O livro de Daniel é conhecido como o Apocalipse do Antigo
Testamento. Na realidade o Apocalipse é apenas o complemento e a ampliação das
profecias de Daniel. Dificilmente, portanto, um poderá ser entendido sem o
auxílio do outro. É in dispensável que se atente para a perfeita harmonia entre
os dois livros, na referência ao poder anticristão representado por Roma.
Ambos fazem menção ao mesmo poder. Vamos analisar as quatro
dimensões mencionadas no texto referido de Daniel 7:25, que caracterizam sem
nenhuma dúvida o poder religioso assentado em Roma, comparando-as com suas
similares do livro de Apocalipse.
A primeira delas trata das blasfémias: E proferirá palavras
contra o Altíssimo... (Daniel 7:25). E foi-lhe dada uma boca para proferir
grandes coisas e blasfémias... E abriu a sua boca em blasfémias, contra Deus,
para blasfemar do Seu nome, e do Seu Tabernáculo, e dos que habitam no céu
(Apocalipse 13:5-6). Então tive vontade de conhecer a verdade sobre o quarto
animal que era diferente de todos os outros, muito terrível... e também das dez
pontas que tinha na cabeça, e da outra que subia, de diante da qual caíram
três... que tinha olhos e uma boca que falava grandiosamente, e cujo parecer
era mais firme do que o das suas companheiras (Daniel 7:19-20). O qual se opõe,
e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se
assentará, como Deus, no templo de Deus, que rendo parecer Deus (II
Tessalonicenses 2:4).
Primeiramente é necessário que se conceitue o verdadeiro
significado da palavra blasfémia. Note-se o esclarecedor relato bíblico, quando
Jesus Se dirigiu a alguém, perdoando os seus pecados: E, vendo Ele a fé deles,
disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados. E os escribas e os fariseus
começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfémias? Quem pode
perdoar pecados, senão só Deus? (S. Lucas 5:20-21).
Ora, segundo eles Jesus estava blasfemando porque pretendia
perdoar pecados. Em outra ocasião, novamente Jesus foi acusado pelos judeus de
blasfemar: Os judeus responderam, dizendo-Lhe: Não te apedrejamos por alguma
obra boa, mas pela blasfémia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo
(S. João 10:33).
Jesus podia e pode só Ele, perdoar pecados, porque Ele é
Deus. Os judeus não O aceitavam como tal e por isto o acusavam de blasfémia. E
o poder humano estudado que se arroga o direito de perdoar pecados e
considerar-se no lugar de Cristo, como Seu substituto?
O dicionário Aurélio, já mencionado, conceitua a palavra blasfémia
como palavras que ultrajam a divindade ou a religião.
A seguir registraremos algumas das absurdas e assombrosas
afirmações papais, em que o poder anticristão manifesta a sua pretensão
blasfema de ocupar o lugar de Deus, na Terra:
Há, no Direito Canónico, uma proposição que afirma,
claramente: O papa romano não ocupa o lugar de um mero homem, senão o do
verdadeiro Deus neste mundo (Direito Canónico C. 3, x de translat. e Piso 1,7.,
referi do em Testemunhos Históricos, p. 430).
Sobre a mesma pretensão, outra referência: Em uma passagem
que faz parte da lei canónica romana, o papa Inocêncio III declara que o
pontífice romano é o representante sobre a Terra, não de um mero homem, senão
do próprio Deus; e em uma interpretação da passagem se explica que isto é
porque ele é o vigário de Cristo, que é o mesmo Deus e o mesmo homem (Decretal
D. Gregor. Pap. IX lib. l de
translat. Episc. Tit. 7 cap. 3 Corp. Jur. Canon, Ed. Paris, 1.612). O
papa Pio X autorizou a codificação em lei canónica em 1.904 e o código
resultante entrou em vigor em 1.918.
Senhor Deus o Papa . As palavras Dominum Deum Nostrum Papam
(Nosso Senhor Deus o Papa) ocorrem nas Extravagantes do papa João XXII, coluna
153. (O Conflito dos Séculos, p. 153, edição de 1.968).
O pontífice romano foi constituído juiz no lugar de Deus,
lugar que ele ocupa como vice-regente do Altíssimo (Simaco, papa de 598 a 614
in THIELE, Edwin R., Daniel Esboço de Estudos, p. 66).
O papa é Deus, porque é vigário de Deus (Inocêncio III, papa
de 1.198 1.216). Ocupamos na Terra o lugar de Deus Todo-Poderoso (Leão XIII,
papa de 1.878 1.903) (The Great Encyclical Letters of Leo XIII, 20/06/1. 894 p.
