quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OS RUDIMENTOS DA IGREJA PAPAL

Imperador Trajano.
A Igreja conheceu a opressão da autoridade imperial e, como consequência, podemos, na sua História, diferenciar algumas das suas fases ao longo dos séculos II e III, a saber:
1- 90 a 140 d.C. – Período dos Pais Apostólicos. Perseguições sob o imperador Trajano (98-117).
2- 140 a 180 – Período dos primeiros Apologetas (Justino e os judeus gnósticos). Perseguição sob o imperador Marco Aurélio (161-180).
3- 180 a 220 – Período contra o gnosticismo. Reacção herética: Montanismo, Tertuliano. Reacção Ortodoxa: Ireneu. Escola catequética. Clemente de Alexandria. Perseguições sob o imperador Septímio Severo (193-211).
4- 220 a 270 – Período de reforço da autoridade clerical. Hipólito, Orígenes, Cipriano. Controvérsia antitrinitária. Perseguições sob o imperador Décio (249-251).
5- 270 a 300 – Período de paz
6- 300 a 313 – Perseguição sob Diocleciano (284-305).

A passagem do século I foi de capital importância para a história cristã. Todos os apóstolos tinham desaparecido. Aqui e ali começa a surgir uma organização flexível e progressiva. Em princípios do século II, a Igreja primitiva parecia já dividir-se em pequenos núcleos instáveis (seitas); estes, muitas vezes em luta uns contra os outros e, aparentemente, condenados a rapidamente desaparecer.
O desenvolvimento do episcopado foi, de certa forma, uma resposta a esta ameaça!
No entanto, na passagem “da organização colegial à responsabilidade episcopal, houve um tempo de flutuação, com hesitações e resistências. Certas comunidades como, Jerusalém ou Alexandria possuem, desde o começo do cristianismo, o seu bispo”. Ainda, no dizer do mesmo autor, “em Roma a fusão entre os sucessores de Pedro e o conselho dos presbíteros da cidade, não parece que se tenha efectuado sem atritos. No tempo de Clemente, a igreja romana é dirigida ainda por um conselho presbiterial, com um presidente no topo”.
É evidente que este autor, na qualidade de sacerdote, irá usar este argumento para qualificar a situação da igreja de Roma em relação às demais, ao referir que não tem um bispo, como as demais, mas sim um - “presidente”- portanto, um bispo dos bispos, ou algo parecido!
Mas, repare o leitor que este Clemente, segundo o cômputo da Igreja, foi o terceiro sucessor de Simão Barjonas, na Sé de Roma de 88 a 97. Este escreveu uma carta à Igreja de Corinto, e perante a qual certos autores afirmam que: “ao fazê-lo (Clemente) atesta a consciência do seu primado universal como sucessor de Pedro”. Mas, vejamos bem o conteúdo da dita carta para que não tiremos conclusões tão apressadas! Ao escrevê-la, em que termos o fez? Em que nome escreveu? Vejamos: “ A Igreja de Deus que peregrina em Roma, à Igreja de Deus que peregrina em Corinto (…). Clemente escreveu realmente à Igreja de Corinto, mas não em seu nome pessoal, mas em nome da Igreja de Roma! Não deixa transparecer nenhuma ideia da autoridade papal que, mais tarde, o papado reivindica e assume para si!
A discórdia entre o bispo de Roma e os cristãos da Ásia radicados em Roma, acentua-se porque estes, fiéis à tradição da sua igreja original, continuavam a celebrar a festa da Páscoa no dia próprio para o efeito – 14 de Nisan – isto é, sempre na noite de Sexta-feira para Sábado e não “na noite de sábado para o domingo, como os outros fiéis da cidade”. Este diferendo doutrinário aconteceu no tempo do Papa Victor I (189-199), o qual contribuirá para romper “com todas as Igrejas da Ásia menor, porque recusavam submeter-se à sua decisão quanto à contenda sobre a festa da Páscoa”.
Tudo apontava para que igreja situada no coração do império, gradualmente, reivindicasse para si a primazia de entre o resto da cristandade, sob a estranha nomenclatura de: sucessor de Pedro! O bispo de Roma já não se sentia um com os demais, como um par inter pares (par entre pares), mas agora como um primus inter pares (o primeiro entre pares); não muito tempo depois, o Papa Calisto I (218-223) irá invocar “pela primeira vez a autoridade de Pedro”.
