Enquanto todos os seres criados reconheceram a lealdade pelo amor, houve perfeita harmonia por todo o Universo de Deus. Deleitavam-se em refletir a Sua glória, e patentear o Seu louvor. E enquanto foi supremo o amor para com Deus, o amor de uns para com os outros foi cheio de confiança e abnegado. Nenhuma nota discordante havia para deslustrar as harmonias celestiais.
Sobreveio, porém, uma mudança neste estado de felicidade. Houve um ser que perverteu a liberdade que Deus concedera às Suas criaturas. O pecado originou-se com aquele que, abaixo de Cristo, fora o mais honrado por Deus, e o mais elevado em poder e glória entre os habitantes do Céu. Lúcifer, "filho da alva", era o primeiro dos querubins cobridores, santo, incontaminado. Permanecia na presença do grande Criador, e os incessantes raios de glória que cercavam o eterno Deus, repousavam sobre ele. Assim diz o Senhor Jeová:
"Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; toda a pedra preciosa era a tua cobertura. (...) Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti." (Ezequiel 28:12-15)
Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria. Dizem as Escrituras: "Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor." (Ezequiel 28:17). "Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo." (Isaías 14:13-14).
Se bem que toda a sua glória proviesse de Deus, este poderoso anjo veio a considerá-la como pertencente a si próprio. Não contente com sua posição, embora fosse mais honrado do que a hoste celestial, arriscou-se a cobiçar a homenagem devida unicamente ao Criador. Em vez de procurar fazer com que Deus fosse o alvo supremo das afeições e fidelidade de todos os seres criados, consistiu o seu esforço em obter para si o serviço e lealdade deles. E, cobiçando a glória que o infinito Pai conferira a Seu Filho, este príncipe dos anjos aspirou ao poder que era a prerrogativa de Cristo apenas.
Quebrantou-se então a perfeita harmonia do Céu. A disposição de Lúcifer para servir a si em vez do Criador, suscitou um sentimento de apreensão ao ser observada por aqueles que consideravam dever a glória de Deus ser suprema. No conselho celestial os anjos insistiam com Lúcifer. O Filho de Deus apresentou perante ele a grandeza, a bondade e a justiça do Criador; e, a natureza imutável e sagrada de Sua lei. Mas a advertência, feita com amor e misericórdia infinitos, apenas despertou espírito de resistência. Lúcifer consentiu que prevalecessem seus sentimentos de inveja para com Cristo, e se tornou mais decidido. (...)
O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a