Esta “abominação” é a adoração ao Sol, no dia estipulado para o efeito – o Domingo – o 1º dia da semana. E qual será o resultado desta abominação? Tal como o texto refere, trará consigo a desolação. E, para o tempo do fim, não será para um determinado lugar específico – Jerusalém – mas, estender-se-á globalmente, a nível mundial. Podemos aperceber-nos, efectivamente, da relação existente entre “cuidará em mudar a lei” – Daniel 7.25 – e este texto – “abominação desoladora” – Daniel 11.31.
- V.32- “E aos violadores do concerto ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas”.
Este poder irá aliciar outros com mentiras para que possam violar o concerto E qual será esta grande mentira deste poder contrário a Deus? É, claro está, em fazer crer que o 1º dia da semana – o Domingo – é um dia santo ao Senhor, um dia de repouso. E, quando é que a cristandade aceitou esta mentira? Uma vasta maioria a aceita e defende com todo o entusiasmo, dizendo que a aceitam visto Cristo ter ressuscitado neste dia – o Domingo! Mas se a norma é guardar um dia porque comemora um evento, então, Cristo celebrou antecipadamente a Páscoa com os Seus discípulos numa 5ª feira; então porque não respeitamos este dia – a 5ª feira – também como dia especial?! Uma outra razão apresentada é porque os discípulos reuniram-se, no dia da ressurreição em honra da ressurreição de Cristo. Mas, a este propósito, o que referem os evangelhos? Estes, apresentam-nos uma razão bem diferente pela qual estavam juntos naquele Domingo. Ora vejamos: - “Chegada pois a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” – João 20.19.A razão, afinal, segundo o texto, foi outra, pois não que estivessem a comemorar fosse o que fosse, mas sim porque estavam com medo dos judeus!
Cristo repousou no sepulcro todo o santo dia de Sábado; descansou em que dia da Criação? Claro, no 7º dia - cf. Génesis 2.3; e fê-lo porque Ele é o Criador – João 1.1-3; Colossenses 1.16; Hebreus 1.2. Como também da redenção da cruz neste mesmo dia – o 7º da semana. É por esta razão que o Antigo Testamento apresenta os 10 mandamentos sob duas perspectivas, em particular o 4º mandamento – o Sábado: 1ª- Em Êxodo 20.8-11 - mostra-nos que devemos guardar o Sábado porque Deus é o Criador: - “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há; e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia de sábado e o santificou” – v.11; 2ª- Em Deuteronómio 5.12-15 – recorda-nos a situação social do povo de Deus, ou seja que foi escravo e que Deus o redimiu, o retirou daquela situação - “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egipto, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” – v.15. Eis as duas razões para a guarda do Sábado: 1ª- Porque Cristo é o nosso Criador; 2ª- na qualidade de pecadores, Ele nos resgata desta situação, nos recria, de novo. E, quando o Seu povo com Ele se encontrar e com Ele estiver para todo o sempre no momento da Sua 2ª vinda a esta Terra, não só nos criou e reconstituiu
espiritualmente, após o pecado, como nos dará um corpo e um mundo novo – “novos céus, nova terra” – Apocalipse 21.1.Afinal, que concerto ou pacto é este que é violado? Se este poder faz com que as pessoas violem este pacto/concerto, é necessário que saibamos o que ele comporta. Vejamos o texto de Deuteronómio 4.13: - “Então vos anunciou ele o seu concerto que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra”. Assim sendo, este concerto/pacto não é outro a não ser – os 10 Mandamentos. Leiamos Deuteronómio 9.9: - “Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do concerto que o Senhor fizera convosco, então fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi e água não bebi”. Aqui encontramos, de novo, a mesma palavra - concerto/pacto – ou seja, a santa Lei de Deus. Assim, tal como foi escrito pelo profeta Daniel, este poder levaria muitos a violarem o concerto. O sinal deste pacto é, indiscutivelmente, o 4º mandamento – o Sábado. Este poder retira-o e coloca outro sinal no seu lugar – o sinal do seu próprio poder e o reconhecimento da sua autoridade – o 1º dia da semana – o Domingo. Por que razão é que o sistema papal quis mudar o Sábado? Vejamos: - quem é, segundo as Sagradas Escrituras, o único Criador do Universo? A resposta é elementar – Deus. Este deixou um sinal que O identifica na qualidade de Criador do Universo e de tudo quanto nele existe – o Sábado. E o que pretende ser, desde sempre, o papado nesta Terra? Ele chamou a si esta prerrogativa ao longo de toda a Idade Média. Abramos aqui um breve parêntesis para que vejamos, sumariamente, alguns exemplos:
