A aplicação que Jesus fez dos termos simbólicos tirados do livro do Daniel – tais como "reino", "Filho de Homem" e "abominação desoladora" – indicam que manifestou um profundo interesse nas profecias apocalípticas de Daniel. Aplicou as expressões daniélicas a sua própria missão messiânica. Por esse meio Cristo ensinou que a descrição das visões de Daniel eram de importância fundamental para sua igreja. Sua própria perspectiva segue o esboço da história da salvação de Daniel. É conhecido como Discurso do Monte das Oliveiras ou discurso escatológico de Jesus, porque o pronunciou enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, ao oriente de Jerusalém (Mat. 24; Mar. 13; Luc. 21).
O quadro
que Cristo pintou dos acontecimentos futuros para Jerusalém e para seus
seguidores em todo mundo é similar ao que foi esboçado primeiramente pelo
profeta Daniel. O discurso do monte das Oliveiras foi chamado por alguns como
"os comentários ou Midrash* de Jesus sobre o livro do Daniel". É amplamente
reconhecido que as profecias de longo alcance de Daniel – com sua predição da
apostasia, a perseguição, o juízo e a vindicação final dos fiéis – deram forma
ao discurso escatológico de Cristo. Esta conexão pode ver-se sem dificuldades da
seguinte lista comparativa:
Daniel Jesus
"Quando se
cumprirão estas maravilhas?" (Dan. 12:6) O anjo respondeu que quando acabe a
dispersão do poder do povo santo, "estas coisas todas se cumprirão" [na LXX:
suntelesthénai pánta táuta] (Dan. 12:7). "Dize-nos quando sucederão estas
coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se?" [méle
táuta sunteleísthai pánta] (Mar. 13:4).
"O que há
de ser nos últimos dias" [na LXX: ti dei genésthai metá táuta: O que deve
suceder no futuro] (Dan. 2:28). "É necessário assim acontecer" [dei genésthai]
(Mar. 13:7).
"Mas o
povo dos que conhecem o seu Deus se tornará forte e ativo … Alguns dos sábios cairão ... até ao tempo
do fim, porque se dará ainda no tempo determinado. ... mas, naquele tempo, será
salvo o teu povo" (Dan. 11:32, 35; 12:1). "Sereis odiados de todos por causa do
meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo" (Mar.
13:13; Mat. 24:13).
"Até
quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão
na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?" (Dan.
8:13). "Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar"
(Mar. 13:14, BJ).
"Sobre a
asa das abominações virá o assolador" (Dan. 9:27). "Quando , portanto, virdes a
abominação da desolação … instalada no lugar santo" (Mat. 24:15, BJ).
"tirarão o
sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora" (Dan. 11:31; cf.
12:11).
"E haverá
tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo"
(Dan. 12:1). "Porque aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve
desde o princípio do mundo" (Mar. 13:19; Mat. 24:21).
"E eis que
vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem …Foi-lhe dado domínio, e
glória, e o reino" (Dan. 7:13,14). "Então, verão o Filho do Homem vir nas
nuvens, com grande poder e glória" (Mar. 13:26; cf. Mat. 24:30).
Dos
paralelos citados, chega a ser evidente que Jesus seguiu a seqüência dos eventos
futuros de Daniel em seu próprio discurso. Cristo aplicou o esboço de Daniel ao
futuro imediato de Israel e de seus discípulos. Portanto, cada uma das
declarações de Cristo deve entender-se contra o transfundo da profecia de Daniel
da história da salvação. Daniel apresentou o drama de um conflito religioso que
se concentra em um que invade a terra santa, profana o templo de Israel
estabelecendo sua própria "abominação" ou objeto de adoração falsa, em lugar da
verdade de Deus, e persegue os santos, cuja "angústia" durará por "três tempos e
meio". A reação de Deus chega na forma de "um semelhante a um filho de homem", a
quem é ordenado no céu que execute o juízo de Deus sobre esse intruso maligno.
Restaura a verdadeira adoração no templo de Deus e vindica os adoradores
tratados injustamente.
O tema de
Daniel é descrito em 2 visões que formam um paralelismo progressivo e
complementar (caps. 7 e 8). Os capítulos finais de Daniel (9 e 10-12) consistem
em notas explicativas do anjo quanto às duas visões. Entretanto, o tema
principal do livro de Daniel é a segurança da restauração da verdade do
santuário de Deus e a libertação de seu povo fiel do pacto por meio do Filho do
Homem, que vem nas nuvens do céu. Ele executa o juízo sobre o "chifre pequeno",
o desolador que está na terra.
Do mesmo
modo, Jesus conecta o templo e sua profanação futura com uma "abominação da
desolação" ou sacrilégio. Depois assegura a seus seguidores que voltará no poder
e a glória do celestial Filho do Homem (de Dan. 7) para resgatar a seus fiéis e
reuni-los no reino messiânico de Deus. Dessa forma, Cristo anula a sentença de
morte tão injustamente imposta aos fiéis pelo anticristo.
Segundo os
Evangelhos sinóticos, Jesus adotou algumas frases-chave apocalípticas de Daniel
e as aplicou a si mesmo como Messias, e outras frases aplicou a Jerusalém e a
seus seguidores:
Dan. 7:13
(Um filho de homem que vem nas nuvens do céu para vindicar os santos acusados) é
aplicada a Cristo em Marcos 13:26.
Dan. 8:13
(O santuário seria pisoteado) aplica-se a Jerusalém em Lucas
21:24.
Dan. 9:27
(O desolador porá seu sacrilégio dentro do templo) aplica-se à área do templo de
Jerusalém no Mateus 24:15.
Dan. 11:31
(O sacrilégio profanará o templo) aplica-se a Roma imperial em Marcos
13:14.
Dan. 11:45
(O monte glorioso e santo será assediado) aplica-se a Jerusalém no Mateus 24:15
("o lugar santo" ).
Dan. 12:1
(Seguirá um tempo de tribulação sem comparação) aplica-se aos seguidores de
Jesus em Marcos 13:19.
Jesus
mencionou que a fonte literária de seu discurso era o livro de Daniel: "Quando,
porém, virem a abominação da desolação, de que fala o profeta Daniel, instalada
no lugar santo – que o leitor entenda!" (Mat. 24:15, BJ). Isto indica que o
esboço apocalíptico de Daniel dos 4 impérios mundiais sucessivos (Babilónia,
Medo-pérsia, Grécia e Roma) devem colocar-se como o marco histórico atrás da
perspectiva do futuro apresentada por Cristo. Isto exige interpretar que o
Império Romano que no tempo do Jesus governava Israel, cumpriu a profecia de
Daniel. O general romano Pompeu sujeitou os judeus a Roma no ano 63 a.C. Os
expositores judeus anteriores a Cristo, especificamente os macabeus, acreditaram
que sua vitória militar sobre o opressor sírio Antíoco IV Epifânio, no ano 164
a.C., era a vitória de Deus sobre o profanador do templo descrita em Daniel 8-12
(ver 1 Macabeus 1:54-59; 6:7). Os fariseus viram na morte de Pompeu (48 a.C.) o
triunfo de Deus sobre o profanador da cidade santa.1
Logo
depois de Cristo, Josefo, o historiador judeu do século I, expressou sua
convicção de que a profanação do templo levada a cabo pelos zelotes e a
desolação de Jerusalém pelos exércitos romanos (no 70 d.C.) eram um cumprimento
da predição de Daniel.2 Entretanto, poucos judeus pareceram ter entendido a
razão real para a destruição de Jerusalém que se levou a cabo 40 anos depois da
crucificação de Cristo.
