Para que possamos compreender de uma forma satisfatória o livro do profeta Daniel cremos ser necessário abordar um pouco da época em que este homem de Deus viveu.
1- O profeta.Como veremos a seguir e tal como o livro do mesmo nome o relata, Daniel foi deportado para Babilónio quando o rei Nabucodonosor invadiu e exerceu soberania sobre a Judeia.
Tendo em conta o relato bíblico, como veremos e o cuidado dispensado pelo soberano vencedor a Daniel e aos seus companheiros, facilmente poderemos compreender e aceitar que o profeta poderá ter nascido no seio de uma família bem posicionada, socialmente falando, descendendo da alta nobreza de Judá, na Palestina. Quando lemos o historiador judeu Flávio Josefo ao relator acontecimentos desta época, corrobora claramente esta suposição.
Daniel nasceu num tempo que pronunciava grandes mudanças na cena política, a muitos níveis, como veremos, de uma forma breve mais abaixo.
2- O contexto histórico.a) - A sua épocaO Império Assírio que tinha dominado militarmente falando e imposto a sua autoridade e política de então, aproximava-se do seu declínio. O poder que gradualmente começa a emergir com grandes pretensões à hegemonia mundial era, quem diria, a simples província da Assíria – Babilónia.
O homem que esteve na base desta pretensão foi Nabopolassar (625-605) que irá aniquilar o que restava do Império Assírio, tornando-se, por isso, o fundador do Império neo-babilónico. Coube ao seu filho, a personagem marcante do livro de Daniel, o grande Nabucodonosor (605-562), a condução de Babilónia à sua grandiosidade, tal como a História e a Arqueologia o demonstram.
Nesta época, o Egipto ainda tinha alguma força militar e política. Já desde o rei Salomão (cf. I Reis 3.3) que Israel mantinha relações diplomáticas com este país e, este último, cada vez que se sentia ameaçado por potências vizinhas e para poder fazer face às mesmas, Judá, ao abrigo das alianças anteriormente firmadas, solicitava a sua ajuda militar para assim debelar tais ameaças. O Egipto era famoso e temido pelos seus cavalos, pois era uma nação que podia dispor de carros de combate frente à Assíria.
Podemos constatar, no passado, a existência destas alianças – Israel/Egipto (II Reis 18.19-24); na ocorrência, o inimigo de Judá era a potente Assíria. Assim, para fazer face às investidas desta última, Israel não fez mais do que reatar os antigos tratados e alianças. Referindo a estas, o profeta Isaías as contesta com firmeza, ao recordar que a melhor aliança que Israel podia e pode fazer, como nação e como povo, deveria de ser com Deus e não com os homens (cf. Isaías 30.1,2; 31.1,3).
No tempo do jovem Daniel, as mesmas alianças foram reiteradas para tentar fazer face às investidas do rei de Babilónia – Nabucodonosor. No ano 605 a.C. este consegue, pela primeira vez, obter o controlo sobre o rei judaico Jeoiaquim, levando consigo, como despojo de guerra uma quantidade enorme de prisioneiros, entre os quais, o jovem Daniel - acontecimentos que abrem a narrativa do livro que contém o seu nome (Daniel 1.1).
Outras referências bíblicas dão-nos a conhecer as posteriores invasões de Nabucodonosor a Jerusalém e, como corolário destas, as respectivas deposições e substituições dos monarcas subjugados.
Assim, para uma percepção do que aconteceu, recordaremos alguns factos históricos lavrados na narrativa bíblica: - não muitos anos depois, o rei de Babilónia veio a Jerusalém para depor o seu vassalo, o sucessor do monarca Jeoiaquim, que a Bíblia conhece pelo nome de Joaquim. Esta deposição foi acompanhada de uma deportação de gentes de Judá para Babilónia, a qual aconteceu no 8º ano do reinado de Nabucodonosor, ou seja, no ano 598/7 a.C. (cf. II Reis 24.8-16). O rei de Judá é deposto e é colocado no trono, em sua substituição, o seu tio - Matanias - ao qual será mudado o nome para Zedequias (II Reis 24.17).