1 – O Papa Gregório VII (1073-1085) - Em 1073 o monge Hildebrando foi eleito Papa, tomando o nome de Gregório VII. Para vincar a sua autoridade irá elaborar um documento no qual se poderá ver a expressão do seu pensamento a este respeito. O documento em causa, - Dictatus Papae (instruções ditadas pelo Papa) -é compreende 27 decretos e composto em 1075. Eis alguns destes decretos:
Artº 09 – “O papa é o único homem ao qual todos os príncipes beijam os pés”
Artº 22 – “A Igreja romana nunca errou e, como atesta a Escritura, nunca poderá errar”. 281
2 - Vejamos outra documentação, mais recente, que reforça e estabelece a suprema autoridade papal - O Tribunal da Rota Romana - Decisão II de 08 de Novembro de 1557:
Artº 1 – “O papa é quase Deus na Terra (…)”
Artº 4, 16 – “Ninguém ouse desprezar o poder do papa, porque ele liga, não como homem, mas como Deus”
Artº 4, 24 – “Só ao Romano Pontífice é permitido modificar, declarar ou interpretar as leis divinas”
Artº 5, 3 – “O papa é chamado Senhor de todo o mundo, e não é de admirar, porquanto ele desempenha na Terra as vezes de Deus”
Artº 5, 6 – “O papa é Sumo-sacerdote e Rei”
Artº 5, 10 – “O papa pode tudo o que Deus pode; e ele está acima de todos”
Artº 5, 20 – “O papa é Vigário de Cristo, não só na medida em que Cristo está à frente da Igreja, mas também na medida em que Ele é o Senhor de toda a Terra”
Artº 5, 23 – “O poder do Sumo Pontífice não só se exerce sobre as coisas celestes, terrestres e infernais, mas também sobre os anjos, em relação aos quais ele é superior. Se fosse possível os anjos errarem na fé, o papa poderia puni-los e excomungá-los”
Artº 5, 31 – “Tudo o que o papa faz é considerado como procedendo da boca de Deus”
Artº 18, 20 – “O papa ocupa o lugar e desempenha as vezes de Deus (…)”
Artº 43, 9 – “Os reis têm como superior Deus e, consequentemente, a Igreja e o Romano Pontífice que está no lugar de Deus na Terra, para alívio dos oprimidos”
Artº 61 – “Vemos o Pontífice Romano triunfalmente coroado com uma tríplice coroa, como rei do Céu, da Terra e do mundo inferior”
Artº 61, 1 – “O Romano Pontífice está acima de todo o Principado e Potestade e, diante dele se curvam todos os joelhos no Céu e na Terra e debaixo da Terra”.
3) – O Papa João Paulo II (1978-2005) - Este publicou a Carta Apostólica - Ad Tuendam Fidem (Para Defender a Fé) -, com o objectivo de acrescentar algumas normas ao Código de Direito Canónico e ao Código dos Cânones das Igrejas Orientais. Deste último, vejamos a formulação final de dois parágrafos do Cânone 1436:
- Parágrafo 1 – “Aquele que nega uma verdade que por fé divina ou católica deve acreditar ou põe em dúvida, ou então repudia totalmente a fé cristã e, legitimamente avisado, não se retractar, seja punido como herege286 ou como apóstata com excomunhão maior (…).”
- Parágrafo 2 – “Fora destes casos, quem advoga uma doutrina definitivamente proposta ou condenada por errónea pelo Romano Pontífice ou pelo Colégio dos Bispos no exercício do magistério autêntico e, legitimamente admoestado, não se retractar, seja punido com uma pena adequada”.
Apreciando o teor destes documentos temos: 1º- Dictatus Papae de 1075; 2º- Decisão II de 08 de Novembro de 1557; 3º- Carta Apostólica Ad Tuendam Fidem de 1998. Assim, desde o pontificado de Gregório VII até este último documento de João Paulo II, decorreram vários séculos. Na verdade, qual foi a mudança que se operou no sistema papal? A resposta é negativa. Esta confissão religiosa continua como sempre foi… igual a si mesma!
Ora, o Sábado indica que existe um só Deus existente no Céu. Se o papado, mantendo este desejo de ser Deus nesta Terra tivesse permanecido com o Sábado, toda a cristandade teria sabido que ele não era nenhum Deus ou que tivesse quaisquer prerrogativas divinas, mas que não passava de um poder usurpador e blasfemo. Mas, em contrapartida, se ele pudesse mudar a lei, pois só Deus pode mudá-la), então todos saberiam que ele era, afinal, um deus nesta Terra. Assim sendo, ele o iria fazer, colocando nela o seu próprio sinal, a sua marca, o seu selo – o Domingo. Todos os que guardam este dia mostram, claramente, que o seu deus não é o Deus Criador dos Céus e da Terra, mas um outro deus terreno, mortal – o papado. Tudo isto é mais do que um dia em oposição a um outro; é, isso sim, uma demonstração aos nossos semelhantes, através da nossa forma de proceder, de lhes mostrar a qual Deus servimos. Por exemplo, quando prestamos homenagem a uma bandeira, automaticamente, estamos a fazê-lo ao país que esta representa. O que aconteceria se dobrássemos esta bandeira em forma de tapete, a colocássemos à entrada da porta, no chão, e nela limpássemos os sapatos antes de entrarmos em casa? Com este gesto, o país nela representado estava, no mínimo, a ser insultado. De igual modo, a bandeira de Deus é, efectivamente, o Sábado e, quando o pisamos estamos a desprezar, a insultar o Seu governo, a Sua autoridade.