Os
profetas anteriores, incluindo Jeremias (cap. 7) e Ezequiel (cap. 24), tinham
anunciado a destruição iminente do templo e da cidade como a maldição divina do
pacto sobre um povo rebelde ao pacto. Mas isto já ocorrera no próprio tempo de
Daniel, quando Nabucodonosor, rei de Babilónia, destruiu Jerusalém em 586 a.C.
(ver Dan. 9:17). Entretanto, a nova predição de Daniel foi a espantosa verdade
de que o templo futuro que seria reedificado após o cativeiro babilónico também
seria destruído, tudo como resultado do assassinato que Jerusalém faria do
Messias (Dan. 9:26, 27)! Esta profecia é um novo desenvolvimento na tradição
profética de Israel. Daniel 9 chegou a ser mais específico com respeito ao tempo
do Messias que a predição anterior do servo sofredor de Isaías
53.
Jesus
aplica a predição de Daniel da destruição futura da "cidade e o santuário" (Dan.
9:26) ao tempo da geração de seus contemporâneos, quando declarou com toda
solenidade: "De certo vos digo que tudo isto virá sobre esta geração" (Mat.
23:36; ver também o v. 35 e 24:34). A advertência adicional, "que lê, entenda"
(Mar. 13:14), é o conselho de Cristo aos que podiam ler as Escrituras hebraicas
para que estudassem cuidadosamente o livro de Daniel como o contexto de seu
próprio discurso profético. O vocábulo "entendam" já era uma palavra-chave no
livro de Daniel (Dan. 9:23; ver também 8:27; 9:2; 10:1; 12:8-10). Por esta
razão, o conselho de Jesus aponta inequivocamente ao livro de Daniel para
entender sua própria predição profética e a aplicação histórica da profecia de
Daniel.
Por muito
tempo se deu por sentado que o Evangelho de Marcos foi escrito primeiro e que
Mateus e Lucas o tomaram como sua pauta básica, produzindo cada um sua própria
versão modificada de uma perspectiva teológica ligeiramente diferente.
Entretanto, estudos recentes sugerem que os três escritores dos Evangelhos
sinóticos extraíram de um documento comum anterior aos sinóticos que continha
todos os elementos essenciais da tradição oral do discurso de Jesus no monte dos
Oliveiras.3
O discurso
de Jesus no monte dos Oliveiras também constituiu uma fonte vital para o
conselho pastoral de Paulo com respeito ao futuro e para seu método ao aplicar o
esboço apocalíptico a seu próprio tempo e ao futuro. Isto será tratado no
capítulo seguinte.
Tanto o
discurso profético de Jesus como o esboço profético de Paulo constituem as
cabeceiras de ponte mais importantes que conectam os livros de Daniel e
Apocalipse. O discurso escatológico de Jesus nos Evangelhos sinóticos e o esboço
profético de Paulo em 2 Tessalonicenses 2 nos ensinam autoritativamente como se
devem aplicar as profecias de Daniel à era cristã. São a preparação necessária
para entender o livro do Apocalipse.
A Estrutura Cronológica do Discurso
Profético de Jesus em Marcos 13
Alguns
observaram um estilo literário em Marcos 13 que demarca os versículos 5-23 como
uma unidade literária. Isto se insinua pela advertência contra a profecia falsa
tanto ao começo como ao final: "Olhem [blépete]..." (vs. 5, 23). Esta seção
descreve os acontecimentos que devem preceder ao fim, especificamente os dias de
tribulação (vs. 19, 20). Assim forma também uma unidade temática. A seção
seguinte, do 24 ao 27, apresenta a segunda vinda de Cristo como o próprio fim.
Sugere uma progressão definida no tempo: "Mas naqueles dias, depois daquela
tribulação..." (V. 24).
Voltando
para a primeira seção (vs. 5-23), pode notar-se um progresso cronológico dentro
desta parte. A predição de guerras, fomes e terremotos não tem o propósito de
anunciar sinais dos acontecimentos finais porque se diz que não devem ser causa
de alarme: "É necessário que aconteça assim; mas ainda não é o fim..." Estes são
princípios de dores (literalmente, dores de parto; Mar. 13:7, 8; cf. Mat. 24:8).
Depois se mencionam os sofrimentos dos discípulos de Cristo e sua pregação
mundial do evangelho: "E é necessário que o evangelho seja pregado antes a todas
as nações" (Mar. 13:10, cf. Mat. 24:14). Esta porção da Escritura conclui com o
conselho de Jesus: "Mas o que perseverar até o fim, este será salvo" (v. 13;
Mat. 24:13). A demora da parousia (o advento) está claramente presente neste
contexto. Quando Jesus disse que o evangelho "primeiro deve" ser pregado,
enfatizou o fato de que o fim não viria até que o evangelho tenha sido levado a
cada nação na terra (ver Mar. 13:10).
Na
subdivisão seguinte, Marcos 13:14-20, Cristo volta a atenção à geração de seus
contemporâneos ao concentrar-se sobre a "abominação da desolação". Este fenômeno
já não é parte "do princípio de dores". A predição de Cristo do "sacrilégio"
como um indicador visível da imediata destruição de Jerusalém é o sinal decisivo
que responde a pergunta dos discípulos: "Qual será o sinal de que está para
acabar-se tudo?" (Mar. 13:1-4, NBE; Mat. 24:1-3).
Mas Cristo
não continua o relato com uma descrição de sua gloriosa vinda como os discípulos
esperavam. Mas procede enfatizar que o sacrilégio trará um período de angústia
sem igual, um período de tribulações para seus seguidores (Mar. 13:19-23; Mat.
24:16-21). Tudo isto, reitera Jesus, acontecerá antes que os sinais nos céus
introduzam o Redentor que retorna (Mar. 13:24; Mat. 24:29). Em outras palavras,
a desolação de Jerusalém está separada com toda claridade do segundo advento
pelo intervalo de tempo conhecido como "dias de tribulação" [thlípsis] para os
seguidores de Cristo em todo mundo.
Este
período de aflição é deixado em forma indefinida por Cristo, mas é uma alusão
clara às predições de Daniel de um período de aflição e apostasia depois que se
estabeleceu a abominação desoladora como se depreende de Daniel 7-12. O primeiro
tempo de aflição no livro de Daniel dura "três tempos e meio" (Dan. 7:25), e
deve entender-se como um símbolo apocalíptico para um longo período, mencionado
em forma reiterada em Apocalipse 11-13 com respeito à era da igreja (ver nesta
Segunda parte, o cap. XX). Mas Daniel antecipa, além dos 3 ½ tempos de aflição
(em Dan. 7:25), um tempo posterior de angústia sem precedentes no tempo do fim
(Dan. 11:40-45; 12:1), da qual Miguel libertará seu povo. Este tempo final de
tribulação, diz Daniel, será "qual nunca houve desde que houve nação até então"
(Dan. 12:1; LXX, thlípsis).
