"O quebrantamento da Lei de Deus no início foi a porta de entrada para o pecado e, ainda hoje, milhões continuam pisando os preceitos divinos."1 A substituição do sábado pelo domingo não é um assunto que a Igreja de Roma negue ou procure esconder, pelo contrário, ela admite francamente e aponta na verdade com orgulho, como evidência de seu poder de mudar até os mandamentos do Decálogo. Existem vários relatos e depoimentos quanto a essa mudança, analisemos alguns deles:
Na obra do Rev. Peter Geiermann, "The Convert's Catechism of Catholic Doctrine"2, que recebeu em 25 de janeiro de 1919 a "bênção apostólica" do Papa Pio X, encontra-se o diálogo:
- Qual é o dia de repouso?
- O dia de repouso é o sábado.
- Por que observamos o domingo em lugar do sábado?
- Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para domingo.
- Por que a Igreja Católica substituiu o sábado pelo domingo?
- A Igreja substituiu o sábado pelo domingo, porque Cristo ressuscitou dos mortos num domingo, e o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos em um domingo.
- Com que autoridade a Igreja substituiu o sábado pelo domingo?
- A Igreja substituiu o sábado pelo domingo pela plenitude do poder divino, que Jesus Cristo conferiu a ela.
O arcebispo de Nova Iorque, John Cardinal McCloskey, aprovou a obra "A Doctrinal Catechism"3 de autoria do reverendo Stephen Keenan na qual se obtém o seguinte trecho:
Pergunta: A Igreja tem o direito de determinar dias de festa?
Resposta: A Igreja Cristã tem certamente o direito, o mesmo que a Igreja Judaica possuía.
(...)
Pergunta: Você tem outra maneira de provar que a Igreja tem o poder de instituir festas mediante preceito?
Resposta: Se ela não tivesse esse poder, não teria feito aquilo que todas as modernas religiões concordam com ela; - ela não teria substituído a observância do sábado, o sétimo dia, pela observância do domingo, o primeiro dia da semana, mudança para a qual não há autoridade escriturística.
O Rev. Henry Turberville4 endossa as declarações do Rev. Stephen Keenan quanto a alteração da observância sabática pela dominical:
Pergunta: Como podeis provar que a igreja tem poder para ordenar festas e dias santos?
Resposta: Pelo próprio fato de mudar o sábado para o domingo, com que os protestantes concordam; e dessa forma eles ingenuamente se contradizem, ao guardarem estritamente o domingo e transgredirem outros dias de festa maiores e ordenados pela mesma igreja.
O cardeal James Gibbons e arcebispo de Baltimore confirma, também, que a Igreja Católica é a autora da observância dominical adotada pelo cristianismo:
"Podeis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse, e não encontrareis uma linha autorizando a santificação do domingo. As Escrituras exaltam a observância religiosa do sábado, dia que nós nunca santificamos."5 "A Igreja Católica, a mais de mil anos antes da existência de um único protestante, em virtude de sua divina missão, mudou o dia de sábado para o domingo. (...) O descanso cristão é, por conseguinte, neste dia, o conseqüente reconhecimento da Igreja Católica como esposa do Espírito Santo, sem uma palavra divergente do mundo protestante."6
O apologista francês, monsenhor Ségur, interpõe o protestantismo quanto a guarda do domingo dizendo:
"A Igreja Católica que, por autorização de Jesus Cristo, transferiu este repouso para o domingo em memória da ressurreição de nosso Senhor. Dessa forma, a observância do domingo pelos protestantes é
uma homenagem que eles prestam, contradizendo-se a si próprios, à autoridade da Igreja."7
O periódico "The Catholic Press of Sydney", (Australian, 25 of august of 1900), declara:
"O domingo é uma instituição católica e a reivindicação à sua observância só pode ser defendida nos princípios católicos. (...) Do princípio ao fim das Escrituras não há uma única passagem que autorize a transferência do culto público semanal do último dia da semana para o primeiro."