Mas, vejamos o problema de uma outra forma, a qual muitas vezes nos escapa e, no entanto ela é tão simples e altamente clarificadora. Tomemos, desta vez, uma outra bandeira de outro país. Agora, sobre esta que não é a do nosso país, juramos fidelidade. Se alguém estiver por perto, chamar-nos-á à atenção para que nos recordemos que, a bandeira a que estamos a prestar juramento não é uma bandeira portuguesa, mas a de um outro país! Será que diríamos a quem nos interpelou: - Muito obrigado pelo aviso, mas isto não tem qualquer importância, pois esta é unicamente uma bandeira e, como tal, todas são iguais! Na verdade, o que importa é que amemos, sinceramente, o nosso país; pois não é relevante ser de uma bandeira de um outro país! Se assim respondêssemos, se esta fosse a nossa postura, o que pensaria o nosso interlocutor? Certamente que, no mínimo, pensaria que estávamos dementes! Pois se dizemos amar, honrar um determinado país, deveremos, da mesma maneira, honrar a bandeira que o representa, não outra! Ora, se isto é verdade para um país, como será para Deus? Teremos uma postura diferente? Cremos não ser coerente, em sã consciência.
Voltando a Daniel 11.32 – “(…) com lisonjas” – cf. Provérbios 7.1-5. Para fazermos justiça a esta palavra, esta deveria ser traduzida por: bajulador, manhoso, conversa fiada. Pois é através destes atributos que este poder conseguirá, facilmente, os seus objectivos, fazendo crer que o Domingo é o dia de repouso ordenado por Deus. “(…) mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas”. O povo deverá, em 1º lugar, conhecer Deus e, quando isto acontece, então este esforçar-se-á por guardar a lei do Senhor. Porque guardar a lei de Deus e não O conhecer, não é mais do que legalismo. A obediência é um reflexo do amor de Deus, ou seja, para amá-l’O tenho que O conhecer. Será que podemos amar quem não conhecemos? Recorde-se o caso de Saulo de Tarso quando perseguia os cristãos, na experiência que teve quando se dirigia para Damasco. A certa altura da viagem, o Senhor Jesus aparece-lhe uma conversa se estabelece. Jesus dirige-lhe a palavra, perguntando por que é que O perseguia? – cf. Actos 9.4. Repare-se que a 1ª pergunta que Saulo faz é: - “Quem és, Senhor?” – v.5. E só depois de ele ser informado, só então pôde dizer: - “Senhor, que queres que eu faça?” – v.6. Só agora, não antes, é que Saulo de Tarso começou a amar Jesus Cristo. E, porquê só agora? Pela simples razão de que O não conhecia! Ele mesmo o confessa quando escreveu ao seu filho espiritual Timóteo, nestes termos: - “A mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz, ignorantemente, na incredulidade” – I Timóteo 1.13.
- V.33- “E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias”.
De que povo fala este versículo? Diz respeito, sem dúvida, ao povo de Deus, visto que no versículo anterior fala deste mesmo povo – “aquele que conhece o seu Deus”. E quanto aos - “entendidos entre o povo” – quem serão? A Bíblia refere que: - “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria; e apartar-se do mal é a inteligência” – Job 28.28; Provérbios 1.7; 9.10. A palavra que encontramos aqui no texto do profeta Daniel – “entendidos/sábios” – é utilizada, exclusivamente, para o tipo de sabedoria que vem de Deus, ligada à compreensão das coisas divinas, religiosas e espirituais. Não se refere ao conhecimento humano. Vejamos alguns textos a este propósito: 1- O Salmo 119. Este Salmo, o maior da Palavra de Deus, tem a grande particularidade de cantar, louvar a lei de Deus. Vejamos: - (v.99)- “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. (100)- “Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos” – Salmo 119. Aqui encontramos a mesma palavra - “entendimento”. E qual a razão deste maior entendimento/sabedoria? O próprio texto refere a única causa, ou seja, a meditação na lei de Deus. E ainda é mais entendido/sábio do que os de mais idade, aqueles que, segundo se acreditava, pela sua idade, eram um depósito de sabedoria acumulada. De novo, o salmista apresenta a mesma razão: - “porque guardo os teus preceitos”; 2- Neemias 8.13. Este texto refere que: - “E no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças dos pais de todo o povo, os sacerdotes, e os levitas, a Esdras, o escriba, e isto para atentarem nas palavras da lei”. Aqui encontramos a mesma palavra que aqui é traduzida por “atentarem”, ou seja, prestar atenção, para compreender. E, uma vez mais esta acção tem como objecto principal e único – “as palavras da lei”; 3- Jeremias 3.15 – refere que: - “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e inteligência”. Esta é a função daqueles que, por Deus, são considerados pastores segundo o seu coração, que ensinarão o povo com esta mesma prerrogativa – inteligência divina.