Tanto
Mateus como Marcos declaram que a angústia será tão severa que "ninguém
escaparia com vida" se o Senhor não abreviasse esses dias por amor a seus
"escolhidos" (Mar. 13:20; Mat. 24:22). Este anúncio sugere não uma crise local
pequena em Jerusalém, e sim um período prolongado de angústia universal para o
povo de Deus. A referência adicional a respeito dos falsos cristos e os falsos
profetas (Mar. 13:21-23; Mat. 24:24) indica um período estendido de apostasia.
Podemos concluir sem risco que Cristo previu um período extenso de desolação
religiosa depois que o sacrilégio abominável predito nas profecias de Daniel
tivesse aparecido entre seus seguidores. Cristo não ensinou que a queda de
Jerusalém e o fim do mundo eram acontecimentos idênticos, mas sim que a queda de
Jerusalém introduziria um período de apostasia e tribulação. Parece que Cristo
combinou todos os períodos de angústia para seu povo em uma só declaração,
tirada de Daniel 12:1.
A chave
para entender a perspectiva profética de Cristo é sua aplicação
contínuo-histórica de Daniel: primeiro ao Império Romano e à geração de seus
contemporâneos em Jerusalém, e depois aos períodos de crescente angústia mundial
da qual libertará a seus seguidores em sua vinda.
A Aplicação que Cristo Fez da Tipologia
Qual foi a
ocasião que levou Jesus a pronunciar sua profecia de condenação sobre Jerusalém
e de perseguição para seus seguidores até Sua libertação em sua segunda
vinda?
Perto do
fim de seu ministério terrestre, Jesus notou o repúdio decidido de cada
evidência de seu messianismo por parte dos dirigentes judeus. Previu sua
iminente morte violenta. Só então pronunciou a inevitável maldição do pacto:
"Eis que vossa casa vai ficar deserta" (Mat. 23:38). O que Cristo quis dizer com
esta predição sinistra? Declarou que o templo em Jerusalém séria privado da
presença divina, e seria destruído, e acrescentou: "Não ficará pedra sobre
pedra" (Mar. 13:2).
Muito
pouco tempo depois, enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, alguns de
seus discípulos lhe perguntaram em particular: "Diga-nos, quando serão estas
coisas, e que sinal haverá de tua vinda e do fim do mundo?" (Mat. 24:3). Estas
perguntas se relacionam com dois acontecimentos diferentes. Entretanto, na mente
dos discípulos, isso não estava diferenciado no tempo como "a destruição de
Jerusalém" por um lado e "a segunda vinda de Cristo" para julgar o mundo por
outro. Entretanto, na opinião de Cristo, o juízo iminente sobre Jerusalém e o
juízo final do mundo têm um característico básico em comum: ambos os juízos são
realizados pelo mesmo Deus do pacto. Esta correspondência essencial de ambos os
juízos implica tipologia, algo associado com os profetas clássicos (ver o cap.
II desta obra). Isto significa que Jesus considerou o iminente dia do Senhor
para Jerusalém como um tipo de aviso do juízo do mundo.
Em
harmonia com a profecia clássica de Israel, Cristo também combinou os dois
juízos divinos em uma perspectiva profética bifocal:
A predição
de Jesus não oferece nenhuma classe de adivinhação de acontecimentos futuros,
mas sim, ao contrário, convoca a todas as pessoas a preparar-se para
encontrar-se com Deus. Assim como os profetas da antiguidade, Jesus projetou
como iminente o juízo sobre Jerusalém ("não passará esta geração", Mar. 13:30;
ver mais adiante o cap. X desta obra), uma vez que colocou o juízo do mundo no
distante tempo do fim ("daquele dia e hora ninguém sabe", Mar.
13:32).
Jesus
recalcou que a razão para a catástrofe iminente de Jerusalém foi seu rechaço da
visitação de Deus por meio do Messias: "E te derribarão ... porquanto não conheceste o tempo de tua
visitação" (Luc. 19:44). Israel tinha rechaçado a seu verdadeiro Rei na pessoa de Cristo. Como resultado, Deus retirou sua presença, o que deixou só a justiça retributiva de Deus. Segundo o mesmo princípio, Jesus ordenou que "o evangelho seja pregado antes a todas as nações" (Mar. 13:10). Só então virá o juízo do mundo. Por essa razão, Cristo enviou a sua igreja com uma missão mundial:
visitação" (Luc. 19:44). Israel tinha rechaçado a seu verdadeiro Rei na pessoa de Cristo. Como resultado, Deus retirou sua presença, o que deixou só a justiça retributiva de Deus. Segundo o mesmo princípio, Jesus ordenou que "o evangelho seja pregado antes a todas as nações" (Mar. 13:10). Só então virá o juízo do mundo. Por essa razão, Cristo enviou a sua igreja com uma missão mundial:
"E será
pregado este evangelho do reino em todo mundo, para testemunho a todas as
nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14; cf. 28:18-20).
Jesus
também adotou o termo apocalíptico "o fim" do livro do Daniel. Em Daniel 9:26 e
27, "o fim" emprega-se como um sinónimo para uma "destruição" decretada
divinamente sobre o horrível desolador. Isto faz pensar que o mundo será
destruído pela mesma razão pela que foi devastada Jerusalém. Assim como
Jerusalém foi destruída por rechaçar o Messias, assim o mundo será destruído por
ter recusado Cristo como Salvador. Desse modo Cristo revelou a unidade da obra
de Deus.
Cristo, a Chave para Entender a Profecia
A
aproximação do inimigo à área do templo foi o sinal para que os seguidores de
Cristo fugissem. Esse sinal serve como uma admoestação para todos os crentes,
permitindo que escapassem de Jerusalém.
"Quando
virem 'a abominação da desolação' instalada onde não devia estar – que o leitor
entenda! – então os que estiverem na Judeia fujam para as montanhas" (Mar.
13:14, BJ).
"Quando,
portanto, virdes a 'abominação da desolação', de que falou o profeta Daniel,
instalada no lugar santo – que o leitor entenda! – então, os que estiverem na
Judeia fujam para as montanhas" (Mat. 24:15, 16, BJ).
"Quando,
porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua
devastação. Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; os que se
encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não
entrem nela. Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está
escrito" (Luc. 21:20-22).