304).
O papa é Jesus Cristo escondido sob o véu da carne . (Papa
Pio X, Testemunhos Históricos, p. 431).
Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Pio XI, papa de 1.922
1.939, referindo-se a sua própria pessoa, Jornal Correio do Povo, Porto Alegre,
08/11/1938). O mesmo Pio XI declara, mais, segundo a mesma fonte: Vós sabeis
que eu sou o santo padre, o vigário de Cristo, o representante de Deus na Terra.
E, ainda, Deus no céu e eu na Terra .
E, portanto, declaramos, dizemos e resolvemos: Estar sujeito
ao pontífice romano é necessário a toda a criatura para ser salva (Bula Unam
Sanctum, Bonifácio VIII, novembro de 1.302 C.L. in Testemunhos Históricos, p.
431).
O papa é o supremo juiz da lei na Terra. É o representante
de Cristo, que não é somente um sacerdote para sempre, mas também Rei dos reis,
e Senhor dos senhores (Extraído da Civilitá Católica, de 18/03/1. 871,
mencionado em Vatican Concil, por Leonard Wooslay Bacon, edição da American
Tract Society, p. 200).
O papa é o vigário de Cristo, ou a cabeça visível da Igreja
sobre a Terra. Os atributos do papa são os mesmos que os de Cristo. Este pode
perdoar pecados, também o pode o papa. O papa é o único homem que se arroga o
vicariato de Cristo. Sua pretensão não encontra oposição séria, e isso lhe
estabelece a autoridade. Os poderes conferidos ao papa por Cristo lhe foram
dados, não como a um mero homem, mas como representante de Cristo. O papa é
mais do que o representante de Cristo, porque ele é o fruto de Sua divindade e
da divina instituição da Igreja (Rev. Jeremias Prendegast. S. J. Syracusa N. Y., em Post Standard de
24/03/1.912, citado em Source Book for Bible Students, p. 412).
Todos os nomes que são atribuídos a Cris to nas Sagradas
Escrituras, mencionando a Sua supremacia sobre a Igreja toda, são também
atribuídos ao papa (Source Book for Bible Students, ed. 1.927, p. 411).
Aquilo que o papa diz, deve ser aceite como se Deus mesmo o
tivesse dito. Nas coisas divinas o temos por Deus, e no domínio dos mistérios
da fé, eu teria mais confiança num só papa do que em mil Agostinhos, Jerónimos
e Gregórios (Cornélio Musseo, bispo de Bitarto, ao pregar em Roma in El
Pontificado, Inácio de Doellinger, p. 276, Edição Espanha Moderna, Madrid
citado em Testemunhos Históricos, p. 432).
Não há diferença entre o papa e Jesus Cristo (Tomás de
Aquino, El Pontificado, Inácio Doellinger, p. 186 in Testemunhos Históricos, p.
432).
O papa é, pois, o pai de todos os cristãos, sendo que por
ele recebemos a graça de Deus. É, por conseguinte o papa que tem a chave das
fontes da graça (HILARE, P. A., A Religião Demonstrada, p. 389).
Só o papa merece ser chamado santíssimo porque unicamente
ele é vigário de Cristo, manancial, fonte e plenitude de toda a santidade... É
igualmente o monarca divino, imperador supremo, o rei dos reis... De aí que o
papa leva uma coroa tríplice, como rei do céu, da Terra e das regiões
inferiores... Além disso, a superioridade e o poder do pontífice romano não se
referem só às coisas celestiais, às terrenais e às que estão debaixo da terra,
senão que chegam até sobre os anjos, pois é maior do que eles... De maneira que
se se pudesse dar o caso de que os anjos errassem na fé, ou pensassem em forma
contrária à fé, poderiam ser julgados e excomungados pelo papa... Porque ele
tem tão grande dignidade e poder que forma com Cristo um e o mesmo tribunal...
O papa é como se fosse Deus na Terra, único soberano dos fiéis de Cristo,
principal rei dos reis, que tem a plenitude do poder, a quem o Deus omnipotente
tem confiado não só a direção do terrenal, senão também do reino celestial... o
papa tem tão grande autoridade e poder que pode modificar, explicar ou
interpretar mesmo as leis divinas (Prompta Biblioteca, trad. Lúcio Ferrari,
Art. papa , Vol. VI, pp. 26-29, destaques acrescentados).