Finalmente, passados alguns anos, a exemplo dos seus antecessores, este rei também se revolta e, como resultado desta desobediência, o monarca de Babilónia vem repor a ordem e cerca a cidade de Jerusalém. Passado algum tempo, a cidade é conquistada, sendo o rei capturado e morto; como consequência deste cerco final, não só o templo de Jerusalém é destruído pelo fogo, como se acontece a última deportação para Babilónia (II Reis 25.1-22). Estes últimos acontecimentos reportam-nos ao ano 588/7 a. C..
3) - Os seus escritos.A palavra Daniel, que constitui o nome do profeta, etimologicamente significa “Deus é juiz” ou “Deus é meu juiz”. Daniel irá escrever em Babilónia, durante o cativeiro. O tema fundamental do quanto escreveu é mostrar vincadamente, através de diferentes formas: 1- O único e verdadeiro Deus que destruirá toda e qualquer potência terrestre que tiver a veleidade de se entregar sem quaisquer reservas ao Seu cuidado e protecção.
O livro do profeta Daniel revela-se como um livro multifacetado. O leitor poderá ver nele, segundo a sua sensibilidade, por exemplo, um livro religioso na medida em que mostra, a cada momento da sua desenvoltura, qual a vontade soberana de Deus através das diferentes visões que o profeta vai recebendo de Deus. O profeta aborda os diferentes Impérios, a sua sucessão e fim (cap. 2 e 7); a sua maneira de estar e respectivos governos (cap. 3 a 6); as suas guerras (cap. 8 e 11); as suas relações com o povo de Deus e o seu julgamento final.
Antes de passarmos às grandes questões de fundo sobre o livro profético de Daniel, as quais levaram muitos a defendê-las e outros, ao contrário, a criticá-las vejamos, ainda que de uma forma breve, as duas secções nas quais podemos inserir o livro de Daniel:
Secção histórica:1. Cap. I (deportação de Daniel e educação em Babilónia)
2. Cap. II (sonho de Nabucodonosor)
3. Cap. III (os 3 jovens hebreus na fornalha ardente)
4. Cap. IV (loucura de Nobucodonozor)
5. Cap. V (banquete de Belsazar)
6. Cap. VI (Daniel na cova dos leões)
1. Cap. II (sonho da estátua) Secção profética:
2. Cap. VII (visão dos 4 animais)
3. Cap. VIII (visão do carneiro e do bode)
4. Cap. IX (as 70 semanas)
5. Cap. X – XII (profecias gerais)
Estas duas secções estão, de certa maneira interligadas para “(…) sublinharem a relação estreita entre o acontecimento que sobressai da história e a profecia que projecta a visão do futuro”.
Tendo em conta estes elementos que tornam particular o livro de Daniel, muito poucos livros do Antigo Testamento exerceram ao longo dos séculos uma influência tão considerável como o de Daniel, não só na vertente histórica como também na profética. Sob esta última apresenta, não só um quadro abreviado da história mundial desde Nabucodonosor até ao estabelecimento final do Reino de Deus, como também mostra, mas do que qualquer outro escrito canónico, que esta história se desenrola segundo o plano divino, o qual fixou com antecedência os períodos e os respectivos acontecimentos neles inseridos.
Assim, durante séculos Daniel formou nas escolas a base do ensino histórico em relação à antiguidade, na medida em que se viu habitualmente nos seus escritos, nos quatro reinos preconizados pela estátua do sonho do rei dos Caldeus os Impérios: Babilónico, Medo-Persa; Grego e Romano.
Também devido à sua teologia este livro teve uma repercussão bastante grande, tanto na sinagoga como na Igreja. Por exemplo, realçaremos a descrição do “Filho do Homem” vindo nas nuvens diante do trono de Deus e recebendo o governo do mundo (cap. 7.13, 14). O anúncio da ressurreição dos mortos (cap. 12. 2, 3) é o ponto culminante da doutrina escatológica dos livros hebreus do Antigo Testamento
Finalmente, o livro do profeta Daniel provavelmente exerceu, a diversos níveis, uma influência tanto pelo seu conteúdo como pela sua forma. Este livro é verdadeiramente o Apocalipse do Antigo Testamento, tornando-se, portanto, no protótipo deste género literário que, tal como dissemos, irá influenciar a literatura apócrifa (livro de Henoque ou o IV livro de Esdras).