A Igreja será alvo de ataques vindos do exterior pela perseguição, como também pela polémica interna. Mas, pelos seus mártires e apologetas ela sai vencedora. É atacada, sacudida pelas heresias motivadas por este ou aquele ponto doutrinário. Mas, tal como nas perseguições, ela também sai vencedora de todos os ventos de doutrina contrários.
A Igreja de Roma era a mais importante e populosa do império, pois segundo uma estimativa “os cristãos de Roma eram cerca de cinquenta mil”. A partir de Constantino tudo irá ser diferente, este imperador constituirá um verdadeiro marco de viragem na História da Igreja de Roma.
Batalha de Maxêncio contra
Constantino.
Na véspera da batalha, contra Maxêncio, na Ponte Milvio, Constantino teve uma visão. Viu uma cruz, a qual, por sua vez, era acompanhada de uma ordem: “Serás vencedor por este sinal”, mandou gravar o símbolo – Ièsous Christòs (Jesus Cristo) – no escudo dos seus soldados. Depois, seguiu-se um período de tolerância para os cristãos, culminado pelo famoso Édito de Milão, em 313. Este édito foi seguido da promoção do Evangelho a Religião do Estado! Nem mais nem menos! E com que resultado? Aquele que a História da Igreja, tristemente, o demonstrará “havia de vir a fundar, um dia, a ditadura do cristianismo e a teocracia papal”.
A gratidão da Igreja exaltou as virtudes e desculpou as fraquezas daquele que irá, tal como o referimos, instalar o cristianismo no trono do mundo romano; a partir de agora, “a salvação da gente comum era comprada por baixo preço; a ser verdade que, num só ano, doze mil homens receberam o baptismo em Roma, para além de um número correspondente de mulheres e crianças; uma veste branca, mais vinte moedas de ouro, haviam sido prometidas pelo imperador a todos os convertidos”.
O cristianismo, na grande cidade, estava a ganhar cada vez mais terreno. Era mais do que tempo para se transitar da catacumba, da opressão e vexame públicos, para uma fase mais confortável e, de preferência, em consonância com o Poder instituído. Quem diria?!
Como fazer para alcançar os bárbaros? Seria necessário uma grande evangelização em larga escala ou, para que tal fosse possível, bastaria invocar o nome do imperador, enfim, um dos nossos, para que os resultados estivessem assegurados,!
Eis como a História o refere: “A guerra e o comércio tinham propagado o conhecimento do Evangelho para lá das fronteiras das províncias romanas; e os bárbaros, que haviam desdenhado uma seita humilde e proscrita, aprenderam rapidamente a estimar uma religião que fora tão recentemente adoptada pelo maior monarca e pela nação mais civilizada do globo”. Atardemo-nos um pouquinho nesta expressão - seita! Assim era visto e chamado, este embrião de Igreja, por ser, segundo parece, diferente da religião oficial - paganismo - com todo o seu cortejo idolátrico! Este, se queria singrar na sua nova posição teria, obviamente, que ser diferente de si mesmo, do que foi até então, caso contrário continuava oposição! Gradualmente vai voltando as costas ao que sempre foi, aos princípios que o regeram, para começar a assimilar tudo e todos, para que este “tudo” e “todos” se sentissem bem no seu seio! Não é o exterior, aqueles que chegam, que mudam, que aprendem a conhecer um novo caminho, uma nova directiva para as suas vidas! Mas, por estranho que possa parecer, quem muda é o interior - a Igreja em si mesma!
Um milagre inesperado acontece: a Igreja rudimentar, tida por Seita, passa a religião oficial! E o que é que guardou da pureza do passado, isto é, tudo o quanto estava de harmonia e de acordo com o imutável evangelho? Quanto a nós: muito pouco! Diremos que nela encontramos uma doutrina para cada gosto uma verdadeira sopa de cristianismo e paganismo; não se sabendo onde termina um e começa o outro! Mais abaixo tentaremos responder a esta questão.
Nesta união, devido ao famoso édito de Milão, resultaram ganhos e perdas para a Igreja. Vejamos alguns aspectos de ambos os lados:

• Ganhos:
1- De minoria perseguida, a Igreja cristã tornou-se, subitamente, toda-poderosa.
2- O culto, era mais político do que religioso.
3- Para assegurar a supremacia era necessário chamar a si as forças omnipotentes de que só o imperador era detentor - braço secular - uso da força para fazer-se obedecer.

