Portanto, o fogo do altar celestial não vem como uma
destruição indiscriminada, mas sim como um juízo severo para rechaçar os
indignos e proteger os fiéis. Tais experiências terríveis por fogo já tinham
ocorrido antes, quando Deus fez chover fogo sobre a Sodoma e Gomorra, enquanto
que a família de Ló foi vindicada (Gén. 19:24-29), e de novo quando "saiu
fogo de diante do Jeová" e consumiu os 250 homens que ofereciam o incenso
deixando ilesos os outros israelitas (Núm. 16:35). Também Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego sofreram uma dura prova de fogo, durante a qual foram protegidos
dentro do forno de fogo ardendo, enquanto que o fogo matou os soldados os
arrojaram dentro (Dan. 3:19-23).
O incêndio da cidade de Jerusalém no ano 70 foi uma dura
prova de fogo (ver Mat. 22:7), na qual os que rechaçaram a Cristo
experimentaram calamidades terríveis enquanto os crentes cristãos escaparam ao
castigo (Luc. 21:20-23). Paulo também descreve o juízo final como uma tremenda
prova por meio de fogo com respeito à obra de cada um, "pois pelo fogo
será revelada; e a obra de cada um qual seja, o fogo a provará" (1 Cor.
3:13). Para os que rechaçam a Cristo, os apóstolos esperavam só um horrendo
juízo e um "fervor de fogo que tem que devorar os adversários" (Heb.
10:26-29), porque "nosso Deus é fogo consumidor" (Heb. 12:29; ver
também 2 Tes. 1:5-8).
Então podemos entender o ato de arrojar fogo do céu à terra
em Apocalipse 8:5 como representando as duras provas enviadas pelo céu que
discriminam entre o justo e o malvado. O propósito final destes juízos
sucessivos é desqualificar os que quebrantam o pacto e definir os herdeiros
legítimos do reino de Deus.
Esta descrição simbólica dos juízos das trombetas toma o
motivo do êxodo do Israel e sua viagem pelo deserto rumo à terra prometida. Em
particular, os 7 toques de trombeta em Apocalipse 8 e 9 recordam a conquista do
Jericó por parte dos israelitas. Então o assunto era: Quais são os herdeiros
legítimos da terra prometida? Ellen White explicou que "Deus estava para
estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que
fossem uma manifestação de Seu reino na Terra".1
De acordo com o mandato divino, "consumiram com fogo a
cidade e tudo o que nela havia" (Jos. 6:24). Mas Raabe e sua família foram
perdoados por causa de sua fé no Deus de Israel. Desta maneira, Israel herdou o
"reino" de Jericó, enquanto os condenados foram despojados da terra.
Da mesma maneira, quando os inimigos de Deus forem derrotados durante as
trombetas apocalípticas (Apoc. 8 e 9), a última trombeta anuncia:
"O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu
Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Apoc. 11:15).
Esta proclamação triunfante revela o motivo subjacente de
toda a série das trombetas: Quem é digno de herdar o reino do mundo? O grito
cósmico de vitória significa o cumprimento do reino do Messias de Deus, como é
prometido nos salmos messiânicos (por exemplo, os Sal. 2 e 110). Antes que se
realize esta meta da história, os "moradores da terra" devem ser
primeiro desqualificados pelas repetidas quedas de seus reinos por meio dos
terríveis juízos divinos. As trombetas apresentam estes juízos como terríveis
provas históricas.
Referencia:
1.Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 492.
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