4)- Daniel e os críticos.Tudo o quanto se disser para demolir o livro do profeta Daniel, assenta essencialmente em duas grandes questões – o autor e a datação do livro! Ela, para estarmos de acordo com o seu conteúdo, este deverá ser datado do séc. VI a. C. e não como os críticos, por todos os meios o pretendem fazer crer – no séc. II a. C. - eis o âmago da questão!
Dito isto, por palavras mais simples: - se Daniel escreve, fá-lo não na qualidade de profeta, ou seja falar do futuro no presente, mas fala, segundo estes críticos, do passado no presente. Desta forma, qualquer um o pode fazer, por exemplo, qualquer historiador! Portanto, segundo estes detractores do elemento profético, a profecia nunca existiu no livro de Daniel!
Quais as origens de toda esta problemática postulada pela crítica moderna? Tudo teve a sua origem, de uma forma marcante, no filósofo neo-platónico Porfírio na sua obra - acerrimus Christianorum inimicus – antagonismo literário bastante violento contra o cristianismo. No livro XII ele questiona a autenticidade de Daniel, desenvolvendo alguns argumentos que a crítica actual ainda usa. Na base da sua polémica encontramos as seguintes proposições:
a)- O autor do Livro de Daniel é um desconhecido do período Macabeu, isto é, do séc. II a. C.
b) Que o livro não relata nenhuma profecia verdadeira em relação ao futuro, mas unicamente “vaticinia post eventum”, ou seja, falando unicamente de – profecia após os acontecimentos (mencionar factos passados no tempo presente) - para ele, o autor compõe o livro de Daniel no tempo de Antíoco IV Epifânio!
Este é um livro de capital importância e, por esta mesma razão convém demolir a sua importância e até, se possível, descaracterizá-lo, tornando-o ineficaz, pois as verdades nele contidas não convém que sejam expostas, pois outros mais altos valores supra humanos agem na sombra; assim, ao longo do tempo, também tem sido alvo de diferentes correntes de opinião, inspiradas no passado, colocando em causa vários aspectos do livro, sob as mais variadas objecções, tentando denegrir não só a data da sua composição e o seu autor, tal como já o referimos, como também aqui e ali, com meras suposições, e argumentos sem fundamento, colocar em causa certas afirmações que se encontram ao longo do livro, como por exemplo:
1- O nome do autor do livro é o de uma personagem mítica e não do verdadeiro Daniel;
2- O livro é uma obra de ficção datada do ano 165 a. C., destinada a encorajar o movimento de resistência contra a tirania de Antíoco IV Epifânio – portanto, não foi escrito no séc. VI a.C.;
3- O livro tem várias palavras persas e gregas que remetem a sua redacção para o séc. II a. C. e não para os tempos de Nabucodonosor;
4- No Cânone, o livro de Daniel encontra-se entre os “Escritos” e não entre os livros “Proféticos” – o que indicia, pensam os críticos, que o livro tenha ter sido escrito numa data posterior aos seus congéneres – os proféticos.
5- A menção do nome do rei Belsazar (cap. 5) é, segundo a crítica, uma inexactidão histórica, pois diz que a história não conhece nenhum rei com este nome;
7- O livro de Daniel está escrito em hebraico (cap. 1 – 2.4; 8 – 12) e em aramaico (cap. 2.4 a 7.28); estes elementos levam os críticos a concluir que a redacção do livro é posterior ao séc. VI a. C.
Como não poderia deixar de ser, para dar resposta a estes argumentos, repetimos, sem grande fundamento, pois muitos deles não passam de meras suposições, encontramos uma abundante bibliografia de contra argumentos ancorados nas mais anteriores pesquisas e fontes de conhecimento, que neutralizam, radicalmente, os pressupostos e as dúvidas acima referidas pelos detractores de Daniel.
Ainda dentro deste contexto iremos sublinhar uma ou outra observação que coloca em causa, uma vez mais, esta dita “erudição”, em que à luz da qual pretendem anular a autenticidade do livro profético de Daniel. Analisemos algumas das respostas a algumas das críticas acima ventiladas:
a)- O livro tem várias palavras persas e gregas que remetem a sua redacção para o séc. II a. C. e não para o séc. VI a. C.