• Perdas:
1- Apoiada pelo Estado, a Igreja tornar-se-á, com extrema rapidez, intolerante e fanática, iniciando uma série de perseguições, imagine-se!
2- O exílio já não bastava; contra os dissidentes, mesmo cristãos, passar-se-á a usar a tortura e os suplícios. Sob o reinado de Honório (395-423), tanto a heresia como os casos de cisma eram assimilados ao crime.
3- A adesão do Estado terá de ser paga pela Igreja; o preço a pagar será a sua total submissão a este.
4- A Igreja vai-se acostumando a servir-se do - braço secular - para obter conversões!
5- Afim de aumentar o número dos seus adeptos, o cristianismo irá, a partir de agora, ganhar a confiança dos reis bárbaros e da sua corte; uma vez conseguida a adesão do chefe… o resto virá!

Portanto, se o Estado romano faz um negócio algo duvidoso, também a Igreja! Ainda que arrecadando grandes lucros materiais, veio a sofrer terríveis perdas espirituais.
Inútil será dizer que os piedosos e humildes presbíteros dos primeiros tempos, não só não podiam possuir, como teriam, provavelmente, recusado o poder e a pompa que rodeava a tiara do pontífice romano! E porquê? A resposta já acima a demos! Caso haja qualquer dúvida, bastará recordar, uma vez mais, o diálogo entre Jesus e Pilatos, pouco antes da Sua crucifixão!
Abramos um parêntesis: Em resposta a Pilatos, Jesus lhe diz a certa altura: “«O meu reino não é deste mundo». Disse-Lhe Pilatos: «Logo, tu és rei?» Jesus retorquiu: «Tu o dizes! Eu sou Rei! Para isso nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz».” – S. João 18:36-37
Por outras palavras, Jesus diz a Pilatos que é rei, visto possuir um reino! Mas, diz-lhe que: “o seu reino não é daqui debaixo, não tem a mesma origem que os reinos deste mundo”! Enfim, não era da mesma qualidade que o dele - terreno e efémero! O de Jesus estava assente noutros valores; este era composto por outro tipo de cidadãos! Sabe quais, prezado leitor? Os que ouvem a Sua voz, os que são da Verdade! Não os que seguem posições honoríficas e que criam desigualdades entre o seu semelhante.
Perante este contexto, repetimos, como é que a Sua Igreja, aquela que diz ser a Sua continuidade e composta por aqueles que a seguem e que afirmam ser Seus verdadeiros seguidores o fariam? No entanto, ainda hoje fazem, curiosamente, em Seu nome! Pactuar com este mundo, com o Poder que lhe é inerente, em detrimento da Verdade! Como compreender tal postura? Nada encaixa com nada, não é verdade?
Será que ainda não estamos convencidos? Por que não recordar as tentações do Senhor Jesus no deserto, o exemplo dos exemplos?

As Tentações de Jesus:
O que é que aqui estava em causa? Nada mais do que um teste! Saber até que ponto o 2º Adão – Cristo Jesus – resistiria! Seria ele mais forte? Seria igual ou mais fraco do que o 1º Adão?! Três tentações para O testar de vez! Tentar ver o quanto Este enviado do céu vale! Assim, surge a primeira questão: Ele veio como homem ou como Deus a esta terra? Não como Deus, certamente! Porquê? Segundo, uma vez mais, o método infalível de conhecer a Bíblia, para responder a esta questão, iremos - consultá-la e compará-la!
O Novo Testamento nos diz que: “Ninguém diga, quando for tentado: «É Deus que me tenta». Deus não pode ser tentado pelo mal e não tenta ninguém” – Tiago 1:13. Ou ainda “(…) Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado” – Hebreus 4:15.
Como primeira conclusão, “se Deus não pode ser tentado” e “Ele em tudo foi provado”, isto quer dizer que, embora sendo Deus, (cf. Filipenses 2:6-8) veio a este mundo como um simples mortal, “(…) em carne semelhante à do pecado e para expiação do pecado condenou na carne o pecado” – Romanos 8:3.
Em segundo lugar, se assim não fosse, como é que Ele poderia ser, verdadeiramente, o meu e o seu representante, prezado leitor? Se estivesse imune, como nos iria compreender? Iremos realçar, muito sumariamente, neste contexto, alguns breves aspectos da teologia Lucaniana, sob influência Paulina, para melhor destacarmos as desvantagens de Jesus (2º Adão), em relação ao primeiro homem à face da terra, o (1º Adão).

• contexto: Segundo o esquema apresentado por este evangelho, no baptismo de Jesus, Deus reitera a Sua filiação, ao dizer: “Tu és o Meu Filho muito amado (…)” – S. Lucas 3:22. Na genealogia que apresenta refere que: 1- “Jesus (…) sendo filho, como se supunha, de José (…)” – v. 23; 2- Ao descrever esta mesma genealogia, por ordem decrescente, chega ao tal “princípio”, e acrescenta: “(…) Enós é filho de Set; Sete filho de Adão; e Adão de Deus” – v. 38.