É
importante reconhecer a função complementar dos três Evangelhos sinóticos no
estudo do discurso profético do Jesus. As frases idênticas ao começo de cada
relato indicam firmemente que Lucas interpreta a profecia de Marcos da
"abominação desoladora" como sendo cumprida na desolação histórica de Jerusalém
pelos exércitos de Roma em 70 d.C. Lucas acrescenta um esclarecimento importante
dele próprio: que a terrível desolação deve entender-se como um "castigo" divino
em cumprimento de tudo o que haviam predito os profetas de Israel. Mateus aponta
explicitamente o profeta Daniel. Na verdade, Daniel contém a única profecia das
70 semanas de anos que anuncia a morte violenta do Messias seguida pela
destruição de Jerusalém:
"E depois
das sessenta e duas semanas se tirará a vida ao Messias, mas não por si; e o
povo de um príncipe que virá destruirá a cidade e o santuário" (Dan.
9:26).
Quando os
exércitos de Roma estavam aproximando-se da "santa cidade", podiam ser vistos
por todos os que estavam na Judeia. Enquanto que Mateus e Marcos tinham falado
só de uma "abominação desoladora" que viria, Lucas explica a seus leitores
gentios que esta desolação estava a ponto de vir sobre Jerusalém por meio dos
exércitos romanos (ver Luc. 21:20). A data da publicação do Evangelho de Lucas é
debatida, mas se crê que é cerca do ano 70 d.C. O anúncio de Lucas de que a
condenação de Jerusalém eram os "dias de retribuição, para que se cumpram todas
as coisas que estão escritas" (Luc. 21:22), confirma a interpretação de que a
morte violenta de Cristo e a consequente destruição de Jerusalém por Roma
imperial cumpriram a profecia de Daniel 9. A declaração de Lucas também confirma
a predição de Jesus de que sua própria geração não passaria sem que se
cumprissem suas palavras (Mat. 24:34; 23:36; Mar. 13:30, 31).
Agora
podemos tirar a conclusão de que a profecia messiânica de Daniel das 70 semanas
(Dan. 9:24-27) teve seu cumprimento histórico na morte de Cristo. Deste modo,
Cristo é a chave para entender a profecia de Daniel. Também deve ser nosso guia
para entender o cumprimento da "abominação da desolação", ou, como traduz
Cantero-Iglesias, "o sacrilégio devastador".
O Anticristo Abominável
O termo
misterioso de Jesus – "a abominação da desolação" (BJ; RV 77), "o sacrilégio
devastador" (CI) ou "a abominação que causa a desolação" (NIV) [bdélugma tes
eremóseos] – é uma alusão direta à figura do antimessias que aparece na profecia
de Daniel. Inclusive a visão do Daniel 8 foi denominada pelo anjo interpretador:
"a visão da transgressão assoladora" (Dan. 8:13), "o pecado da desolação" (JS).
Esta visão se centraliza no sacrilégio de pisar o templo de Deus e seus
adoradores por parte de um poder jactancioso.
Os
capítulos posteriores em Daniel (caps. 9-12) aplicam a visão espantosa de Daniel
8 à era messiânica (9:24-27; 11:31-36; 12:11). Já na visão do Daniel 8 o
próspero profanador desempenhou um papel proeminente como o adversário do
Messias, o "príncipe dos exércitos" ou "Príncipe dos príncipes"
(Dan. 8:11, 25). Isto significa que este desolador do santuário é apresentado no
papel de um antimessias desde tempos tão antigos como quando Daniel escreveu seu
livro! Pisoteia o santuário do Messias, o Príncipe dos exércitos: "O lugar de
seu santuário foi lançado por terra" (Dan. 8:11). A explicação seguinte se
estende sobre sua profanação e destruição: "Por sua astúcia nos seus
empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e
destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe
dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas" (Dan.
8:25).
Esse foi o
conceito hebraico da natureza e a sorte do antimessias vindouro. Em seu discurso
profético, Jesus fez mais que reproduzir tão-somente a predição de Daniel. Como
o Messias da profecia, alertou a seus discípulos e à igreja das idades futuras
contra a chegada de seu rival que, portanto, pode ser chamado "o anticristo".
Este anticristo não só se opõe ao verdadeiro culto de adoração, mas também
profana o templo de Deus e engana e persegue os seguidores de Cristo. Dessa
forma, o anticristo ocasiona a grande tribulação para o povo do novo pacto de
Deus (Mar. 13:14-19; Mat. 24:15-21). Só a repentina aparição de Cristo em seu
poder soberano como o Filho do Homem terminará bruscamente o reinado do
anticristo. Cristo prometeu intervir pessoalmente e libertar o seu povo (Mar.
13:26, 27; Mat. 24:30, 31).
Muitos
expositores notaram um ponto interessante no fato de que Marcos se refere à
"abominação" usando a forma masculina, como "posta (gr. estekóta, Mar. 13:14)
onde não deve estar". Esta forma pessoal geralmente se interpreta como sugerindo
que a ameaça não é uma apostasia impessoal, mas sim a origina uma pessoa
específica.
Cristo
anunciou que depois de sua partida se levantariam muitos enganadores dizendo:
"Eu sou o Cristo". Por outro lado, os verdadeiros seguidores de Cristo seriam
odiados e perseguidos de morte em todo mundo "por causa de meu nome" (Mar.
13:12, 13; Mat. 24:9-11). O conflito se intensificaria até o grau em que os
falsos cristos e os falsos profetas levariam a cabo milagres e sinais
sobrenaturais para insistir em sua falsa adoração (Mar. 13:19-22; Mat.
24:21-24). Jesus aplica claramente o personagem antimessias de Daniel a mais de
um anticristo individual, todos os quais desempenham o papel de falsos profetas
até o fim do tempo.
Por causa
de sua aplicação ao tempo do fim, hoje merece nossa atenção um conselho
específico de Jesus a seus discípulos em relação com a "abominação" que ia
avançar contra a cidade apóstata de Jerusalém: "Então os que estejam na Judeia
fujam para os montes" (Mat. 24:16; Mar. 13:14; Luc. 21:21). O conselho do Jesus
foi um recordativo da ordem de Deus a Ló e sua família em Sodoma: "Escapa por
tua vida... escapa ao monte, não seja que pereças" (Gén. 19:17). Tanto Sodoma
como Jerusalém tinham incorrido no juízo. Ambas as cidades tinham sido pesadas
nas balanças do céu e tinham sido achadas faltas. Para ambas, tinha terminado o
tempo de prova. A destruição que caiu sobre ambas as cidades foi só uma
prefiguração de seu juízo futuro. Jesus tinha admoestado antes a
Capernaum:
"Se em
Sodoma se tivessem operado os milagres [do Messias] que em ti se fizeram, teria
ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no
Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo" (Mat. 11:23,
24).
O conselho
premente de Jesus a seus discípulos a fugir de Jerusalém como o lugar de
apostasia e condenação implicava, portanto, sua chamada a evitar também a
condenação final do céu. Os crentes fugiram no ano 66 D.C., não aos montes
literais, e sim à cidade de Pella, no vale ao outro lado do Jordão, a 25
quilómetros ao sul do Mar da Galiléia.4 No tempo indicado, os discípulos de
Cristo tiveram que apartar-se da cidade condenada. Sua fuga foi uma fuga tanto
da apostasia religiosa como de seu juízo.