Resposta: - As palavras empregues pelo profeta (cap.3.5,7,10,15) estão relacionadas com o nome de instrumentos musicais (cítara, harpa, flauta). Mas tais palavras circularam sempre para lá das fronteiras babilónicas porque “estes instrumentos aparecem nos mercados estrangeiros”. Por outro lado, sabe-se também que a cultura grega entrou no Próximo Oriente muito tempo antes do período neobabilónico.
b)- No Cânone o livro de Daniel encontra-se entre os “Escritos” (Kethubhim) e não entre os livros “Proféticos” (Nebhi’im), como seria de esperar – o que indicia, pensam os críticos, que o livro tenha ter sido escrito numa data posterior aos seus congéneres – os proféticos.
O historiador Judeu variadas vezes, como referenciaremos fala dos escritos do profeta Daniel, assim como do Cânone em que este estava inserido, o qual se compunha de 22 livros. Vejamos as divisões deste Cânone e onde os diferentes livros foram inseridos:
I- A Lei (Torah): (5)Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio
II- Profetas (Nebhi’im): a) Os primeiros: (4)
Josué, Juízes/Rute, Samuel (I e II), Reis (I e II)
b) Os últimos: (4)
Isaías, Jeremias/Lamentações, Ezequiel, 12 profetas menores
III- Escritos ( Kethubhim): (9)Salmos, Provérbios, Job, Cântico dos cânticos, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras/Neemias, Crónicas (I e II).
Após esta breve mostragem o que se nos oferece dizer em relação à inserção deste livro entre os “Escritos” (Kethubhim) e não entre os livros “Proféticos” (Nebhi’im), como seria de esperar?
Resposta: - Convém não esquecer que Daniel não foi escolhido ou classificado na qualidade de profeta, pois sempre permaneceu na qualidade de funcionário do governo ao longo da sua carreira. Assim, devido a este contexto preciso, o lugar que ocupa os seus escritos, ou seja, depois de Ester e antes de Esdras e Neemias, se explica facilmente neste enquadramento. Além disto, uma forte percentagem do livro é mais histórica do que profética (do cap. 1 ao 6).
Por outro lado, Daniel não escreveu sob a forma de mensagem de Deus ao Seu povo, retransmitida pela boca do Seu porta-voz. O elemento dominante consiste é, antes de mais, visões proféticas dadas pessoalmente pelo autor e às quais os anjos lhe dão a respectiva interpretação. É por causa deste aspecto misto do livro, partilhado entre o relato histórico e a visão profética, que os escribas judeus acabaram por inseri-lo na terceira categoria do Cânone.
c)- O livro de Daniel está escrito em hebraico (cap. 1–2.4; 8–12) e em aramaico (cap. 2.4 a 7.28) e, nesta qualidade, os críticos concluem que o livro é posterior ao séc. VI a. C.
Resposta: - As diferentes fontes encontradas demonstram a não validade de tais argumentos: a partir do séc. VIII o aramaico torna-se a língua internacional do Próximo Oriente e, tendo em conta esta informação, os israelitas a aprenderam durante o exílio. Esta língua conheceu algumas modificações ao longo das épocas: O aramaico oficial, foi utilizado entre 700 e 300 a. C.; o aramaico médio, foi empregue de 300 a. C. até aos primeiros séculos da era cristã; o aramaico recente, foi empregue após estes períodos.
A razão da utilização destas duas línguas nos diferentes excertos do livro tem que ver com duas vertentes: lógica e literária. Em relação à primeira, o autor escreve em hebreu (cap. 1–2.4; 8–12) porque estes capítulos são os mais directamente relacionados com os Judeus. Quanto à segunda, em aramaico (cap. 2.4 a 7.28), quando o que o profeta tem a dizer, implica preferencialmente as nações; assim, cada um poderia ler, de uma forma particular, o que com cada um se relacionava.
d) - Se o livro de Daniel é uma falsificação, como é que penetrou no Cânone do Velho Testamento, visto que o livro apócrifo (não inspirado) de Macabeus fala dele – “Recordai-vos dos feitos dos vossos maiores (…) Daniel, na sua rectidão, foi preservado da boca dos leões” – I Macabeus 1.51-60, cf. Daniel 6.16,23?