Retomando o v. 33 – aqui é dito, na 1ª parte do verso, que os sábios partilharão entendimento e compreensão com muitos. E qual o resultado desta acção, ou seja, de ensinar o caminho de Deus, no que respeita à lei de Deus? Refere a última parte deste versículo que lhes acontecerão quatro coisas, ou seja, eles cairão: 1- pela espada; 2- pelo fogo; 3- pelo cativeiro; 4- pelo roubo. O que, na verdade, representam estas diferentes acções para aniquilarem o povo de Deus quando este ensinava o verdadeiro caminho de Deus? Aqui os podemos ver, historicamente falando:
1- Pela espada – Vejamos o que se passou na Idade Média contra o povo de Deus – a Inquisição, ou tribunal do Santo Ofício. Os embates deste poder que tudo fez para reduzir ao silêncio, através de todos os meios ao seu alcance, aqueles que, piamente, ministravam a Palavra de Deus. A Inquisição, possibilitada pelo braço civil do Estado, utilizou a “espada” para matar tantos e tantos do povo de Deus. Sob esta vertente podemos ver como a Igreja tratou a heresia Albigense, radicada no sul de França, região do Languedoc. Assim, sob os hospícios do Papa Inocêncio III, em 1209, inicia-se a cruzada contra os Albigenses. Em Junho, deste ano, deu-se a tomada e o saque da cidade de Béziers, no meio de um banho de sangue. Acerca desta investida militar, em nome da Igreja, é dito que “(…) só em Béziers, em 1209, calcula-se que os cruzados exterminaram umas 30.000 pessoas”. Ainda relacionado com este triste acontecimento, onde se roubava, massacrava e queimava, em toda aquela confusão, como diferenciar os que eram Albigenses ou não? A resposta veio do legado papal, nestes termos: “Matai-os a todos, Deus saberá reconhecer os seus”.
2- Pelo fogo - E quanto ao “fogo” e o garrote? Quantos pereceram na fogueira da Inquisição, em que o único crime cometido foi e abrir e ensinar a Palavra de Deus ao povo e levantarem as suas vozes contra Roma e a faustosidade do seu bispo – o Papa. Quantos destes mártires serão evocados? Os mais sonantes ou conhecidos: Wicliffe, Huss, Jerónimo e tantos outros. Ou ainda de uma não muito conhecida voz discordante - a de Savonarola (1452-1498) – contra o Papa Alexandre VI (1492-1503), que “a principal solicitude de Alexandre VI foi cuidar dos interesses políticos e económicos, dos seus numerosos filhos, que não tinha pejo em exibir como tais, enquanto ele próprio não se coibia de fazer ostentação de vida mundana e principesca. O paganismo reinante havia atingido as cúpulas mais altas e o Papa Alexandre VI (…). (…). No meio deste paganismo e descalabro moral ergueu-se o protesto importuno de Savonarola, um frade dominicano (…) que se pôs a pregar, como profeta iluminado contra o Papa e todos os que viviam à volta do seu fausto. (…) Alexandre VI excomunga-o, é preso, condenado a morrer enforcado, acusado de heresia e de falso profeta”. Num breve exame acerca da postura papal ao longo da sua existência, suscitou este breve comentário: - “Os Papas podem ter defeitos humanos, e alguns muito acentuados; mas não deveriam causar dano ao respeito que deve rodear a sua pessoa no seu carácter sagrado, e mesmo um Savonarola não encontraria que censurar-lhes”.
3- Pelo cativeiro - E quanto ao “cativeiro”? Quantos engrossaram as prisões devido à sua fé? Uma das personagens que ficou para a História dentro deste contexto é a figura da Marie Durand (1711-1776). Desde a revogação do Édito de Nantes, o protestantismo foi interdito em França. Todos os que continuavam a celebrar os seus cultos em assembleias secretas foram presos. Ela tinha 18 anos quando foi presa e foi encarcerada na Torre de Constança em Aigues-Mortes, no sul de França. Ali esteve durante 38 anos nas mais precárias condições de pobreza, frio e promiscuidade. Numa pedra no centro da sala comum, encontra-se uma inscrição a ela atribuída que comporta uma única palavra escrita em língua occitana – REGISTER (RESISTIR). Recusando, dia após dia abjurar, renegar a sua fé, exortava, dia após dia as suas companheiras a manterem-se firmes. É interessante que tudo quanto este poder religioso fizer contra o povo de Deus, a seu tempo, o mesmo deverá cair sobre si mesmo, tal como foi profetizado no livro do Apocalipse, ou seja, quando este poder foi ferido mortalmente – Apocalipse 13.3. O texto profético em causa reza assim: - “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto (…)” – Apocalipse 13.10. O mesmo contexto: cativeiro e espada.
