarso começou a amar Jesus Cristo. E, porquê só agora? Pela simples razão de que O não conhecia! Ele mesmo o confessa quando escreveu ao seu filho espiritual Timóteo, nestes termos: - “A mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz, ignorantemente, na incredulidade” – I Timóteo 1.13.
- V.33- “E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias”.
De que povo fala este versículo? Diz respeito, sem dúvida, ao povo de Deus, visto que no versículo anterior fala deste mesmo povo – “aquele que conhece o seu Deus”. E quanto aos - “entendidos entre o povo” – quem serão? A Bíblia refere que: - “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria; e apartar-se do mal é a inteligência” – Job 28.28; Provérbios 1.7; 9.10. A palavra que encontramos aqui no texto do profeta Daniel – “entendidos/sábios” – é utilizada, exclusivamente, para o tipo de sabedoria que vem de Deus, ligada à compreensão das coisas divinas, religiosas e espirituais. Não se refere ao conhecimento humano. Vejamos alguns textos a este propósito: 1- O Salmo 119. Este Salmo, o maior da Palavra de Deus, tem a grande particularidade de cantar, louvar a lei de Deus. Vejamos: - (v.99)- “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. (100)- “Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos” – Salmo 119. Aqui encontramos a mesma palavra - “entendimento”. E qual a razão deste maior entendimento/sabedoria? O próprio texto refere a única causa, ou seja, a meditação na lei de Deus. E ainda é mais entendido/sábio do que os de mais idade, aqueles que, segundo se acreditava, pela sua idade, eram um depósito de sabedoria acumulada. De novo, o salmista apresenta a mesma razão: - “porque guardo os teus preceitos”; 2- Neemias 8.13. Este texto refere que: - “E no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças dos pais de todo o povo, os sacerdotes, e os levitas, a Esdras, o escriba, e isto para atentarem nas palavras da lei”. Aqui encontramos a mesma palavra que aqui é traduzida por “atentarem”, ou seja, prestar atenção, para compreender. E, uma vez mais esta acção tem como objecto principal e único – “as palavras da lei”; 3- Jeremias 3.15 – refere que: - “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e inteligência”. Esta é a função daqueles que, por Deus, são considerados pastores segundo o seu coração, que ensinarão o povo com esta mesma prerrogativa – inteligência divina.
Retomando o v. 33 – aqui é dito, na 1ª parte do verso, que os sábios partilharão entendimento e compreensão com muitos. E qual o resultado desta acção, ou seja, de ensinar o caminho de Deus, no que respeita à lei de Deus? Refere a última parte deste versículo que lhes acontecerão quatro coisas, ou seja, eles cairão: 1- pela espada; 2- pelo fogo; 3- pelo cativeiro; 4- pelo roubo. O que, na verdade, representam estas diferentes acções para aniquilarem o povo de Deus quando este ensinava o verdadeiro caminho de Deus? Aqui os podemos ver, historicamente falando:
1- Pela espada – Vejamos o que se passou na Idade Média contra o povo de Deus – a Inquisição, ou tribunal do Santo Ofício. Os embates deste poder que tudo fez para reduzir ao silêncio, através de todos os meios ao seu alcance, aqueles que, piamente, ministravam a Palavra de Deus. A Inquisição, possibilitada pelo braço civil do Estado, utilizou a “espada” para matar tantos e tantos do povo de Deus. Sob esta vertente podemos ver como a Igreja tratou a heresia Albigense, radicada no sul de França, região do Languedoc. Assim, sob os hospícios do Papa Inocêncio III, em 1209, inicia-se a cruzada contra os Albigenses. Em Junho, deste ano, deu-se a tomada e o saque da cidade de Béziers, no meio de um banho de sangue. Acerca desta investida militar, em nome da Igreja, é dito que “(…) só em Béziers, em 1209, calcula-se que os cruzados exterminaram umas 30.000 pessoas”. Ainda relacionado com este triste acontecimento, onde se roubava, massacrava e queimava, em toda aquela confusão, como diferenciar os que eram Albigenses ou não? A resposta veio do legado papal, nestes termos: “Matai-os a todos, Deus saberá reconhecer os seus”.
2- Pelo fogo - E quanto ao “fogo” e o garrote? Quantos pereceram na fogueira da Inquisição, em que o único crime cometido foi e abrir e ensinar a Palavra de Deus ao povo e levantarem as suas vozes contra Roma e a faustosidade do seu bispo – o Papa. Quantos destes mártires serão evocados? Os mais sonantes ou conhecidos: Wicliffe, Huss, Jerónimo e tantos outros. Ou ainda de uma não muito conhecida voz discordante - a de Savonarola (1452-1498) – contra o Papa Alexandre VI (1492-1503), que “a principal solicitude de Alexandre VI foi cuidar dos interesses políticos e económicos, dos seus numerosos filhos, que não tinha pejo em exibir como tais, enquanto ele próprio não se coibia de fazer ostentação de vida mundana e principesca. O paganismo reinante havia atingido as cúpulas mais altas e o Papa Alexandre VI (…). (…). No meio deste paganismo e descalabro moral ergueu-se o protesto importuno de Savonarola, um frade dominicano (…) que se pôs a pregar, como profeta iluminado contra o Papa e todos os que viviam à volta do seu fausto. (…) Alexandre VI excomunga-o, é preso, condenado a morrer enforcado, acusado de heresia e de falso profeta”. Num breve exame acerca da postura papal ao longo da sua existência, suscitou este breve comentário: - “Os Papas podem ter defeitos humanos, e alguns muito acentuados; mas não deveriam causar dano ao respeito que deve rodear a sua pessoa no seu carácter sagrado, e mesmo um Savonarola não encontraria que censurar-lhes”.