O livro do
Apocalipse ratifica a aplicação do tempo do fim do conselho de Jesus de fugir de
Jerusalém. Em Apocalipse 18 uma voz celestial anuncia no tempo do fim que "caiu
a grande Babilónia", por causa de sua apostasia e posse demoníaca (Apoc. 18:2,
3). O divino ultimato será ativado então para os que permanecem em
Babilónia:
"Saiam
dela, meu povo, para que não sejam partícipes de seus pecados, nem recebam parte
de suas pragas; porque seus pecados chegaram até o céu, e Deus se lembro de suas
maldades" (Apoc. 18:4, 5).
Deste
modo, o conselho de Jesus para fugir de Jerusalém no Mateus 24:16 encontra no
tempo do fim sua aplicação universal.
Sabemos
pelas epístolas de Paulo aos Tessalonicenses (especialmente 2 Tes. 2) e pelas
epístolas de João, que o conceito do anticristo era um tema familiar na igreja
apostólica. Portanto, podemos deduzir que a advertência contra o anticristo foi
considerada desde o começo como uma parte essencial da mensagem que Cristo mesmo
comissionou à igreja. Cristo e os apóstolos Paulo e João já consideraram a
identificação do anticristo como um assunto de legítima
importância.
Um erudito
do Novo Testamento, Herman Ridderbos, comenta o seguinte sobre Mateus 24:15:
"Alguns
comentadores corretamente colocaram este versículo em relação com o anticristo
do que se fala em 2 Tessalonicenses 2:4, quem 'senta-se no templo de Deus como
Deus, fazendo-se passar por Deus'. Embora Jesus estava falando principalmente da
queda de Jerusalém, o fim do mundo e as abominações que traria consigo tinham
caído dentro da esfera de seu discurso do próprio começo (ver Mat. 24:3). Por
assim dizer, descreveu o fim do mundo tal como aconteceu em Jerusalém e à
maneira de Jerusalém. E disse que a aparição abominável e blasfema do anticristo
seria na verdade um dos sinais dos últimos dias".5
O estudo
da doutrina do anticristo nos Evangelhos e nas epístolas é uma preparação
necessária para o estudo do livro do Apocalipse. O Apocalipse de João pode ser
considerado como o desenvolvimento mais extenso do discurso de Cristo no monte
das Oliveiras. Foi dito que João omitiu o discurso profético de Cristo de seu
quarto Evangelho porque escreveu todo um livro sobre a revelação do Jesus Cristo
(Apoc. 1:1). Seja como for, um estudo cuidadoso do livro do Apocalipse é uma
parte indispensável de nossa fé cristã.
O Anticristo Pós-Apostólico
É notável
que Marcos e Mateus não identificam o "sacrilégio abominável" explicitamente com
o exército romano como o faz Lucas. Por conseguinte, a descrição simbólica em
Mateus e Marcos está aberta a mais de uma aplicação, isto é, tanto ao Império
Romano idólatra como a um futuro profanador religioso do templo de Deus. Para
dizer de forma diferente, tanto o exército romano como o anticristo estão
descritos em uma perspectiva do futuro que os inclui ambos. A aplicação local se
amplia, de acordo com a tipologia bíblica, em um cumprimento cada vez mais
universal.
Jesus usou
a perspectiva profética de combinar o cumprimento histórico iminente e o
cumprimento futuro do tempo do fim sem deter-se em nenhum lapso de tempo
intermediário. Contempla todos os messianismos políticos e religiosos
essencialmente como uma abominação, mesmo que se pressentem em mais de uma
manifestação histórica: primeiro dentro do judaísmo; depois, dentro do
cristianismo. O novo Israel (a igreja) repetiria a história do antigo o Israel
(ver Ezeq. 8 e 9) e desenvolveria outra apostasia religiosa em sua adoração que
provocaria o juízo divino. A apostasia do cristianismo estaria encarnada no
anticristo e em seu culto religioso sacrílego. Os pretendentes messiânicos
judeus que afirmavam que Jerusalém e o templo nunca cairiam, foram só
cumprimentos parciais ou tipos do falso messianismo que ia aparecer dentro da
igreja. Toda vez que a um líder religioso de qualquer denominação cristã lhe
concede excessiva reverência e a última autoridade, obscurece-se o único lugar e
a glória do reinado de Cristo.
Cristo
advertiu a seu seguidores: "Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou:
Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas
operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios
eleitos" (Mat. 24:23, 24; cf. Mar. 13:21, 22). Não é a realização de grandes
sinais e milagres, e sim a autorizada Palavra de Deus e o testemunho do Jesus o
que forma a norma final da verdade. Jesus alertou à igreja ao dever que tem para
detectar o engano do anticristo.
A
advertência do Jesus contra o sacrilégio ou a abominação que viria se refere a
muito mais que ao exército romano entrando em Jerusalém em 70 d.C. O sacrilégio
do anticristo se desenvolveria mais tarde em uma forma mais completa dentro da
igreja, como o explicou Paulo em 2 Tessalonicenses 2. Este cumprimento se
estenderia através da Idade Média e encontraria uma manifestação renovada no
tempo do fim. Em seu discurso profético, Cristo não explicou de uma maneira
explícita como se manifestaria exatamente o "sacrilégio" de sua obra redentora
na história da igreja. Esse é o tema de 2 Tessalonicenses 2 e do livro do
Apocalipse.
O Estilo Apocalíptico de Mateus 24
Não se
pode reduzir a estrutura da profecia mestra de Cristo a uma perspectiva
puramente tipológica. O discurso tem uma estrutura complexa no que se pode
detectar a reiteração e a recapitulação. Entretanto, só uns poucos reconheceram
que a estrutura da profecia de Jesus está modelada segundo o livro do Daniel,
quer dizer, que há um paralelismo progressivo. A repetição e a ampliação são
características tanto de Daniel como do Apocalipse. E como bem o notou LeRoy E.
Froom, "tanto Daniel como João começam com a revelação de coisas que
aconteceriam em seu próprio tempo, e levam o leitor a grandes passos através dos
séculos, com a revelação de acontecimentos que chegam até o fim da era cristã".6
As visões
do Daniel 2, 7 e 8 em essência são reiterativas, mas com todo cada uma
acrescenta detalhes para esclarecer o tema básico. Jesus insistiu com seus
seguidores a ler e entender as profecias apocalípticas de Daniel (Mat. 24:15).
Mateus apresenta o discurso de Jesus para seu auditório judeu em uma forma que
reflete o estilo do livro de Daniel.
Em Mateus
24 podem distinguir-se duas predições paralelas, e cada uma conclui com o fim ou
a segunda vinda de Cristo: a primeira nos versículos 1-14; a segunda nos
versículos 15-31. O cumprimento universal de ambas as séries está declarado nas
palavras seguintes:
"E será
pregado este evangelho do reino em todo o mundo, para testemunho a todas as
nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14).
"Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e então lamentarão todas as tribos
da terra, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
grande glória" (v. 30; ver também o v. 44).
