A relação da forma literária e o conteúdo teológico requer
que o leitor preste atenção cuidadosa à estrutura do livro. Revela algumas
pautas inerentes para interpretar o Apocalipse. O Apocalipse de João está
construído de acordo com o modelo de um paralelismo inverso, comparável aos
braços correspondentes de um candelabro ou menorá, no qual os braços da parte
esquerda são paralelos aos da direita. Este modelo simétrico divide o
Apocalipse em duas divisões principais, sugerindo um tema duplo no livro: a
presença continuada de Cristo e a sua gloriosa segunda vinda (Apoc. 1:7, 8, 17,
18; 22:12, 13). Conclui Kenneth Strand dizendo que:
"A primeira parte e a maior do livro (caps. 1-14) trata
sobre quem é o Alfa e o Omega, o protetor e sustentador do seu povo apesar das
provas e perseguições que possam surgir no seu caminho. A segunda maior parte
do livro, começando com o capítulo 15, trata dos juízos escatológicos que se
agrupam e se centram na consumação da era: a segunda vinda de Cristo".[4]
O Apocalipse pode dividir-se de uma maneira diferente se se
aplicarem outros pontos de vista que não sejam os do fim do tempo de graça. É
possível ver as visões do tempo do fim começando já no capítulo 10, com
referência à chamada final do céu para ter um povo que deve subsistir firme
contra o império do anti-cristiano. Mas é um fato ineludível que o livro está organizado
em duas grandes divisões que se correspondem mutuamente. Vamos vê-lo em cinco
aspectos bem vincados:
1. A primeira indicação deste modelo literário é a natureza
paralela do prólogo (Apoc. 1:1-8) e do epílogo (22:6-21). Em ambas as seções se
fala de um anjo enviado por Deus para mostrar a seus servos "as coisas que
devem acontecer logo" (1:1 e 22:6). Ambas as partes contêm a mesma
bem-aventurança para os que ouvem a profecia de João (1:3 e 22:7). Além disso,
Apocalipse 1:2 explica que o livro contém "a palavra de Deus e o
testemunho de Jesus Cristo", e o epílogo conclui: "Eu Jesus, enviei
meu anjo para lhes dar testemunho destas coisas nas igrejas" (22:16).
Ambas as seções mencionam o tema dominante da volta de Cristo (1:7 e 22:7, 12,
20). As duas vezes lêem que "o tempo está perto" (1:3 e 22:10). No
prólogo, Deus é chamado o Alfa e o Omega (1:8), enquanto que o epílogo descreve
a Cristo como o Alfa e o Omega (22:13). Além de tudo isto, ambas as seções
mencionam o Espírito como parte da Deidade (1:4, 5 e 22:6, 9, 16, 17).
Estas correspondências revelam que o prólogo e o epílogo
formam um modelo deliberado de complementos ou paralelos. Esta é a indicação
inicial de um paralelismo intencional dentro do Apocalipse.
2. O segundo conjunto de contrapartes surpreendentes se
encontra nos capítulos 2, 3, 21 e 22 do livro. As sete cartas que aparecem em
Apocalipse 2 e 3 contêm promessas específicas para a igreja militante. Estas
promessas retornam em Apocalipse 21 e 22 como sendo cumpridas na visão que João
teve da Nova Jerusalém no paraíso restaurado. Por exemplo, Cristo promete a
"árvore da vida" no paraíso (2:7), enquanto Apocalipse 22:2 mostra
seu cumprimento. A promessa de "não sofrer dano da segunda morte"
(2:11), cumpre-se em Apocalipse 20:6, 14 e 21:4, 8. A promessa de receber a
"estrela da manhã" (2:28) aparece em Apocalipse 22:16 como cumprida
em Cristo. O "livro da vida" (3:5) reaparece em Apocalipse 21:27 como
o livro da vida do Cordeiro. A promessa de chegar a ser "coluna no templo
de Deus" com a inscrição dos nomes de Deus e de Cristo e da Nova Jerusalém
(3:12), realiza-se em Apocalipse 21:7, 10, 22 e 22:4. A promessa de ter um
lugar com Cristo em seu trono (3:21) vê-se cumprida em Apocalipse 20:4 e
22:3-5. Estas promessas à igreja nos capítulos 2 e 3 do livro reaparecem em
Apocalipse 21 e 22 como promessas cumpridas na igreja triunfante.