Ninguém pode apelar do papa a Deus, como ninguém pode entrar
no consistório de Deus sem a mediação do papa, que é o portador das chaves e o
porteiro do consistório da vida eterna; e como ninguém pode apelar a ele mesmo,
porque há uma decisão e uma corte (cúria) de Deus e do papa (TRIUMPHUS,
Augustino, Summa de Potestate Eclesiastica, De Papalis Sentencie Apelatione).
A Igreja romana foi fundada unicamente pelo Senhor. Somente
o bispo de Roma merece em direito o nome de universal. Só ele tem o direito de
decretar novas leis, de fundar novas comunidades, de depor bispos sem decisão
sinodal, de subdividir dioceses ricas e unificar as pobres. Só ele tem o
direito de conferir as insígnias imperiais. Só ele dá o pé a beijar a todos os
príncipes. Só o seu nome é citado nas preces da igreja. O seu nome de papa é
reservado a ele só no mundo. Ele tem o direito de depor o imperador. Sem a sua
vontade nenhum sínodo pode ser chamado universal. As suas sentenças são
inapeláveis. Ele não pode ser julgado por ninguém. Todos os negócios
importantes de todas as igrejas devem ser levados perante a Santa Sé. A Igreja
romana nunca se enganou e nunca se enganará conforme atestam as Sagradas
Escrituras. O papa romano, quando é consagrado segundo os canones, torna-se
santo pelos méritos de São Pedro. Ninguém pode ser considerado católico, se não
está de acordo com a igreja romana. O papa pode dispensar os súbditos do
juramento de fidelidade prestado a maus soberanos (BERNHART, I., Gregório VII O
Vaticano Potência Mundial, p. 114).
O papado nunca abandonou sua pretensão blasfema de perdoar
pecados e de ser intermediário entre Deus e o homem, pois em tempos recentes o
papa João Paulo II adverte que só a Igreja pode perdoar, enfatizando:
Enganam-se aqueles que buscam o perdão aos seus erros falando diretamente com
Deus .
A segunda dimensão de Daniel 7:25 menciona a perseguição e
destruição dos Santos do Altíssimo pelo poder mencionado, os que foram mortos
como hereges: e destruirá os santos do Altíssimo.
O Apocalipse, referindo-se à mesma profecia, declara: E
foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder
sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre
a Terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que
foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:7-8).
Eu olhava, e eis que esta ponta fazia guerra contra os
santos e os vencia (Daniel 7:21).
A história do papado está manchada do sangue dos Santos do
Altíssimo, perseguidos, torturados, ultrajados e mortos por um poder satânico
que se diz cristão. As especificações da profecia foram total e fielmente
cumpridas e seriam necessários milhares de páginas e incontáveis livros para
que se escrevessem todas as maldades, crimes e assassinatos praticados em nome
da religião de Cristo.
O mais hediondo, vergonhoso e quase inacreditável crime
perpetrado contra os Santos do Altíssimo foi a matança dos crentes huguenotes
na fatídica e tristemente célebre Noite de São Bartolomeu , em Paris, em 24 de
agosto de 1.572.
Milhares de famílias de cristãos verdadeiros crianças,
mulheres, idosos foram indiscriminadamente chacinadas de maneira traiçoeira e
cruel, em nome da religião e do papa. Este, Gregório XIII, considerado
notabilíssimo pela igreja, na realidade um monstro de crueldade, receberá de
Deus a justa retribuição na ressurreição dos ímpios.
Ao tomar conhecimento do sucesso da empreitada o altivo e ímpio
pontífice rejubilou-se de tão grande maneira que saiu pelas ruas em procissão,
mandou cantar um Te Deum e cunhar uma medalha em comemoração à ímpia missão.
Assim como este, milhares de crimes foram cometidos, nos vários séculos de
terror e perseguição, pelo Tribunal do Santo Ofício, a sanguinária Santa
Inquisição , em nome de Jesus Cristo, o manso e humilde Cordeiro de Deus, o
Príncipe da Paz.
O sucessor de João Paulo II, o atual papa Bento XVI, íntimo
amigo e conselheiro daquele e que pretende em tempo recorde canonizá-lo,
torná-lo oficialmente santo por decreto da Igreja de Roma, foi ele próprio o
comandante por mais de uma década do sucedâneo daquela instituição criminosa,
atualmente denominada Congregação para defesa da fé.
Aquele maldito tribunal ainda existe, mas dormita. Em breve
novamente mostrará suas garras, na perseguição final aos santos do Altíssimo ,
nos últimos dias da história da humanidade, imediatamente antes da volta de
Jesus para cumprir a bendita promessa da redenção.
