quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Homem do Pecado, o Filho da Perdição: “se levanta contra tudo o que se chama Deus”

(II Tessalonicenses 2)
5- “O qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” – II Tess. 2: 4.
Façamos, desde já uma comparação com os poderes em causa. Em Dan. 7 é dito que o chifre pequeno “falava grandiosamente” – v.8,11,20. A besta assinalada no Apoc. 13, por seu lado, também fala “grandes coisas e blasfémias” – v. 5. Quando procuramos o perdão para os nossos pecados devemos orar a Deus através de Cristo. Quem, na verdade se encontra, verdadeiramente, no templo, no santuário celeste, naquele que serviu de modelo ao terrestre (Êxodo 25.40; Heb.8.2)? Ali encontra-se Cristo a interceder pelo pecador – Heb. 4.14-16; 7.24-28. A noção de blasfémia, como vimos anteriormente, é quando a criatura quer ocupar o lugar de Deus, chamando assim, entre outras prerrogativas – o perdoar pecados – Marcos 2.1-7. Vejamos, neste texto base, algumas das suas particularidades:
a)- “O qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora” – 4a. Qual será a sensação

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O CHIFRE PEQUENO: CARACTERÍSTICAS DESTE PODER POLÍTICO-RELIGIOSO

Até aqui mostrámos um panorama global das diversas metamorfoses deste mesmo poder. Pudemos ver o que a História Medieval nos dá a conhecer acerca da forma como uma confissão religiosa pode actuar quando ligada ao poder civil; ela operará, apesar de tudo, sob a capa da dilatação da fé, em nome de Deus, mas paradoxalmente, sob a forma de campanhas militares – Cruzadas – ou violência religiosa – Inquisição. De certa maneira tentámos dar conteúdo à Palavra profética para que, desta forma possamos recolher uma série de indícios, evidências para uma melhor e inequívoca identificação deste poder contrário à Palavra de Deus, a uma postura cristã, em suma, ao verdadeiro cristianismo. Posto isto, iremos relembrar algumas destas características desta personagem que ajudará o leitor a ter uma

terça-feira, 5 de abril de 2011

A falsa interpretação profética das 2300 tardes/manhãs

Neste estudo iremos tentar perceber, se estas personagens históricas – o rei Seleucida Antíoco IV Epifânio e o Sumo-Sacerdote Onias III – estão ou não relacionadas com os elementos descritos na profecia do profeta Daniel.
a) O chifre pequeno - a sua origem
Qual é, na verdade, a sua origem? O chifre pequeno sai de um dos quatro chifres sucessores da grande ponta (chifre) ou avança ele a partir de um dos pontos cardeais, isto é, um dos quatro ventos dos céus? A tradução clássica bíblica refere que, quando a ponta grande foi quebrada “subiram no seu lugar quatro (chifres) também notáveis, para os quatro ventos do céu. E de uma delas (chifres) saiu uma ponta (chifre)” – Dan. 8.8,9ª.
A maior parte das traduções bíblicas, neste preciso trecho, tal como podemos ler, dá a entender que o chifre pequeno sai de um dos quatro chifres que sucederam à ponta grande que foi quebrada. No entanto, num exame mais atento à sua construção gramatical, este mostra algo de diferente, ou seja, indica que o chifre pequeno, ou o poder por ela representado, sai, não “das quatro pontas/chifres” que sucedem à “ponta grande”, mas sim de um dos

domingo, 27 de março de 2011

O CALENDÁRIO PROFÉTICO - A PROFECIA DAS 70 SEMANAS

(Daniel 9.24-27)
Os cristãos que procuram compreender as profecias que se encontram na Palavra de Deus, neste caso concreto, as que se encontram nos capítulos 8 e 9 do profeta Daniel, pois fazem parte do mesmo bloco, facilmente poderão esquecer o ensino fulcral, a razão de ser das Escrituras, ou seja, a primeira e a segunda vinda de Cristo, caso não sigam o grande conselho do próprio Senhor Jesus: - “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam” – João 5.39. Estas palavras aplicavam-se aos Seus contemporâneos, aqueles que construíram uma religião de pendor humano e com aparente base nas Escrituras. Hoje, a exemplo do passado, estas palavras são para nós. Na Palavra de Deus ecoa a mais sublime das verdades, articulada em 3 tempos: - Jesus virá – (este é o ensino de todo o Antigo Testamento) - Jesus veio – (é o testemunho de todo o Novo Testamento) - Jesus voltará – (é a gloriosa esperança encontrada em toda a