e) - Quem foi o génio que redigiu este livro predizendo o futuro do nosso planeta e declarando o ano do início e do fim do ministério do Messias se, como dizem, o livro é uma obra de ficção datada do ano 165 a. C? Se não foi Daniel, o profeta, então quem poderá ter sido?
f) - O autor de Daniel manifesta um conhecimento preciso dos acontecimentos do séc. VI a. C., o qual não estaria ao alcance, certamente, de um escritor do séc. II a. C.! Por exemplo no cap. 8.2 declara que Susa ficava situada na província de Elão na época babilónica. Os historiadores – romanos e gregos - nos dão a conhecer que no período persa, Susa foi atribuída a uma nova província que tomou o seu nome – Susiana; a maior província do antigo Elão ficou reduzida ao território a oeste do rio Ulai. Ora será normal que só um autor antigo possa saber que Susa, antigamente estava integrada na província do Elão.
g) - Depois, temos o testemunho indiscutível de Jesus Cristo no discurso acerca dos acontecimentos precursores do tempo do fim, pronunciado no Jardim das Oliveiras. Ali Jesus declara o seguinte: - “Quando pois virdes a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda” – Mateus 24.15.
O livro de Daniel refere três vezes as expressões - “abominação da desolação” – Daniel 9.27; 11.31; 1.11. Se estas são as verdadeiras palavras de Cristo, quando cita o profeta, então o Senhor tinha a certeza de que, não só o Daniel histórico era, efectivamente, o seu autor incontestado, como também o conteúdo do seu escrito era profético – o que contraria os comentaristas humanos do texto bíblico! Assim sendo, Jesus ao se expressar desta maneira, considerou esta “abominação” como um texto profético, algo a acontecer ainda no futuro e não no passado, tal como os críticos pensam. E tanto é assim que, ao comentarem esta citação do profeta Daniel feita pelo Senhor, dizem que Jesus - “refere-se com toda a certeza à estátua do Zeus Olimpo que Antíoco IV Epifânio mandou colocar no Templo de Jerusalém – cf. II Macabeus 6.29”!
Na realidade, a quanto o ser humano recorre para denegrir a autenticidade da Palavra de Deus! Mas, para ajudar a superar qualquer resquício de cepticismo, iremos recordar o que foi escrito pelo historiador judeu Flávio Josefo, reforçando não só a autenticidade como também a antiguidade dos escritos do profeta Daniel:
a) – Autenticidade dos escritosFlávio Josefo assim se expressou acerca de Daniel: - “o mais admirável que eu encontro neste grande profeta é o facto extraordinário, particular e quase incrível que ele tem sobre os outros profetas, é de ter sido, ao longo da sua vida, honrado por reis e povos e ter deixado, depois da sua morte, uma memória imortal; porque os livros que escreveu e que ainda hoje são lidos, dão-nos a conhecer que o próprio Deus lhe falou e que não somente predisse, tal como os outros profetas as coisas que deveriam de acontecer, mas ele marcou os tempos em que essas mesmas coisas ocorreriam”.
b) A antiguidade dos seus escritos.- Anteriores a Artaxerxes: - “Não temos senão 22 livros que contêm os relatos do passado e que são considerados divinos (inspirados). (…) da morte de Moisés até Artaxerxes, rei dos Persa depois de Xerxes, os profetas que sucederam a Moisés, escreveram em 13 livros o que se passou no seu tempo (…)”
- Alexandre – o Grande: - “(…) Alexandre, ao chegar a Jerusalém, subiu ao Templo e ofereceu sacrifícios a Deus tal como o sumo-sacerdote lhe dissera para fazer. Este, por sua vez, lhe mostrou o livro do profeta Daniel, no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o Império dos Persas (…).
Portanto, todos os ataques ao profeta Daniel nada têm de novo. Já no séc. IV S. Jerónimo assim se referiu aos ataques ao livro de Daniel: - “o combate encetado contra o profeta Daniel é um testemunho da sua autenticidade”.
Para colocarmos um ponto final nesta parte do trabalho, façamo-lo da melhor forma, citando o conselho inspirado do apóstolo S. Paulo ao seu filho espiritual Timóteo: - “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente (pseudo) chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé” – I Timóteo 6.20,21.
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