Estas correspondências intencionais mostram que para ter a
compreensão total de uma parte se requer a integração de seu contraparte ou
complemento. Portanto, as sete cartas de Cristo em Apocalipse 2 e 3 não podem
divorciar-se legitimamente do resto do livro. Essas cartas tratam com a igreja
militante, enquanto Apocalipse 21 e 22 nos asseguram de sua chegada a salvo à
Nova Jerusalém. Todas as partes da primeira divisão do livro (caps. 1-14)
antecipam a segunda visão. Como se mencionou na introdução, há uma progressão
sensível de tempo entre as duas divisões principais do Apocalipse.
3. O terceiro paralelismo principal pode observar-se entre
as visões do trono de Apocalipse 4 aos 6 e 19 e 20. Ambas as seções começam com
um céu aberto no qual 24 anciões e 4 seres viventes adoram a Deus sentado em
seu trono (ver 4:1, 4, 9; 5:13, 14; 19:1, 4). Ambas as unidades descrevem a um
cavaleiro sobre um cavalo branco; explicam assim reciprocamente o começo e a
terminação da missão evangélica (6:2; 19:11), e descrevem graficamente o
progresso no tempo, cuja dimensão está descrita com grandiosidade por meio das
almas dos mártires nos capítulos 6, 19 e 20.
Durante o quinto selo, João ouve que os mártires clamam:
"Até quando, Senhor, santo e verdadeiro, não julgas e vingas nosso sangue
nos que moram na terra?" (6:10). Em Apocalipse 19 escuta o canto de
vitória: "Aleluia!... porque teus juízos [os de Deus] são verdadeiros e
justos... vingou o sangue de seus servos da mão dela [a grande meretriz]"
(vs. 1, 2). Apocalipse 20:4 mostra a vindicação dos mártires. Esta é uma
evidência adicional da progressão contínua da história da salvação entre
Apocalipse 4 a 6 e 19 e 20. A justiça que se solicita em Apocalipse 6 chega a
ser a que se outorga em Apocalipse 19 e 20.
4. Pode detectar um quarto paralelismo simétrico nas duas
séries que falam de juízo: a sequência das sete trombetas nos capítulos 8 e 9
mostra correspondências surpreendentes com a sequência das sete taças (ou
pragas) em Apocalipse 16. Ambas as séries proféticas descrevem juízos de Deus e
usam símbolos idênticos. Ambas as seções adoptam o motivo do êxodo hebreu com
suas pragas-juízos que revelam a majestade do Deus de Israel. Entretanto, chega
a ser patente que as pragas de Apocalipse 16 são mais intensas e extensas que
as pragas das trombetas, que afetam só uma terça parte do mundo.
As taças com as pragas representam os juízos finais de Deus
sobre a última geração de um mundo rebelde. Seu cenário é depois que terminou o
tempo de graça (Apoc. 15:7, 8). Isto confirma a composição literária do livro
no qual as trombetas estão colocadas na parte histórica, enquanto as taças com
as 7 pragas últimas estão estritamente na divisão do juízo final. A progressão
clara de tempo que se dá a entender entre os juízos das trombetas e das pragas
mostra o caráter misericordioso de Deus, que é "tardio para a ira"
(Êxo. 34:6), no aumento gradual da intensidade dos juízos. As trombetas de
Apocalipse 8 e 9 formam os tipos de admoestação durante a era cristã, dos
juízos sem misericórdia nas últimas pragas de Apocalipse 16, que se derramarão
ao fim da história.
5. Finalmente, a visão profética de Apocalipse 12 mostra
alguns paralelos comparativos sobre Babilónia que aparecem no capítulo 17.
Ambas as visões descrevem uma "mulher" simbólica (12:1; 17:1) e uma
besta de 7 cabeças e 10 chifres (13:1; 17:3). Uma vez mais notamos o avanço no
tempo
nestas sequências proféticas. As "coroas" do dragão mudam das 7 cabeças aos 10 chifres entre Apocalipse 12 e 13. Em Apocalipse 17:10 ouvimos que 5 dos 7 poderes ímpios "caíram, um existe, e o outro ainda não chegou". Desta maneira se declara enfaticamente o desenvolvimento no tempo.
nestas sequências proféticas. As "coroas" do dragão mudam das 7 cabeças aos 10 chifres entre Apocalipse 12 e 13. Em Apocalipse 17:10 ouvimos que 5 dos 7 poderes ímpios "caíram, um existe, e o outro ainda não chegou". Desta maneira se declara enfaticamente o desenvolvimento no tempo.
