Os bombeiros do Rio de Janeiro prosseguem a busca pelas pessoas desaparecidas nos desabamentos Marcelo Sayao/EPA
Foram encontrados os primeiros cadáveres no meio dos escombros dos três edifícios que desabaram ontem à noite no Rio de Janeiro. Passavam nove horas da manhã desta quinta-feira (11h00 em Lisboa) quando as equipas de resgate retiraram dos destroços o corpo de um homem adulto. Os bombeiros dizem que mais de uma dezena de pessoas continuam desaparecidas e as autoridades avisam que a probabilidade de haver sobreviventes é muito reduzida.
São já três os corpos de vítimas recolhidos pelas equipas de resgate que estão a trabalhar no centro do Rio de Janeiro. Os cadáveres ainda não foram identificados, sabendo-se apenas que há dois homens e uma mulher entre os mortos. As operações de busca foram reforçadas esta manhã com o envio para o local de cerca de 60 elementos dos bombeiros e quatro cães de busca.
Entretanto, o presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes, Luís António Cosenza, confirmou publicamente que um dos edifícios que ruiu, o Liberdade, situado na Avenida 13 de Maio, estava em obras nos andares terceiro e nono, que implicaram o derrubamento de paredes. A dúvida agora é saber se os trabalhos estavam a ser feitos de acordo com as normas legais.
“Estamos a tentar descobrir se as obras tinham autorização. Dependendo do tipo de obra, a estrutura do prédio pode ter sido comprometida. Mas ainda é cedo para afirmar as causas”, declarou Cosenza ao jornal brasileiro O Estado de S. Paulo.
"O prédio caiu de lado"
Segundo as testemunhas presentes no local, foram ouvidos três estrondos quase em simultâneo momentos antes de o edifício ruir. “Depois do terceiro estrondo seguido o prédio desabou. Caiu de uma vez. O prédio caiu de lado”, conta o auxiliar de manutenção de um dos edifícios ao jornal brasileiro. Em seguida, todo o espaço envolvente ficou coberto de fumo. O homem, que foi retirado dos destroços, afirma que se encontrava sozinho no prédio no momento da colisão.
A testemunha está entre os cinco feridos que foram retirados do local imediatamente após o incidente e levados para o hospital. A prefeitura do Rio de Janeiro solicitou entretanto que fosse cortada a energia num perímetro de segurança para evitar possíveis incêndios e interditou também todas as ruas circundantes do local do acidente.
Antes da descoberta dos primeiros corpos, Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro confirmou as previsões mais pessimistas que já tinham sido avançadas anteriormente pela Proteção Civil. ”Só se uma bolsa de ar se tiver formado durante a queda” é que poderá haver sobreviventes.
"Se tivesse sido às 15h00 morreriam mais de 500 pessoas"
A série de desabamentos teve lugar na quarta-feira às 20h30 da noite (22h30 em Portugal), na Cinelânida, no centro do Rio de Janeiro. O edifício Liberdade, de 20 andares, foi o primeiro a ruir, seguido pelo prédio Colombo, de 10 andares, e de um outro de quatro andares erigido no meio dos primeiros. As causas da tragédia são neste momento motivo de especulação. A Agência Estado falou com o Consultor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, António Eulálio Pedrosa Araújo, que aponta três possíveis motivos.
"O primeiro e mais provável é que a obra tenha provocado uma alteração estrutural com a retirada, por exemplo, de uma viga. A segunda hipótese seria a corrosão ou infiltração da laje da cobertura. A terceira seria o excesso de peso do material de construção utilizado na obra".
Segundo António Araújo, “se o acidente tivesse sido às 15h, morreriam mais de 500 pessoas, sem contar com os peões”.
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