quarta-feira, 23 de março de 2011

OS DOIS SANTOS QUE FALAM

Retomemos a interpretação do restante texto do profeta Daniel. Aqui o profeta ouve o diálogo entre dois seres celestes aos quais chama “santos”.
a) A pergunta - v. 13 - “Depois ouvi um santo que falava e disse outro santo àquele que falava: - até quando durará a visão do contínuo e da transgressão assoladora para que seja entregue o santuário e o exército, afim de serem pisados?”
a)- A questão do tempo: - A pergunta foi feita nestes termos: - “(…)até quando” mostra claramente que o contexto que a motiva é de opressão e, em resposta à mesma, faz-se eco de um juízo, julgamento, para a reposição da normalidade.
A questão em causa está ligada a um determinado tempo. Assim sendo, é inevitável que nos perguntemos acerca do início da mesma. Convém, no entanto, recordar a este propósito as palavras do anjo que informava o profeta: - “a visão se realizará no fim do tempo” – v. 17,19, ou ainda: - “a visão da tarde e da manhã é verdadeira (…) só daqui a muitos dias se cumprirá” – v. 26. Estas palavras são significativas visto que a noção “fim dos tempos” está presente ao longo deste capítulo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

IDENTIDADE DO CHIFRE PEQUENO

Tal como já o dissemos, muitos comentadores do passado identificaram, assim como os recentes continuam a identificar o “chifre pequeno” como sendo o rei da dinastia seleucida Antíoco IV Epifânio (175-164 a. C.), o perseguidor dos Judeus em Jerusalém e o profanador do Templo – cf. I Macabeus 1.41-64; 4.52-54.412 Com a identificação desta personagem com a continuação da Roma pagã, ou seja, a Roma papal, desaparecem os conflitos escriturísticos; mas se se continuar a identificar Antíoco IV Epifânio com o “chifre pequeno” alguns problemas se colocam, como por exemplo:
1- Em Daniel 7.8 o relato bíblico afirma que o “chifre pequeno” arrancará 3 chifres. No entanto, os esforços dos eruditos para encontrar três reis “arrancados” por Antíoco IV Epifânio têm-se demonstrado infrutíferos.
2- Segundo o texto bíblico, o “chifre pequeno” é o 11º rei, visto ele aparece após os dez primeiros chifres

sexta-feira, 18 de março de 2011

O PAPADO E O ISLAMISMO NA PROFECIA BÍBLICA

Por Samuele Bacchiocchi
Vários leitores têm protestado fortemente contra a minha sugestão de que Obama poderia favorecer a expansão do Islão nos EUA. Seu raciocínio é que Obama é um cristão, não um muçulmano. Alguns chegam a afirmar que Obama nunca teve qualquer ligação com muçulmanos na sua vida e, consequentemente, ele não tem nenhuma razão ou desejo de facilitar a expansão do Islão na América. Essa alegação é negada por várias evidências a serem apresentadas em breve. Mas a questão na minha mente não é se Obama teve ligações muçulmanas no passado ou que tenha tendências muçulmanas hoje. Afinal a América é uma sociedade multi-cultural que pode legitimamente eleger um presidente muçulmano, judeu ou católico.
Será que Obama vai promover a expansão do Islão nos EUA?
De uma perspectiva profética, a nossa preocupação não é investigar a prática religiosa de Obama, por si só. Afinal Obama tem o direito de professar qualquer religião que escolher. Pelo contrário, a nossa preocupação é ver se durante os próximos quatro anos da administração Obama, a presença e poder muçulmano crescerá significativamente nos Estados Unidos, assim como a influência católica cresceu enormemente durante os últimos oito anos da administração Bush.
O crescimento da influência católica Durante o governo Bush.
No boletim 208 discuti longamente a expansão da influência da Igreja Católica durante a administração Bush. Escrevendo para o The Washington Post David Burke oferece este bom resumo: “Este presidente protestante [Bush] se cercou de intelectuais católicos, escritores de discurso, professores, padres, bispos e