A
estrutura paralela das duas predições da era da igreja, culminando cada uma na
segunda vinda de Cristo, é similar às profecias apocalípticas de Daniel. Além
disso, Mateus 24 também revela algumas similitudes teológicas com o Daniel. A
unidade cuidadosamente estruturada do Mateus 24:10-12, que se enfoca sobre o
aumento da maldade [anomia] (v. 12), pode entender-se melhor como uma expansão
da apostasia profetizada no livro de Daniel. A frase "o amor de muitos [tom
polón] esfriar-se-á rá " (Mat. 24:12) é uma alusão a quão muitos apostatariam do
pacto de Deus descrito em Daniel 11:32. Isto significa que o aumento estendido
da maldade em Mateus 24:12 aumenta a iniquidade idólatra da "abominação
desoladora" de Daniel.
Estamos de
acordo com a conclusão de David Wenham de que a predição de Jesus em Mateus
24:10-12 descreve "um aumento escatológico da apostasia em termos daniélicos".7
Foi desta maneira como Daniel predisse a era cristã e sua decadência
espiritual.
A Ênfase de Lucas Sobre o Curso da
História
Enquanto
Mateus 24 e Marcos 13 apresentam a aplicação que Cristo faz do anticristo de
Daniel em uma dupla perspectiva – na qual o cumprimento iminente e o do tempo do
fim se relacionam como tipo e antítipo –, Lucas 21 enfatiza mais a ordem
histórica dos acontecimentos na história da igreja.
Como
historiador (ver Luc. 1:1-4), Lucas estava mais interessado em um cumprimento
contínuo-histórico da profecia do Daniel. Isto não quer dizer que Lucas busque
descrever uma sequência detalhada dos eventos, em que cada um se harmonize com
algum símbolo apocalíptico das séries esboçadas por Daniel; esse enfoque é o que
Paulo segue em 2 Tessalonicenses 2 e mais profundamente o Apocalipse de João. O
interesse de Lucas é mais indicar que entre a queda de Jerusalém e o glorioso
advento de Cristo transcorreria um período de tempo considerável. Esta realidade
devia esfriar a febre apocalíptica de todos os que esperavam a volta iminente de
Cristo conjuntamente com a destruição de Jerusalém. Por conseguinte, Lucas
coloca o clamor: "O tempo está perto" (Luc. 21:8), nos lábios dos falsos
profetas!
Só Lucas
aplica o sinal de Jesus da aproximação da "abominação da desolação" ao assédio
de Jerusalém por forças militares (Luc. 21:20). Ao que Mateus e Marcos
tão-somente fizeram alusão, Lucas o aplica explicitamente a um acontecimento
histórico específico para Jerusalém, pode-se dizer que Lucas faz concreta para
sua geração a admoestação de Jesus da vindoura "abominação da desolação", quando
diz: "Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos..." (Luc. 21:20). Muitos
eruditos bíblicos admitem o relatório de Flavio Josefo, que disse que os
exércitos romanos se distinguiam por sua reverência para as bandeiras militares
com as insígnias imperiais.8
Além
disso, Lucas declara que a destruição de Jerusalém foi o tempo do "cumprimento
de tudo o que está escrito" (Luc. 21:22, JS), uma alusão a Daniel 8 e 9. Coloca
a devastação de Jerusalém dentro da providência e reino soberano de Deus. Esta
catástrofe histórica forma uma parte significativa da história da revelação
divina à nação judia, Cristo até adicionou uma finalidade sem precedentes a esse
juízo: "Vós também encheis a medida de seus pais!... De certo vos digo que tudo
isto virá sobre esta geração" (Mat. 23:32, 36).
Mateus e
Marcos fazem alusão ao intervalo entre a queda de Jerusalém e a volta de Cristo,
declarando que será um tempo de tribulação sem igual para os escolhidos (Mat.
24:21, 22; Mar. 13:19, 20). Esses "escolhidos" são qualificados depois por
Cristo como "seus" escolhidos (Mat. 24:31). Por conseguinte, são crentes
cristãos. Isto significa que os verdadeiros crentes em Cristo não serão
arrebatados do mundo antes do tempo da tribulação, mas sim passarão por ela.
Mateus acrescenta que esses dias serão abreviados por causa dos escolhidos (Mat.
24:22).
Com
respeito ao período entre os dois adventos, Lucas faz uma declaração reveladora:
"Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles"
(Luc. 21:24). Aqui Lucas assinala que a segunda vinda de Cristo não deve
esperar-se pouco depois da destruição de Jerusalém. Ao denominar a esse período
intermediário "tempos de gentios" (sem artigo no original), em uma forma geral,
Lucas os caracteriza como tempos de opressão para Jerusalém e para os judeus.
Muitos expositores consideram que esses "tempos de gentios" começaram no ano 70
d.C. e terminarão só quando toda a dominação gentia sobre os judeus for esmagada
pelo advento de Cristo (ver Dan. 2:34, 35, 44; Apoc. 19:11-21). Esta conclusão
parece ser confirmada pela profecia de Daniel, que a "desolação" continuará até
o fim (Dan. 9:26, 27).
Enquanto
Mateus e Marcos seguem a estrutura de uma perspectiva profética dupla ou
bifocal, a descrição de Lucas do discurso de Jesus se caracteriza mais por uma
sucessão direta de acontecimentos históricos. Mateus e Marcos representam a
perspectiva tipológica da profecia clássica dos profetas de Israel com sua
escala de tempo condensada. Entretanto, Lucas escolhe seguir o modelo
contínuo-histórico inserindo a frase "tempos de gentios" depois da queda de
Jerusalém. Ambos os enfoques são complementares e igualmente válidos, porque
cada um continua uma tradição do Antigo Testamento: a profecia clássica e o tipo
contínuo-histórico da apocalíptica de Daniel.
A Teologia de Cristo dos Sinais
Cósmicos
Nos três
Evangelhos sinóticos a aparição do Filho do Homem está anunciada por sinais
cósmicos. Esses sinais acompanharão a vinda do Filho do Homem quando trouxer o
reino de Deus aos santos (Mar. 13:24-27; Mat. 24:29-31; Luc.
21:25-28).
Um breve
exame da linguagem figurada cósmica na tradição profética mostrará sua
significação teológica. Os profetas empregaram os sinais no céu como um idioma
estereotipado para indicar um juízo retributivo de Jeová:
1.
Contra Babilónia:
"Olhem:
Chega o dia do SENHOR... para fazer da terra uma desolação... Os astros do céu,
as constelações, não cintilam sua luz; entreva-se o sol ao sair, a lua não
irradia sua luz. Porque sacudirei o céu e se moverá a terra de seu lugar. Pela
cólera do Senhor, o dia do incêndio de sua ira" (Isa. 13:9, o, 13,
NBE).
2.
Contra Egito:
"E quando
te tiver extinto cobrirei os céus, e farei escurecer suas estrelas; o sol
cobrirei com nublado, e a lua não fará resplandecer sua luz. Farei escurecer
todos os astros brilhantes do céu por ti, e porei trevas sobre sua terra, diz
Jeová o SENHOR" (Ezeq. 32:7, 8).
3.