A terceira dimensão da profecia diz: E cuidará em mudar os
tempos e a lei (Daniel 7:25). A Palavra de Deus complementa esta que seria
outra atribuição do poder apóstata estudado, dizendo que juntamente com o
exército e o poder do paganismo ou contínuo, o papado lançaria a verdade por
terra e prosperaria.
Eis o texto sagrado: E o exército lhe foi entregue, com o
contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra, fez isso e
prosperou (Daniel 8:12). A palavra sacrifício ou holocausto, não consta do
original, estando grafada em caracteres itálicos, sendo incluída por mera
suposição dos tradutores.
A pergunta que se faz é: O papado cuidou em mudar os tempos
e a lei? Jogou ele a verdade por terra e prosperou? Recebeu ele o poder do
paganismo ou dragão romano?
A resposta é mais que evidente: Sim, ele cumpriu todas as
especificações da profecia. O mesmo animal terrível e espantoso que Daniel viu
foi visto também por João: E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar
uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez
diademas, e sobre suas cabeças um nome de blasfémia. E a besta que vi era
semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de
leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio
(Apocalipse 13:1-2).
Note-se que esta besta herdou os atributos de todas as
outras bestas representadas pelos outros animais referidos na profecia de
Daniel, ou seja, o leão babilónico, o urso medo-persa e o leopardo grego, o que
significa que ela absorveu todas as doutrinas pagãs e as filosofias daqueles
povos, que hoje compõem o corpo doutrinário de sua religião híbrida, resulta do
desse sincretismo multiforme.
O pontífice romano cumpriu as especificações da profecia no
tocante aos tempos e a lei? Primeiramente, atentemos para o que significa mudar
os tempos, e depois o que significa mudar a lei.
Qual o nome que se dá ao calendário hoje em vigor no mundo
ocidental e aceito praticamente em quase todos os países do mundo? A resposta
é: Calendário Gregoriano, em homenagem ao papa Gregório XIII (1.572 1.585).
Este papa promoveu em 1.582 a reforma do calendário,
suprimindo dez dias e introduzindo os anos bissextos na contagem do tempo.
Também o sistema bíblico de marcação do inicio dos dias, que era feito a partir
do por do sol, foi alterado para a partir da meia-noite.
Pode-se, portanto, afirmar que o poder papal mudou os
tempos. E o que dizer com relação à lei? A resposta a esta pergunta está
completamente respondida no oitavo capítulo desta série, intitulado Lei e Graça
A Justiça de Cristo.
No entanto, pela absoluta notoriedade do atentado feito à
lei de Deus, podem ser mencionadas em poucas linhas algumas das alterações que
o papado, de maneira atrevida e blasfema, pretendeu efetuar na eterna lei
divina, escrita com o próprio dedo de Deus.
Em primeiro lugar ele substituiu o primeiro mandamento: Não
terás outros deuses diante de Mim (Êxodo 20:3), por outro que diz: Amar a Deus
sobre todas as coisas . Ora, o propósito do poder apóstata é ocultar a
incontável quantidade de deuses que fabricou através de decretos pa pais, em
substituição aos deuses do paganismo.
Ao canonizar os seus santos, ele se antecipa ao juízo de
Deus e, sobrepondo-se ao próprio Deus, declara que eles se encontram na
bem-aventurança, aptos a fazer milagres, atender orações e com capacidade para
estar em toda parte, atributos estes inerentes a Deus e somente a Ele.
Como poderia o primeiro mandamento coexistir com a
inumerável quantidade de santos ou pequenos deuses se ele era uma constante
repreensão à hagiolatria, que é o culto a eles prestado?
O segundo mandamento foi simplesmente extirpado da lei de
Deus. Como poderia o poder religioso apóstata conviver com a multidão de
imagens de escultura, ídolos e ícones herdados do paganismo e com um mandamento
que é determinante e diz claramente: Não farás para ti imagem de escultura, nem
alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o
Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até
à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia em
milhares (de gerações) aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos (Êxodo
20:4-5).
No quarto mandamento Deus determina que seja santificado o
sábado do sétimo dia por que, segundo este mandamento, o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus (Êxodo 20:8-11), que Ele abençoou e santificou e que seria
um sinal do Seu poder criador entre Ele e os Seus filhos, perpetuamente (Êxodo
31:17).