Portanto, S. Lucas coloca-nos perante dois Adãos! Quanto ao primeiro, segundo o v. 38, veio directamente imaculado das mãos do seu Criador “e Adão de Deus”; Quanto ao segundo: por adopção, era “ como se supunha filho de José”! Portanto, com contactos humanos, sob influência humana – placenta de Maria - o que não foi o caso do 1º Adão! Sendo assim, estamos aptos para recordarmos que, à partida, este 2º Adão tem algumas desvantagens em relação ao 1º Adão – influência humana, como já o dissemos, e vivência pecadora – “(…) não há nenhum justo, nem um sequer” – Romanos 3:10; ou ainda “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus” – Romanos 3.23.
Portanto, não vemos razão, à luz das Escrituras para isentar Maria, apesar de nos merecer todo o respeito, visto que – “todos pecaram (…)”, diz o texto bíblico! Mas, mais abaixo abordaremos esta problemática.

1ª Tentação: Esta articula-se a dois níveis. 1 - Para realçar a humanidade de Jesus, o texto refere que o Filho de Deus teve - fome! 2- Para recordar, por outro lado, que ali estava alguém divino: a tentação passa-se ao nível de Deus, não do homem! “Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pão” 4:3.
Este “Se”! Qual a razão para assim começar a tentação? Não esqueçamos que, nos versículos anteriores à tentação, como vimos, S. Lucas refere o baptismo de Jesus, portanto, antes do relato da tentação!
Se até ali satanás tinha qualquer dúvida acerca de quem era Jesus, ali, no baptismo, esta tinha sido esclarecida pela afirmação incontestável “Tu és o Meu Filho muito amado (…)” – S. Lucas 3:22. Assim, como podemos ver, não era a dúvida que o movia! A tentação articulava-se na tentativa de O fazer sair da condição de Deus para homem e vice-versa!
Por um lado, o Homem fazer apelo ao que existia de divino em Si mesmo – “transformar pedras em pão”; por outro, ao Divino – duvidando se Ele era realmente quem tinha sido proclamado! Eis a ocasião suprema para o demonstrar! Caso cedesse, não era Deus, mas uma marioneta que cedia aos caprichos desta entidade!
Com nenhum de nós Satanás perde o seu tempo com este tipo de tentações, não é verdade?! E porquê? Porque ele sabe, que não existe em nós, NADA, nesta área para o qual este possa apelar – qualquer poder, seja para o que for! Portanto, esta 1ª tentação é para que Jesus escape do humano para o divino “lhe sugerindo milagres estranhos à sua missão específica de Filho”. Por outro lado faz apelo ao “deus ventre” e ao “orgulho” - precisamente onde Adão e Eva caíram (cf. Génesis 3:3-7)!
Portanto, esta 1ª tentação é o inverso da de Adão e Eva. Estes foram tentados através do apetite, para saírem da condição de seres criados, logo, dependentes, e quererem ser deuses! Enquanto que a de Jesus, ao “existir na condição de Deus” – Filipenses 2:6 – visava espicaçá-lo ao uso do Seu poder, recordando-Lhe, por outras palavras: “Para quê sofreres a fome, se nada Te é vedado? Prova-me quem Tu és”!
Que faríamos nós, se tivéssemos tal poder em nós? Por exemplo: Quando somos cinturão negro em artes marciais, e, sem saberem na rua à noite, somos assaltados ou que nos interceptam, gozando connosco. Como faremos? Consentimos que gozem connosco ou, de imediato, usaremos os nossos “poderes”?
Embora noutro contexto, mas a ideia é a mesma! Convenhamos que teríamos muita dificuldade em resistir a este golpe montado só para ver se, na qualidade de mestres em artes marciais, manteríamos a calma, na adversidade! Por aqui poderemos, palidamente, compreender o que estava em causa, em Jesus! Se o escutasse, Jesus passaria da condição de Divina à humana, muito embora, paradoxalmente, a tenha consigo desde Maria! Ser sem ser – que prova, que drama!

2ª Tentação: “O diabo mostrou-Lhe, num instante todos os reinos do universo e disse-Lhe: «Dar-Te-ei todo este poderio e a sua glória» (…)” - 4:5,6. Mas, não é, precisamente, a este domínio, a esta glória que Jesus está destinado? Claro! Mas “Satanás as propõe segundo a condição que Ele consinta recebê-las de um outro deus diferente de Deus! Deus O conduz à glória pela cruz; Satanás Lha promete sem a cruz, assim como sem Deus”.
Esta 2ª tentação ataca-O no plano social e político. Não temos nós esta mesma vertente? Queremos cada vez mais, apesar de tudo isto, espiritualmente, a nada nos levar nem elevar!

