Você já leu alguma vez o Apocalipse de ponta a ponta?
Porventura já o fez muitas vezes?
Num e noutro caso, é bem provável que você tenha sida
profundamente impressionado com os vívidos quadros e com as incandescentes
promessas do livro: mas também é provável que finalmente tenha ficado perplexo
ao pensar em como juntar todas as peças do quebra-cabeças.
À primeira vista e, para muitos leitores, mesmo à quinquagésima
leitura, o Apocalipse parece ser o mais desorganizado dentro todos os livros da
Bíblia. Se esta é a impressão que você tem talvez cause muita surpresa a
afirmação de que, na verdade, ele é maravilhosamente organizado. De facto é
possível que o Apocalipse, dentre todos os livros que têm o seu tamanho, seja,
em toda a Bíblia, o mais bem organizado!
Familiarizarmo-nos com a organização básica do Apocalipse é
algo que não nos tomará mais que algumas páginas, e o esforço empreendido em
lê-las será plenamente compensador. Em menos de quinze minutos, poderemos
perceber facilmente a inteligência da estrutura simétrica que estabelece ordem
na aparente confusão. Nesse processo de análise, obteremos provavelmente a mais
útil de todas as possíveis chaves, capazes de desvendar o significado do livro.
Como prémio adicional, começaremos também a encontrar a resposta à questão
frequentemente repetida: "Quanto do livro de Apocalipse ainda está por se cumprir?".
Tendo em mente tantas recompensas possíveis, dediquemos
alguns momentos da nossa atenção à forma como está organizado o Apocalipse.
Profetas-poetas.
Com bastante frequência, os profetas do Antigo Testamento foram também poetas.
É claro que escreveram na sua própria forma de fazer poesia, não naquela que
hoje conhecemos e usamos. Eles fizeram uso de paralelismos e contrastes,
acrósticos, quiasmas e trocadilhos sérios. Por vezes chegaram ao ponto desejado
através do uso de um número preciso de palavras. Em Daniel 9:24, por exemplo, é
possível observar como três frases de duas palavras são conectadas de modo
significativo a três frases de três palavras. Constatamos que uma certa
familiaridade com a estrutura literária pode auxiliar-nos definitivamente na
compreensão de uma passagem difícil.
Não deveria surpreender-nos o facto de que os profetas fossem
poetas. A composição da poesia exige mais esforço que a prosa e, corretamente
elaborada, torna-a mais atrativa que esta. Os profetas, impressionados com a
importância das mensagens a eles confiadas, trabalham arduamente para as
expressar bem. Além disso, Deus - que os inspirou com as mensagens também os
ajudou a comunicá-las. Não se esqueça, por outro lado, que por ocasião do
Pentecoste Deus concedeu a João o dom de línguas. Veja Atos 1:12-14; 2:1-4. Não
admira, pois que, ele conseguisse expressar-se bem!
O Apocalipse não é poesia no sentido em que o são, por
exemplo, os "Meus Oito Anos", de Casimiro de Abreu, ou "Navio
Negreiro" de Castro Alves. Mas sim, no sentido em que constituem poesia e
discurso de Lincoln em Gettysburg, a locução "Eu Tenho um Sonho", de
Martin Luther King ou a "Oração aos Moços", de Rui Barbosa. É
maestria literária. É a eloquência emoldurada por um formato. É a inspiração
expressa com ordem e elegância.
Números como tema.
Qualquer pessoa que leia o Apocalipse, mesmo pela primeira vez, perceberá a frequência
do números "sete". Existem sete igrejas, sete anjos, sete selos, sete
trombetas, sete pragas e muitos outros "sete", incluindo alguns que
não estão enumerados, mas ocultos. Você e sua família podem ocupar-se na
elaboração de uma lista própria. Sugiro que comecem compilando os exemplos mais
óbvios e depois avancem para os que se encontram disfarçados.
Os números três, quatro e doze também desempenham um papel artístico no Apocalipse. Os selos
e trombetas encontram-se divididos em grupos de três e quatro. Veja os
capítulos 6 a 11. Três multiplicado por quatro resulta nas doze portas da Nova
Jerusalém. Veja o capítulo 21. Doze tribos vezes 12.000 compõem os 144.000 no
capítulo 7.
À medida que avançarmos, examinaremos a disposição artística
interna de passagens e hinos individuais, bem como a adequação dos símbolos
dramáticos utilizadas aqui. Entretanto, é possível que a mais persuasiva
evidência da qualidade literária do Apocalipse seja a sua organização geral na
forma de um quiasma.
Vou deixar algumas imagens ilustrativas da beleza do Apocalipse:
Vou deixar algumas imagens ilustrativas da beleza do Apocalipse:
Clicando sobre a imagem amplia.
José Carlos Costa, pastor
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