Tomás de Aquino (Thomas Aquinas) foi um padre dominicano, teólogo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus. Comentando sobre a mudança do sábado para o domingo, ele afirma:
"Na nova lei a observância do dia do Senhor(a) tomou o lugar da observância do sábado não em virtude de preceito mas pela instituição da Igreja e o costume do povo cristão."8
Eusébio, que foi bispo de Cesarea, confirma a declaração de Tomás de Aquino:
"Todas as coisas que era dever fazer no sábado, estas nós as transferimos para o dia do Senhor(b), como mais apropriado para isso, este é o primeiro na lista [semanal], é mais honroso que o sábado judaico."9 "Por sorte não temos nada em comum com a multidão de detestáveis judeus, por que recebemos de nosso Salvador, uma dia de guarda diferente."10
Lutero dizia que as Sagradas Escrituras e não a tradição da Igreja Católica, representavam o guia de sua vida. Seu lema foi sola Escriptura (a Bíblia e a Bíblia somente). John Eck, um dos mais destacados defensores da fé católica romana, atacou Lutero neste ponto, reivindicando que a autoridade da Igreja Romana se encontrava acima das Escrituras. Ele desafiou Lutero no tocante à observância do domingo em lugar do sábado dizendo:
"As Escrituras ensinam: Lembra-te do dia de sábado para o santificar; seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus. Entretanto, a Igreja mudou o sábado para o domingo com base em sua própria autoridade, e para isto você [Lutero] não tem Escritura."11
Gaspare de Fosso, arcebispo de Reggio, por ocasião do Concílio de Trento (1545-1563) faz o seguinte relato:
"A autoridade da Igreja é ilustrada mais claramente pelas Escrituras; pois ao passo que de um lado ela as recomenda, as declara como divinas e no-las oferece para serem lidas. (...) por outro lado, os preceitos legais das Escrituras, ensinados pelo Senhor, cessaram em virtude da mesma autoridade [da Igreja]. O sábado, o mais glorioso dia da lei, foi modificado para o 'dia do Senhor'(c). (...) Estes e outros assuntos similares não cessaram em virtude dos ensinamentos de Cristo (pois Ele declarou que não veio para destruir a lei e sim para cumpri-la), mas foram modificados pela autoridade da Igreja."12
A literatura católica "The Clifton Tracts"13, volume 4, questiona os protestantes quanto a observância dominical:
"Vou propor uma pergunta simples e extremamente séria, e rogo a todos os que professam seguir "a Bíblia e a Bíblia somente" a darem cuidadosa atenção. Ei-la: Por que vocês não santificam o dia de sábado?
(...) Domingo não é o dia de sábado. Domingo é o primeiro dia da semana; o dia de sábado foi o sétimo dia da semana. O onipotente Deus não deu um mandamento na qual os homens deveriam santificar um dia em sete, mas Ele nomeou Seu próprio dia, e disse claramente: 'Tu santificarás o sétimo dia'; e Ele atribuiu uma razão para a escolha. (...) "Porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou." O Deus Todo-Poderoso ordenou que todos os homens deveriam descansar de seu trabalho no sétimo dia, porque Ele também descansou nesse dia: Ele não descansou no domingo, mas no sábado.
(...) Vocês me dirão que o sábado era repouso judaico, e que o repouso cristão foi mudado para o domingo. Mudado! Mas por quem? Quem tem autoridade para mudar um mandamento expresso do Deus Onipotente? Quando Deus disse: 'Lembra-te do dia de sábado para o santificar', quem ousaria dizer: 'Não, podeis trabalhar e fazer qualquer tipo de negócio secular no sétimo dia; mas santificareis o primeiro dia em seu lugar?' Esta é a pergunta mais importante, à qual não sei como podeis responder.
(...) Vocês são protestantes, e afirmam seguir a Bíblia e a Bíblia apenas; e mesmo neste importante assunto, qual seja o da observância de um dia em sete, como dia santificado, ides contra a clara letra da Bíblia e pondes outro dia no lugar daquele em que ela ordena. O mandamento que determina santificar o sétimo dia é um dos Dez Mandamentos; vós credes que os outros nove sejam ainda obrigatórios; quem vos deu autoridade para violar o quarto? Se quiserdes ser coerentes com os vossos princípios, se realmente seguis a Bíblia e a ela unicamente, deveis serem capazes de apresentar alguma porção do Novo Testamento na qual o quarto mandamento seja expressamente alterado.
(...) A atual geração de protestantes guarda o domingo em lugar do sábado, porque o recebeu como parte da religião cristã da geração passada, e esta recebeu da geração anterior, e assim por diante. (...) Tanto vós [protestantes] como nós [católicos], seguimos as tradições nesta questão; mas nós as seguimos crendo que são parte da Palavra de Deus e que a Igreja [Católica] tem sido divinamente designada a guardiã e intérprete; vocês seguem-na, denunciando-a constantemente como uma guia falível e traidora, que freqüentemente tem invalidado o mandamento de Deus pela tradição."