4- Pelo roubo - A última palavra do verso 33 – “roubo” – refere-se a quem, concretamente? Vejamos II Crónicas 25.13: - “Porém os homens das tropas que Amazias despedira (…) saquearam grande despojo” – (sublinhado nosso). Ou ainda Ester 9.10: - “Os dez filhos de Hamã (…) foram mortos; porém ao despojo não estenderam a sua mão” – (sublinhado nosso). Estes textos aplicam esta mesma palavra que pode ser também traduzida por – pilhar, saquear – e aplicada à noção de “despojo” de guerra, em que o vencedor ficava com tudo o que o vencido possuía. No condenado pela Inquisição acontecia exactamente a mesma coisa, pois não somente era perseguido como também todos os seus bens confiscados a favor da Igreja. É interessante a forma como é descrita a actuação da Inquisição neste domínio. Vejamos como ela é descrita: - “Enquanto o réu está preso, era a Inquisição que lhe administrava os bens e recebia os rendimentos, através do Juiz do Fisco. Se saía absolvido, os bens deviam ser-lhe restituídos depois de descontadas as despesas feitas com o sustento dele e com o seu processo. Se era relaxado, ou condenado a pena de confiscação, os bens imóveis eram vendidos em hasta pública; tratando-se de bens da Igreja hereditários, a Inquisição substituía-se ao herdeiro confiscado. (…). Na prática, o Rei nada chegava a receber do produto das confiscações (…). Sob o ponto de vista económico, a Inquisição não era uma empresa comercial, mas um processo de distribuir dinheiro e outros bens pelo seu pessoal numeroso – uma forma de pilhagem como na guerra, simplesmente mais burocratizada”.
- V.34- “E caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas”.
Esta 1ª parte do versículo fala-nos daqueles que tombaram directa e indirectamente sob a influência deste poder. A História humana mostra-nos que, entre as Cruzadas e a Inquisição foram mais de 50 milhões de mártires devido à perseguição da Igreja, em nome de Cristo. Qual o crime? Unicamente, repetimo-lo, por ousarem dizer não a esta confissão religiosa. O remanescente, segundo o versículo em lide, “serão ajudados com pequeno socorro”. Existem diferentes interpretações e, uma delas é que, tal como refere o versículo anterior, que os “sábios iam caindo”, eis que eclode a Reforma Protestante. E, em boa verdade, de certa maneira a perseguição movida pela Igreja conheceu uma ligeira trégua.
Há uma outra interpretação que está em consonância com o conteúdo do Apocalipse 12, onde refere que a Igreja fugiu para o deserto e ali foi alimentada por 1260 dias – v.6. E, quando esta estava a ser perseguida, a “terra” ajudou a mulher – v.16. Assim, aqueles que estavam a ser martirizados, na Europa, vieram para a América do Norte (Nova Inglaterra) para escaparem à perseguição movida pela Igreja – a “terra ajudou a mulher” – e esta foi a “ajuda com pequeno socorro”. Podemos perceber a sequência entre estes dois textos proféticos, até porque, se repararmos bem, já no final do v.33 refere que a perseguição aconteceria “por muitos dias” – exactamente o mesmo período descrito diversas vezes neste preciso contexto profético – Apocalipse 12.6,14; 13.5.
Ao longo de todo este conflito, aparentemente, Satanás levou a melhor, porque a mente humana assim raciocina: - na, verdade, se estes que foram martirizados estivessem com Deus e fosse, como diziam, o Seu verdadeiro povo, nunca Deus teria permitido tal coisa lhes acontecesse, ter-lhes-ia protegido! Mas, tal como dissemos, este raciocínio é humano e vale o que vale. Mas, um dia, Deus ajustará, finalmente, contas com o autor do Mal e os seus acólitos – no Juízo final.
- V.35- “E alguns dos entendidos cairão para serem provados, purificados, embranquecidos até ao fim do tempo; porque será ainda no tempo determinado”.
Aqui é dito que “alguns dos entendidos cairão”. Anteriormente foi dito que estes iriam cair e como iria acontecer. Agora, irá dizer o porquê? Sim, para serem: 1- provados; 2- purificados; 3- embranquecidos até ao fim. E que fim de tempo é este? Refere-se, sem dúvida ao ano de 1798, onde este poder perseguidor foi ferido mortalmente, devido à incursão dos exércitos de Napoleão em Roma, depondo o poder papal. Não esqueçamos que a ambiência descrita é a Idade Média. O que poderão significar estas três fases – provados, purificados e embranquecidos? Vejamos o que é dito a este propósito no livro do Apocalipse no capítulo 6. Aqui estamos em pleno no período do 5º selo, ou seja, pouco antes do final do período da Idade Média – os mártires desapareceram. Agora fala-se deles: - “E havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” – v. 9. Este altar é o que se encontrava no Pátio. O que é que era derramado junto a este altar? Sangue. E quem o derramava? Os mártires – o sangue do cordeiro.