A linha de demarcação entre a era histórica e o juízo
apocalíptico pode ver-se no fim de Apocalipse 14. O capítulo 15 começa com o
anúncio da terminação da mediação celestial no templo de Deus. Por conseguinte,
Apocalipse 1-14 abrange a era cristã por meio de vários ciclos progressivos de sequências
proféticas.
Entender-se-á melhor cada sequência profética no Apocalipse
se se levar em conta seu complemento correspondente na outra divisão do livro.
Por exemplo, o significado do misterioso capítulo 17 (com seu juízo sobre a
besta com 7 cabeças) pode entender-se adequadamente só na perspectiva do
cumprimento gradual de Apocalipse 12 e 13, onde esta besta aparece descrita em
seu surgimento histórico e desenvolvimento como o anticristo.
Estes exemplos de correspondência literária entre as duas
divisões principais do Apocalipse implicam um princípio inerente de
interpretação: Cada unidade profética deve relacionar-se com sua própria
divisão e tema teológico, já seja com a era histórica da igreja (Apoc. 1-14) ou
com o juízo futuro, depois que tenha terminado o tempo de graça (Apoc. 15-22).
A progressão entre as duas divisões nos leva a interpretar as trombetas e os
selos como sequências proféticas que cobrem a história da igreja, enquanto as
pragas se descrevem como juízos específicos do tempo do fim. Podem encontrar-se
ocasionalmente algumas exortações morais dentro da divisão onde aparece o juízo
(17:9-12; 16:15; 18:1, 4; 20:6; 19:9). Isto coloca ao milénio de Apocalipse 20
na era futura, depois que terminar o tempo de graça (cap. 15).
Entender toda a intenção da profecia e do cumprimento requer
uma relação cuidadosa das partes correspondentes em ambas as divisões. Este
procedimento segue o plano arquitectónico do Apocalipse. Desse modo, ao
vincular a teologia e a composição, o Apocalipse revela a chave para sua
compreensão. Portanto, não é válido isolar do arranjo total do livro qualquer
versículo ou seção.
Análise Estrutural
Muitos expositores apresentaram um esboço detalhado da estrutura
do livro. Dividem o livro em 5, 6 ou 7 séries de visões. Alguns dividem cada
uma destas ulteriormente em 7 unidades ou septenários, segundo o exemplo das 7
igrejas, os 7 selos, as 7 trombetas e as 7 pragas. Merril C. Tenney e outros
distinguem dentro das séries independentes de Apocalipse 12 a 14, 7 personagens
simbólicos (a mulher, o dragão, o menino, Miguel, a besta do mar, a besta da
terra, o cordeiro) e dentro de Apocalipse 21 e 22, 7 "coisas novas".
Entretanto, parece melhor concentrar-se no significado dos
explícitos septenários que apresenta João das igrejas (caps. 2 e 3), os selos
(cap. 6), as trombetas (caps. 8 e 9) e as pragas (cap. 16). Cada série de setes
contém uma sequência completa que lhe é própria. Entretanto, em forma notável,
depois do sexto selo, depois da sexta trombeta e depois da sexta praga, há um
intervalo especial com uma visão concentrada, que trata de explicar com mais
detalhe os eventos precedentes em cada série, com assuntos pastorais para o
povo de Deus do tempo do fim.
Maxwell denomina estes parênteses nas visões: "… cenas
de obrigações ou encargos para o tempo do fim, e de segurança".[5] Estes
intervalos pastorais pertencem às visões mais significativas e consoladoras de
Apocalipse (Apoc. 7; 10, 11; 16:15). Estas passagens do tempo do fim requerem
nossa atenção especial.
Os 3 últimos septenários terminam com a dramática vinda de
Cristo em juízo (6:12-17) ou com os sinais de sua guerra santa contra os ímpios
(11:19; 16:17-21). Estas terminações apocalípticas de cada cadeia indicam que
as 3 séries não são 3 sequências cronológicas, que cada uma segue à outra. Pelo
contrário, repetem a mesma sequência histórica vista sob perspectivas
diferentes. Cada vez o septenário seguinte intensifica o foco sobre os eventos
finais, como em uma escada em caracol. Isto cria uma urgência cada vez maior no
Apocalipse. Como explicou Robert H. Mounce: "Cada nova visão, intensifica
a realização do juízo vindouro. Assim como uma tormenta que se arma no mar,
cada nova crista da onda conduz a história mais perto de seu destino
final".[6] Precisamos reconhecer o estilo literário de recapitulação no
Apocalipse. O princípio de repetição e ampliação já está presente nos esboços
proféticos de Daniel (Dan. 2, 7, 8, 11 ). Dessa forma, o estilo de recapitulação
e intensificação que usa João, adotou-o do estilo literário do livro
apocalíptico de Daniel.
