Durante a Inquisição, na Idade Média, um representante papal estava prestes a levar a cabo um ataque a uma cidade onde viviam alguns hereges, quando um soldado perguntou: “Como vamos saber quem entre essas pessoas são nossos amigos e quem são os nossos inimigos?”
“Mate-os todos”, respondeu o representante papal. Deus vai classificá-los Ele mesmo.
Estas palavras insensíveis e descuidadas como eram, ecoaram uma verdade bíblica crucial: Deus prometeu executar um julgamento, no qual irá de fato, classificá-los por Ele mesmo. Ele vai fazer a triagem no impressionante julgamento que ocorre no céu antes da volta de Cristo e retribuirá uma recompensa para todas as pessoas segundo as suas obras (Apocalipse 22:12).
Daniel 7 contém o que é talvez a mais clara passagem que descreve este Julgamento. Esse capítulo fala de um terrível poder político-religioso, simbolicamente retratado como um chifre pequeno, que persegue os santos de Deus, até um julgamento celestial resultar em serem entregues no reino eterno de Deus: “Enquanto eu observava, esse chifre guerreava contra os santos e os derrotava, até que o ancião veio e pronunciou a sentença a favor dos santos do Altíssimo; chegou a hora de eles tomarem posse do reino” (Daniel 7:21-22).
Alguns versos depois, Daniel descreve o mesmo evento, começando com uma descrição do chifre pequeno: “Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim. O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (versos 25 à 27).
Ataques físicos e espirituais
Apocalipse 12 descreve a queda de Satanás do céu, sua atividade subsequente na Terra, e paralela alguns dos eventos profetizados em Daniel 7, particularmente o ataque de Satanás sobre o povo de Deus. Satanás tem realizado muito deste ataque através de diversas formas de perseguição física durante os 2.000 anos da história cristã. No entanto, seu ataque não é apenas físico. É também espiritual. O Apocalipse o chama de “o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite” (Apocalipse 12:10).
Aqui é onde o julgamento desempenha um papel crucial na libertação final e definitiva dos santos. Não há dúvida de que Satanás é o acusador do povo de Deus. Porque ele próprio foi expulso do céu devido ao seu pecado, ele argumenta que nenhum ser humano deve ser permitido no céu também, porque todos os seres humanos são pecadores também.
Jesus uma vezes chamou a Satanás mentiroso (João 8:44). Mas Satanás nãomentirá sobre os pecados daqueles que professam seguir a Cristo. Com efeito, uma das verdades fundamentais de toda a Escritura, diz que o pecado das pessoas é inerente. Todos os seres humanos, de Genghis Khan e Josef Mengele à Madre Teresa e João Batista, são pecadores. Ninguém, nunca, está isento. “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23).
Satanás pode mentir e apresentar os pecados dos eleitos do Senhor, da pior maneira possível, mas isso pouco importa. Nossas vidas, pela sua natureza, excluem-nos do céu, mesmo sem a ajuda de Satanás.
A boa notícia do grande juízo pré-advento retratado em Daniel 7, no entanto, é que todos os verdadeiros seguidores de Cristo tem um substituto no julgamento. Aquele cuja vida perfeita e perfeita obediência à lei tem sido creditados a eles pela fé. Em outras palavras, este julgamento acaba, uma vez por todas, com as acusações de Satanás e os ataques contra o povo de Deus.
O livro de Zacarias revela o que vai acontecer neste julgamento. Na passagem seguinte, Josué, o sumo sacerdote, simboliza o povo de Deus, a quem Satanás está acusando, perante o Senhor:
“Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do SENHOR, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor…Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo…A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes. E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre a cabeça. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um turbante limpo e o vestiram com trajes próprios; e o Anjo do SENHOR estava ali” (Zacarias 3:1-5).
Acusações de Desqualificação
Assim, neste juízo final, Satanás acusará o povo de Deus de romper a Sua santa lei. Ele aponta para os defeitos dos seus caráteres, o contraste com Cristo, e as muitas maneiras em que eles têm desonrado a seu Redentor. Ele afirma que suas falhas os desqualificam para a expiação de Cristo e que, consequentemente, eles pertencem ao seu reino, e não ao de Cristo.
No entanto Jesus discute seus casos. Ele não desculpa seus pecados, mas pelo contrário, Ele apresenta o seu arrependimento, sua fé e sua confiança em seus méritos. E Ele reivindica o perdão que Ele obteve para eles por Sua vida de obediência perfeita e Sua morte substitutiva. Ele cumpriu as exigências da lei, e ele oferece este cumprimento a todo e qualquer que irá aceitá-Lo. Posicionado diante de Deus o Pai, Jesus levanta suas mãos feridas, mãos que carregam as cicatrizes da cruz e diz: Conheço-os pelo nome, eu os tenho “gravado nas palmas das minhas mãos” (Isaías 49:16).
Assim, os seguidores de Cristo são revestidos em sua perfeita justiça sem pecado, e Ele os apresenta ao Pai como “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:27).
As acusações do diabo são silenciadas. São silenciadas não por causa de qualquer mérito de cristãos professos, mas só por causa dos méritos de Jesus, cuja perfeita obediência à lei de Deus, é creditado aos Seus seguidores. Este veredito é processado uma vez por todas no grande juízo pré-advento.
Então, o diabo é derrotado, e, como diz Daniel, “veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino” (Daniel 7:22)
Nenhuma dúvida sobre isto: Satanás se opôs ao povo de Deus e esta oposição continua hoje. O livro do Apocalipse adverte para o ressurgimento da perseguição física que ocorreu no início da história da igreja. Mas o ataque mais cruel de Satanás é o espiritual, no qual ele pretende reivindicar como seus aqueles que, embora pecadores, reivindicaram o sangue de Cristo como a esperança da salvação.
O representante papal terá que responder pela morte dos inocentes. Mas ele tinha uma coisa certa: Deus, de fato, irá classificá-los Ele mesmo no julgamento.
Artigo escrito por Clifford Goldstein, publicado na revista Signs of The Times de Setembro/2010.
Sem comentários:
Enviar um comentário