Como Cristo morreu, assim morreram eles. Será que aqui podemos sentir que estamos a falar das mesmas personagens? Estes, na verdade, foram mortos “por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”. Vejamos o v. 10: - “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”. Eis o grito vindo daquele sangue derramado por amor a Cristo: - “até quando” seremos arrastados, pisados, queimados, vituperados, levados em cativeiro e despojados de tudo? Até quando, ó Deus? V.11: - “E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram”. Como é que estas vestes se tornaram brancas? O capítulo a seguir explica-nos como elas foram branqueadas – “E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do cordeiro”. Estes morreram por Cristo e assim fazendo, automaticamente as suas vestes foram branqueadas no sangue do cordeiro, tal como o texto refere.
Será que este cenário, de martírio, antes da 2ª vinda de Jesus irá, de novo acontecer quando o papado readquirir o poder que teve e o exerceu ao longo da Idade Média, ou seja, quando a sua ferida mortal for plenamente restaurada – Apocalipse 13.3? Sem sombra de dúvida. Aliás, - Apocalipse 6.11b - mostra-o claramente: - “(…) seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram”. Haverá, portanto, mais mártires. O mesmo é reiterado um pouco mais à frente, quando é dito: - “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” – Apocalipse 20.4. Quem são estes que “(…) não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos (…)”.Não são, obviamente, os que constituem a Igreja de Deus na Idade Média, mas sim, os que viverão antes do fecho da Porta da Graça, pois só nesta fase, não antes, é que a “marca da besta” – o Domingo – será, plenamente, estabelecida, imposta por decreto a obrigar a aceitá-la. Claramente, o martírio acontecerá até ao final do Tempo da Graça.
- V.36- “E este rei fará conforme a sua vontade; e se levantará e se engrandecerá sobre todo o deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas maravilhosas, e será próspero, até que a ira se complete, porque aquilo que está determinado será feito”.
E quem é “este rei”? Não nos devemos surpreender de aparecer agora esta designação do papado – rei! Recordemos, a este propósito, o que foi dito, anteriormente: - “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, se levantará um rei, feroz de cara, e será entendido em adivinhações” – Daniel 8.23. Será que o Papa é um rei? Se é, então temos toda a legitimidade em utilizar este título. Depois é dito que “fará conforme a sua vontade”. Foi precisamente o que aconteceu ao longo da Idade Média. Depois é dito que este poder “se levantará e se engrandecerá”. Esta última palavra é a mesma que encontramos no livro do profeta Isaías, onde é dito que Satanás diz: - “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono, e no monte da congregação eu me assentarei, da banda dos lados do norte” – Isaías 14.13. Este que diz: - “eu exaltarei o meu trono”, este que se exalta, fá-lo segundo a operação de Satanás. Compare-se com o texto que se encontra em II Tessalonicenses 2.4, onde é dito que este mesmo poder “se sentará como Deus, no templo de Deus e proclamará que é Deus”. Logo a seguir, no texto, é revelado que este mesmo poder virá “segundo a eficácia, poder de Satanás” – v.9. O papado não surge só porque alguém quis, a dado momento na História, simplesmente, governar! Mas, segundo as Escrituras, como vimos, este poder também é conhecido sob os nomes: 1- homem do pecado; 2- filho da perdição; 3- mistério da iniquidade300 – v.3,7,8.
E quem foi chamado “filho da perdição”? Segundo as Sagradas Escrituras, foi – Judas – cf. João 17.12. Só encontramos duas vezes esta designação, esta, aqui no evangelho e outra, sob a pena de S. Paulo, como acabámos de ver acima – II Tessalonicenses 2.3. Será que este poder – o papado - parece-se com Judas? À primeira vista, a resposta é um rotundo – não! Se esta é a resposta, então qual a razão para que a Palavra de Deus assim o catalogue? Ora vejamos algumas semelhanças: - será que Judas enganou os restantes discípulos? Até quando ele os enganou? Só depois de ter participado na Ceia do Senhor, e tendo feito o seu sinistro trabalho, só então deu a conhecer quem era – um traidor – que se foi enforcar – cf. Mateus 27.5; Actos 1.16-18. E como entregou Judas o Senhor Jesus Cristo? Com um beijo – Mateus 26.49. Este, desde o início pretendeu apoiar e seguir Jesus – cf. Mateus 8.19, - mas não passava de um traidor. Isto quer dizer que o inimigo da Igreja cristã não são os judeus, os Muçulmanos, os pagãos, mas o seu maior inimigo está do seu próprio seio. Por esta razão é que S. Paulo escreveu, ao dizer que este poder se sentará no “templo de Deus”, o que, segundo a Bíblia, este não é outra realidade a não ser a própria Igreja – cf. I Coríntios 3.16,17; Efésios 2. 19-22; I Pedro 2.5. O templo de Cristo está “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” – Mateus 18.20 – e não em Jerusalém. Assim sendo, o lugar nada tem de santo em si mesmo, mas sim o que o torna santo – a presença de Deus – Êxodo 3.5; Josué 5.15. Jesus, ao ter sido rejeitado pelo Seu povo, selou o destino não só deste mesmo povo, como também daquele lugar – o templo – ao proferir esta sentença: - “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta” – Mateus 23.38. O templo de Jerusalém deixou de ser santo porque Deus o abandonou; saiu a – Shekinah (a habitação) – segundo as palavras de Jesus, visto que o templo ficou deserto. Deus não está, de modo algum, circunscrito a um lugar específico, mas representado mundialmente através do Espírito Santo.