Ora, este mandamento foi substituído e, em lugar do sábado
do sétimo dia foi colocado o primeiro dia da semana, que era observado e
guardado pelo paganismo romano como o dies solis ou dia do sol. Hoje, em lugar
do preceito divino encontra-se o preceito papal: Guardar domingos e dias de
festa (Catecismo Católico Romano).
A Igreja Católica afirma que o papa tem autoridade para
mudar a lei de Deus, razão por que o fez. Segundo ela, os protestantes aceitam
esta afirmação porque observam um dia para cuja mudança não existe nenhuma
outra autoridade que não seja a autoridade papal. O poder papal não poderia
conviver com o quarto mandamento porque ele é o selo da lei de Deus e contém em
seu texto o nome do Legislador, as Suas atribuições de Criador e a jurisdição
do Seu domínio.
O sétimo mandamento: Não adulterarás (Êxodo 20:14) foi
modificado para Não pecar contra a castidade, porque um poder adúltero, que
perverteu e adulterou os límpidos princípios do Cristianismo não poderia
conviver com um preceito que lhe seria uma constante acusação.
Finalmente, o décimo mandamento que de termina que nada se
cobice do próximo, foi repartido em dois, para que não ficasse incompleto o
número dos mandamentos, já que havia sido suprimido o segundo mandamento que
proibia a confecção e o culto às imagens.
Está, portanto, devidamente esclarecido, sem nenhuma dúvida,
que o poder papal jogou a verdade por terra e cuidou em mudar os tempos e a
lei. Cumpriu, portanto, mais esta especificação da profecia, a ele referente.
Resta, portanto, para dar total cumprimento a toda a
profecia, o esclarecimento a respeito do período do seu domínio absoluto.
A Revolução Francesa provocou profundas alterações na
história da humanidade.
A ordem política, social e económica mundial tiveram consequências
indeléveis ainda sentidas hoje. Mas talvez a maior consequência e que resultou
em maior beneficio para a humanidade foi a libertação dos grilhões do papado.
A cidade de Paris, capital da França, foi também a capital
da revolução. A Bastilha, cadeia-fortaleza situada no centro de Paris era
símbolo da opressão real. A sua tomada pela população revolucionária sublevada,
no dia 14 de julho de 1.789, sob o lema de Liberdade, Igualdade e Fraternidade,
marca o início de um período de terror em que milhares de aristocratas e
outros, considerados inimigos seus, morreram num instrumento concebido para a
execução de criminosos: a guilhotina.
Napoleão Bonaparte, jovem tenente corso, distinguiu-se pela
energia e génio militar, no período pós-revolucionário, conseguindo rápida
promoção e grande popularidade. Com isso, ascendeu ao poder supremo na França,
não como simples rei, mas como imperador. Desejou, pretendeu e quase conseguiu
conquistar todo o mundo e implantar um novo império universal.
Sua sede de conquistas e de poder esbarrou com a providência
divina que, milénios antes, previra que não seria estabelecido outro reino
universal, a não ser o de Jesus Cristo, na sua segunda vinda, conforme a
inspirada profecia de Daniel, mencionada neste estudo (a estátua e os animais
simbólicos).
Outros soberanos ambiciosos também intentaram sem sucesso o
mesmo propósito de conquista mundial. Todos tiveram frustrado o seu intento. É
impossível à profecia falhar.
Antes de Napoleão, Carlos Magno, rei da França, Carlos V,
rei da Espanha e Imperador da Alemanha, Luiz XIV, de França, aventuraram-se
nesse sonho de conquista.
Depois de Napoleão, já no século XX, dois homens julgaram-se
suficientemente fortes para reunir o ferro e o barro romanos divididos:
Guilherme II, o Czar da Alemanha, na terrível Primeira Guerra Mundial e Adolph
Hitler, que incendiou o mundo e foi o responsável pela Segunda Grande Guerra
Mundial, que destruiu milhões de vi das humanas e transformou a Europa,
principalmente, num amontoado de ruínas.
Mas, voltando a Napoleão Bonaparte, foi ele o responsável
pela subversão do papado. A data oficial de sua extinção, declarada pelo
Diretório Revolucionário Francês é de suma importância profética. No dia 10 de
março de 1.798 o papado foi oficialmente declarado deposto e extinto o seu
poder. Napoleão invadira e conquistara grande parte do mundo ocidental, dando
expansão aos ideais revolucionários.
Na Itália, onde colocara o seu irmão José Bonaparte como
embaixador, foi morto o general, francês Duphot, quando, numa rixa junto ao
palácio da embaixada, procurava acalmar a excitação dos soldados pontifícios.