3ª Tentação: “Conduziu-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do Templo e disse-Lhe: « se és o Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo” – v.9. Que tentação. No Templo! Onde todos O poderiam ver! Seria, finalmente, entronizado como o grande líder! Alguém que desafiava as leis da gravidade. Na hora do culto, descer do céu sustido pelos anjos, quem iria duvidar de que Ele, afinal era o Messias aguardado? Esta 3ª tentação “desenrola-se sob o plano espiritual”. Líderes, Gurus – enfim, tudo o que seja Poder! Tudo o que faça ao homem possuir o que sempre desejou – a divindade! Mas como ser, sem estar plenamente n’Aquele que disse ser o SER?

Portanto, Cristo, na Sua globalidade humana, foi tentado em todas as vertentes:
1- Escape do humano para o divino;
2- No plano social e político;
3- No plano espiritual.

Quanto a nós, esperamos ter resistido à tentação de não ter enveredado por complicadas lucubrações teológicas. O que desejámos realçar, ao fazer esta incursão no evangelho, é que em Cristo nunca existiu o menor desvio à vontade do Pai. Sempre se manteve igual a Si mesmo, à Sua solene missão – Resgatar o ser humano!
E o que foi que aconteceu com à confissão religiosa - dita Sua continuidade? Esta sempre quis o céu nesta terra! A glória e a ostentação terrenas - um soberano entre soberanos e, por vezes, muito superior! E quanto aos valores espirituais? E a Verdade, da qual ficou, diz, depositária fiel? Onde está? Nas brumas da memória, entregue ao esquecimento e ao sabor da vontade humana, para muita pena nossa! Fechemos o parêntesis.

Bibliografia:Edward Gibbon, op. cit., Vol. II, p. 503
Ibidem
Idem, p. 504
Ibidem
Ibidem
A. Hamman, op. cit., p.131
Idem, p.134
Cirilo Folch Gomes,OSB, op. cit., p.17
Clemente de Roma, 1ª Epístola aos Coríntios 1
A. Hamman, op. cit., p. 134
Geoffrey Barraclough, op. cit., p. 19
Ibidem
Cf. J. M. Nicole, op. cit., pp. 40,41
Edward Gibbon, op. cit., Vol. I, p. 210
J. M. Nicole, op. cit., p. 44; Cf. Ferdinand Lot, Fim do Mundo Antigo e o Princípio da Idade Média, Lisboa, Ed.70, 1968, p. 41
Jean Louis Schonberg, op. cit., p. 22
Edward Gibbon, op. cit., Vol. I, p. 323
Ibidem
Idem, p. 363, nota 1- “ A palavra grega – Pêgê – significava uma fonte; e os vizinhos rurais que visitavam a mesma fonte recebiam daí a designação comum de pagus e pagani. Assim, pagão e rural tornaram-se, as palavras, praticamente sinónimos. O extraordinário aumento da ordem militar trouxe a necessidade de um termo correlativo; e todas as pessoas que não se encontravam alistadas ao serviço do príncipe foram estigmatizadas com o desdenhoso epíteto de pagãos. Os cristãos eram os soldados de Cristo; os seus adversários, que recusavam o sacramento ou o juramento militar do baptismo, podiam merecer a designação metafórica de pagãos. Esta censura popular foi introduzida a partir do reinado de Valentiniano (365 d.C.), nas leis imperiais e nos escritos teológicos. O cristianismo difundiu-se, gradualmente, pelas cidades do império: a velha religião retirava-se e definhava nas aldeias obscuras; o título de pagãos foi aplicado a todos os idólatras e politeístas do velho e do novo mundo. Os cristãos latinos atribuíram-no, sem escrúpulos, aos seus inimigos mortais, os maometanos” – Cf. João J. Alves Dias e A.H. de Oliveira Marques, Do Pagus ao Paio (Notas sobre a Administração Romana em Portugal, Braga, Separata da Revista Bracara Augusta, Vol. XXXIV, Fasc. 78(91), Julho-Dezembro de 1980, pp. 3-6
Idem, pp. 53-57
André Trocmé, Jesus Cristo e a Revolução não-Violenta, Petrópolis, Editorial Vozes, 1973, p. 200, nota 8
Oscar Culmann, op. cit., p. 240
Hebert Roux, L’Evangile du Royaume, 2ª ed. Genève, Ed. Labor & Fides, 1956, p. 40
Georges Stéveny, op. cit., p. 95

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