Ainda no v.36 é dito que: - “(…) contra o Deus dos deuses falará coisas maravilhosas (…)”. Recorde-se as palavras que encontrámos em Daniel 7.25: - “E proferirá palavras contra o Altíssimo (…)”. Estas palavras são mais específicas e caracterizadas no livro do Apocalipse, quando diz que este mesmo poder: - “proferirá grandes coisas e blasfémias (…) contra Deus, para profanar o Seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam no céu” – Apocalipse 13.5,6. É muito importante esta palavra – “maravilhas”. Esta palavra, à excepção deste contexto, é aplicada ao ser humano para falar das poderosas obras de Deus – do Seu poder criador – cf. Josué 3.5; Job 5.9; 42.3; Salmo 72.18; 86.10; Miqueias 7.15, etc. Assim sendo, a usurpação é total, ao ponto de pretender obrar “maravilhosamente”, como Deus! O texto continua a dizer: - “(…) e será próspero”. Será que encontramos em Daniel 7 e 8 o mesmo contexto? Sem dúvida; pois praticará o Mal e prosperará neste intento – (v.21)- “fazia guerra aos santos e os vencia. (25)- (…) e eles serão entregues na sua mão (…)” – Daniel 7 ; o chifre pequeno - (v.11)- “lançou o lugar do santuário de Deus por terra. (12)- fez isso e prosperou. (24)– destruirá maravilhosamente e prosperará. (25)- também fará prosperar o engano” - Daniel 8. Aparentemente, a vitória é deste poder inimigo de Deus e representante de Satanás nesta Terra; mas a vitória final é certa, tal como as Suas promessas do passado: - “Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo de progresso até ao nosso nível actual, posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que Deus tem obrado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado”. Note-se que este poder, em Daniel 11.36, “falará” mas não “fará” coisas maravilhosas. Esta é a grande diferença entre a criatura e o Criador, pois, falar é fácil.
Este versículo 36 continua e dá-nos a conhecer a amplitude da actividade “próspera” do chifre pequeno. O texto em causa diz que: - “até que a ira se complete, porque aquilo que está determinado será feito”. Este versículo reforça a certeza de que este poder exercerá o seu domínio até ao grande dia da gloriosa vinda do Senhor Jesus Cristo. Para durar “até que a ira se complete”, ao não ter poder – aparentemente morto actualmente – este poder, o papado, terá que ressuscitar e readquirir o seu anterior poder político-religioso para que possa, desta forma, cumprir o que dele está escrito. E quando é que a ira de Deus se completa? Vejamos a resposta que dá o livro do Apocalipse: - “E vi outro grande e admirável sinal no céu; sete anjos que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus” – Apocalipse 15.1. Aqui encontramos a mesma expressão. Até quando o papado terá poder sobre os filhos de Deus, sobre o santuário e sobre a verdade? Até quando actuará este poder como se fosse Deus? Segundo o profeta Daniel, até “se levantar Miguel, o grande príncipe” – Daniel 12.1. E o que isto significa? Nada mais do que o fecho do Tempo da Graça. E o que se seguirá? Claro, o Tempo de Angústia – v. 1.
- V.37- “E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem de qualquer deus; porque sobre tudo se engrandecerá”.
Aqui é dito, desde já, que este poder “não terá respeito aos deuses de seus pais”. Vejamos um texto para uma melhor compreensão desta frase introdutória, visto usar a mesma palavra do profeta Daniel: - “Porquanto não atentam para as obras do Senhor, nem para o que as suas mãos têm feito; pelo que ele os derribará e não os reedificará” – Salmo 28.5. Isto quer dizer que este poder não terá respeito, ou melhor, não fará caso do Deus dos seus pais. Por outro lado, quem são os “pais” de Israel aqui negligenciados? São os fundadores - Êxodo 13.11. Mas, agora, como estamos no período da Igreja cristã, os pais são os apóstolos – cf. I Coríntios 10.4; Efésios 2.19-22. Isto dito por outras palavras – o papado não faria caso algum do mesmo Deus que serviram os apóstolos.