3- Pelo cativeiro - E quanto ao “cativeiro”? Quantos engrossaram as prisões devido à sua fé? Uma das personagens que ficou para a História dentro deste contexto é a figura da Marie Durand (1711-1776). Desde a revogação do Édito de Nantes, o protestantismo foi interdito em França. Todos os que continuavam a celebrar os seus cultos em assembleias secretas foram presos. Ela tinha 18 anos quando foi presa e foi encarcerada na Torre de Constança em Aigues-Mortes, no sul de França. Ali esteve durante 38 anos nas mais precárias condições de pobreza, frio e promiscuidade. Numa pedra no centro da sala comum, encontra-se uma inscrição a ela atribuída que comporta uma única palavra escrita em língua occitana – REGISTER (RESISTIR). Recusando, dia após dia abjurar, renegar a sua fé, exortava, dia após dia as suas companheiras a manterem-se firmes. É interessante que tudo quanto este poder religioso fizer contra o povo de Deus, a seu tempo, o mesmo deverá cair sobre si mesmo, tal como foi profetizado no livro do Apocalipse, ou seja, quando este poder foi ferido mortalmente – Apocalipse 13.3. O texto profético em causa reza assim: - “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto (…)” – Apocalipse 13.10. O mesmo contexto: cativeiro e espada.
4- Pelo roubo - A última palavra do verso 33 – “roubo” – refere-se a quem, concretamente? Vejamos II Crónicas 25.13: - “Porém os homens das tropas que Amazias despedira (…) saquearam grande despojo” – (sublinhado nosso). Ou ainda Ester 9.10: - “Os dez filhos de Hamã (…) foram mortos; porém ao despojo não estenderam a sua mão” –. Estes textos aplicam esta mesma palavra que pode ser também traduzida por – pilhar, saquear – e aplicada à noção de “despojo” de guerra, em que o vencedor ficava com tudo o que o vencido possuía. No condenado pela Inquisição acontecia exactamente a mesma coisa, pois não somente era perseguido como também todos os seus bens confiscados a favor da Igreja. É interessante a forma como é descrita a actuação da Inquisição neste domínio. Vejamos como ela é descrita: - “Enquanto o réu está preso, era a Inquisição que lhe administrava os bens e recebia os rendimentos, através do Juiz do Fisco. Se saía absolvido, os bens deviam ser-lhe restituídos depois de descontadas as despesas feitas com o sustento dele e com o seu processo. Se era relaxado, ou condenado a pena de confiscação, os bens imóveis eram vendidos em hasta pública; tratando-se de bens da Igreja hereditários, a Inquisição substituía-se ao herdeiro confiscado. (…). Na prática, o Rei nada chegava a receber do produto das confiscações (…). Sob o ponto de vista económico, a Inquisição não era uma empresa comercial, mas um processo de distribuir dinheiro e outros bens pelo seu pessoal numeroso – uma forma de pilhagem como na guerra, simplesmente mais burocratizada”.
- V.34- “E caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas”.
Esta 1ª parte do versículo fala-nos daqueles que tombaram directa e indirectamente sob a influência deste poder. A História humana mostra-nos que, entre as Cruzadas e a Inquisição foram mais de 50 milhões de mártires devido à perseguição da Igreja, em nome de Cristo. Qual o crime? Unicamente, repetimo-lo, por ousarem dizer não a esta confissão religiosa. O remanescente, segundo o versículo em lide, “serão ajudados com pequeno socorro”. Existem diferentes interpretações e, uma delas é que, tal como refere o versículo anterior, que os “sábios iam caindo”, eis que eclode a Reforma Protestante. E, em boa verdade, de certa maneira a perseguição movida pela Igreja conheceu uma ligeira trégua.
Há uma outra interpretação que está em consonância com o conteúdo do Apocalipse 12, onde refere que a Igreja fugiu para o deserto e ali foi alimentada por 1260 dias – v.6. E, quando esta estava a ser perseguida, a “terra” ajudou a mulher – v.16. Assim, aqueles que estavam a ser martirizados, na Europa, vieram para a América do Norte (Nova Inglaterra) para escaparem à perseguição movida pela Igreja – a “terra ajudou a mulher” – e esta foi a “ajuda com pequeno socorro”. Podemos perceber a sequência entre estes dois textos proféticos, até porque, se repararmos bem, já no final do v.33 refere que a perseguição aconteceria “por muitos dias” – exactamente o mesmo período descrito diversa vezes neste preciso contexto profético – Apocalipse 12.6,14; 13.5.
Ao longo de todo este conflito, aparentemente, Satanás levou a melhor, porque a mente humana assim raciocina: - na, verdade, se estes que foram martirizados estivessem com Deus e fosse, como diziam, o Seu verdadeiro povo, nunca Deus teria permitido tal coisa lhes acontecesse, ter-lhes-ia protegido! Mas, tal como dissemos, este raciocínio é humano e vale o que vale. Mas, um dia, Deus ajustará, finalmente, contas com o autor do Mal e os seus acólitos – no Juízo final.

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