terça-feira, 2 de julho de 2013

A Terceira Mensagem Angélica - Paciência Limitada


No templo celestial, morada de Deus, acha-se o Seu trono, estabelecido em justiça e juízo. No lugar santíssimo está a Sua lei, a grande regra da justiça, pela qual a humanidade toda é provada (Eclesiastes 12:13-14; Tiago 2:12). A arca que guarda as tábuas da lei se encontra coberta pelo propiciatório, diante do qual Cristo, pelo Seu sangue, pleiteia em prol do pecador (Hebreus 8:1-2; Hebreus 9:24; Apocalipse 11:19). Assim se representa a união da justiça com a misericórdia no plano da redenção humana (Salmos 85:9-10). Somente a sabedoria infinita poderia conceber esta união, e o poder infinito realizá-la; é uma união que enche todo o Céu de admiração e adoração.

Os querubins do santuário terrestre, olhando reverentemente para o propiciatório (Êxodo 25:18-20), representavam o interesse com que a hoste celestial contempla a obra da redenção. Este é o mistério da misericórdia a que os anjos desejam atentar: que Deus pode ser justo, ao mesmo tempo em que justifica(a) o pecador arrependido e renova Sua relação com a raça decaída; que Cristo pode humilhar-Se para erguer inumeráveis multidões do abismo da ruína e vesti-las com as vestes imaculadas de Sua própria justiça, a fim de unirem-se aos anjos que jamais caíram e, habitarem para sempre na presença de Deus.1


Em todos os séculos se concede aos homens seu período de luz e privilégios, um tempo de prova, em que se podem reconciliar com Deus. Há, porém, um limite a essa graça. A misericórdia pode interceder por
anos e ser negligenciada e rejeitada; vem, porém, o tempo em que essa misericórdia faz sua derradeira súplica. Mas o coração torna-se tão endurecido que cessa de atender ao Espírito Santo de Deus. Então a suave e atraente voz (Isaías 30:21) não mais suplica ao pecador, e cessam as reprovações e advertências. (...)

A nação judaica era um símbolo do povo de todos os séculos, que desdenha os rogos do Infinito Amor. As lágrimas de Cristo, ao chorar sobre Jerusalém, foram derramadas pelos pecados de todos os tempos. Nos juízos proferidos contra Israel, os que rejeitam as reprovações e advertências do santo Espírito de Deus podem ler sua própria condenação.

Há nesta geração muitos que estão trilhando o mesmo caminho dos incrédulos judeus. Testemunharam as manifestações do poder de Deus; o Espírito Santo lhes falou ao coração; porém, apegam-se a sua incredulidade e resistência. Deus lhes envia advertências e repreensões, mas não querem confessar seus erros, e rejeitam-Lhe a mensagem e o mensageiro (cf. Jeremias 6:16; Isaías 53:1). Os próprios meios que Ele emprega para sua restauração, tornam-se para eles em pedra de tropeço.2

A paciência que Deus tem exercido para com os ímpios, torna audazes os homens na transgressão; mas o castigo não será menos certo e terrível por causa do tempo adiado. "O Senhor Se levantará como fez no monte Perazim, mostrará Sua ira como no vale de Gibeom, para realizar Sua obra, obra muito estranha, e cumprir Sua tarefa, tarefa misteriosa." (Isaías 28:21 NVI).

Para o nosso misericordioso Deus, o infligir castigo é um ato estranho. "Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. (...)" (Ezequiel 33:11 RA cf. Ezequiel 18:23). O Senhor é "Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o Seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado. (...)" (Êxodo 34:6-7 NVI).

Embora Ele não Se deleite na vingança, executará juízo sobre os transgressores de Sua lei. É obrigado a fazer isto, para preservar os habitantes da Terra da depravação e ruína totais. A fim de salvar alguns, deverá Ele eliminar os que se tornaram endurecidos no pecado. "O Senhor é tardio em irar-Se, mas grande em força, e ao culpado não tem por inocente. (...)" (Naum 1:3 KJV). Reivindicará com terríveis manifestações a dignidade de Sua lei espezinhada. A severidade da retribuição que aguarda o transgressor pode ser julgada pela relutância do Senhor em executar justiça.3

O pecado é a transgressão da lei, e o braço que é agora poderoso para salvar, será forte para punir quando o transgressor ultrapassar as fronteiras que limitam a paciência divina. Aquele que se recuse a buscar a vida, que não esquadrinhe as Escrituras para ver o que é a verdade, a fim de que não seja condenado em suas práticas, será abandonado à cegueira do espírito e aos enganos de Satanás.4 Na mesma medida em que os penitentes e obedientes são protegidos pelo amor de Deus, os impenitentes e desobedientes serão deixados aos resultados de sua ignorância e dureza de coração, porque não recebem o amor da verdade para que se salvem.5
"(...) É-nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo. (...) O Redentor do mundo declara que há maiores pecados do que aqueles pelos quais Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqueles que ouvem o convite do evangelho chamando os pecadores ao arrependimento, e não o atendem, são mais culpados perante Deus do que o foram os moradores do vale de Sidim. E ainda maior pecado é o daqueles que professam conhecer a Deus e guardar os Seus mandamentos, e contudo negam a Cristo em seu caráter e vida diária."6
Tempo virá em que em suas fraudes e insolências, os homens atingirão o ponto que o Senhor não permitirá que transponham, e aprenderão que há um limite para a longanimidade de Jeová.7


1. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. III, cap. 23, p. 415.
2. WHITE, E. G. Desejado de Todas as Nações, O; São Paulo: CPB, sec. VII, cap. 64, p. 587.
3. WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas, São Paulo: CPB, sec. VII, cap. 61, p. 628.
4. II Tessalonicenses 2:9-12; II Timóteo 4:3-4 cf. Romanos 1:18-25, Provérbios 1:24-32, Jeremias 5:1-3; Jeremias 6:16.
5. WHITE, E. G. Mensagens Escolhidas, vol. I, São Paulo: CPB, sec. V, cap. 47, p. 313.
6. WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas, sec. II, cap. 14, p. 162, 165.
7. WHITE, E. G. Testemunhos Seletos, vol. III, cap. 53, p. 281.

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