Contra Jerusalém:
"Diante
dele [o exército de lagostas] tremerá a terra, estremecer-se-ão os céus; e o sol
e a lua se obscurecerão, e as estrelas retrairão seu resplendor. O sol se
converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e espantoso
dia de JEOVÁ... Porque está perto o dia de JEOVÁ no vale da decisão. O sol e a
lua se obscurecerão, e as estrelas retrairão seu resplendor" (Joel 2:10, 31;
3:14, 15).
4.
Contra Judá:
"Porque
assim diz JEOVÁ dos exércitos: Daqui a pouco eu farei tremer os céus e a terra,
o mar e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas
as nações; e encherá de glória esta casa, disse JEOVÁ dos exércitos... Fala com
Zorobabel governador de Judá, dizendo: Eu farei tremer os céus e a terra; e
transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações;
transtornarei os carros e os que neles sobem, e virão abaixo os cavalos e seus
cavaleiros, cada qual pela espada de seu irmão" (Ag. 2:6, 7, 21,
22).
5.
Na descrição poética que Habacuque faz do guerreiro divino contra
Babilónia:
"O sol e a
lua se pararam em seu lugar; à luz de suas setas andaram, e ao resplendor da sua
fulgente lança " (Hab. 3:11).
6.
Contra Israel (as o tribos em apostasia):
"Acontecerá naquele dia, diz Jeová o SENHOR, que farei que fique
o sol ao meio-dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9; 9:5
[primeiras 2 linhas]; cf. Jer. 15:9 para Jerusalém).
7.
Contra Edom:
"E todo o
exército dos céus se dissolverá, e se enrolarão os céus como um livro; e cairá
todo seu exército, como cai a folha da parra, e como cai a da figueira" (Isa.
34:4).
8.
Contra o mundo inteiro:
"A terra
será de todo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se
moverá... A lua se envergonhará e o sol se confundirá, quando JEOVÁ dos
exércitos reinar no monte de Sião e em Jerusalém, e diante de seus anciões seja
glorioso" (Isa. 24:19, 23).
Em todas
estas passagens, os sinais celestes servem só para introduzir o juízo do dia do
Senhor, mesmo que se refiram cada vez a uma sentença iminente na história. Os
sinais anormais no Sol, na Lua e nas estrelas eram parte da linguagem
apocalíptica corrente dos profetas de Israel. A dimensão cósmica ensinou Israel
a ver os juízos históricos de Deus como tipos de seu juízo final. Portanto, o
propósito moral dessa linguagem figurada cósmico era uma advertência implícita a
preparar-se para o juízo iminente do dia do Senhor.
Jesus
modificou o significado teológico desta linguagem figurada cósmica, mudando de
ordem os sinais no céu para cerca de sua própria manifestação futura como o
Filho do Homem:
"O sol
obscurecerá, e a lua não dará seu resplendor, e as estrelas cairão do céu, e as
potências dos céus serão comovidas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do
homem; e então todas as tribos da terra lamentarão, e verão o Filho do Homem
vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mat. 24:29, 30; cf.
Mar. 13:24-26).
É evidente
que Jesus emprega só a linguagem do Antigo Testamento para descrever sua segunda
vinda. Cristo combina dois oráculos de juízo, um contra Babilónia (ver Isa.
13:10) e um contra Edom (ver Isa. 34:4). A fusão que faz Jesus das duas
passagens proféticas de juízo ensina que estas profecias se cumpriram só de
forma parcial na queda da antiga Babilónia e do Edom. Na teologia de Cristo,
estes oráculos encontrarão sua consumação completa no juízo cósmico-universal em
seu segundo advento. A mensagem surpreendente de Cristo é que o juízo do mundo
não virá só de Jeová. Será executado por seu Filho, que é o Filho do Homem da
profecia do Daniel:
"Porque o
Pai a ninguém julga, mas sim todo o juízo deu ao Filho... E também lhe deu
autoridade de fazer juízo, por quanto é o Filho do Homem" (João 5:22,
27).
Como
resultado do discurso profético do Jesus, qualquer teofania (manifestação de
Deus) no Antigo Testamento se reestrutura como uma gloriosa cristofania
(manifestação de Cristo). Esta interpretação cristológica do dia do Senhor é uma
verdade teológica assombrosa na aplicação que Jesus faz do livro de Daniel. Em
sua nova teologia, Cristo transferiu os sinais cósmicos dos livros proféticos à
sua própria manifestação futura, de tal modo que todas as profecias de Israel
começam e terminam nele. Esta é a essência da teologia de Cristo dos sinais
cósmicos. Esta conclusão se confirma na tese sobre Mateus 24:27-31 do Dr. Ki Kon
Kim:
"O
vocabulário e os temas do Antigo Testamento, de seu ponto de vista profético e
apocalíptico, proporcionam a estrutura da cena da parousia tal como a apresenta
Mateus. Ele combina quase todo o vocabulário apocalíptico dos temas do Antigo
Testamento em sua cena da parousia, e descreve que todos os termos proféticos e
os símbolos apocalípticos do Antigo Testamento se encontram e se cumprem no
Filho do Homem, quem virá nas nuvens do céu com poder e grande glória. Essa é a
razão principal pela qual Mateus 24:29-31 mostra mais continuidade com o Antigo
Testamento que nenhuma outra passagem no Novo Testamento".9
Alguns
eruditos consideram a linguagem figurada cósmica só como algo simbólico, como
uma linguagem metafórica para dar a entender o começo da era messiânica (como se
diz que fez Pedro no At. 2:19, 20). Nesse caso, os sinais no céu serviriam só
como "efeitos cénicos apocalípticos" que não pertencem à substância da profecia
e que, portanto, não requerem um cumprimento literal. Entretanto, outros
estudantes da Bíblia mais conservadores advertiram que não se confundam as
expressões poéticas com o alegorismo. Preferem chamar esta linguagem figurada
cósmica como "linguagem semi poética", porque representa acontecimentos
escatológicos que transcendem nossa experiência histórica limitada. Se a segunda
vinda de Cristo é uma vinda literal, então também deve pensar-se nos sinais da
parousia como eventos cósmicos literais.
Os
Evangelhos do Mateus e Marcos parecem indicar que os sinais cósmicos introduzem
e acompanham o segundo advento de Cristo. Entretanto, o relatório do Lucas
sugere que os "sinais no sol, na lua, e nas estrelas" podem também ser um
prelúdio à vinda do Filho do Homem. Lucas associa os sinais no céu com desastres
naturais sobre a terra, que juntos produzirão pavor nos corações de todos:
"Haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que
sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados" (Luc. 21:25,
26).
A Universalização que Cristo Fez das
Profecias do Tempo do Fim
A
culminação final do discurso de Jesus se centra na vindicação de seus discípulos
caluniados através dos séculos. O Filho do Homem virá com seus anjos para reunir
a si "seus escolhidos" de todos os pontos cardeais do mundo (Mar. 13:27; Mat.
