Encontramo-nos numa fase crucial na vida do profeta. Satanás utilizou todos os meios à sua disposição para silenciar o profeta de Deus, pois esta voz era muito incómoda para os seus planos e era preciso silenciá-la para todo o sempre. Os seus intuitos foram, um por um, anulados por Deus para que o profeta, ao ser preservado ao longo das provas anteriores – cap. 1 ao 6 – agora, estivesse pronto para inaugurar o ciclo de visões proféticas visando a trajectória do povo de Deus, ao longo dos séculos, até à gloriosa vinda do Senhor Jesus.
À medida que avançarmos, retomar e reforçar, aqui e ali, o que já aflorámos no decorrer deste trabalho para que, à medida que formos avançando se torne cada vez mais clara a nossa compreensão de quem é quem, neste caso específico – o chifre pequeno – sem qualquer receio de errar nas propostas a apresentar, as quais conduzirão o leitor a uma clara convicção acerca da origem, natureza e propósito deste poder contrário às Escrituras.
Ao longo do estudo deste capítulo iremos ver a continuidade do quanto pudemos ver no capítulo anterior – a estátua – para que possamos saber, à medida que avançamos este Poder contrário a Deus que actuará, sob diversas formas até à gloriosa vinda de Cristo. Assim, o que iremos fazer, desde já, é procurar algumas evidências, à luz das quais possamos concluir com segurança que esta personagem é, inquestionavelmente, a entidade que queremos mostrar. Consequentemente iremos mergulhar nas Sagradas Escrituras para que possamos sublinhar estas mesmas evidências que caracterizam este Poder que se manifesta de diferentes maneiras. Finalmente, a soma de todas as evidências encontradas nos mostrarão, claramente, a identidade que, tal como já vimos, apresenta-se, sub-repticiamente, como um modesto – barro de oleiro.
Façamos, desde já, ao iniciarmos este capítulo, um breve resumo do capítulo anterior, da estátua que era a figura principal do sonho do rei Caldeu:
Como podemos ver, na parte final da estátua (os pés), nestes encontramos ainda o elemento ferro, o que significa que Roma ainda está presente. A seguir, vimos que estes pés têm 10 dedos, ou seja, as correspondentes divisões do Império romano devido às incursões bárbaras – continuando a ser Roma. A seguir a esta fase – Roma dividida - irá juntar-se um outro elemento estranho – barro de oleiro – que representa a Igreja. Nesta última fase de Roma a Igreja unir-se-á a o Poder civil (Estado) apesar destes elementos serem totalmente incompatíveis (Ferro/Barro). De seguida, eis que surge, “no tempo destes reis” uma estranha “pedra” a qual representa o juízo e a 2ª vinda de Cristo; devido ao impacto desta aparecerá uma grande montanha que, representa, por sua vez, a implantação do reino eterno de Jesus Cristo, reino que será estabelecido após o período dos 1000 anos – cf. Apoc. 20. Na sucessão de todos estes elementos podemos ter um vislumbre do que acontecerá desde o rei Nabucodonosor até ao estabelecimento deste reino eterno de Cristo.
A visão
O texto bíblico e refere que foi mostrado ao profeta, em visão, que “os quatro ventos do céu combatiam no mar grande” – v. 2. Comecemos, desde já, por considerar estes dois elementos importantes - ventos e mar - que servem de base para todo o cenário que se segue.
a)- quatro ventos: - a referência aqui feita a estes quatro ventos é uma alusão subentendida dos quatro pontos cardiais (Norte, Sul, Este e Oeste). Estes ventos que agitam o mar, na profecia simbólica, são usados para representar: contendas, guerra, movimentações políticas, diplomáticas e militares – cf. Jeremias 49.36; Zacarias 6.1-5; – necessárias para a mudança de um Império para o outro.
b)- águas: - na Bíblia, quando a profecia se refere a águas, está a referir-se a “povos, multidões, nações, línguas” – cf. Jeremias 46.7,8; Isaías 8.7; 17.12,13; Apocalipse 17.15.
Estes elementos dados pelo profeta, indicam que haverá guerra entre as nações. Estas lutas são necessárias e, ao mesmo tempo, inevitáveis, pois nenhuma potência quer perder a supremacia adquirida. Desde já, estes primeiros elementos deixam antever uma clara sucessão de Impérios, tal como tinha sido anunciado no sonho de Nabucodonosor - a estátua – do capítulo 2. Os acontecimentos a que Daniel se refere, decorreriam na zona de maior aglomeração de população da época – a bacia do mar Mediterrâneo. Passemos agora à apreciação dos diferentes símbolos correspondentes aos sucessivos Impérios.
A- Os diferentes animais
O texto continua a fornecer alguns elementos que visam uma maior e melhor compreensão do que se seguirá, referindo que: - “quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar” – v. 3. Mas, qual o significado destes “animais”, o que é que eles representam? O profeta revela-nos que “são quatro reis que se levantarão da terra” – v. 17. Portanto, estes animais são “diferentes uns dos outros”, isto quer dizer que cada um tem um corpo próprio que o distingue dos demais. Na realidade histórica, cada monarquia universal tem o seu próprio território.
1) O leão
O primeiro animal do texto bíblico é caracterizado da seguinte maneira – “um leão que tinha asas de águia (…) que lhe foram arrancadas (…); foi levantado da terra e posto em pé como um homem e foi-lhe dado um coração de homem” – v. 4. A imagem do leão é símbolo de força, pois é o rei dos animais – Provérbios 30.30. A representação de Babilónia por este animal era familiar ao profeta Jeremias: - 49.19; 50.43,44. Este animal tinha asas de águia, a rainha das aves, a qual ilustra a rapidez das conquistas dos babilónios sob Nabucodonosor – Habacuque 1.6-8.
Depois, as asas foram arrancadas, denunciando que tanto a audácia como o espírito de conquista desapareceriam. Na realidade, a sucessão rápida dos soberanos em Babilónia muito contribuiu para o enfraquecimento e desaparecimento de tal esplendor.68 Um outro pormenor é acrescentado “foi levantado da terra e posto em pé como um homem e foi-lhe dado um