quinta-feira, 17 de março de 2011

A VIRGEM MARIA (A mulher de Génesis 3.15 e Apocalipse 12.1?)

(A mulher de Génesis 3.15 e Apocalipse 12.1?) Acerca da génese dos temas Marianos ficamos a conhecer as mais estranhas interpretações inerentes a alguns textos das Escrituras, a saber: 1- Gén. 3.15 – aqui, segundo esta corrente de interpretação, a mulher aqui representada é Maria / Eva, ou a mulher, em geral; 2- Apoc. 12.1 – aqui está representada Maria, o Israel antigo e a Igreja em geral. Referem, a este propósito que “primeiro: a prole ou o filho da mulher não é nem pode ser outro senão o anunciado Reparador ou Redentor, isto é, Jesus Cristo; segundo: que a mulher apresenta-se como a mãe do Redentor, e Mãe do redentor, Jesus Cristo, não há outra propriamente a não ser a Virgem Maria. (…). Partimos do pressuposto, inegável de que a mulher do Proto-evangelho (Gén. 3.15) é a mesma mulher do Apocalipse 12.1”.460 Iremos analisar os dogmas marianos que estas interpretações deram origem.

domingo, 13 de março de 2011

A Besta do Apocalipse (a mãe de todas as seitas)

“A espantosa realidade
das coisas é a minha
descoberta de todos os dias”
Alberto Caeiro


INTRODUÇÂO
I. A Bíblia e a Igreja de Roma
1. Bíblia: livro parcialmente inspirado por Deus
2. Bíblia: contém mas não é a Palavra de Deus
3. Prioridade: a Igreja ou as Escrituras?
4. Jesus e as Escrituras
5. Moisés e o Pentateuco
6. A Bíblia: o Indicador

II. A Voz de Roma
1. Cristãos Separados
2. O Livro de Daniel
3. Os Erros Históricos
4. Baltazar (Belshatsar): o Desconhecido da História
5. Antíoco IV Epifânio
6. Onias III, o Ungido
7. Malefícios Históricos do Vaticano
8. O Dragão e a Serpente
9. A Estatuária: as Imagens
10. A Ressurreição
11. A Bíblia e o Sábado
12. Os Visionários a Longa Distância
2ª Parte: As Escrituras – a única Verdade

I. Cânone, ser ou não ser?
1. A Bíblia
2. O Cânone
3. Os Apócrifos
4. A Bíblia Judaica do Tempo de Jesus
5. Canonicidade dos Apócrifos do Antigo Testamento

3ª Parte: A procura da Verdade

I. Seitas: o que é ser?
1. Antigo Testamento – A Palavra
2. Novo Testamento – A Palavra
3. Os Dissidentes
4. Sonho Milenarista

4ª Parte: A Igreja humilde e opressora

I. A Igreja de Roma
1. O Arranque
2. Os Rudimentos da Igreja papal
3. Roma versus Constantinopla
4. A Visão do Profeta
5. A História
6. A Doação de Constantino
7. As Raízes do Poder

5ª Parte: O Concílio, o Dogma e a Doutrina

I. As Escrituras versus Tradição e Magistério
1. A Transmissão da Revelação
2. As Escrituras
3. A Tradição
4. O Magistério da Igreja

II. Infalibilidade Papal
1. O Dogma
2. Maria e os Decretos Papais
3. Maria e as Escrituras
4. Decretos Papais versus Escrituras
5. A Actualidade: Fátima
6. O 2º Mandamento
7. A Voz de Roma