Recorde-se que, no evangelho de João, os judeus disseram: - “Nosso pai é Abraão (…)”. A esta resposta Jesus responde: - “(…) se fosseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão” – João 8.39. O texto continua e diz: - “Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto” – v. 40. Ou ainda: - “Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” – v. 42. Assim sendo, como conclusão lógica, Jesus denuncia a verdadeira filiação destes: - “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” – v. 44. Eram eles, tal como afirmavam, filhos de Abraão? Não, porque o Senhor o disse.
O mesmo sucede na Igreja cristã. Esta pretende ser sucessora dos Apóstolos, mas o que ela ensina todo este sistema religioso ou o seu líder – o Papa - nunca o ensinaram os Apóstolos, de quem dizem suceder! O texto do profeta refere também que este poder “nem terá respeito ao amor das mulheres”. E, na verdade, o que ensina e pratica esta Igreja? Claro, o celibato. O que refere o Catecismo a este propósito? Assim se expressa: - “Todos os ministros ordenados da Igreja Latina (…). Chamados a consagrarem-se totalmente ao Senhor e às
A este propósito, conheçamos o pensamento do Papa Bento XVI a este respeito, depois de vários considerandos: - “O celibato tem, portanto, um significado simultaneamente cristão e apostólico (…)”. Na verdade, o pensamento do líder deste sistema religioso contradiz tudo quanto Deus disse a este respeito. O casamento, instituição divina, visa o bem-estar e plenitude humana. Assim, o celibato, não só é uma instituição humana, como também é algo contra natura! Assim, contrariamente ao que diz o Papa Bento XVI: 1º- o celibato não tem “um significado cristão” porque confirma, negativamente, o que S. Paulo disse que deveria de acontecer: - (v.1)- “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios. (3)- Proibindo o casamento (…)” – I Timóteo 4; 2º- como também não é verdade que o celibato tenha “significado apostólico”, pois, como vimos, S. Pedro tinha sogra, portanto casado; presume-se que os demais apóstolos também o fossem. Em todo o caso, o celibato nunca foi praticado por estes e, muito menos, ser uma regra ou doutrina bíblica!
- V.38- “Mas, ao deus das fortalezas honrará em seu lugar; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas e com coisas agradáveis”.
Aqui é dito que, em lugar de honrar o Deus de seus pais, voltar-se-á para um outro – o deus das fortalezas (Mozim). A palavra aqui empregue e traduzida por “fortalezas” é utilizada diversas vezes neste mesmo capítulo – v. 7.19,39. Trata-se de um poder militar, força. Será que os apóstolos, ditos seus antecessores, usaram a força para conseguirem os seus intentos, deste tipo: - se não te converteres irás para cativeiro ou morrerás? Na verdade, a força que os apóstolos utilizaram foi a – espada do Espírito – que, segundo S. Paulo, é: - “Tomai (…) a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” – Efésios 6.17.
Este deus das fortalezas – a força militar – será honrada, segundo o texto, com: - “ouro, e com prata, e com pedras preciosas e com coisas agradáveis”. Esta informação faz-nos recordar o que se encontra escrito no livro do Apocalipse quando fala acerca de uma mulher de má porte – uma prostituta – que, como sabemos, representa, profeticamente falando, uma Igreja que se desviou da verdade, que apostatou. Vejamos a descrição que ali é feita: - (v.4)- “E a mulher estava vestida de púrpura, escarlata, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundície da sua prostituição. (5)- E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilónia, a mãe das prostitutas e abominações da terra” – Apocalipse 17. O cenário de ornamentação é o mesmo, a entidade que o usa é aquele poder que se faz conhecer por – “
- V.39- “E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio do deus estranho; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos e repartirá a terra por preço”.
Podemos ver através deste excerto, a aliança entre a Igreja e o Estado. Através destas mesmas alianças, tal como está escrito, o papado governará sobre muitos. Acrescenta ainda a informação – “repartirá a terra por preço”. Recordemos aqui a prática, na Idade Média, em relação à repartição da terra – o Feudalismo. Nesta época praticava-se a – Simonia. Com o feudalismo em crescendo, este também penetrou a Igreja influente e rica. Os nobres passaram a ter ingerência dos destinos das Igrejas nas terras da nobreza e dos senhores. Soberanos e nobres, preocupados com a fidelidade e os serviços entregavam mosteiros a responsáveis seculares. Assim – “No século X e na metade do século XI, registaram-se graves abusos no seio de uma Igreja esmagada pela engrenagem feudal. Foi corrente a compra das funções religiosas ou simonia. Para adquirir os cargos, pagava-se aos senhores.
Sem comentários:
Enviar um comentário