A segunda trombeta descreve como "[algo] como um grande
monte envolto em fogo foi arrojado ao mar", causando que uma terceira
parte do mar se convertesse em "sangue", destruindo os seres vivos
que estavam no mar e as naves (Apoc. 8:8, CI). Esta representação simbólica
("algo parecido") toma suas imagens da queda de Babilónia descrita em
Jeremias 51; Deus julgou à antiga Babilónia por "todo o mal que eles
fizeram a Sião" (Jer. 51:24).
"Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o
Senhor, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei
das rochas, e farei de ti um monte em chamas" (Jer. 51:25).
Assim o "destruidor" (Babilónia) seria destruído
pelo Deus de Israel, ao ser arrojado no mar. Os "montes" foram usados
no Antigo Testamento como símbolos de nações (ver Isa. 2:2, 3; 11:9; 13:4;
41:15; Dan. 2:35, 44, 45; Ezeq. 35:2, 7, 8; Zac. 4:7). Jon Paulien observou o
seguinte:
"Em passagens que se referem a juízo, montes que
representam nações sempre são o objeto dos juízos de Deus, nunca os agentes de
seus juízos (Isa. 41:15; 42:15; Ezeq. 35:2-7; 38:20; Zac. 4:7)".3
Depois do ano 70, tanto judeus como cristãos viram em Roma
imperial uma nova "Babilónia", porque Roma, como Babilónia, tinha
destruído o templo e Jerusalém (4 Esdras 3; 2 Baruque 10-11; 1 Enoc 18). Pedro
inclusive menciona "Babilónia" como um nome misterioso para Roma (1
Ped. 5:13). O segundo toque de trombeta anuncia o juízo de Cristo sobre o monte
ardente ou império de Roma. Depois da queda de Jerusalém veio a queda de Roma.
João descreve a queda de Babilônia do tempo do fim com uma imagem similar:
"Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande
pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto,
será arrojada Babilónia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. ... E nela se achou sangue de profetas, de
santos e de todos os que foram mortos sobre a terra" (Apoc. 18:21, 24).
Este paralelo notável entre a segunda trombeta e Apocalipse
18 assinala o mesmo motivo dos juízos: o clamor dos santos martirizados! Diz
Paulien:
"O mar que se converte em sangre na segunda trombeta
representa provavelmente uma completa mudança proléptica da perseguição do povo
de Deus pelos ímpios mencionados em Apocalipse 16:4-6 (cf. 18:24). Recebem isso
em pago pelo que têm feito".4
A segunda trombeta indica que tanto o monte como o mar são
julgados, "converteram-se em sangue". O "mar" era um
símbolo corrente para os povos da terra (Isa. 57:20; 17:12, 13; Jer. 51:41, 42;
Dan. 7:2, 3, 17). Dessa maneira, a segunda trombeta anuncia não só a queda de
Roma mas também a devastação de sua ordem social e económica "E morreu a
terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a
terça parte das embarcações" (Apoc. 8:9).
Referências:
3 Paulien,
Decoding Revelation's Trumpets. Literary Allusions and Interpretation of
Revelation 8:7-12, p. 388.
4 Ibid., p 383.
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