III. Baptismo Infantil
1. A Palavra e o Gesto

IV. O Santo Ofício: Cristianismo ou barbaridade?
1. Os Papas de Avinhão
2. O Grande Cisma e Portugal
3. Os Hereges

V. Igreja ou Crentes
1. Contradição ou Aparência?
2. As Duas Mulheres
3. O Conflito

VI. Imortalidade da alma
1. Preliminares
2. Movimentos Espíritas
3. O Caso de Saúl
4. Detalhes


VII. O Purgatório
1. As Origens
2. Os Apócrifos
3. A Doutrina

VIII. Simão Barjonas
1. Magistério: Direito ou Usurpação?
2. Simão: Pedra ou Rocha?
3. Simão em Roma
4. Roma ou Babilónia?
5. Ironias

INTRODUÇÃO
Recentemente foi publicado um livro que chamou a nossa atenção, visto que aborda a problemática das Seitas. Este livro com o sugestivo título – As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia – contém, de igual modo, um subtítulo não menos interessante! Muito embora este, pensamos nós, não tenha muita razão de ser no seu todo!
É um livro escrito por alguém que respeitamos e, exactamente por isso, quisemos saber, integralmente, o que é que o autor realmente pensava acerca dos diferentes credos por ele mencionados e titulados de seitas! Lemos o livro supra citado e, como corolário, resolvemos repor, permitam-nos expressar assim, a verdade dos factos.
É na qualidade de historiadores que nos propomos escrever este livro. O historiador tem uma solene missão; como facilmente se compreenderá, esta consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm e nada acrescentar. O historiador deve manter-se sempre o mais perto possível dos textos para os interpretar com correcção e total isenção; assim, só escreverá e pensará à luz do quanto estes contiverem. Fiéis a este postulado queremos permanecer, mais perto do texto, do documento, das provas. Não podemos inventar!
Reconhecemos que, muitos, por vezes, para que tudo aconteça como desejam que tivesse acontecido, dão uma certa “mãozinha” ao acontecimento histórico! Só que este procedimento não é correcto e, muito menos, académico! Quanto a nós, queremos permanecer ao lado da pura verdade e não de meras suposições! As causas, em história como em qualquer outro domínio do saber, não se postulam, investigam-se! Tentaremos realçar, aqui e ali, alguns comentários e tomadas de posição do autor que contrariam frontalmente a realidade histórica, bíblica e teológica! Até por que, a confissão religiosa que o autor representa, à luz de certas realidades históricas, deveria ter o bom senso de saber guardar o silêncio, visto que, infelizmente, pouco desta história lhe é favorável, como teremos oportunidade de ver a seguir.
Propomo-nos estruturar este livro em várias vertentes, a saber: em primeiro lugar, alertar para os pequenos desvios do autor na interpretação histórico-teológica de certos factos; em segundo lugar, tentar em traços muito suaves, definir o que é que se entende por - Cânone. Só este, por definição, tem autoridade para mostrar que credo é ou não genuíno; em terceiro lugar, definir o que se entende por – Seita. Perante tais conceitos, só então, por comparação ao Cânone, é que poderemos considerar se o credo A ou B corresponde ou não aos parâmetros ali consagrados; em caso negativo, será considerado uma Seita; em quarto lugar, tentar sintetizar a História da Igreja e as suas raízes; para compreendermos se esta confissão religiosa, a continuidade do Movimento saído de Jerusalém - o Caminho - (Actos 19:9); ou se, pelo contrário, é representante de outra “continuidade”, isto é, dos sucessivos desvios à sã doutrina deixada por este!
Em quinto lugar, tentar analisar as diferentes doutrinas engendradas por esta confissão religiosa para que a possamos compreender e, em certa medida, catalogar, visto que, quanto a nós, esta é uma entre as demais.
Só uma verdade absoluta é que poderá catalogar uma terceira entidade. Será que a confissão religiosa, que o autor representa, tem o direito de catalogar tudo e todos? Pensamos que não! Enfim, são estas as razões que nos impulsionaram a comentar os considerandos do autor.
Por uma questão de justiça documental, destacaremos, entre as confissões religiosas citadas no seu livro, aquela que, quanto a nós, parece advogar postulados doutrinários mais próximos das Escrituras – os Adventistas do 7º Dia – que tão acremente ataca; aliás, como veremos mais adiante, sem qualquer fundamento digno de crédito histórico e, por que não dizê-lo, teológico!
O que iremos abordar não é, de modo algum, a pessoa que dá corpo à confissão religiosa que representa, mas, unicamente tentar compreender as diferenças entre esta e as Escrituras – a Norma. As citações utilizadas neste livro são da Sagrada Escritura – edição de 1978 dos Missionários Capuchinhos.
Em tudo o que dissermos ao longo das páginas que se seguirão, esperamos permanecer fiéis a uma máxima que queremos fazer nossa, a saber: “(…) Não basta a substância, é preciso também a circunstância. Uma má maneira estraga tudo, desfigura até a justiça e a razão. Pelo contrário, belas palavras resolvem tudo, douram a recusa, adoçam o que há de amargo na verdade (…)”.
Queremos também agradecer a todos quantos deram as suas sugestões para o enriquecimento do texto aqui apresentado, assim como também aos que, pacientemente, tiveram a bondade de corrigir e dar forma ao manuscrito.
Convidamo-lo a abrir as avenidas da mente para que se deixe influenciar pelas Sagradas Escrituras e também para melhor se conhecer e compreender. Se conseguirmos tudo isto, então o resto será fácil. Se um alguém seguir uma outra confissão religiosa, diferente da sua, elucide-o, respeitando-o. Só assim o conseguirá impressionar, não tanto pela diferença da sua confissão religiosa, mas pela força irresistível da diferença da sua conduta em Cristo Jesus.