Tanto no prólogo (Apoc. 1:2) como no epílogo (22:6), João
anuncia que o tema do Apocalipse é: "As coisas que logo devem
acontecer". Isto é tomado diretamente do livro de Daniel (Dan. 2:28, 29,
45, nas versões gregas), com a exceção do termo "logo" ou
"breve" que agora é acrescentado pelo próprio João. O livro do Daniel
também serve como modelo para o tema teológico de João: o grande conflito entre
Cristo e sua igreja por um lado, e Satanás e os poderes de seu anticristo pelo
outro. Assim como Daniel, a ênfase de João está sobre o resultado do conflito,
o juízo universal-cósmico e a ulterior restauração do reino de Deus na terra.
Como assinalou George K. Beale, "a ideia de um juízo cósmico,
escatológico, não é um tema principal de nenhum dos livros do Antigo Testamento
excepto no de Daniel".[7]
Pode-se inferir que o Apocalipse representa o
desenvolvimento cristocêntrico das profecias do Daniel. André Feuillet até
chamou o Apocalipse "o livro do Daniel do cristianismo".[8] As
repetidas alusões a Daniel 2 neste livro, sugerem que o Apocalipse de João tem
o propósito de ser a continuação e o desenvolvimento ulterior das profecias de
Daniel.
Observamos que os ciclos proféticos dos selos (Apoc. 4-7),
das trombetas (caps. 8-11) e das pragas (caps. 15 e 16) rodeiam a parte central
do livro, que se encontra nos capítulos 12 a 14. Esta unidade, dentro de si
mesmo, descreve o desenvolvimento principal da história da igreja. Começa com o
primeiro advento de Cristo durante o Império Romano (12:1-5), continua com a
igreja no deserto por 1.260 dias proféticos ou 3 ½ tempos proféticos (12:6, 14)
e finaliza com a igreja remanescente do tempo do fim (12:17). Apocalipse 13
desenvolve o tema do anticristo e seu falso profeta. Apocalipse 14 revela o
ultimato de Deus para um mundo que está unido em uma rebelião contra Deus. Esta
chamada final para a restauração da verdadeira adoração produz um povo de Deus
fiel antes que chegue o juízo (ver 14:6-12). Dessa forma, o tema da igreja como
a comunidade da salvação nos últimos dias não só se acha no começo e no fim do
livro, mas sim também constitui o núcleo do Apocalipse.
Este arranjo literário confirma a convicção de que o
Apocalipse não contém simplesmente 7 cartas a 7 igrejas (caps. 2 e 3). Todo o
Apocalipse como um tudo indivisível está dirigido como uma carta profética
apostólica à igreja universal. Através do arranjo simétrico do livro, João
enfatiza que a comunidade cristã é o ponto focal do Apocalipse. Todos os termos
e as imagens simbólicas devem relacionar-se com Cristo e com seu povo como o
verdadeiro Israel de Deus.
Nos capítulos restantes do livro, João usa o estilo de um
paralelismo contrastante entre Babilónia como "a grande meretriz"
(17:1) e a Nova Jerusalém como "a esposa do Cordeiro" (21:9), e por
essa razão ensina a relação destas duas seções finais (17:1-19:10 e
19:11-22:5). Juntas descrevem dramaticamente o duplo tema de retribuição e
recompensa. O fato de que ambas as cenas – a queda de Babilónia e o triunfo da
Nova Jerusalém – sejam introduzidas pelo próprio anjo das pragas (cap. 16; ver
17:1; 21:9), sugere que toda a seção de Apocalipse 17-22 é o desenvolvimento
ulterior da dupla colheita do mundo que se apresenta em Apocalipse 14:14-20.
Permanecemos admirados ante a engenhosa concepção do Apocalipse de João e o
aceitamos como a habilidade artística da inspiração divina. Concordamos com C.
Mervyn Maxwell quando afirma que...
"… o Apocalipse é um livro que põe de manifesto uma
arte interior inspirada por Deus e escrito com amante e inteligente devoção.