Karl Keating, apologético católico, defende o catolicismo e ataca o protestantismo com as seguintes palavras:
"... Fundamentalistas se reúnem para adorar no domingo. No entanto, não existe nenhuma evidência na Bíblia de que a adoração coletiva deveria ser feita nesse dia. O Sábado judaico, ou dia de descanso, é, obviamente, o sétimo dia da semana. Foi a Igreja Católica que decidiu ser o domingo o dia de adoração para os Cristãos, em honra à ressurreição."14
John Gilmary Shea, escritor e estudioso da história da America do Norte, e mais especificamente das questões religiosas, comenta:
"O Protestantismo, ao descartar a autoridade da Igreja [Católica], não tem boas razões para sua teoria do domingo, e devia logicamente guardar o sábado como dia de repouso. (...) O domingo, como dia de semana separado para o culto obrigatório e público ao Deus Todo-Poderoso, a ser santificado suspendendo-se do trabalho servil, comercial e ocupações mundanas e pelo exercício da devoção, é puramente uma criação da Igreja Católica."15
John A. O’Brien, professor de teologia (especialista em teologia moral e ética cristã), assim expõe a relação do domingo com o protestante:
"Uma vez que o sábado, e não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da Igreja, observem o domingo em lugar do sábado? Sim, efetivamente, isto é inconsistente. O costume da observância do domingo repousa sobre a autoridade da Igreja Católica, e não sobre um texto explícito da Bíblia. Esta observância permanece como uma lembrança da Igreja-Mãe, da qual as seitas não-católicas se originaram - tal como um garoto que foge de casa mas ainda carrega em seu bolso uma fotografia da mãe ou uma mecha de seus cabelos."16
O teólogo e historiador católico, John Laux, acrescenta ainda:
"Alguns teólogos [protestantes] têm sustentado que Deus determinou precisamente o domingo como dia de adoração na 'nova lei', e que Ele mesmo expressamente substituiu o sábado pelo domingo. Esta, porém, é uma teoria totalmente desacreditada. Agora, é comumente aceito que Deus simplesmente concedeu à Sua Igreja [Católica] o poder de anular qualquer dia ou dias que ela considere conveniente. (...) A Igreja escolheu o domingo, o primeiro dia da semana, e no decorrer do tempo acrescentou outros dias como santos."17
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a, b, c. Acesse: O "dia do SENHOR"
1. TREZZA, C. A. (1970). A Suprema Esperança do Homem, 1.ª ed., p. 48.
2. GEIERMANN, P. (1995). The Convert's Catechism of Catholic Doctrine, TEACH Services, Inc., p. 50; (Reimpressão fac-símile da edição de 1930).
3. KEENAN, S. (1876). A doctrinal Catechism, 3.ª ed., New York: P. J. Kenedy and Sons, p. 173-174; (Edição americana revista e corrigida com base no Concílio do Vaticano I).
4. DOYLE, W. J. (1851). An abridgment of the Christian Doctrine, Dublin: Published by James Duffy, chap. VIII, p. 56; (Esta obra foi originalmente escrita pelo reverendo Henry Turberville em 1645 - Douay, France).
5. GIBBONS, J. (1978). The Faith of Our Fathers, Reprint Edition by Arno Press Inc., chap. VIII, p. 108; (Obra originalmente editada em 1877 e publicada por J. Murphy, Baltimore).
6. James Gibbons,Catholic Mirror, (Set, 23 of 1893), Press: Baltimore, Maryland, p. 29-31.
7. SÉGUR, L. G. (1868). Plain Talk About the Protestantism of To-Day, Boston: Patrick Donahoe, p. 225; (Imprimatur, Joannes Josephus, episcopus Boston).
8. AQUINAS, T. (1267-73). Summa Theologica, q. 122 art. 4 (New York: Benzinger Brothers, Inc., 1947) II: 1702.
9. Eusebius's Commentary on the Psalms (Psalm 92, A Psalm or Song for the Sabbath-day). In: Migne's Patrologia Graeca, vol. XXIII, col. 1171-1172.
10. Eusebius, Life of Constantine, book III, chap. 18.
11. ECK, J. (1979). Enchiridion of Commonplaces Against Luther and Other Enemies of the Church, 3.ª ed., Grand Rapids: Baker, p. 13.
12. Gaspare [Ricciulli] de Fosso, pronunciamento na 17.ª Sessão do Concílio de Trento (18 de janeiro de 1562). In: MANSI, Sacrorum Conciliorum, vol. 33, cols. 529-530.
13. The Clifton Tracts, New York: Edward Dunigan & Brother, vol. IV, 1856, p. 3-15.
14. KEATING, K. (1988). Catholicism and Fundamentalism: The Attack on "Romanism" by "Bible Christians", San Francisco: Ignatius Press, p. 38.
15. CORCORAN, J. A.; RYAN, P. J.; PRENDERGAST, E. F. (1883). The American Catholic Quarterly Review, ed. Hardy and Mahony, vol. VIII, p. 139-152; (American periodical series, 1850-1900).
16. John A. O’Brien. The Faith of Millions, Huntington. In: Our Sunday Visitor, 1974, p. 400-401.
17. LAUX, J. A. (1936). Course in Religion for Catholic High Schools and Academies, vol. 1, p. 51.
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