Ilídio Carvalho

quinta-feira, 10 de março de 2011

A BÍBLIA E A IGREJA DE ROMA

Gostaríamos de introduzir esta questão com uma afirmação deveras surpreendente do autor, quando se refere, a propósito do binómio Igreja / Bíblia. Este pergunta e responde: “Quem nasceu primeiro: a Igreja ou a Bíblia? Sem dúvida que foi a Igreja, uma vez que as comunidades judaicas e cristãs viveram a sua fé durante séculos (judaísmo) e anos (cristianismo) sem Bíblia” .
Esta é uma, entre muitas, das citações que, se não as lêssemos, creia o prezado leitor, que as não levaríamos a sério! Mais que não fosse devido à craveira e ao respeito que o autor nos merece! Este raciocínio leva-nos a perguntar: será possível uma confissão religiosa ou Igreja, seja ela qual for, preceder a Bíblia? Como é que esta se regeu até ali? Sob que parâmetros? A Igreja sempre foi e será a resultante de uma vontade que lhe é anterior, seja esta expressa oralmente ou por escrito! Vejamos alguns aspectos que nos ajudarão a compreender que a afirmação tão categórica do autor, supra citado, não é assim tão evidente e linear como parece à primeira vista.

1. Bíblia: livro parcialmente inspirado por Deus

Para enfatizarmos esta questão realçaremos ainda algumas frases do livro em questão, quando o autor nele tenta situar e definir a posição e papel da Bíblia. A certa altura, ao referir-se, ao de leve, sobre o princípio de todas as coisas, diz que este não passa de “mitos de origem e da criação” . Depois, acrescenta: “(…) Ela [a Bíblia] não é um absoluto em si, pois só Deus é absoluto. A Bíblia é um caminho, porventura o melhor caminho para se chegar a Deus (…)” . Ou ainda: “A Bíblia não caiu do céu à terra, não foi ditada por Deus ou por algum Arcanjo de modo directo, nem os hagiógrafos são meros amanuenses, instrumentos ou secretários nas mãos de Deus ou do Espírito Santo. Os hagiógrafos são autênticos autores. A Bíblia, assim sendo, tem a ver com a Palavra de Deus em linguagem humana (…)” (Joaquim Carreira das Neves, OFM, As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia, Lisboa, Ed. Verbo, 1998, p. 14.)
Que o céu se pasme com tal afirmação! Repetimos o que acima dissemos, isto é, se não tivéssemos lido e, esperemos, lido bem no seu exacto contexto, não acreditaríamos! Realmente, quando partimos deste pressuposto, o que restará neste Livro – o Livro dos livros? Cremos que, se assim fosse, tudo não passava de um mal-entendido, de uma anarquia, pois cada um dirá o que bem entender e… tudo estará bem! Nada haverá, pois, que o possa julgar e, eventualmente, corrigir!