24:31). Mateus acrescenta que essa reunião será precedida "com grande voz de
trombeta" (Mat. 24:31), uma alusão direta ao som da trombeta do jubileu no
panorama apocalíptico de Isaías: "Acontecerá naquele dia... vós, filhos do
Israel, sereis reunidos um a um. Acontecerá também naquele dia, que se tocará
com grande trombeta" (Isa. 27:12, 13).
Jesus
declarou que todas as antigas promessas do pacto que anunciam que Israel seria
reunido ou restaurado como povo de Deus, cumprir-se-ão em seus seguidores em sua
segunda vinda. Serão "seus escolhidos" (ver também Luc. 21:28; cf. 1 Ped. l:1,
2; 2:9). Com o qual Cristo definiu o Israel de Deus em termos de seus próprios
discípulos. Por conseguinte, constituiu o povo de Deus do novo pacto como o povo
de Cristo.
Além disso
prometeu que a sua vinda "lamentarão todas as tribos [fulái] da terra" (Mat.
24:30). Esta frase é uma alusão à profecia de Zacarias que prediz que todas as
tribos "na terra" [Palestina] se lamentarão porque olharão a Deus como "a quem
transpassaram" (Zac. 12:10-14). Cristo aplicou de novo este oráculo de juízo
nacional de Zacarias em uma escala mundial, para cumprir-se em "todas as tribos
da terra" (Mat. 24:30). Todas estas tribos ou linhagens da raça humana verão "o
Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (V. 30).
Esta aplicação universal das tribos de Israel forma também uma tónica no livro
do Apocalipse:
"Vejam,
vem com as nuvens e todos os olhos o verão e até os que o transpassaram; e farão
luto todas as tribos [fulái] da terra. Sim, assim seja" (Apoc. 1:7, JS;
CI).
Cristo
mesmo introduziu este principio de universalizar os oráculos de juízos locais e
nacionais de Israel. Não foi um literalista ou um racista em sua interpretação
profética das Escrituras. Universalizou de uma maneira consistente as promessas
do pacto de Israel, e o princípio de aplicação mundial das profecias hebraicas
chegou a ser uma parte essencial da interpretação apostólica da
Escritura.
Resumo
O discurso
do monte das Oliveiras apresenta o comentário de Cristo sobre as profecias
apocalípticas de Daniel. Jesus fez aplicações históricas todas as quais se
centram ao redor de seu primeiro e segundo adventos. Com isso deu às predições
do Daniel uma interpretação cristológica como a chave para decifrar a profecia
apocalíptica. Explicou com franqueza que a profetizada queda de Jerusalém seria
o resultado do rechaço final de seu messianismo por parte do Israel. Até seus
próprios seguidores teriam que sofrer condenação à mãos de religiosos fanáticos
falsos. Mas a vindicação final dos santos verdadeiros e a sentença definitiva de
seus perseguidores será quando Cristo retorne como o Filho do Homem que Daniel
apresenta, acompanhado por uma nuvem de anjos. Então, todas as tribos do mundo
terão que fazer frente ao mesmo juízo do qual teve que fazer frente
Jerusalém.
Segundo os
Evangelhos do Marcos e Mateus, Jesus colocou ambos os juízos em uma perspectiva
tipológica, em harmonia com a estrutura da profecia clássica. O Evangelho de
Lucas apresenta uma perspectiva complementar: a de uma aplicação
contínuo-histórica da profecia apocalíptica de Daniel. Jesus não fundamentou
suas expectativas proféticas em nenhuma das especulações ou programas
apocalípticos judeus. Por isso se refere a isto, foi um antiapocalíptico. Falou
do futuro só na linguagem dos profetas do Antigo Testamento.
A novidade
de sua opinião foi o princípio interpretativo de que as profecias de Israel se
cumpririam só nele e por meio dele. Transformou toda a profecia apocalíptica em
escatologia cristológica, quer dizer, em cumprimentos centrados em Cristo. Por
conseguinte, as promessas do pacto de Deus com Israel se cumprirão só em quem
esteja unido com Cristo. O propósito moral do discurso profético de Cristo é
recalcar à sua igreja a necessidade de estar preparada para sua breve
vinda:
"Mas a
respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho,
senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o
tempo" (Mar. 13:32, 33).
A frase
bíblica "os últimos dias" indica que a primeira e a segunda vinda de Cristo são
uma unidade inseparável. Não importa quantos séculos possam passar entre a
ressurreição de Cristo e sua volta, ambos os eventos messiânicos são um para o
outro como dois momentos de um inquebrantável plano de Deus. Porque o Messias já
veio, e agora é o Senhor exaltado de todos, o segundo advento sempre está
"perto" para os olhos da fé e deve ser esperado com uma paciência rigorosa. Esta
certeza é a mesma essência da esperança do evangelho. Contudo, Cristo também
reconheceu a necessidade de sustentar esta esperança ao nos dar sinais no tempo
histórico que indicariam, para o investigador perspicaz, a última fase da
história da redenção.
"Ao
começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a
vossa redenção se aproxima" (Luc. 21:28).
Todos os
relatos dos Evangelhos sinóticos concluem com uma lição da figueira que brota:
"Quando já seu ramo está tenro, e brotam as folhas, sabeis que o verão está
perto" (Mat. 24:32; Mar. 13:28; cf. Luc. 21:29). Isto significa que embora não
podemos conhecer "o dia nem a hora" não temos desculpa por ignorar os sinais dos
tempos, particularmente o sinal a respeito da grande apostasia dentro da igreja
cristã.
Esperar a
vinda de Cristo exige uma vigilância incessante e um conhecimento do cumprimento
progressivo da profecia apocalíptica de Daniel. A escatologia bíblica chegará a
ser relevante para o presente só quando os sinais do fim forem tomados em seu
cumprimento histórico. Discernir os sinais enquanto mantemos nossa vista na
vinda do Senhor, revitalizará nossa fidelidade ao Jesus.
Hans K. LaRondelle
1. "Salmos
de Salomão", 17, em Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, v. 2, p.
667.
2. Flavio
Josefo, Obras completas... Antiguidades judias. X, 11, 7 (v. 2, pp.
213-215).
3. Ver o
livro de Wenham, The Rediscovery of Jesus' Eschatological
Discourse
4. Ver
Eusébio de Cesárea, História Eclesiástica (Buenos Aires: Editorial Nova, 1950),
III, 5, pp. 106, 107.
5. Herman Ridderbos, Matthew,
[Mateus] (Grand Rapids: Zondervan, 1987), p. 444.
6. L. E. Froom, The Prophetic Faith
of Our Fathers, v. 4, p. 1241.
7. Ver o
artigo de Wenham a respeito de Mateus 24:10-12, N.° 31, p. 161.
8. William Whiston, trad., The Works
of Josephus: Wars [As obras do Josefo: Guerras] (Peabody, Massachusetts:
Hendrickson Publishers, 1987), VI, 6, 1 (p. 743).
9. K. K. Kim, The Signs of the
Parousia: A Diachronic and Comparative Study of the Apocalyptic Vocabulary of
Matthew 24:27-31, v. 2, p. 391
Sem comentários:
Enviar um comentário