Inclusive a forma em que Deus e São João nos fizeram chegar, confirma nossa
convicção de que o Senhor se preocupa conosco porque nos ama".[9]
Esboços Simétricos
O esboço mais singelo do Apocalipse que mostra a composição
literária de um paralelismo inverso é o seguinte acerto:
A. A igreja militante Caps. 1-3
B. Cristo começa a guerra Caps. 4:1-8:1
C. Chamado de trombeta para arrepender-se Caps. 8:2-11:19
D. Panorama da era cristã Caps. 12-14
C1. Termina o tempo de prova: juízos retributivos Caps. 15 e
16
B1. Cristo termina a guerra Caps. 17-20
A1. A igreja triunfante Caps. 21 e 22
Um esboço mais detalhado da composição literária do
Apocalipse é apresentado por Elisabeth Schüssler Fiorenza da seguinte
maneira:10
A. Prólogo, 1:1-8
B. A comunidade sob juízo, 1:9-3:22 (7 mensagens)
C. O reino de Deus e de Cristo, 4:1-9:21; 11:14-19 (7 selos
e 7 trombetas)
D. A comunidade e seus opressores, 10:1-11:13; 12:1-15:4
A comissão profética, 10:1-11:13
Inimigos da comunidade, 12:1-14:5
Colheitas escatológicas, 14:6-20; 15:2-4.
C1. O juízo de Babilónia / Roma, 15:1, 5-19:10
As sete pragas, 15:5-16:21
Roma e seu poder, 17:1-18
Juízo sobre Roma, 18:1-19:10
B1. O juízo final e a salvação, 19:11-22:9
A1. Epílogo, 22:10-21.
O esboço mais detalhado da estrutura quiástica do Apocalipse
é apresentado por Kenneth A. Strand em seu estudo: "The Eight Basic
Visions" [As oito visões básicas]. Também coloca Apocalipse 11:19 a 14:20
como a cúpula das visões históricas.11
Em todos os esboços, a mensagem básica do livro se destaca
claramente no centro: Apocalipse 12-14 (ampliado pelo parêntese do Apoc. 10 e
11). Esta parte principal do livro enfoca a igreja do Senhor Jesus como a comunidade
adoradora durante a era cristã. Dentro desta estrutura, o farol de luz da
profecia muda da igreja apostólica à igreja no deserto e finalmente se estende
à comunidade remanescente no tempo do fim (caps. 12-14).
Não se pode fazer um estudo responsável pelas profecias do
tempo do fim se se divorciarem algumas porções seletas da Escritura de seus
contextos inalienáveis. O Apocalipse reiteradamente dirige seu feixe de luz
sobre a conclusão dos ciclos proféticos dos selos e das trombetas, de maneira
que é necessária a perspectiva de cada ciclo para entender uma visão específica
do tempo do fim e sua mensagem de consolo.
Isto é o mais imperioso já que os apóstolos aplicam as
profecias do tempo do fim do Antigo Testamento a todo o período entre os
adventos de Cristo e não meramente a algum segmento específico da história da
salvação. Por exemplo, tanto Pedro como Paulo vêem a profecia do tempo do fim
de Joel 2:32 como já em processo de cumprimento na igreja apostólica e em seu
alcance missionário mundial do Pentecostes (ver Atos. 2:16-21; Rom. 10:9-13).
Mas o Apocalipse de João aplica Joel 2:32 em sua consumação final à última
geração dos seguidores de Cristo (ver Apoc. 7 e 14:1-5; 17:12-14; 18:1-4;
19:11-21). Este modelo de cumprimentos do Novo Testamento aponta à dinâmica de
um cumprimento progressivo das profecias do Israel do tempo do fim. O
Apocalipse constitui a pedra fundamental de todas as revelações proféticas
desde Moisés. As dimensões apocalípticas de todos os outros livros da Bíblia
encontram sua consumação no Apocalipse de João.
Hans K. LaRondelle
Referências Para a Bibliografica
1. A. Y.
Collins, The Apocalypse. New Testament Message, t. 22, p. x.
2. K. A. Strand, "The Eight Basic Visions" [As
Oito Visões Básicas], Simpósio sobre o
Apocalipse. t. 1, p. 35.
3. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, 54.
4. Strand, Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, p. 30.
5. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 61.
6. Mounce,
The Book of Revelation, p. 46.
7. Beale,
The Use of Daniel in Jewish Apocalyptic Literature and in the Revelation of St.
John, p. 414.
8.
Feuillet, The Apocalypse, p. 65.
9. Maxwell,
Apocalipsis: sus revelaciones, p. 62.
10. Schüssler Fiorenza, Apêndice.
11. Strand, "The Eight Basic Visions" [As Oito
Visões Básicas], Simpósio sobre o
Apocalipse, t. 1, pp. 36, 37.
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