A ser assim, que é feito da Inspiração? Sabe-se lá onde anda! Esta, portanto, não tem influência senão no pensamento do autor, não nas palavras utilizadas. Deus sugere as ideias e as grandes linhas da Sua revelação e deixa o autor expressar-se livremente. As ideias, prezado leitor, não podem ser expressas, senão por palavras. Se as expressões não são inspiradas, tudo fica sem sentido. A Bíblia insiste sobre a importância das palavras! Vejamos como o apóstolo S. Paulo se explicou acerca das coisas reveladas pelo Espírito de
Deus: “Não falamos dessas coisas com palavras doutas, de humana sabedoria, mas com aquelas que o Espírito ensina e que exprimem as coisas em termos espirituais.” – I Coríntios 2:13.
Que Deus tenha falado aos profetas, parece que é admitido; mas, um não importa que técnico de crítica textual reserva para si toda a liberdade de rejeitar e, até, de corrigir a mensagem escrita pelo profeta, assim como eliminar certos pontos difíceis ou obscuros do texto! Em suma, se as expressões utilizadas pelo profeta são inexactas ou incertas, toda a certeza de conhecer o pensamento de Deus, desaparece! Se alguns têm dificuldade em conceber como Deus guiou os autores na escolha das palavras que compõem a Escritura, será para estes fácil explicar como Ele inspirou os pensamentos, em situações, tais como, por exemplo:

1- O relato da Criação;
2- As palavras proferidas pelo Filho de Deus na cruz, reveladas, cerca de mil anos antes por David.

A conclusão do autor não seria diferente daquela que citámos anteriormente, isto é, que o relato da Criação não passa de um “mito”, visto que não se entende! Os que viveram o Pentecostes começaram a falar em línguas diferentes da sua as maravilhas de Deus! Mas como, com que sabedoria, sob que poder? As Escrituras no-lo revelam claramente. A serem fidedignas as palavras do autor, por este andar se duvidará de tudo e de todos; a Bíblia diz-nos que eles falavam: “(…) conforme o Espírito Santo lhes inspirava que se exprimissem.” – Actos 2:4. Repetimos, neste mar de tantas incertezas, quem poderá ter certeza seja do que for? Tudo poderá ter acontecido… ou talvez não!
O Senhor associou a individualidade do autor bíblico, a sua consciência, a sua memória e os seus sentimentos ao que Ele lhe fazia dizer. Reforçando este ponto de vista vejamos: “(…) porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que os homens santos falaram em nome de Deus.” – II Pedro 1:21.

2. A Bíblia: contém mas não é a Palavra de Deus

Eis o slogan da moda! Para um grande número de teólogos, a Escritura contém muitos mitos e lendas, erros e contradições – tal como o autor o refere . Segundo estes eruditos, nenhuma pessoa cultivada e honesta, pode afirmar a total inspiração da Bíblia. A ciência moderna, dizem, anula esta ingénua pretensão! Tudo é a refazer, rever, repensar, tal como o escreve o autor, quando: “A Escritura é um texto a interpretar” (Joaquim Carreira das Neves, OFM, As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia, Lisboa, Ed. Verbo, 1998, p. 19.)