José Bonaparte partiu imediata mente para Paris e o General Berthier, que o
substituíra no comando do exército da Itália recebeu instruções do Diretório
para vingar no Estado Romano aquele horrendo crime. À frente do exército,
entrou na Cidade Eterna com 9.000 homens.
Rodolfo Manuel Haller, tesoureiro do exército italiano
comunicou brutalmente ao papa Pio VI que o povo romano tinha proclamado a sua
independência e já não o reconhecia como soberano político.
Preso, o papa foi metido numa carruagem que o levou
provisoriamente para Siena. Posteriormente foi desterrado para a cidadela de
Valence, aonde veio a morrer no dia 29 de agosto de 1.799. A Igreja Romana
estava acéfala, sem cabeça. Sua cabeça havia sido arrancada à força por
Napoleão. O poder papal caiu oficial mente no dia 10 de março de 1.798.
Pode-se, por tanto, por um simples exercício de aritmética,
calcular o período em que ele se manteve absoluto, por registros históricos
oficiais. É necessário, apenas, saber-se quando teve início este poder, qual
foi o ponto de partida de seu estabelecimento, qual a data e o acontecimento
político que deu início ao seu domínio mundial.
Ora, é bastante que se saiba quando e como entrou em vigor o
decreto de Justiniano, tornando o papa a Cabeça Universal de Todas as Igrejas ,
a data que representou a queda do último obstáculo ao seu predomínio absoluto:
a resposta é a derrota dos Ostrogodos, em março do ano de 538.
Subtraindo-se 538 de 1.798, encontramos o período em que o
poder papal teve domínio sobre a Terra: 1.260 anos. Pergunta-se: este fato já
estava predito nas Sagradas Escrituras? Sem nenhuma dúvida, com absoluta
clareza, é a resposta.
Em muitos textos diferentes e enfocado de diversos ângulos,
a sabedoria divina prefigurou este período profético. As profecias de Daniel e
do Apocalipse são unânimes e textuais nessa referência: ... e eles serão
entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo (Daniel
7:25). E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o
deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um
tempo, fora da vista da serpente (Apocalipse 12:14). De acordo com Daniel
11:13, a palavra tempos, referindo-se a períodos proféticos, significa anos. Em
Daniel 7:25 a palavra tempos está em sua forma dual, no original aramaico
iddanim, significando, pois, dois anos (CARVALHO, Demilson Fonseca de, O Sinal
da Besta e as Sete Pragas do Apocalipse, pp. 18-19).
Um tempo representa um ano ou 360 dias, profeticamente, como
podemos depreender de textos como Ezequiel 4:7 e Números 14:34, fato que
representa quase que a unanimidade de opinião de estudiosos e intérpretes das
profecias bíblicas.
Dois tempos representam dois anos ou 720 dias e a metade de
um tempo representa a metade de um ano, ou 180 dias. Somando-se todos estes
dias-anos encontramos o resultado assombroso: 1.260 dias proféticos ou 1.260
anos, que foi exatamente o período de domínio do poder anticristão estudado.
A misericordiosa providência do Deus Altíssimo, para não
deixar nenhuma dúvida, em nenhum aspecto ou sentido, ampliou as informações a
respeito desse período. Note-se, nas referências seguintes, o mesmo período
representado de diferentes maneiras: E a mulher fugiu para o deserto, onde já
tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil
duzentos e sessenta dias (Apocalipse 12:6).
A mulher vestida do sol, do capítulo 12 de Apocalipse,
representa a Igreja verdadeira de Deus, aqueles que, chamados de hereges foram
perseguidos e mortos durante 1.260 dias-anos e que, simbolicamente, é mostrada
na profecia como fugitiva para o deserto.
O mesmo período é mencionado novamente: E foi-lhe dada uma
boca para proferir grandes coisas e blasfémias; e deu-se-lhe poder para
continuar por quarenta e dois meses (Apocalipse 13:5). Quarenta e dois meses
são equivalentes a 1.260 dias, que é o resultado da multiplicação de 42 por 30.
O mesmo período é novamente mencionado pela profecia sagrada.
É impossível, portanto, não se enxergar o per feito
cumprimento da Palavra de Deus, no tocante ao período em que o poder papal
predominou. Sem nenhuma dúvida, 1.260 anos, do ano 538 ao ano de 1.798.
Postado por O Terceiro Anjo http://oeternoevangelho.blogspot.pt/2008/08/daniel-e-o-apocalipse-besta-e-o.html
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